MEU CORPO É MUITO PESADO!!! 01 - 11

Um conto erótico de Alan Bortolozzo
Categoria: Homossexual
Contém 4702 palavras
Data: 11/03/2015 10:18:02
Assuntos: Gay, Homossexual

CONFORME CONVERSA COM TODOS. ESTAREI POSTANDO APENAS NO WATTPAD A PARTIR DE SEGUNDA-FEIRA. BASTA CRIAR UMA CONTA E PROCURAR PELO NOME DO AUTOR OU LIVRO. BEIJÃO A TODOS.

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Capítulo 10

Nosso craque de futebol.

Para minha felicidade, os primeiros dias passaram muito rápidos. Quer dizer, poderia ser pior. Não que eu estivesse me divertindo, mas fora agradável. A presença daquele garoto estava contagiando positivamente a todos. Na segunda e na terça-feira, nós íamos para escola de manhã e na hora do almoço o Arthur fielmente nos buscava para voltarmos para casa. À tarde eu passava meu tempo lendo para ele e ensinando-o a falar corretamente o português.

“Antes que vocês pensem que foi da minha pessoa ensinar português a ele, não foi. Ele me pediu, pois dizia que precisava se adaptar ao meu ambiente.”

Durante a noite ele contava histórias da sua infância. Coisas que ele fazia no seu sítio. Curiosidades da sua vida caipira que nos fascinava, durante o jantar na mesa. A única coisa de diferente, era que descobrimos que ele fazia xixi na cama.

“Nada demais, mas se essa história caísse na mão da galera, seria uma bomba. Ou que chamamos hoje de bullying.”

Lembro-me muito bem daquela quarta-feira ensolarada. Deveria fazer por volta dos seus 35º, temperatura típica da minha cidade. Bem no portão de saída estava meu irmão todos sorridente, sem camiseta, pois dizia ter que “pegar uma cor” para atrair a mulherada. E sol naquele horário era o que não faltava. Dizia todos que, se eu puxasse ao meu irmão, eu seria um garoto muito popular com as mulheres. Ele sempre fora o primeiro a hastear a bandeira de “pegador” do colégio. Primeiro, pela beleza rústica de um italiano e depois pelo carisma e bom humor. Lembrava até um cão, pois ele fazia amizade com todos mundo e todo mundo era legal com ele. Não me assustaria se ele deitasse no chão e pedisse para alguém coçar sua barriga.

- Boa tarde pirralhada! – disse meu irmão quando nos viu saindo do portão.

- Boa tarde Arthur! – respondeu eu e o Biesso.

“Na verdade, deveria ser “Boa tarde Caronte!”.

Da escola até minha casa, eram 02 kilômetros e 400 metros. Minha mãe nos trazia pela manhã e a tarde meu irmão nos buscava. Passávamos por trás do Shopping da cidade. Do Shopping até a minha casa, era apenas conjuntos de terrenos baldios com uma casa ou outra.

- Queria saber por que vocês dois estão tão desanimados assim? – perguntou meu irmão parando bem no meio do caminho – Tão andando que nem duas senhorinhas.

- Muito calor! – respondeu o Burro.

- O Arthur acha que todos correm que nem ele – disse fazendo meu irmão rir alto.

- Na verdade pivete, ninguém corre mais que eu - confirmou ele.

- Eu corro mais que você – disse o Burro fazendo meu irmão franzir bem a testa.

- Ro, ro, rul – disse imitando a risada idiota do Arthur.

Ele apenas fitou o guri por uns instantes, pegou um graveto e continuou a caminhada no sol escaldante, todo sorridente, balançando o graveto de um lado para outro.

- E a escola Biesso, tá muito difícil? – perguntou o Arthur quebrando o gelo.

- Só ingreis!

- IN-GLÊS – corrigiu eu e o Arthur ao mesmo tempo.

- Só o in-glês – ele repetiu devagar.

- E o português também! – disse o Arthur fazendo todos rir.

- É que eu num sei pra que serve o in-glês – disse ele dando de ombros.

O sol esquentava e a mochila pesava com o passar do tempo. O que era brincadeira dava lugar para a respiração ofegante e ao cansaço. Após andarmos um terço do caminho no sol do meio dia, chegamos a tão fresca e gostosa Praça do Vivendas. No meio da praça tinha um bebedouro e sempre parávamos lá na nossa volta. Meu irmão molhava a cabeça e seu corpo, enquanto eu e o Burro apenas bebíamos aquela água gostosa e refrescante. Água que vinha direto do poço artesiano. Matávamos a sede com grandes goladas daquela água geladinha. Era sempre um alívio chegar lá. Essa era conhecida como a praça dos eucaliptos, pois praticamente todas as árvores dali eram eucaliptos. Quando ventava, os galhos batiam uns nas outros, soltando um aroma maravilhoso, sem falar no som do vento cortando as folhas. Era recompensador chegar ali.

A Praça do Vivendas fazia divisão com um dos bairros mais importantes e nobres da cidade. Caminhar pelas extensas e largas ruas que cortavam aquelas casas maravilhosas com 03 andares, com inúmeros carros na garagem e belos jardins, daqueles que vimos apenas em filmes americanos, fazia daquela caminhada, um desfile ao ar livre de arquitetura e urbanismo.

Continuamos a nossa caminhada pelo interior do bairro. Não sei por que meu irmão parecia inquieto.

“Será que é por causa do teste de hoje à tarde? – perguntei a mim mesmo – Não sei!”.

Ir pelo interior do bairro nos dava direito de ficarmos na sombra das árvores que tinham em frente das casas. Enquanto andávamos pela rua, ouvíamos o latido de vários cães que ficavam trancafiados dentro de suas casas.

- Repete comigo? – disse para o Burro – What is your name?

- What is your name? – respondeu ele.

- Tá vendo? Um milagre! – zombou o meu irmão.

“E não é que ele falou certinho mesmo!” – disse espantado com a pronuncia de uma pessoa do sitio.

- E você poderia dizer... – comecei a dizer mas assustei com um barulho metálico muito forte.

O imbecil do meu irmão pegou o graveto e bateu com força num dos portões, fazendo o bairro inteiro parar. Logo em seguida, ouvimos latidos ensurdecedores de todos os cantos.

- CORRAM – gritou meu irmão em disparada.

Não entendi nada, só sei que comecei a correr desesperadamente, seguindo o meu irmão. Olhei para trás e o burro me seguia, desviando dos galhos na rua. Bem ao fundo, vinha um cão negro a toda em nossa direção. Era um Rottweiler gigante.

“Eu tenho duas fobias no mundo, a primeira: abelhas. A segunda: cachorros. Só de olhas os dois me arrepiavam, me enrigecia me corpo.”

- CORRE BURRO – gritei para o garoto que estava rindo.

Ele, ao ver que meu foco era outro, olhou para trás e, instantaneamente, correu ainda mais depressa. Meu irmão corria a frente, quase um quarteirão de distancia já o Biesso estava a minha cola. Olhei para trás para saber se o cão ainda nos seguia e, para meu azar, ele estava quase no nosso calcanhar. O garoto estava bem a minha frente já. Com certeza agora eu entendia porque ele dizia ser mais rápido.

- CORRE ALAN – gritou ele.

Eu não podia. Eu não era tão resistente e rápido quanto ele. Quiçá meu irmão.

- NÃO POSSO! – gritei desesperadamente, começando a chorar.

O garoto diminuiu o passo e veio ao meu encontro.

- MI DÁ SUA MÃO? – estendeu ele a mão.

- PRA QUÊ? – gritei de nervoso.

Não queria admitir que eu precisasse da ajuda das pessoas. Não admitia que ele fosse melhor que eu.

- DÁ A MÃO PRA ELE ALAN! – gritou meu irmão bem a nossa frente.

Sem pensar, segurei a mão do guri e, com a força que ele tinha, me puxou – quase arrancando meu braço – rumo à portaria. Ao virar a rua, meu irmão estava parado com um pedaço de pau gigante.

- VAI DEITAR SEU VIRA-LATA – disse ele batendo o pau no chão, fazendo um barulho imenso.

O cão parou na hora e ficou encarando meu irmão. Ele rosnava e estava de cabeça baixa. O Arthur levantou o pau e tentou espantá-lo, mas o cão nem se mexeu.

- VAI DEITAR! – gritou meu irmão batendo o pau com força.

Mas o cão começou a latir.

- Vai dentro da portaria Alan e espere por lá – disse o menino me empurrando, colocando a mão no peito.

O Burro pegou a primeira pedra que viu na rua e correu ao encontro do cão.

“Por que ele foi encontrar meu irmão e eu não? Que bosta de irmão eu sou!”

Senti uma coragem vindo dentro de mim e sai correndo ao encontro dos meninos. Lá estava o cão mordendo o pau que o Arthur segurava. Já o guri dava coordenadas ao Artur do que fazer.

“Ninguém vai me ensinar a fazer nada! – disse pegando a primeira pedra que vi na rua e atirei no cão, fazendo soltar o pau e dar um latido agudo.”

- CORRE PESSOAL – gritou o Arthur passando que nem um relâmpago por mim.

Virei depressa e fui em disparada atrás do meu irmão. O Biesso agarrou a minha mão e ajudou eu atravessar a portaria.

“Só pra vocês se situarem. Da portaria até o meu bloco, eram praticamente 800 metros. Então imagina o quão desesperados e apavorados estávamos que nem percebemos esses 800 metros passar!”

Corremos da portaria até o meu prédio que nem louco e paramos somente quando chegamos ao hall do prédio. Quando chegamos ao hall, começamos a rir que nem três bobões. Estávamos tão desesperados que mal percebemos um detalhe que iria mudar pra sempre a minha vida.

- Por que vocês ainda estão de mão dadas? – perguntou meu irmão caçoando.

Ambos olharam espantados e soltamos correndo as mãos, como se nada tivesse acontecido. Eu e o burro coramos na hora.

- Cala boca Arthur! Ele só me ajudou a vir até aqui – disse apertando o botão do elevador.

- Eu não disse nada, BATMAN – disse ele gargalhando – Lembra seu apelido e do Murilo? Batman e Robin?

- Vai te catar! – disse empurrando ele.

O burro apenas nos olhava espantado. Acho que ele não estava acostumado em ver amor fraternal na sua vida.

- Para de ser bobo Alan! O cara aí... – disse ele apontando para o Burro - ...é um ótimo substituto para o Murilo.

“E desde quando o Murilo tem substituto?!”

- Murilo é aquele garoto que te salvou? – perguntou o Burro.

- Sim!

- É assim que você chama o rapaz que quase te matou? – disse meu irmão olhando para o fundo dos meus olhos.

- Mas ele me salvou depois! – disse irritado.

Ele me olhou com cara de nojo. Eu sabia que ele não gostava do que o Murilo fez e sabia também que eu não queria mais papo.

- Enfim... vamos almoçar porque hoje o dia promete – disse ele abrindo a porta do elevador.

O Burro passou a porta e entrou no elevador, ficando encaixado num dos cantos. Era como se ele não quisesse ser visto. Entramos em casa e fui direto para o banho, enquanto o Arthur esquentava o almoço. Logo após, foi à vez do Burro se banhar.

“Graças a Deus alguém gostar tanto de banho quanto eu!”

Depois todos se sentamos a mesa e nos fartamos da maravilhosa comida do meu irmão.

“Tenho que confessar, o chatão do meu irmão era um cozinheiro de “mão cheia”.”

Lavamos a louça para o Arthur, pois ele precisava descansar para tarde.

- Por que seu irmão disse que o Murilo quase te matou? – disse bem devagar, pois fazia força descomunal para falar corretamente o português.

- Por que ele é um cuzão! – disse fazendo o burro virar a cara para mim.

Ele, igual a minha mãe, detestava falar palavrões.

- Desculpe! Porque ele tem inveja do Murilo ser um campeão.

- Campeão?

- Sim! Ele conquistou mais de 90 medalhas, sabia?

- Nossa, ele é bom moço mesmo! – disse ele enxugando os pratos enquanto eu enxaguava.

- Ele é o melhor! – disse o fazendo dar um sorrisinho torto, sem graça – Pena que tenha ido embora. Você ia gostar dele.

- Se você fala...?

- Mas você corre muito bem – disse fazendo estampar aquele sorrisão enferrujado que ele tinha.

- Lá no sitio eu corria mais que tudo os animal! Corria mais que os porco, as galinha, os ganso, os pato, as vaca, do moço do leite...

- Tá certo Burro! – disse fazendo o parar Já entendi.

- Dos burro também! – disse ele abrindo um sorriso largo.

- Perfeito!

- Sabe? – disse ele enxugando o prato demasiadamente – sobre... aquele... lance...

- Fala logo Burrão!

- Tá! Eu não quis pega na sua mão de que nem namorado de poprosito não.

- Pro-pó-si-to – corrigi ele.

- Certo. Eu não quis pega na sua mão que nem de namorado de pro-pó-si-to – disse ele lentamente.

- Você não deveria dar ouvidos ao idiota do meu irmão – disse coçando a sua cabeça.

- Sei! Seu irmão é legal – disse ele dando o sorrisinho torto.

- Ele é! Porém, é o mais insuportável também. Mas fica frio. Sei que não pegou na minha mão “que nem namorados” propositalmente.

- Seu irmão sabe que nóis vai no campo com ele?

- Primeiro lugar, é: “nós vamos”. Segundo lugar, preciso contar, mas vamos deixa-lo dormir em paz.

- Por quê?

- Acho que ele não vai gostar muito dessa ideia de nos levar juntos. Ele tem vergonha da família dele ir assistíi-lo.

- Não deveria ser o contrario?

- Acho que sim! Eu ficaria melhor em ter meu irmão me vendo, mas ele, por ser o “Homem da casa”, acredito que tenha mais empecilhos para isso. Enquanto isso, nós podemos estudar seu português e inglês, o que acha?

- Muchbetter! – respondeu ele todo feliz.

Acabamos de lavar a louça a fomos para o quarto estudar. Eu me sentia bem o ensinando a falar português e inglês. Sem falar que essas aulas particulares me ajudavam muito no meu treinamento como aluno e pessoa. Era quase 06 da tarde quando minha mãe apareceu no quarto com um pacote de biscoitos, dizendo para nós nos arrumarmos para leva-lo. Tomamos banho e nos trocamos rapidamente. Na sala estava meu irmão com as coisas dele numa mochila.

- Onde é que esses dois pirralhos vão todos arrumadinhos assim? – perguntou o Arthur se jogando no sofá.

- Nós vamos ao seu...

- Ao shopping Arthur! Agora deixe os dois quietos – cortou a minha mãe.

- Mi, mi, mi, mi, mi – zombou meu irmão, imitando a minha mãe.

- Zombe de mim novamente e você verá onde você vai fazer seu teste? – disse ela pegando as chaves do carro e apontando para a porta.

Na saída de casa, recebi aquele meu habitual tapa na cabeça.

“Dessa vez passa!” – disse pra mim mesmo. Não queria estragar o teste dele.

Fomos direto para quadra que ficava próximo de casa. Ao contrario do que todos imaginaram o Arthur nem fez careta ao saber que eu e o Burro iriamos assistir seu teste.

- Quando sair ligue na casa da dona Renata, estarei lá – disse ela dando umas fichas de orelhão para meu irmão.

Esperamos ela sair do estacionamento para entrarmos na quadra.

- Se vocês dois fizer alguma coisa pra me atrapalha, eu juro que mato os dois e ainda coloco na rodovia pros caminhões passarem em cima.

- Não venha ficar bravo com a gente, porque nem sabemos o porque ela está nos castigando dessa maneira – disse ironizando-o.

Ele apenas riu alto e nos empurrou para dentro da quadra.

- Vocês dois fiquem aqui enquanto assistem ao show – disse ele jogando a mochila, com força, no meu peito.

- Nós já entendemos Arthur! – disse.

- Boa sorte! – disse o Burro dando um sorrisão.

- Valeu Biesso! – disse meu irmão dando um abraço e esfregando sua cabeça com força, quase fazendo seus cabelos pegarem fogo.

- É mesmo. Boa sorte! – disse estendendo a mão para cumprimenta-lo.

- Olha Biesso, o Alan quer um abraço meu também?! – disse meu irmão soltando o rapaz e vindo para cima de mim.

- Eu me contento com o aperto de mão – disse deitando na arquibancada.

- Eu sei que está morrendo de ciúmes – disse ele me puxando para um abraço e enchendo minha cabeça de tapas e depois um beijo – Eu te amo sua coisa feia.

O Burro apenas ria daqueles momentos de amor entre eu e meu irmão.

- Que “boiolice” é essa Arthur? – perguntou um garoto atrás do meu irmão.

- BRENOOOOOOOOOOOO? – gritou meu irmão, pulando em cima do Breno, dando um abraço mega apertado, batidas na bunda e beijos na bochecha.

- Depois o baitola é você Alan? – disse o Bruno, irmão gêmeo do Breno.

O Bruno era o gêmeo bom, como costumávamos dizer. Todo centrado, tirava ótimas notas, vivia sendo garoto propaganda dos colégios. E eu ouvi dizer que algumas Universidades se estapearam para tê-lo no seu corpo discente. Já o irmão era tão desmiolado quanto o meu. Repetente, tirava péssimas notas, vivia cumprindo mais suspensões do que assistir aulasLógico, sempre ao lado do meu irmão. Todo mundo dizia que o Arthur era o irmão de verdade do Breno. E que o Bruno era um adotado por aí. Mesmo os dois sendo gêmeo super idênticos.

- E você quem é? – perguntou o Bruno estendendo a mão para o Burro.

- Eu sou o...

- Esse é o ferrugem! – cortou o Breno estendendo a mão para o Burro – E você ainda me parece o Alan, certo? – disse o Breno.

- Cala a boca Breno! – disse dando um tapa na sua mão.

- Adoro a cordialidade dessa família – disse ironicamente.

- Vocês dois vieram assistir ao teste? – perguntou o Bruno.

“Como eles podem ser tão idênticos, mas ao mesmo tempo tão diferentes? Até a voz deles eram iguais.”

- Sim! Estamos cumprindo um castigo da minha mãe – disse dando um sorriso amarelo.

- Você viu Arthur, ele disse que assistir ao nosso espetáculo é um castigo?! – disse o Breno abraçando meu irmão pelos ombros.

- Ele não sabe o que diz! – disse o Arthur apertando cada vez mais o Breno.

“Qual é a necessidade dos dois manterem contato físico a toda hora?”

- E por que você ainda não está pronto Breno? – perguntou o Bruno me parecendo um pouco irritado.

De todos que iam jogar, o único que não estava vestido era o Breno. Meu irmão e o Breno riram do Bruno dando bronca nele. Os dois o deixaram sem resposta e foram até o vestiário se trocar.

- Meu irmão é o melhor irmão do mundo até o seu irmão aparecer – disse o Bruno se sentando ao meu lado.

Quando ele sentou, senti uma onda do seu cheiro entrando nas minhas narinas, contagiando meu corpo.

- Entendo o que diz! – disse apoiando.

- Ele muda completamente ao lado do Arthur. Fica querendo fazer graça, tirar sarro e ganhar fama menosprezando e zombando de todos. Isso incluí eu e você.

“O Bruno era um rapaz alto, de mais ou menos 01 metro e 90 centímetros, deveria pesar no máximo 80 kilos – por causa do futebol – tinha a pele clara, porém era um pouco puxado para morena, cabelos raspados, olhos extremamente verdes, dentes cuidadosamente brancos e corrigido por anos de uso de aparelhos e um par de coxas de um verdadeiro jogador de futebol. Coxas que precisavam ser raspadas para jogar bola, deixando-as completamente torneadas e visivelmente hidratadas. O Breno tinha todos os atributos físicos do irmão, exceto pelo cabelo tipo “topetinho”.”

Meu irmão e o Breno adentraram na quadra minutos depois.

- Tá na minha hora! – disse o Bruno se levantando e sendo cumprimentado com um “Boa sorte!” ao passar pelas pessoas.

A seletiva para o futebol society do time da cidade contava com a presença de mais de 300 garotos, disputando no máximo 24 vagas. Meu irmão e os gêmeos jogavam para um clube particular desde os 10 anos de idade. Eram patrocinados com um salário mínimo, fora as viagens que eles faziam entre cidades da região. Mas ser patrocinado e ter direito a viagens pela região, não era nada comparado a ser jogador profissional do município. As seletivas aconteciam aos garotos que completavam 16 anos e somente os melhores conseguiam entrar. Ser jogador do time da cidade dava fama, inúmeras entrevistas as TVs locais, treinar nas melhores academias da cidade, comer nos melhores restaurantes e, o que ele mais curtiam, mulherada no pé deles. Talvez isso despertasse tanta gana na molecada.

O teste era feito no famoso “mata-mata”, ou seja, perdeu tá fora. Para o teste precisava: ser rápido, ter habilidades com a bola, ser íntimo da bola, ser ambidestro na hora das faltas, conhecer jogadas ensaiadas. O Arthur e os gêmeos, após 04 exaustivas horas, conseguiram chegar até a fase final, aquela que 30 garotos estavam disputando 24 vagas. Perder nessa hora era um sofrimento imenso. Os primeiros a serem eliminados saiam da quadra aos berros. Ao longe eu vi meu irmão com semblante de quem estava prestes a vomitar.

- Seu irmão é bom! Talvez um dos melhores em quadra – disse o burro agarrado ao alambrado.

- Se ele não passar, tenho certeza que ele nos fará de escravos até o final do castigo.

O treinador do Rio Preto anunciou o nome do Breno e do Bruno que se abraçaram aliviados com a noticia. Meu irmão acabou sendo selecionado para a última da última peneira. Onde 06 garotos disputavam uma vaga.

- Quero ver uma cobrança de falta do meio da quadra. Ganha aquele que marcar o gol com o chute mais bonito – disse o treinador aos berros – Primeiro nome: Arthur Bortolozzo?

Meu irmão já sabendo da sina daqueles que começam o nome com a letra “A”, já estava em pé e com a bola na mão.

- Já sabe o que fazer? – disse o treinador.

- Sim professor!

- Então faça mil vezes melhor do que sempre fez – disse ele colocando o apito na boca.

Eu, que me mantive frio até aquele momento, não contive o desespero e fechei os olhos na sua primeira cobrança.

- GOOOOOOOOOOOOOOL – gritou os gêmeos e o Burro.

Respirei aliviado.

- AQUELE NOSSO CHUTE ARTHUR! – gritou o Breno.

Meu irmão assentiu com a cabeça.

- Você e o Arthur tem um chute só de vocês e eu que sou seu irmão não tenho? – disse o Bruno cabisbaixo.

- Cala a boca! – cortou o Breno – Agora é a vez da outra perna!

Fechei os olhos novamente e segurei o ar para tentar amenizar a angústia.

- GOOOOOOOOOOOOOOOOOL – berrou o Breno – EU SABIA SEU BUNDA GORDA!

Meu irmão veio se juntar a nós.

- Que bomba mano? – disse o Breno relando a ponta dos dedos nas pontas dos dedos do Arthur – Você chuta 10 vezes mais que eu!

- Mano tô “trancado” na esperança de pegar essa ultima vaga – disse meu irmão com os olhos cheios d’água.

- Já é sua Arthur, fica frio! – disse o Breno.

- Frio? Tô é congelando! – disse meu irmão.

Com certeza fazer 06 garotos cobrar 02 faltas em frente de 400 pessoas não era nada fácil. São apenas 02 únicos chutes que te levam a glória ou a derrota. Para sorte o Arthur conseguiu os dois. Agora faltava saber se ele cobrara melhor que todos os garotos. Para nossa sorte, ninguém batera melhor que ele.

- A última vaga para o Rio Preto Futebol Clube vai para... – iniciou o treinador – Arthur Bortolozzo! – disse o rapaz com voz grave.

O que poderia ser “A chance” para meu irmão, para o treinador era visto como “o que restou”, ou seja, a sobra. O Breno saiu pulando no meio da arquibancada e entrou na quadra, dando um abraço de urso no Arthur, derrubando-o no chão.

- Vo-cê não vai ver seu irmão? – perguntou o Burro.

- Vou sim! – disse saltando dois bancos – Vem também? – chamei o garoto que seguiu meus passos todos sorridente.

Corremos todo o alambrado e entramos na quadra, onde havia vários jornalistas e alguns “bam-bam-bans” do futebol na cidade. Achei bonito ver o meu irmão emocionado com algo. Como eu disse, ele gastou muito da sua vida apenas cuidando de mim e hoje ele conquistou um dos seus sonhos. E vê-lo chorando de felicidade me contagiava de alegria. Tanta alegria que acabei chorando junto com ele.

- Vem cá Alan – disse ele me puxando para um abraço, dessa vez sem tapas, cascudos e coices – Eu consegui Alan. Finalmente eu consegui alguma coisa – disse ele dando um beijo na cabeça.

- Você, mais que ninguém, merece isso – disse retribuindo o abraço.

- Valeu! Eu te amo carinha – disse ele dando um beijo na testa.

“E não é que o rinoceronte tem coração mole?”

Ele se afastou e cumprimentou o Burro e depois o Bruno, mas o foco das conversas era mesmo com o Breno. Era nesses momentos que eu via como os dois eram chegados.

- Vai rapazinho – disse o Bruno jogando a bola para o Burro.

- Ele morava no sitio – alertei o Bruno – Você vai é machucá-lo.

- Só uns chutes não vão matá-lo!

Os dois começaram com uns passes básicos, depois para jogadas, depois uns chutes mais fortes.

“Não é que o Burrão sabe jogar mesmo?!”

As pessoas ao redor, pais, treinadores e repórteres começaram a prestar atenção naquele garoto do sorriso torto. Ele driblava o Bruno que ficava extremamente envergonhado ao ser fintado.

- Dá a bola pra ele e peça-o que chute a gol – disse um senhor aparentando ter lá seu 50 e poucos anos.

O Bruno posicionou a perto do pênalti.

- Aí tá muito perto. Esse rapaz tem cara de chutar mais forte. Coloca a bola no meio de campo – ordenou o senhor.

O Bruno, fazendo uma grande cara de espantando, foi rolando a bola até a marca do meio de campo.

- Você sabe chutar meu rapaz? – perguntou o senhor.

- Sim moço!

- Então faça exatamente o que o treinador pediu aos garotos. De um chute mil vezes do seu melhor, pode ser? – disse seriamente o senhor.

- Sim moço! – concordou o Burro.

- Eu não acredito nisso? – disse o Arthur chegando ao meu lado.

- Muito menos eu! – disse ficando boquiaberto.

A quadra toda ficou em silêncio enquanto o Burro, com passos curtos, tomava distancia da bola.

- Será que ele é canhoto? – perguntou um rapaz ao meu lado.

Todos estavam com dúvida daquele chute, pois ele pegava uma direção que indicava que ele chutaria com o pé esquerdo. O treinador apitou e ele começou a corrida com aquele trotinho típico de jogador e, para o espanto de todos, ele bateu com o pé direito. Ele deu o famoso chute “03 dedos”. Quando ele chutou, a bola tomou uma direção tão estranha que achei que ela sairia da quadra, mas no final, ela “entortou” ao ponto de entrar bem no ângulo do gol. A multidão explodiu de felicidade.

- Filha da mãe! – disse o Arthur ao pé do meu ouvido.

Ele chutou tão bem que o treinador do Arthur deu uma bela “comida-de-rabo”, dizendo a eles: “Ainda bem que ele não tem 16 anos! nos seus jogadores, por eles não chegar aos pés do Burro, no quesito chute a gol.

- Parabéns filho! – disse o senhor que pediu ao Burro para chutar a gol – Venha conversar comigo? – chamou ele – Você está sozinho?

Ele apenas acenou dizendo que não e apontou para nós.

- Venham vocês também rapazes – disse o bom senhor.

- Você foi o que conseguiu a última vaga, não foi?

- Sim senhor! – disse o Arthur cumprimentando

- Belo chute meu rapaz! Quer dizer, não mais do que esse rapazinho aqui – disse ele pegando o Burro pelos ombros – Você Arthur é o responsável por ele? – perguntou o rapaz voltando atenção ao Arthur.

- Hoje sim, senhor!

- Você sabe jogar futebol filho? – perguntou o senhor ao Burro.

- É o que eu mais sei moço.

- Aqui não tem nada de “moço”. Me chame de Leão, Técnico do Rio Preto. Futebol de campo – disse ele estendendo a mão para o guri.

Eles se cumprimentaram cordialmente. O senhor não parava de sorrir.

- E você, se me permite, gostaria de lhe chamar de Leãozinho? – disse ele sem soltar as mãos – Quer entrar no time juvenil do Rio Preto? – perguntou o Leão.

- Caralho, fala “Sim” logo ferrugem – disse o Breno empurrando o Burro.

- Vamos Biesso, aceita esse convite – disse o Arthur.

- É rapaz! Será nossa “Estrela” – disse o senhor ainda olhando nos olhos do guri.

Mas o guri parecia nem prestar atenção em ninguém. Seus olhos estavam voltados para o meu. Era como se ele quisesse minha aprovação para jogar.

- Vai Burrão, é sua única chance – disse empurrando ele.

O garoto abriu um sorriso de fora-a-fora e voltou-se para o senhor.

- Ténico, eu aceito jogar para você!

Todos riram do português dele.

- Você vai precisar melhora essa fala se quiser ser jogador.

O Técnico do Rio Preto pegou o Burro no colo e colocou-o em cima dos seus ombros.

- De as boas vindas ao mais novo jogador do Rio Preto de campo.

A galera gritava, batia palmas, assoviava, ovacionava o garoto ruivo nos ombros do treinador. Até os meninos que sempre buscaram algo do gênero, estavam felizes. Sim, o garoto do sítio, o chamado Burro, tinha conseguido uma vaga no time profissional de Rio Preto. Tinha consegui um status maior até que meu irmão e os gêmeos. A partir daquele dia eu não iria mais subestimar aquele caipira.

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Comentários

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Eu Tô acompanhando a historia e acho uma pena Vc parar de postar nas CdC. Espero que Vc poste no site Romance Gay aonde ficará mais fácil de acompanhar. Abração!

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Cara não faz isso. Vc vai perde muitos leitores que não tem acesso wattpad. Não falo isso so pou min mas também por leitores que não tem conta aqui na cdc.... Pense bem e si puder dar resposta. Deixa teu email ai por favor. .

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