Amor de Oficina - Parte XV

Um conto erótico de Nando
Categoria: Homossexual
Contém 1540 palavras
Data: 07/04/2015 12:12:51

- T-T-Théo? – Imagino que eu tenha ficado pálido.

- O que foi? Surpreso ao me ver?

- De certa forma – Falei meio gaguejando.

- Qual o problema? – Théo me perguntou, sério.

- Nenhum – Respondi, sem saber o que fazer. Correr? Gritar? Ficar calmo? Chorar?

- Posso me sentar?

- C-Claro, senta aí! – Eu falei. Respirei fundo, para tentar manter a calma.

Théo sentou e logo já começou a conversar. Nesse momento eu me lembrei o motivo de eu ser perdidamente apaixonado por ele.

Ele era animado, gente boa, cheiroso, bonito. Ele mexia comigo de uma forma que eu não conseguia explicar. Ele era perfeito, mesmo com todos os seus defeitos. Enquanto ele falava eu nem escutava, eu só olhava bobamente para a sua cara de anjo.

Me senti um tanto quanto culpado nessa hora. Nick estava me ligando. Pedi licença para o Théo e atendi Nick. Me afastei, de modo que Théo não escutasse minha conversa, mas eu ainda conseguia ver ele.

Nick ligou só para ver como eu estava. Conversamos durante poucos minutos. Eu prestava mais atenção no Théo, ali, sentado, do que em Nick. Me senti um cachorro nesse momento.

Mas depois de conversar com Nick eu voltei para a conversa com Théo. O que nós conversávamos? Sobre engenharia. Théo me dissera que havia mudado, que queria ser mais responsável, que queria ser um engenheiro.

Enquanto eu explicava, seus melhores amigos chegaram no lugar onde a gente tava. Nesse momento eu lembrei do motivo dele ser o maior babaca que eu conhecia. Ele me deixou falando sozinho e foi conversar com seus amigos.

Eu já havia terminado de comer meu açaí. Sem falar nada eu levantei e saí, puto da vida, quase chorando. Théo, mesmo sem saber, sabia como me deixar puto. Eu queria matar um nesse momento. God, como ele conseguia me tirar do sério.

Na hora que eu estava entrando no carro, ele apareceu correndo do meu lado.

- Ei, ei ei! Por que você ta indo embora? – Ele me perguntou confuso.

- Lembrei que eu tenho coisa mais importante para fazer – Falei cuspindo fogo. Ele me olhou ainda mais confuso.

- Nossa, Fer. Nossa conversa tava boa! – Ele argumentou, mesmo sem saber contra o que.

- Tudo bem. Você pode continuar com seus amigos lá no açaí – Nem esperei ele falar nada. Saí cantando pneu na rua. Olhei pelo retrovisor ele sem entender nada. Ele ficou parado só olhando eu ir embora.

Não fui para a casa. Fui para um dos únicos lugares em que eu senti paz naquele inferno de cidade.

Segredo. Eu acredito que uma pessoa precisa de seus segredos. Nem que seja apenas um, por mais ridículos que eles sejam. Quando uma pessoa não tem segredos, em minha humilde opinião, ela perde parte de sua identidade.

Esse era um dos meus. Na verdade, se tornou o meu lugar só nesse momento.

Sabe quando você olha o horizonte e um ponto especifico desse horizonte chama a sua atenção? Isso aconteceu comigo. Sempre que eu voltava da escola, eu fitava o horizonte. Um ponto desse horizonte tinha uma arvore. Nada especial. Era uma arvore como qualquer outra. Mas ela me chamava a atenção.

Eu já tinha visto no google Earth como chegar nessa arvore. Havia uma pequena trilha de bicicleta que passava perto dela. Eu só nunca tinha ido lá. Mas nesse momento eu fui. Cheguei o mais perto possível de carro e depois fui o restante apé.

Dizer que lá era o lugar mais bonito do mundo que era uma bela paisagem e que tudo era perfeito seria uma mentira. Era uma paisagem relativamente comum. Nada de mais, mas ali era o meu lugar a partir daquele momento. Marquei minhas iniciais na arvore, na parte de baixo, de modo que não chamasse a atenção.

Fiquei uma hora chorando naquele lugar. Depois finalmente fui para casa. Somente quando eu cheguei em casa eu vi todas as mensagens que eu havia recebido. Todas de Nick e somente uma do Théo.

“Cara, desculpa” Somente isso.

Liguei para o Nick. Conversei um tempão com ele. Inventei que deu um bug no meu celular para eu não ter visto as mensagens antes. Ele perguntou o motivo de eu estar distante hoje mais cedo, inventei que estava com meus primos e tals.

De noite, minha família foi até um barzinho. Eu e meu primo bebíamos uma cervejinha e conversávamos sobre o baja. Eu explicava para ele como funcionava a tudo mais.

Enquanto a gente conversava, Théo me ligou. Não atendi. Me ligou de novo. Não atendi. Me ligou novamente. Não atendi. Recebi uma mensagem:

“Sério. Atende. É importante”.

“To ocupado. Se é tão importante, manda por aqui” Respondi. Me arrependendo logo em seguida.

“Você pode vir aqui em casa? Ta tendo um churrasquinho para uns brother aqui”

“Não” – Respondi. Ele demorou a responder, achei até que não fosse responder mais, mas ele mandou:

“Serio, Fer. Vem pra cá. Ta muito bom” – Agora foi minha vez de responder.

Ficamos até tarde nesse barzinho. Não foi ruim, foi legal. Tinha tempo que eu não saia assim com meus pais. Era muito gostoso esse barzinho, tocava um sambinha animado, do jeito que eu gostava.

Mas depois que todos foram embora, eu fui para a casa do Théo. Meio a contra gosto mas fui.

Estava lotado. A garagem estava aberta e várias pessoas na rua, conversando bebendo. Rolava um funk alto. Várias vadias desciam até o chão. Os macho babando nelas. Confesso que uma até tirou um olhar meu.

Entrei no churrasco, peguei um copo de cerveja e uma dose de cachaça. Bebi a cachaça e a fiquei só com a cerveja. Encontrei um amigo meu da unifei no churrasco. A gente conversou um tempo.

Théo só me viu depois de quase 20 min que eu estava lá.

- Você veio

- Está de noite

- O quê?

- Achei que fosse para falar o óbvio – Théo me olhou, ainda sem entender.

- Você ta bravo comigo

- Imagina... É meu passatempo favorito ser deixado falando sozinho! – Théo levou um susto quando eu disse isso. Ele deve ter pego a ironia.

- É sério, Fer. Me desculpa, não foi por mal... Me desculpa?

Sabe o que me deixava mais puto? Por mais que eu queria ir embora, nunca mais falar olhar na cara do Théo, eu não conseguia eu não tinha forças para isso. Não conseguia. Não tinha como. Isso me deixava puto. Eu queria brigar com ele. Ficar nervoso com ele. Mas... Não conseguia. Me sentia impotente nessa hora.

- Tenho plena convicção que não foi – Falei, ainda não respondendo a pergunta dele.

- Mas me diz, você disse que não vinha e veio. Por que?

- Não queria ir para casa – Na verdade eu queria ver ele. Mas não podia falar isso na cara.

Théo quis voltar a conversar sobre engenharia e tudo mais. Mas eu fui seco nesse momento:

- Você teve a chance de conversar sobre isso mais cedo, agora eu não quero falar sobre isso – No resto da noite, sempre que Théo queria conversar eu dava uma patada nele. Eu queria me vingar dele de alguma forma... Não demorou muito a eu conseguir isso.

Eu estava pegando cerveja quando eu vi uma menina que eu sabia que ele era muito afim. Só pelo jeito que ela olhava para ela... E eu também vi os amigos dele zuando ele com ela. Liguei os pontos e pronto.

Cheguei nela e comecei a conversar.

- Você não é o Fernando?

- Sou eu mesmo. Eu te conheço?

- É que já ouvi falar de você...

- É mentira! – Falei como se estivesse preocupado, brincando. Ela riu.

- Foi coisa boaaa! Você não ta na unifei? – Concordei.

- É que eu acho muito legal essa coisa de ser inteligente, igual você... – Ela falou sexy.

Mais 5 minutos de conversa eu tava pegando ela. E fiz questão do Théo ver. E de todo mundo ver também. Dançamos um pagode junto nos pegamos durante um bom tempo. EU tinha a impressão que conseguiria levar ela pra cama fácil. Para fazer ciúmes do Théo eu faria qualquer coisa.

E não deu outra. Quase no fim da festa, uma amiga chamou ela para ir embora. Ela me olhou, meio triste e falou:

- Tenho que ir... – Beijei o pescoço dela. Senti o corpo dela arrepiar e falei:

- To de carro. Te deixo em casa se quiser – E mais um beijo e mais um arrepio. Ela conversou 5 minutos com a amiga dela e voltou a ficar comigo. Théo me olhava de cara feia todas as vezes que eu olhava para ele.

Já pelas tantas da madrugada, eu bêbado, a menina bêbada, resolvemos ir embora. Pedi para ela me esperar no meu carro, enquanto eu ia no banheiro. Na hora que eu saia do banheiro, Théo me empurrou para dentro e me trancou com ele lá dentro.

- Que porra é essa que você ta fazendo? – Ele me falou nervoso.

- Porra o que?

- Lá fora com a Marina?

- Que que tem? É proibido agora?

- Você é gay, Fernando. De onde você tirou ficar beijando meninas agora?

Bêbado é uma desgraça. Não sei o que deu na minha cabeça. Juro que eu não sei.

- É bem verdade. Sou gay. Curto fuder com homens. Adoro dar o cu. Você está certo! Mas sabe o que mais?

- O que? – Ele falou nervoso.

- Eu te amo, Théo. Como nunca amei ninguém.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive leo.vitt a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Morto feat. Cremado (Extended Version)

0 0
Foto de perfil genérica

Morto nisso td hahahaha Mais e o Nick coitado ele não merece isso :(

0 0
Foto de perfil genérica

Ansioso para ver a reação do Theo...

0 0
Foto de perfil genérica

Hum, nossa, o conto esta excelente, continua.

0 0
Foto de perfil genérica

Kkkkk tai o q dá encher a cara kkkkkk ansioso pela continuação

0 0
Foto de perfil genérica

Ainda bem que não sou chegado na cachaça, mas muito bom, e espero que ele não fique nem com o theo,nem o nick,nem o Matheus!

0 0
Foto de perfil genérica

Adoro esse conto, mas não sei porque torço (e muito) contra o protagonista.

0 0
Este comentário não está disponível