BRIGITE, MÃOS DE VELUDO

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 2666 palavras
Data: 17/04/2015 08:05:20
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

BRIGITE - PRIMEIRA PARTE

A garrafa de Campari vazia, aos meus pés, denota meu grau etílico na quietude da madrugada. Estou sentado, nu, na poltrona da sala. O copo está quase vazio, apesar das pedras de gelo quase intactas tilintarem dentro. A mão que segura o copo está alerta, a despeito do braço estar relaxado, quase fazendo-a tocar no chão. Meus olhos estão fixos no telefone à minha frente, na quase penumbra do aposento. De repente, ouço você. Entre sussurros e gemidos, escuto o meu nome, dito como se estivesse iniciando um imenso prazer. Imagino-te sedenta de desejos, entregando-se a sonhos proibidos e despudorados. Você murmura palavras confusas, e sinto tua voz quase completamente afônica. Vais revelando anseios ocultos em plena volúpia telefônica. Aí minha imaginação te flagra saciada com os orgasmos alcançados, esvaecida e repousada inocente. Teu corpo seminu, na cama, me é intocável, tal a sua imponência. Ele me inspira loucos desejos e parto como um cavaleiro medieval, espada em riste, para te salvar do dragão do cio. Entro de empunhado fálico na primeira gruta que encontro, sentindo um calor gostoso, porém asfixiante. Trocamos ardentes beijos e tua pele arrepia. Insano, deixo-me envolver em espasmos de paixão. Até que meu solitário gozo emana, sufocando o meu erotismo...

Paro de escrever, fecho o laptop e fico por um longo momento absorto. A lembrança de Brigite não me sai da cabeça. Já se passaram quase seis meses e não consegui esquecer aquele telefonema na madrugada. Latrocínio. Foi esta a apressada conclusão da polícia, ao encontrar o corpo carbonizado, perto do carro abandonado no acostamento de um trecho ermo da rodovia. Não era o caminho que Brigite fazia ao voltar do trabalho para casa...

Meu nome é Felipe Marques. Já fui um renomado jornalista. Hoje, tento ganhar a vida escrevendo trechos eróticos para que escritores profissionais introduzam-nos em seus escritos. Mandam-me seus originais e eu vou incrementando as partes eróticas dos seus textos. A perda precoce de Brigite fez com que eu me entregasse ao álcool. Não demorei muito a perder meu ótimo emprego, e com ele as minhas amizades. Depois de tentarem me fazer abandonar o vício que estava me tornando um farrapo humano, finalmente se renderam à minha teimosia e autoflagelação. Abandonaram-me à minha própria sorte. No entanto, não os recrimino, pois eles não sabiam. Nenhum deles sabia do remorso que me corroía a alma. Nunca o disse a ninguém. Por favor, caros leitores e leitoras, guardem segredo...

Conheci Brigite num desfile de modas e me apaixonei imediatamente por ela. Eu tinha tara por “patas de camelo”. Era assim que eu denominava aquele tipo de vulva minúscula e muito saliente, com um talho tão fino que não dava para visualizar o rosado dos lábios vaginais. Quando Brigite vestia uma calça apertada, mesmo sendo um jeans, parecia que havia colocado um acolchoado de pano na vagina, de tão volumoso que ficava seu sexo. Eu não parei de olhar para aquela saliência durante todo o desfile, que eu fazia cobertura para o jornal no qual trabalhava. Ela era alta, de cabelos castanhos e encaracolados. Os seios eram pequenos e eriçados. As pernas eram longas e bem torneadas. Seu rosto era lindo e a boca muito sensual, além de ter um narizinho empinado muito atraente. Mas nada disso me chamara a atenção, pois eu era acostumado a conquistar mulheres lindas. Portanto, acho que aquela "patinha de camelo" é que me deixara obcecado por Brigite. No decorrer do desfile, decidi que ela seria minha!...

Quando terminou o evento, inventei um pretexto qualquer para entrevistá-la. Ela chamou-me ao camarim das modelos, mas fiquei acanhado em dizer tudo o que sentia por ela, ali. Era uma paixão repentina, as pessoas decerto não iriam entender. Por outro lado, tinha a nossa diferença de idades. Ela tinha um pouco mais da metade da minha, nos meus quarenta anos. Aliás, vendo-a de perto, parecia uma menina. Despiu-se sem nenhum acanhamento na minha frente, para tirar o vestido do desfile e vestir suas próprias roupas. Vi seus seios pequenos, que cabiam em minha boca, sem muito entusiasmo. Mas quando olhei para baixo e vi a sua protuberância, enlouqueci. Minha vontade era apalpar com vontade aquele volume entre suas pernas, que deixava ver o talho se pronunciando em forma de ruga no tecido. Suei copiosamente, enquanto balbuciei uma desculpa para sairmos dali. Ela achou que eu tinha fobia a lugares fechados e barulhentos, tal a forma como eu estava incomodado e suado, e pediu para que eu a esperasse no estacionamento. Foi a primeira vez que vi seu fusquinha lilás. Tão lindo quanto Brigite. E o formato do capô lembrava-me imediatamente do volume do sexo dela...

Fomos a um restaurante caro, mas tranquilo, e conversamos por um longo tempo. Sem saber como justificar minha insistência em falar com ela a sós, inventei um teste cinematográfico com um diretor amigo meu. Foi o que me veio à mente. Depois falaria com meu amigo e tentaria convencê-lo a fazer um demo com ela, mesmo que isso não levasse a nada. Eu era acostumado a ter todas as mulheres que queria, e Brigite não iria escapar da minha rede. Nunca ninguém me dera tanto tesão quanto ela. Jantamos animadamente, combinando ações futuras sobre o seu estrelato no cinema, enquanto eu engendrava meu plano de ataque. Mas nem foi preciso arquitetar muito. Depois da terceira taça de vinho tinto, caríssimo, de uma safra premiada, ela me beijou agradecida. Então eu matei a minha vontade de apalpar aquele volume entre as suas pernas...

Não, meus caros leitores e leitoras, não era um pênis. Era, sim, uma vulva minúscula, porém inchada. E elétrica, pois ela teve um estremecimento quando a apalpei ali. Retirou imediatamente a minha mão, mas não antes de eu sentir a pulsação do seu sexo por um rápido instante. Depois ela me afastou, dizendo ter alguém. Passamos a noite toda numa imensa batalha. Eu assediando-a vorazmente e ela reagindo educadamente contra as minhas investidas. Eu não estava acostumado a levar um não! Sempre dizia que esta palavra não existia em meu dicionário, quando se tratava de mulher. Mas ela soube se esquivar elegantemente, até que eu desisti. Paguei a conta e saímos do restaurante. Ela se ofereceu a me levar de volta ao local onde acontecera o desfile, pois eu deixara meu carro lá. Percorremos todo o percurso em silêncio, eu realmente frustrado por não ter conseguido convencê-la a ficar comigo ao menos aquela noite. Chegamos à elegante casa de festas e já não havia ninguém lá. Paramos perto da minha Mercedes estacionada na frente da impávida construção. Despedi-me de Brigite sem muito entusiasmo, e ela lembrou-me que eu não havia dado meu telefone. Puxei um cartão e entreguei, sem nem pedir o seu. Ela sorriu, puxou-me pela mão e me deu um beijo na testa. Disse que, se já não tivesse alguém, ficaria comigo. Dei de ombros, entrei no meu carro e fui embora.

Cheguei ao meu amplo apartamento de cobertura ainda pensando nela. Cada vez que visualizava sua “patinha de camelo”, meu pênis pulsava enlouquecido. Fui tirando toda a roupa ainda na porta de entrada, doido para tomar um banho e aplacar o imenso tesão que sentia. Segui deixando uma fileira de roupas desde a sala até o banheiro. Liguei o chuveiro e iniciei um banho frio e com pretensão de ser demorado, quando o telefone tocou...

Era ela. Sua voz ao telefone era macia, dengosa. Mas aos poucos o timbre foi mudando. Ficou sussurrante, às vezes inteligível. Foi quando percebi que ela se masturbava ao telefone. Eu quase não entendia o que ela dizia, mas podia muito bem perceber o teor da sua lascívia. Gemia quando se afagava mansamente, e gritava quando apressava o ritmo dos movimentos dos dedos enfiado na greta. Sentei no sofá da sala, puxando o telefone mais para perto de mim, e levei a mão ao sexo enlouquecido de tantas pulsações desordenadas. Movimentei o punho com vigor, querendo gozar no mesmo instante que ela. Então ouvi um urro demorado e o baque do aparelho no chão. No decorrer do silêncio que se fez do outro lado da linha, ejaculei intenso e forte, a porra sujando o tapete da sala. Repeti várias vezes o alô, sem obter resposta. Então desliguei e fiquei prostrado e absorto, sem vontade de voltar ao banheiro...

A partir daquela noite, recebi vários telefonemas dela sempre na madrugada, em horários quando menos esperava. Ela se divertia me fazendo esperar sua ligação, cada dia mais tarde. Mas eu não reclamava. Sabia que iria ter um intenso prazer com suas palavras sussurradas, cada vez mais eróticas e excitantes. Passamos várias semanas nos satisfazendo por telefone, até que uma tarde ela ligou para mim. Disse que seu namorado havia viajado e queria se encontrar mais uma vez comigo. Exigi o encontro em algum motel e, depois de muita insistência, ela acabou topando. Mas com uma condição: eu não tocaria nela. Aceitei.

Comprei uma gargantilha de ouro branco, caríssima, e embrulhei para presente. Marcamos no mesmo restaurante. No meio do jantar, entreguei o presente a ela. Maravilhada, até se esqueceu do excelente prato que comíamos. Pegou-me pela mão e arrastou-me dali, me fazendo deixar uma farta gorjeta para o garçom que nos atendeu. Queria chegar logo ao motel, para me presentear também. Nessa época não havia a lei contra bebidas no trânsito, e ela dirigiu a quase cem por hora. Entramos no primeiro motel que encontramos. Ela jogou-me na cama e tirou toda a roupa, ficando apenas de gargantilha. A visão, pela primeira vez, da sua vulva nua, quase me fez ejacular precocemente. Era mais linda do que eu imaginava. Seu monte de Vênus era dourado, como sua pele bronzeada. Nenhuma marca de biquini. Mas a protuberância do seu sexo era fantástica. Eu via apenas o talho apertado. Não dava para ver nada dos seus lábios vaginais. E aquela vulva pulsava e tremia quase tal e qual meu pênis duríssimo e latejante. Aí ela me despiu totalmente, evitou que eu a tocasse e pegou com as duas mãos em meu pau intumescido. Começou então uns movimentos suaves, quase sem tocar no meu membro. Eu ficava cada vez mais ansioso que ela apertasse, lambesse, chupasse, mas ela apenas movimentava o punho e os dedos bem delicadamente. Aos poucos eu fui entendendo o que ela queria: que eu demorasse o máximo possível a gozar...

Brigite esteve por um longo tempo me acariciando o falo, ora alisando os testículos, ora girando o punho com os dedos formando um anel em volta do meu pênis, mas quase sem tocá-lo. Suas mãos pareciam veludo. Acariciava também a glande como se estivesse lavando um bebê, tal a suavidade dos seus toques. Aí, meu prazer aflorou lá longe. Fui sentindo o gozo se formar em minhas entranhas e aos poucos ir se libertando de mim. Tentei prender, mas não consegui. Com certeza foi o gozo mais intenso que tivera até então! A porra espirrou em seus pequenos seios e em seu rosto, em jatos fortíssimos. Ela colheu um pouco do sêmen e levou aos lábios, como se nunca tivesse sentido o sabor. Ficou lambendo o dedo médio a cada vez que coletava esperma derramado no seu corpo. Eu fechei os olhos, exausto, satisfeito com a prazerosa gozada. E adormeci...

Quando acordei, me maldizendo por ter pegado no sono num momento tão especial, ela havia ido embora do motel. Por vários dias esperei seu telefonema na madrugada, mas ela desaparecera. Liguei para a agência de modelos onde trabalhava e me identifiquei como jornalista. Menti, dizendo que queria fazer uma matéria com ela. Não sabiam do seu paradeiro. Havia uma semana que não aparecia no trabalho. Fiquei desesperado. Queria ela de novo, ao menos mais uma vez. Então, numa noite em que eu nem mais esperava, o telefone tocou. Não era ela. Era uma voz assexuada pedindo um resgate de trinta mil reais para devolver minha namorada. Lembro que disse uma piada qualquer, entrando no clima do trote. Claro que só podia ser um trote. Brigite nem era minha namorada... Como a voz era um tanto fanhosa, achei que era um dos meus amigos disfarçando o timbre para me enganar. Insistiram, negando ser trote. Desliguei.

No outro dia, bem cedo, novo telefonema. Dessa vez era uma policial, dando a notícia de que o fusquinha de Brigite havia sido encontrado abandonado no acostamento de um trecho ermo da estrada. No porta luvas, havia um cartão com meu nome e telefone, por isso me contataram. Não haviam encontrado nenhum documento dela, mas a placa do carro foi investigada e com ela chegaram ao nome e endereço da dona do veículo. Haviam tirado todos os pneus, o volante e o toca-fitas. Decerto tinham depenado o carro e levado outros pertences. Perguntaram quando tinha sido a última vez que eu a vira e respondi com sinceridade. Haviam averiguado com a agência de modelos e ela fora vista por mais de uma vez depois que se encontrou comigo. Não tive coragem de dizer nada sobre o telefonema que recebera no dia anterior. Neguei qualquer contato com ela, além do profissional. Mas disse que tínhamos uma relação muito cordial e que gostaria de ter notícias do andamento das investigações. Apresentei-me como jornalista, mas isso já era sabido, pelo cartão encontrado no carro. A policial me agradeceu a atenção e desligou prometendo me dar novas notícias assim que tivesse. Identificou-se como Simone e deu-me seu telefone, caso depois eu tivesse algo que levasse a polícia ao paradeiro da modelo.

Desliguei meu telefone com o coração aos pulos. Brincara com o telefonema recebido no dia anterior, sem nem suspeitar que fora mesmo um sequestro. Sentia-me mal, e precisava de um trago. Mal sabia que seria o primeiro de uma série que me levaria à dependência alcoólica. Mais tarde, já no começo da madrugada, a mesma policial me ligou dizendo que haviam encontrado um corpo carbonizado dentro de um matagal, nas proximidades do Fusca lilás abandonado. Não consegui ouvir mais nada do que me foi dito. O telefone escapou-me das mãos.

Passei algum tempo com o olhar fixo em algum ponto da sala, chorando a perda de Brigite. Depois caí em mim e liguei de volta para a policial Simone. Ela disse que estava indo para o local do crime e me deu as coordenadas. Queria que eu identificasse o corpo, já que a modelo parecia não ter parentes. Nenhum fora localizado pela polícia. Quando cheguei lá, a visão do corpo incinerado e jogado ao chão me causou náuseas. Vomitei ao lado da primeira árvore que encontrei. Já refeito, perguntei à policial se aquele corpo não podia ser de outra pessoa, senão Brigite. Ela me mostrou um saquinho plástico contendo uma gargantilha de ouro branco. Disse que estava dentro do punho cerrado do corpo carbonizado, e que decerto a vítima tinha escondido do seu agressor. Reconheci a gargantilha que dei a Brigite, mas omiti esse detalhe à polícia. Apenas disse que já a vira com aquela joia, inclusive na última vez que nos encontramos. A policial me garantiu que continuariam investigando o caso, mas que estava convencida de que se tratava de um latrocínio. Ou seja, um assalto seguido de morte. Mais uma vez me acovardei e não falei sobre o telefonema recebido. Fiz de tudo para sair imediatamente daquele lugar, para que não percebessem que eu tinha algo mais a dizer. Fui dispensado e voltei para o meu apartamento.

Tirei todas as minhas roupas e sentei no sofá da sala. Havia pego uma garrafa de Campari que guardo sempre na geladeira, para ocasiões especiais. Nunca pensei em tomá-la numa situação fúnebre. Nem peguei copo. Tomei o primeiro gole da boca da garrafa. Depois do segundo gole, sobrava apenas metade do líquido contido no litro. Em pouco tempo me deu aquele torpor alcoólico. Fiquei olhando fixamente para o aparelho telefônico à minha frente, na esperança ainda de Brigite ligar para mim. Imaginei o telefone tocando e me apressei em atender. Não havia ninguém do outro lado da linha...

FIM DA PRIMEIRA PARTE

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