MEU CORPO É MUITO PESADO!!! 1 -10

Um conto erótico de Alan Bortolozzo
Categoria: Homossexual
Contém 3617 palavras
Data: 10/03/2015 09:30:06
Assuntos: Gay, Homossexual

Bom dia pessoal!

Respeitando as normas do site, onde o foco das publicações são "Contos Eróticos", estarei deixando o site para evitar mais outro "desconforto" com os moderadores daqui, estarei postando apenas no site do Wattpad. Desculpe pelo incomodo a todos, porém, são normas da "casa".

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OU Alan Bortolozzo

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Ficamos no hospital por mais umas 02 horas até o garoto ser liberado. Para um pós-feriado, eu estava até bem. Não que eu estivesse feliz com o que fiz e o meu castigo, isso não. Apenas estava inconformado que estava sendo trancafiado dentro do meu apartamento novamente.

“E o pior, estaria sendo castigado com meu irmão.”

Eu sei que ele iria esquecer essa raiva logo na primeira semana, afinal, ele cuidava de mim todos os dias após a separação dos meus pais. Difícil mesmo seriam os dias que, supostamente, ele teria seus treinos de futebol. Ele ia fazer esses dias um inferno na minha vida. O garoto dormiu do caminho do hospital até chegar ao meu apartamento. Ele dormia de boca aberta, soltando um leve ronco.

- Não faça essa cara estranha... – disse meu irmão me encarando – ...ele irá dormir contigo.

- Mil vezes melhor que dormir com você – retruquei.

- Tá vendo mãe o que esse idiota fica falando? Depois que eu paro de cuidar dele, ele fica aí todo cheio de manha pra cima da mãe – disse ele entredentes.

- Se você acha que eu estou feliz por ficar trancado em casa e com você e com... sei lá, ele, você está muito enganado.

- Dá para parar vocês dois? Pare de responder ao seu irmão Alan – disse ela me olhando pelo retrovisor – E você Arthur, não está muito “grandinho” para ficar aí, brigando com seu irmão? Será que a vida toda vocês dois serão assim, brigões?

- Se depender desse jumento que a cada dois meses me coloca em um dos castigos dele, a resposta é sim! – disse meu irmão imediatamente.

- Arthur?! – ponderou a minha mãe. Pelo tom de sua voz significava que sua paciência estava quase no limite e, para ela estender esse castigo, não demoraria muito – não é para falar assim com seu irmão!

- Você preza tanto a nossa união, mas não vê que ele, dessa vez, foi totalmente responsável pelo seu castigo? Ele precisa aprender sozinho mãe.

- Por que você não... – disse mas a mão do garoto Burro estava sobre meu peito. Olhei assustado para ele e ele fez sinal para eu não continuar a frase.

- Eu não o que Alan? – perguntou meu irmão irritado.

Olhei mas uma vez para o garoto que fez sinal de não com a cabeça.

- O Arthur está certo mãe! Eu errei sozinho e eu vou ficar de castigo sozinho – disse olhando para o guri.

Dessa vez, ele deu um sorriso torto. Fiquei feliz que ele estava feliz.

- Ouviu o que ele disse mãe? – disse ele num tom de vitória.

- Arthur Bortolozzo, se você disser mais uma palavra, uma simples palavra que for, nem do seu quarto você vai sair. Vocês dois estão de castigo, entenderam?

Meu irmão fungou alto enquanto minha mãe estacionava na garagem. Eu não respondi, pois sabia que ela estava arrumando pretexto para aumentar nosso castigo. Ficamos em silêncio, da garagem até o apartamento.

- Viu querido, está quase desinchado? – disse minha mãe alisando aqueles cabelos ruivos, lisos – Só vai ficar essas picadas aí.

- Não está doendo mais – disse ele olhando minha mãe debaixo para cima.

- É que você está cheio de medicamentos, talvez amanhã ainda doa um pouco, mas não será tão ruim quanto hoje.

Entramos no apartamento, quer dizer, somente a minha família, pois o garoto continuava ao pé da porta.

- Pode entrar Biesso – disse meu irmão dando um leve empurrão no menino – ainda mais agora que aqui será a sua casa – completou-o olhando furioso, jogando às chaves com toda força no meu peito.

- Biesso? – perguntou a minha mãe com a sobrancelha arqueada – você é um italianinho então?

Ele apenas retribuiu com um sorriso de lado.

- Acho que você precisa mais que todos daqui de um banho quente e de cama, não é mesmo?!

- Sim dona – disse ele ainda a olhando debaixo para cima.

- Não precisa me chamar de “dona”.

- Sim dona – respondeu ele sorridente.

- Acho que ele está pegando o jeito – ironizou o Arthur.

- Ei, senhor engraçadinho? – disse ela fazendo o Arthur parar no meio do caminho – Pegue toalha para ele e o Alan vai pegar umas roupas de dormir. Amanhã cedo vocês dois vão buscar mais roupas na casa dele, né Italianinho?

- Sim dona! – respondeu ele ainda com aquele sorriso.

- Pode chama-la de Tia, se preferir – disse o Arthur.

- Tá certo moço! – concordou o Burro.

Todos da sala, exceto meu irmão, explodiram nas gargalhadas. O garoto, ainda com cara de quem não entendia nada, estava se encolhendo no canto da parede.

- Vamos fazer o seguinte – disse meu irmão se ajoelhando ao lado do Burro – Eu sou Arthur, ele é o Alan e ela é a Tia, pode ser? – perguntou meu irmão olhando no fundo dos olhos do menino – Aqui não há moço, moça, dono e nem dona. Pode chamar a gente pelo nome próprio.

- Quer um copo de água? – perguntou minha mãe ao Burro.

Ele concordou com a cabeça e acompanhou a minha mãe até a cozinha

Aproveitei que garoto fora até a cozinha com minha mãe e fui até o quarto pegar um short e uma camiseta para ele. Meu irmão, que não era nem um pouco bobo, veio atrás de mim e me encurralou dentro do meu quarto.

- Olha Alan, eu esperei pelo teste da próxima quarta-feira há meses – disse ele sussurrando baixo, tão baixo que eu tinha que fazer força para ouvi-lo – Há meses eu treino que nem um idiota para conseguir aquela vaga.

- Eu tentei – respondi alto pra ele.

Antes de qualquer coisa, ele tampara a minha boca com sua mão e chegou mais perto agora de mim. Dava para senti o hálito quente dele no meu rosto.

- Se a mãe aparecer aqui por sua causa eu te mato, ok?

Apenas confirmei com a cabeça, porque agora eu sabia que sua raiva era tanta, que ele me bateria mesmo que tivesse que ficar trancado por 10 anos.

- Não importa o que você tenha que fazer, falar, enganar, corromper, subornar, extorquir ou até por na vala, sei lá... faça! Se quarta-feira eu não estiver na quadra, eu juro, vocês nunca mais me verão. Eu deixei de viver a minha vida para criar você Alan Bortolozzo e juro que dessa vez você não me verá mais, entendeu?

Apenas confirmei com a cabeça. Ele se virou rápido e foi até o banheiro buscar uma toalha. Segundos depois, nos encontramos todos na sala enquanto o garoto já tomava banho. O Arthur conversava com minha mãe sem olhar nos meus olhos. Agora sim eu estava arrependido do que fiz. Além de machucar seriamente uma pessoa, pondo em risco a sua vida, sem querer eu coloquei meu irmão junto. Por mais que eu brigasse muito com meu irmão, eu não estava nada bem por ele estar nessa comigo. Como ele mesmo disse, ele sempre doou sua adolescência pela minha criação e não seria nada justo arrancar dele o único sonho que ele tinha.

“Eu amava tanto o Arthur que tinha ele como uma figura paterna. Em partes, até como figura materna. Mas nossa história eu contarei mais para frente.”

Enquanto eles conversavam, eu buscava os olhos negros, levemente puxados do meu irmão. Eu sentia uma imensa vontade de ir lá e brigar com ele – pois nós demonstrávamos amor em forma de brigas amistosas – mas agora, ele apenas me ignorava. Dava uma insuportável vontade de arrancar um sorriso daquela cara carrancuda e voltarmos a fazer piada da vida. Mas ele continuou sem me olhar até o final do banho do garoto.

- Vou ver se ele precisa de algo – disse o Arthur saindo da sala.

- Ele vai sobreviver – disse minha mãe dando um leve sorriso – é só rebeldia da idade.

- Mas ele tá certo mãe! Eu que deveria ser castigado – disse tentando ver se ela amolecesse o coração.

- O Arthur está sendo castigado pelo comportamento dele Alan – disse ela se levantando, dizendo que aquela nossa conversa havia terminado.

- Mas mãe? – disse me levantando também.

- Já chega, né Alan? – disse ela indo até a cozinha - E você Italianinho, está com fome?

- Não, não! – disse ele dando um sorrisinho.

Eu até assustei com a resposta vinda atrás de mim. Não sabia que ele estava nos observando.

- Você poderia fazer um favor para mim mãe? – perguntei fazendo-a me olhar repressivamente – Pensa no castigo no Arthur. Nem que for para liberá-lo apenas na hora do jogo?

- Se você quer realmente saber sobre isso, pode acalmá-lo dizendo que ele vai ao teste.

Eu ouvia resposta aliviado.

- Obrigado mãe! – disse indo até ela e dando um abraço.

- Com uma condição?

Afastei-me encarando-a serio.

- Que ele leve os dois junto com ele – disse ela dando um beijo na testa.

Concordei antes que ela mudasse de ideia.

- Vá tomar banho no meu quarto – ordenou ela.

“Tomar banho no banheiro dela era um privilégio para poucos. Ela jamais deixava eu e o Arthur entrar- o banheiro dela. Coisa de mãe neurótica por limpeza.”

Tratei logo de tomar meu banho e corri para o quarto. O Arthur estava arrumando um colchão no chão quando cheguei lá, mas o garoto estava deitado na minha cama. Nem iria provocá-lo, pois sabia que me colocar o chão fazia parte do castigo dele.

- Então, se você precisar de algo, é só chamar eu ou o Alan, tudo bem? – disse o Arthur jogando as fronhas de qualquer jeito no meu colchão.

“Você não vai ficar bancando o bravo comigo!” – disse a mim mesmo.

Em um segundo, dei um pulo sobre suas costas e o fiz cair no colchão. O Burro deu um pulo assustado. Meu irmão tentou esquivar, mas eu consegui imobilizá-lo rapidamente.

- Qual é o seu problema seu idiota? – perguntou ele tentando se soltar – A mãe vai arrancar seus dentes.

- Eu quero te falar um negócio – disse forçando seu braço no sentido contrário.

- Você está me machucando – disse ele num tom ameaçador – Eu juro que EU vou arrancar seus dentes no lugar da mãe.

- A mãe liberou você pra ir fazer o teste – disse fazendo o parar assustado.

- Do que você está falando? – perguntou ele relaxando os maxilares.

- Daquilo que você me pediu. Tá feito!

- Que bom, moço! – disse o Burro todo sorridente.

- Manim lembra daquele acordo de não chamar de moço? – perguntou meu irmão bagunçando os cabelos ruivos e lisos daquele sardento.

- Descurpa Arthur!- disse o burro olhando para os pés.

- Tá descurpado – zombou meu irmão.

- Ro, ro, rul a mãe deixou? – perguntou agora fazendo força para sair, mas de alegria – Não acredito?

- Sim seu bobão! E para de me ignorar – disse saindo de cima dele.

Nem mal soltei o Arthur e ele me agarrara e me jogara no colchão.

- Obrigado! – disse ele me dando um beijo na bochecha – Obrigado mesmo.

- Era isso ou morte, não era?

- Era!

- Então, fui logo tratando de limpar sua barra.

- Limpar minha barra? – disse ele atônito – Eu vou esmurrá-lo se falar que a minha barra precisa ser limpa.

- Não é o que a mãe pensa? – disse fazendo-o arquear a sobrancelha – Ela está brava contigo além da nossa discussão.

- Quê? – disse ele me esnobando – Não dei motivo algum para ela ficar brava comigo!

- Então a gente a chama aqui e você pergunta, pode ser? – disse sorrindo.

Eu sabia que ele jamais iria chamar a nossa mãe para fazer um “tira-teima”.

- Se eu fosse você Arthur, ficaria quietinho aí e aceitaria de boa.

- Seu filha da mãe, não me venha dizendo o que devo ou não fazer?

- O que vocês dois estão fazendo? – perguntou minha mãe na porta do nosso quarto.

- Brigando – disse.

- Brincando – corrigiu meu irmão.

- Arthur, saia de cima do seu irmão.

Ele obedeceu sem respirar.

- Alan, vai dormir agora – ordenou ela.

- Com prazer! – disse me enfiando debaixo do edredom.

- Nós só estávamos brincando mãe – insistiu o meu irmão.

- Não interessa Arthur. Juro mesmo que não interessa – disse ela fazendo sinal para ele ir embora.

Ele saiu do quarto sem olhar nos meus olhos.

“Mas tudo bem, o que ele queria eu já consegui”.

Ela apagou as luzes deixando apenas o abajur. Foi até a cama do guri, deu um beijo nele e depois outro em mim e saiu do quarto batendo a porta devagar.

- A minha mãe é brava, né? – perguntei fazendo gargalhar.

- A minha é pió! – disse ele

“Prometi a mim mesmo não corrigir seus erros de português nessa noite. Não nessa noite!”

Minha porta abriu novamente e por ela passou meu irmão.

- Arthur, você não desiste?

Mas ele veio até meu colchão e me abraçou. Apenas me abraçou sem dizer uma única palavra e depois saiu do quarto sem fazer barulho. Senti tão feliz e aliviado com aquele abraço que comecei a rir atoa.

- Mais ele é mais brabo sô, mais que sua mãe – disse o garoto.

- Deve ter puxado a ela – disse fazendo-o rir.

“Não sei se vocês têm essa mesma impressão que eu tenho do Burro. Sabe, eu não gosto muito das pessoas que riem fácil. Sei lá. Acho que estou assumindo que eu seja como o Murilo disse: “Não gostar de mostrar muito os dentes para as pessoas!”, talvez esteja entendendo agora o que ele queria dizer.”

- Ocê também é brabo! – disse ele quebrando o silêncio.

Peguei o travesseiro e dei na cara dele. Ele riu na hora.

- Se sou bra-vo, é porque me deixam assim! – disse enfatizando que o erro era ele.

- Bra-vo? – repetiu ele olhando para as paredes – Mas por que te deixam bra-vo?

Vi que ele esforçava ao máximo para falar corretamente. Talvez não fosse culpa dele, coitado, ele acabara de vir do sítio e não saber falar direito.

- Sei lá! Uns não fazem por querer. Minha mãe me deixa bra-vo quando ela quer as coisas do jeito dela. Meu irmão me deixa bravo porque ele adora me ver bravo. Acho que é como um esporte para os dois. Mas fala aí, de onde você é?

- Potirendaba! – respondeu ele feliz da vida – mais eu morava num sitio lá. É a primeira veiz que eu moro na cidade.

- É por isso que você fala tudo errado?

- Acho que sim! Quédizê, sei lá – disse ele dando de ombros – Eu estudava numa escolinha onde tinha seis classetudujuntu.

- O quê?

- A gente estuda com a primeira, segunda, terceira, quarta, quinta e sexta série numa mesma classe – disse ele dando um sorrisinho torto.

- Entendi!

- E nu sitio morava eu, meu pai e minha mãe – continuou ele – e... as vaca, as galinha, os porco, os boi, os ganso, os pato, os cabrito, os pintin....

- Tá, eu entendi! – disse antes que ele me dissesse a fauna inteira – Mas o que faz você na cidade grande? – perguntei me levantando e colocando a minha cabeça na cama, como um cachorro faz.

- Meu pai morreu! – disse ele mais uma vez juntando os pés e olhando para eles como se aquilo o abrigasse.

- Sinto muito!

- Senti o quê?

- Sinto muito! – repeti.

- Senti muito o quê? – repetiu ele.

“Paciência Alan, paciência!”

- Quando alguém morre nós dizemos “Sinto muito!”, como forma de confortá-los, entende?

- Ah! – exclamou ele olhando para o vazio – Agora entendi.

-Que bom! – disse voltando a deitar no travesseiro.

- Ai, minha mãe recebeu uma herança e viemo para cá.

- Entendi!

- Ela comprou o apartamento, um carro, os móvel, os garfo, as faca, os prato, as cadera, as tijela, as panela, as cuié de pau...

- Tá certo! – o cortei antes que ele começasse com aquela mania de dizer tudo que englobava sua vida.

- Eu disse que ocê é brabo – disse ele rindo.

- É “vo-cê”! Repita comigo: “vo-cê”. Essa é a maneira certa de se pronunciar.

- Vo-cê – repetiu ele.

- Isso! Agora vamos dormir – disse indo até o abajur apagar a luz.

- Quem é aquele moço? – perguntou ele apontando para o retrato no criado-mudo.

Meu estômago deu uma afundada. Respirei fundo e contive a emoção. Lembrar do Murilo ainda me fazia ficar muito mal.

- Esse cara... – disse esticando o braço e entregando o porta-retrato para ele - ...é o Murilo. Meu outro irmão de sangue.

Ele franziu a testa ao ver o Murilo.

- Que foi? – perguntei ao ver aquela expressão de dúvida – O que você viu de errado?

- É que ele é moreno, sabe café com leite? – disse ele fazendo uma cara estranha.

- Eu sei o que é moreno! – disse arrancando o porta-retrato de suas mãos – Ele salvou minha vida doando seu sangue para mim, o que faz dele meu irmão de sangue de verdade.

- Nossa, que legal!

- Pois é. Eu sofri um acidente de carro e, se não fosse por ele, eu teria morrido duas vezes. Poderia ter morrido afogado, mas ele me tirou do carro antes e poderia ter morrido afogado, depois, ele me doou seu sangue antes que morresse esgotado.

- Ele é bom mesmo!

- Não só bom como corajoso, rápido e muito forte. É quase um super-herói.

- Que homi bom!

- Ele é o melhor! Quem sabe um dia você o conheça – disse engolindo seco.

- E como eu gostaria de conhecer – disse ele deitando a cabeça no travesseiro.

Ficamos lá no quarto. Ambos deitados olhando para o teto, apenas contemplando os pensamentos.

- Run, run, run, riu, riu. Run, run, run runriu, riu. Runrun, run, run, riu, riu – começou o garoto a cantarolar.

- O que é isso?

- Hum?

- O que você está cantando? – perguntei.

- A tá! É uma música.

- Isso eu sei! Mas que música é?

- Uma de dormi. Quéouvi? – perguntou ele colocando a cabeça para fora da cama e estampando aquele sorriso torto.

- Sim!

- Então fecha os zóio – disse ele colocando a mão sobre minha cabeça, forçando eu a fechar os olhos.

- Estão fechados! – disse fazendo-o rir.

Acho que outra pessoa começara a pegar o gosto em me ver irritado.

“O passarinho, piu, piu.

Fez o seu ninho, piu, piu.

Lá no galinho, piu, piu.

Criou seu filhotinho, piu, piu.

Mas veio o gato, miau, miau.

Comeu seu filhotinho, miau, miau.

E coitadinho, miau, miau,

Do passarinho...

O passarinho, piu, piu.

Ficou sozinho, piu, piu.

Lá no galinho, piu, piu”.

- Acabou? – perguntei sentindo minha garganta pesada.

- Sim! – disse ele numa paciência enorme.

- Essa é uma musiquinha de ninar? – perguntei intrigado.

- Sim!

- Mas o que acontece no final?

- Ué, o passarinho ficou sozinho! – disse ele num tom de “Dã!”.

- Mas que é o jumento que cantaria uma música dessas para uma criança? – perguntei inconformado. Pois a música era muito triste para ser uma musica de criança.

- Meu pai – disse ele afundando na cama dele.

“Puta que pariu, como eu sou burro!”

Esperei até que ele se aconchegasse para eu ir até sua cama pedir desculpas.

Levantei correndo e me sentei na cama. Ele estava virado para o outro lado, chorando.

“Puts, detesto quando alguém chora!”

- Ei, Burrão vira aqui – disse o chacoalhando.

- Quero fica sozinho – disse ele sem se virar.

- Nossa cara, me desculpa! Toda essa discussão de hoje me deixou

- Vo-cê me odeia – disse ele ainda sem me olhar – Vo-cê só pensa em faze mal.

- Mentira cara!

- Num é mentira! – disse ele soluçando – Você brigo cum todo mundo.

Depois daquela “cagada” o mínimo que eu poderia fazer é redimir.

- Ok, você está certo! Me desculpa? – disse balançando ele de novo, mas ele não respondeu – Sério mesmo cara, me desculpa?

Ele se virou lentamente, com nariz escorrendo e com lábio inchado. Ele pegou a mão gordinha das picadas de marimbondo e esticou o dedinho.

- O que é isso? – perguntei sem entender.

- Dá o seu dedim pra nois não fica mais de mal – disse ele sério.

- Como assim?

- Na minha Terra, quando nóis briga nóis pedi pra fica de bem, agora dá o seu dedim? – disse ele apontando aquela coisinha rechonchuda para mim.

“Toma aí o que você pediu. Agora ele que está te ensinando!”

Lacei meu dedinho com o dele e apertei bem forte, mas como da primeira vez que o vi, ele quase arrancou meu dedo fora.

- Ai, você quase amputou meu braço – disse fazendo-o rir.

- Prum cara que gosta de briga, tá de bom tamanho – disse ele rindo mais alto.

“Eu forçava ao máximo para entender o que ele queria dizer, mas, como estava muito tarde, preferi apenas rir.”

- Você aprende rápido! – disse fazendo-o me olhar lá de cima da cama. Ele colocou apenas os olhos para fora e me encarou.

Me encarou por uns 10 segundos, mas para mim, parecia ser quase um dia inteiro. Desviei o olhar apenas quando meu coração deu uma batida muito forte.

- Vamos dormir? – perguntei colocando a mão no abajur.

Ele fez que “sim” e mostrou seu sorriso torto. Apaguei a luz e fiquei contemplando os desenhos que as luzes dos caminhes e carros na rodovia, fazia enquanto passavam.

“Esse garoto merece um mimo!” – disse a mim mesmo.

- Burro? – o chamei.

- Hum? – respondeu aquela voz no escuro.

- Me canta sua música de novo? – perguntei fazendo-o rir.

- Sim:

“O passarinho, piu, piu.

Fez o seu ninho, piu, piu.

Lá no galinho, piu, piu.

Criou seu filhotinho, piu, piu.

Mas veio o gato, miau, miau.

Comeu seu filhotinho, miau, miau.

E coitadinho, miau, miau,

Do passarinho...

O passarinho, piu, piu.

Ficou sozinho, piu, piu.

Lá no galinho, piu, piu”.

Essa música me dava uma tristeza tão grande, uma saudade de uma coisa que eu não sabia o que era. Sei que mal comecei a escutar e logo dormi, acordando bem tarde no outro dia. Fizemos o que minha mãe pediu. Logo que acordamos fomos até a casa do Biesso e pegamos uma mochila com suas roupas, tênis e algumas coisas pessoais para ele passar as próximas 02 semanas comigo.

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Comentários

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Entao quer dizer que terei que baixar o aplicativo so por que voce esta de birra e simplismente vem com a maior cara de pau nos informar que vai para o conto bem coisa de autor novato e amador

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Puts, eu vou tentar acompanhar so pq eu gosto muito do seu conto e também estou gostando do biesso ter entrado na história... Mas o wattpad me da uma preguiça.....

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O wattpad é melhor para os Autores! Porque lá nós podemos formatar o texto da forma que quisermos, o que não ocorre aqui. Quando começarem a ler por lá, você entenderão o que eu quero dizer. Agradeço o carinho de quem puder me seguir lá.

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meu coment ta no wattpad eu ia comentar aki mas já tava aberto a pagina lá, comentei lá.

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Aff n gosto do wattpadd, mas tentarei entrar pra ler

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Pow cara eu não curto muito wattpad!! Mas pela sua história eu ate baixei o aplicativo! Vou te seguir la .

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Brash não é por nada1 entendo bem. Mas lá fica melhor para quem escreve. Sem contar que não recebo criticas por não ser sexo...

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Victorini

Para criar a conta é simples. Depois procure pelo nome do livro.

Tem o fato que vc pode abaixar o aplicativo no celular. Lá o wattpad da pra interagir e criar grupos.

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VictorNerdé porque a história toma um rumo diferente. e lá eu enho a liberdade de grafia, posso formatar meu texto da maneira que quero, onde fica bem melhor o entendimento.

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Poxa cara não curto muito whattpad, mas explica, tem que criar conta? Se for simples eu faço questão de criar uma só pra te seguir!

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Sai daqui não man. Tem uma galera que posta contos que não soa eróticos e não da problema. Fica pfv

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