MEU CORPO É MUITO PESADO!!! 1-17

Um conto erótico de Alan Bortolozzo
Categoria: Homossexual
Contém 1533 palavras
Data: 24/04/2015 11:37:48
Assuntos: Gay, Homossexual

Capítulo 17

O pequeno acerto de contas com o Arthur.

“Só para vocês entenderem Leitores. Tinha dois caminhos para chegar até as churrasqueiras, o primeiro: era ir pelo meio dos prédios, caminho bem mais curto. Segundo: dar a volta pelo playground.”

Acabei de me secar e seguimos para a festa novamente, mas ele seguiu pelo caminho mais comprido. Algo que me deixara preocupado e com o coração na boca.

- Por que não vamos pela rua? Pelo playground tem muito barro – eu perguntei na esperança que ele me adiantasse o que ele queria.

- Cala a boca e anda! – disse ele sem olhar nos meus olhos.

- Cara, você vai nos fazer andar o dobro do percurso. Você não tem cérebro não? – disse irritado.

Mas ele ficou mudo. Já eu, estava nervoso, porque ele escolhera andar pelo barro, pedregulhos e grama, sendo que eu estava descalço. Andamos uns 200 metros e chegamos até os brinquedos, onde ele escolhera um balanço para se sentar. Fiquei parado e olhando para ele, sem entender nada.

- Senta aí – disse ele sem olhar para mim.

- Não quero me sentar. Primeiro você disse que estava morrendo de pressa e agora você quer brincar de balançar? – tinha que responder a altura.

- Não vou demorar – ele disse num tom calmo.

Respirei fundo e sentei-me no balanço ao lado dele.

- Fala Arthur, que está acontecendo? – perguntei.

- Alan, há anos atrás eu peguei você tendo relações com meus primos mais velhos e te perdoei por você ser bem mais novo que eles. Você tinha apenas 10 anos e eles 14, era desvantagem. Por mais que você soubesse o que era sexo, você não tinha base e nem dimensões para a coisa – disse ele dando uma longa pausa – e nem eu tinha para ter te dedurado. Tanto que eu apanhei mais que você, lembra?

- Sei, mas...

- Então, hoje eu chego no vestiário e dou de cara com você excitado junto com outro homem. Você acha isso normal? – perguntou ele sério.

- Arthur, não aconteceu nada – eu disse.

- Não aconteceu nada porque não deu tempo ou porque não era para acontecer? Essa é a minha pergunta? – agora sim ele levantou os olhos para mim.

- Não aconteceu nada, porque não existe nada para acontecer!

- Poxa, eu tenho tanto carinho por você, tenho tanto amor e você, ai no meio desses moleques, fazendo essas porcarias?

- Eu não fiz nada Arthur – disse num tom de voz mais alterado.

- Pode ser, pode ser! Mas será que o King também estava apenas de pau duro por estar? Ou ele aproveitou que você é meio “pancada” para isso?

- Não sei. Isso você deveria perguntar a ele.

- Quero que saiba que eu não tenho nada contra e, que minhas brincadeiras, são apenas brincadeiras, mas você é meu irmão caralho. Eu te amo e não queria isso para você. Você sabe como essa gente sofre?

- Arthur, eu não fiz nada e nem queria fazer.

- Esse tipo de gente são discriminadas o tempo todo. Esse tipo de gente é vista como, se tivesse uma doença grave, contagiosa e incurável. Você sabe o quanto você vai sofrer? – continuou ele fazendo aquela cara de nojo.

- Não estou fazendo nada – eu disse com o choro vindo a garganta.

“Ele sabe de tudo. Será que eu conto e me livro desse fardo ou será que eu fico quieto e toco minha vida?” – pensei.

Foi quando eu comecei a chorar como criança.

- E o que você quer dizer com esse choro, Alan?

- Que eu estou cansado de você estar no meu pé. Quando eu era guri você pegou no meu pé, agora quando eu cresci você pegou no meu pé. E agora está querendo que eu assuma algo que não sou – eu dizia chorando – estou chorando porque queria meu irmão me apoiando e não me chacoteando como você sempre faz perto dos meus amigos. Você sempre me faz de piadas, como se dependesse das risadas dos seus amigos para viver. Por que você não vai cuidar da sua vida? E outra coisa, se o Murilo estava de pau duro, é problema dele. Não tenho nada a ver com ninguém.

- Tá certo. Era o que eu precisava saber – disse calmamente.

Mas meu choro não parou.

- Você está sendo injusto cara – disse ficando em pé.

- Por favor, você não precisa ficar assim? Sente-se ao meu lado. Eu te trato como um pai – disse ele segurando a minha mão.

- Esse é o problema! Você não é o nosso pai. Você é meu irmão e deveria fazer papel de irmão – disse jogando a mão dele de lado – era para você ser meu amigo e não jogar contra mim.

- Eu não jogo contra você Alan!

- Nem a favor! Você apenas manda, manda, manda, me bate, me xinga, me bate de novo e manda mais.

- Você está exagerando – disse ele balançando a cabeça incrédulo.

- Exagerando? Você disse que estou exagerando? Meu, olha bem para essas marcas no meu corpo. Sabe quem foi que fez isso? – perguntei levantando a toalha e mostrando algumas marcas das nossas lutas.

- Não precisa me mostrar isso! – disse ele abaixando a toalha.

- Não precisa mostrar que meu irmão, vulgo “Pai”, me bate, me maltrata? – disse apontando o dedo na sua cara.

- Isso é exagero! – disse ele apenas balançando a cabeça.

- É exagero você demonstrar mais carinho pelo seu melhor amigo do que a mim? – perguntei chorando, sentindo meu peito aliviar.

- Você é meu melhor amigo! – disse ele se levantando e ficando em pé na minha frente.

- O que foi agora, vai me bater?

- Você está exagerando. Você é meu melhor amigo – disse ele insistindo.

- Você trata o Breno muito melhor que eu. Você faz questão de me usar como “bobo da corte” quando ele está por perto.

- Olha Alan, você está falando merda. O Breno é tão amigo meu quanto o Italiano é seu!

- Você tem certeza? – disse ficando em pé, olhando ele no fundo dos olhos – Você tem certeza que não o trata melhor que eu?

Ele pensou, balbuciou algumas palavras, mas não teve argumentos.

- Tá vendo? Nem você tinha ideia de quão chato você é! – disse me sentando novamente.

- Acho que você está falando besteira demais! – disse ele começando a chorar.

- É besteira um irmão pedir ao outro que demonstre um pouco de carinho, amizade, afeto? Tudo isso sem relar a mão em mim?

- Você tem tudo isso!

- Você nunca me elogiou Arthur, quiçá um abraço?

“Não que eu fosse alguém que conquistasse um elogio!”

- Desculpa Alan! Eu te amo mais que tudo e você sabe disso – disse ele se virando para mim.

- Então porque você não me trata diferente? Por que não me trata como seu irmão de verdade. Que seja tão importante quanto seu amigo Breno.

- Pode ficar sossegado. A partir de hoje serei o melhor irmão do mundo – disse ele beijando os dedos em sinal de juramento – Quer dizer, venha me abraçar – disse ele me puxando para um abraço apertado.

Comecei a chorar deitado no seu peito. Ele, não aguentando me ver daquele jeito, desabou a chorar.

- Vai ser tudo diferente – disse ele dando um beijo na minha cabeça.

- Você promete? – perguntei olhando nos olhos dele.

- Prometo! – disse ele sorrindo.

- Então vamos ver até onde você cumpre sua promessa!

- Pode deixar. Vamos voltar à festa? – perguntou ele.

- Primeiro: peça desculpas – pedi a ele.

- Só se você me contar o que estava rolando no banheiro? – perguntou ele.

Empurrei-o pra longe e voltei a me sentar no balanço.

- Você é um filha da mãe que diz mudar, mas segundos depois, volta a mesma forma cínica de ser!

- Não sou cínico. Quero esclarecer algo. Por que eu já vi está história há anos atrás. Mas se você disse que não tem nada a ver, eu vou dar esse voto de confiança. Vem cá, não quero estragar seu aniversário – disse ele me puxando para um abraço e dando um beijo na minha bochecha – Te amo, tá? Não esqueça disso – disse ele erguendo minha cabeça com as mãos.

- Também te amo – eu disse enxugando as lágrimas.

- Vamos pra festa?

- Vamos sim, mas eu estou todo sujo.

- Você sempre está sujo e ninguém reclama – disse ele rindo.

- Eu disse que você não é capaz de cumprir a sua palavra! – eu disse bravo.

- Desculpa! Foi uma piadinha saudável – disse ele dando sorriso amarelo.

Eu não me mexi.

- Está bem Alan Bortolozzo, peço perdão por mais essa piada devastadora – disse ele se ajoelhando e abraçando minhas pernas.

- Para com isso. Vão pensar merda de nós dois – disse puxando ele pra cima.

- E daí? Somos irmãos!

- Mas ninguém precisa pensar nada – retruquei.

Os arbustos atrás de nós se mexeu e, por trás dele, saiu o Breno.

- Que coisa mais linda. Não chorava assim desde o Rei Leão – disse ele rindo que nem uma hiena.

- Cala a boca – disse catando um punhado de pedras e jogando nele.

- É assunto de irmão seu tonto! – disse meu irmão dando um beijo na minha bochecha.

Sabia que ele estava se esforçando para parecer diferente.

- Desculpa Alan e Arthur, mas vocês dois não me convenceram – disse ele se sentando no balanço ao lado.

- Que foi Breno, está com ciúmes de nós dois? – perguntei fazendo-o corar.

- Ciúmes de vocês dois? Nunca! – disse ele fingindo vomitar – Tenho ciúmes apenas do Arthur – disse ele fazendo todos rirem.

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