MEU CORPO É MUITO PESADO!!! 01-03

Um conto erótico de Alan Bortlozzo
Categoria: Homossexual
Contém 2293 palavras
Data: 02/03/2015 10:04:59

Capítulo 03

O presente que não era meu.

Ele segurara numa mão o cooler e na outra a sua lata. Sem ao menos avisar ou der qualquer sinal de loucura, ele saltou do alto do telhado, caindo em pé no chão de cimento, fazendo um barulho seco. Quer dizer, aos meus olhos, isso fora uma loucura, porque, a cobertura das churrasqueiras deveria, facilmente, ter mais de 02 metros e 50 centímetros de altura. Eu fiquei tão assustando com aquela atitude, que não conseguia me mover.

- Larga a mão de ser cagão Alan, pula ai – disse ele aos berros.

- Eu vou dar a volta e descer pela pia – disse com voz trêmula ao olhar para baixo.

- Alan, nem pense em descer pela pia – disse ele jogando cerveja em mim, para me provocar – Pula daí que eu te seguro.

- Cala a boca! – disse a ele com tom de reprovação.

- Então tá, desce pela pia das bichinhas – disse ele rindo e jogando mais cerveja em mim.

“Se ele era menor que eu e conseguia pular, por que eu não?” – pensei.

Virei à lata de cerveja, me afastei um pouco e pulei em cima do gramado. Com sorte, consegui me equilibrar, se não, seria motivo de piada para o resto da vida. Senti uma dor forte, como se mil agulhas penetrassem meus pés.

“Consegui!” – pensei.

- Viu? – disse ele vindo ao meu encontro – eu disse que era fácil.

- Mesmo assim é idiotice – disse empurrando-o para longe.

- Idiota que você ama – disse ele me dando outro abraço e vários socos no ombro.

- Que mania você tem de abraçar as pessoas Murilo – disse saindo debaixo daqueles braços grandes.

- Qual é o problema de eu abraçar meu amigo, meu irmão? – disse ele franzindo a sobrancelha.

- Nada ué! Eu sou homem – disse irritado.

“Eu não era acostumado a ficar brincando de mão com meus amigos. Ainda mais após o problema que tive com meus primos.”

- Então para de neura, se tu é homem de verdade que se foda o resto – disse ele dando um sorriso safado – Agora vamos ou não para a zona? – perguntou ele todo animado.

- Mas você não pode dirigir. Você ainda nem tem carta! – disse balançando a cabeça negativamente.

- Nem você pode beber – disse ele quase que imediatamente.

- Mas podemos nos encrencar feio, caso formos pegos – disse sussurrando, com medo de alguém estar por perto.

- Não será mais que meia hora Alan, vamos?

- Não sei! – disse olhando para meus pés que ainda doía.

Na verdade, eu estava morrendo de medo de ir pra zona. Lugar no qual eu nunca imaginei estar. Fiquei imaginando, caso ele quisesse fazer alguma coisa lá e eu não fosse homem para corresponder.

“Vai seu idiota, foi inventar que era “O comedor”, agora honre sua fama.”

- Vamos? – disse ele com cara de sem vergonha.

Concordei com aquela loucura e corremos sobre as ruas escuras, escondendo atrás dos carros, com medo de alguém nos ver. Ao chegarmos ao seu bloco, me escondi atrás do seu carro enquanto ele fora até a sua casa buscar as chaves. Minutos depois ele desceu com a chave do BMW 540i, zero kilômetro,do pai dele. Entramos no carro, acomodamos o cooler entre minhas pernas, passamos o cinto e rezamos para ninguém nos pegar. Logo na primeira partida ele afogara o carro.

- Você sabe dirigir? – perguntei rindo, fazendo-o ficar com cara de bravo.

- Dirijo carro há anos Alan – disse rindo.

- Sei! – disse ainda zombando-o - É que não saber engatar um carro automático não parece ser coisa de quem dirige há anos?

- Vai tomar no seu cu! – disse ligando o carro – Pronto, nada de segredos.

Apenas assenti para que ele não enchesse mais o saco.

- Se alguém nos ver? – perguntei abaixando a minha cabeça.

- Tomara! Porque se minha mãe me ver nesse carro com você dirigindo, ela me deixará de castigo pelos próximos 100 anos.

- Não exagera, vai! Além do mais, você está comigo – disse ele me dando um soquinho no ombro.

- Agora que caiu a minha ficha. Por que você ainda não tem carta se já tem 18 anos? – perguntei fazendo soltar um sorrisão.

- Meu pai me fez fazer uma promessa – disse ele pedindo uma lata.

- Qual promessa?

- Que só me daria uma habilitação quando eu passasse no exército, marinha ou aeronáutica.

- Entendi! Então, pelo que eu sei, ficaremos sem carro até quando eu completar 18 anos – disse fazendo cuspir a cerveja.

- E você ainda quer ser meu irmão de sangue?

- Brincadeira! Você é um “nerd”, você vai passar de primeira – disse virando a lata toda.

- Tomara Alan, tomara!

Passamos sossegados pela portaria e saímos do condômino que ficava no bairro do Vivendas, seguimos pela avenida principal que é a Alberto Andaló e pegamos rumo a “zona” que ficava bem ao norte da cidade.

- Tá vendo ali à frente, aquele prédio amarelo e grande? – perguntou apontando a um prédio de 04 andares no final da avenida.

- Tô vendo sim! – respondi semicerrando os olhos, para tentar distinguir o que era.

- Lá e a D.I.G. (Delegacia de Investigações Gerais).

- Puts Murilo, você tá louco de passar em frente a Polícia?! – perguntei bufando e batendo minha cabeça contra o banco.

-Relaxa Alan. Estou lhe mostrando uma curiosidade. Esse bairro que fica em frente a D.I.G. é a própria zona! – disse dando uma risada.

Eu apenas o fitei sério enquanto ele passava devagar pela delegacia.

- Não sei onde há graça nisso?

- A graça está na Delegacia que fica ao lado da zona. Tipo, os caras poderiam ir a qualquer momento e acabar com tudo, mas não, eles mal entram naquele bairro – disse ele enfiando a mão no cooler e pegando uma cerveja – Engraçado, não acha?

- Muito engraçado! – disse ironicamente.

- Como eu disse, relaxe! – disse bagunçando meus cabelos.

Entramos no bairro que ele tanto falara. Todas as casas ali eram muito simples. Algumas delas estavam caindo aos pedaços. Fomos adentrando cada vez mais pelo interior do bairro e logo vimos os inúmeros motéis. Não eram motéis como conhecemos, com banheira de hidromassagem, ar condicionado,frigobar, TV, cama redonda com espelho no teto. Eram apenas casas pintadas, com uma cor fluorescentee com as porta dos quartos abertas, indicando que havia vaga. O Lugar era tão ruim, que nos quartos tinham apenas uma cama de solteiro. Contamos 33 motéis pelo bairro percorrido. Pelas ruas, um aglomerado de carros, comdezenas de garotas de programas, desfilando entre eles, mostrando o produto aos clientes. Tinha garotas de todas as cores, tamanhos, pesos, belas ou feias, com ou sem dentes, etc. Umas fumavam, outras bebiam, mas todas uma particularidade usavam roupas com as partes íntimas a mostra.

Da mesma forma que tinha uma diversidade de mulheres, haviam uma diversidade de carros. Aqueles que tinham os melhores carros, com certeza tinha direto a escolher suas garotas. Já aqueles que tinham carros simples, mal eram ouvidos por elas, tendo que escolher as sobras. Quando viram o carro importado do Murilo, todas, sem exceção, aglomeraram a nossa volta.

“Também, com esse carrão.” – pensei.

O Murilo parou o carro para conversar apenas com 04 mulheres. A última e mais bonita delas, ele pediu que entrasse. Saímos daquela rua, sob vais daquelas garotas que invejaram a loira que nos acompanhara.

- O que os dois gatinhos vão querer? – perguntou ela enfiando a cabeça entre nós e passando a mão nos nossos corpos.

- Hoje é aniversário de meu irmão aqui – disse ele batendo forte no meu ombro.

- Seu irmão? – perguntou ela espantada.

- Meu irmão! – confirmou ele sorrindo.

“Tenho certeza que ela ficou boquiaberta por causa desse “irmão” que ele tanto dizia. Eu, branco que nem leite e o Murilo com a pele morena clara. Ela com certeza pensou que fossemos adotados.”

- Gente, esse gatinho cheirando a leite veio passar seu aniversário comigo? – disse ela colocando sua mão na minha coxa – Vem pra trás com a tia – disse ela com bafo de cigarro me agarrando pelo ombro.

- Nãoqueroporqueeucurtooutramenina – disse quase sem ar.

- Hum? – perguntaram os dois com cara de espanto.

- Eu curto outra menina – disse quase sussurrando e de cabeça baixa.

- Não acredito que me fez vir até aqui pra dar pra trás, Alan? – disse ele ficando carrancudo.

- Não pedi que viesse Murilo – respondi sem dar chance a ele.

- Então vem você meu Rambo – disse a prostituta passando a mão nos peitos musculosos dele.

Eu dei uma risada para dentro quando ela disse “Rambo”, mas logo eu me contive.

- Você não vai mesmo Alan? – perguntou ele com a voz trêmula.

Eu sabia que, por mais que ele tivesse com maior tesão e adrenalina, ele também estava com medo.

- Não vou Muca!

- É uma pena – disse a moça – eu ia adorar ver os dois comigo.

“Não mesmo!”

Então ele procurou o melhor motel da zona e levou a puta para dentro.

- Não quer entrar neném? – insistiu a garota.

- Não! – disse sem olhar nos olhos pintados em demasia.

- Então gatinho, fica quietinho dentro do carro, abaixado – disse ela saindo do carro.

Fiz não entender.

- Caso a polícia apareça por aqui, você e seu amigo estarão mais fodidos que eu – disse ela passando a mão debaixo da sua calcinha.

Talvez na esperança de eu me animar a entrar com o Murilo no quarto.

“O que seria uma ótima ideia, ver meu melhor amigo “em ação”. Imaginando aquele corpo, musculoso, pegando aquela mulher.”

Pensamentos quentes que me fizeram ficar excitado. A ideia de ver o Murilo transando, seria, talvez, o único e o melhor presente de aniversário. Deixava-me encabulados e, às vezes, com medo desse desejo pelo meu melhor amigo. Eu esperava que fosse algo similar aos meus primos. Pessoas de sangue que não havia envolvimento amoroso algum. A não ser pelo desejo em “gozar”.

“Eu não entendo esse meu desejo pelo Murilo. Fiz tudo o que pudesse ser feito – em relação a sexo – com meus primos, mas, com o Murilo era diferente. Era algo que fazia meu peito arder, que fazia meu coração pulsar, que me dava água na boca só de olhar para aquela pele macia, lisa e sem imperfeições a olho nu. Eu sentia uma necessidade em estar ao seu lado, sentir o cheiro amadeirado do seu perfume, misturado ao cheiro natural da sua pele.”

Fiquei esperando dentro do carro da maneira que ela havia me precavido. Ser pego pela polícia na zona, com dois menores, bebendo álcool e, ainda por cima, dirigindo? No mínimo era uma encrenca das bravas. Abri mais uma lata, daquela bebida que eu considerava impossível de se beber, e tomei ela inteira, a goles largos. Aquele líquido amargo e gelado, desceu até meu estômago, fazendo-o esfriar. Assim, sentia mais aliviado pelo fogo que o Murilo me despertava. Fiquei contando minuto a minuto daquele momento tão importante do meu aniversário. Suspirei fundo ao lembrar que viemos buscar meu presente, mas quem estava se deleitando, era o próprio Murilo. A porta do quarto se abrira, exatamente, aos eternos 20 minutos que decorreram aquele ato. Ele estava sério e sem camiseta.

“Que rápido!” – pensei.

Ele entrou em silêncio no carro, abriu o portão, deu partida e saiu do motel cantando pneu.

“Que será que houve?” – pensei abrindo os vidros.

Ele saiu “rasgando” aquelas ruas da zona. Aquelas mesmas ruas que eu disse ser lotada de carros e mulheres.

- Que está acontecendo Murilo? – perguntei após sairmos do bairro e pegarmos o rumo ao centro da cidade.

- Cara, foi uma merda! – disse ele abrindo um sorriso.

- E por que da risada? – perguntei arqueando a sobrancelha.

- Acho que tem que ser assim! Sempre ouvi dizer que a primeira vez é uma merda – disse ele tomando direção contrária àquela que viemos –- Mas, pelo menos não sou mais virgem! – disse ele abrindo um sorriso – Pega uma lata aí.

Abrimos uma lata cada e brindamos.

- A sua Primeira Vez! – disse levantado a lata.

- A minha Primeira Vez! – disse ele batendo na minha.

Tomamos a lata toda, como ele me ensinara. Meus sentidos já não respondiam corretamente aos meus estímulos. A cada “Pare”, uma derrapada, a cada saída, seus pneus cantavam fazendo as raras pessoas nos encarar.

- Mas por que a correria? – perguntei.

- Porque logo após gozar, dei a grana pra ela e ela abriu dois saquinhos de cocaína e cheirou. Chegou até oferecer pra mim, mas disse não – disse ele mais que depressa.

- Mesmo assim, por que a correria? – perguntei colocando minha mão sobre o painel, para me apoiar melhor.

- Porque, quando estava no banho, ele abriu outro saquinho na pia e cheirou por completo. Ela começou a ficar louca. Olhava para todos os lados, com o queixo travado e as mãos tremendo. Ela não sabia se dançava ou se colocava a roupa. Quando eu acabei de me vestir, ela caiu no chão e começou a ter convulsões, ali, na minha frente – disse ele rindo.

- Cara, você não ajudou ela?

- Tá louco Alan?! -disse ele fazendo uma curva a toda velocidade – Eu estou com carro do meu pai, estou bêbado e, ainda por cima, com meu irmão de 14 anos na zona.

Meu coração estava disparado e meu estômago parecia que tinha um saco de gelo dentro.

- Credo Murilo, por sua causa ela pode ter morrido – eu disse assustado.

- Por minha causa não Alan. Por causa da cocaína que ela usou – disse ele se irritando – agora você vai ficar ai me dando bronca?

- E se formos presos por assassinato?

- QUE ASSASSINATO, ALAN? – gritou ele – QUEM AQUI MATOU ALGÉM?

- Desculpa, mas penso no caso de formos reconhecidos – disse olhando par dentro dos olhos dele.

- DÁ PRA CALAR A BOCA E FESTEJAR SEU ANIVERSÁRIO? – disse aos berros.

“Festejar meu aniversário depois do ocorrido? Ele só pode estar brincando!” – pensei.

- Ok, vamos festejar meu aniversário – eu disse num tom sério.

- Assim que eu gosto! Pega outra lata e abre pra nós – disse ele ainda bufando.

Fiz o que ele pediu, abri duas últimas latas, que estavam estupidamente geladas, e bebemos num gole só.

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Comentários

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Obrigado por me ocupar no meu horário de trabalho Alan. Essa história é verídica?

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Dois vida loucas esses daí. O Murilo querendo se afirmar hetero pegador e Alan é quem vai segurar o B.O. Louco pra saber como trrmina a história desses dois aí.

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