O Travesseiro de Hugo – Capitulo 4 – Noite Chuvosa

Um conto erótico de AndH
Categoria:
Contém 504 palavras
Data: 31/03/2015 12:05:52
Assuntos:

Já é noite, ao menos é o que percebo pela ausência do luminosidade dentro do quarto. Ouço o ruído da chuva cair lá fora na escuridão, não aquela chuva quentinha e reconfortante, uma chuva gélida e vazia, tenebrosa chuva de agosto, sem sentido, sem razão. Uma ventania ainda ajuda a compor a ópera macabra que instaura-se... coitados dos pequenos ratinhos que correm de um lado para o outro assustados com o horripilante som.

Faz tempo que Hugo saiu para trabalhar, hoje, segundo o dono das confecções, ele pegaria o turno especial. Quando, o alto e esguio homem, pôs-se ao portal do quarto para avisar, o pobre menino se agarrou a mim com todas as forças que tinha, tanta força que precisarei de alguns pontos de costura, em situações como essa, me sinto mal por não poder fazer nada, sou um travesseiro imprestável, de mãos atadas e boca cheia de estofo.

Enquanto o garoto estava fora, fiquei comtemplando o paradigma humano: nascer, sofrer, morrer, a tríplice de uma vida castigada. Vida imutável, inegável existência do ser humano. Como pode um ser microscópico, crescer tanto e ainda assim não ser grande o suficiente para ter a vida que quer? Nunca entenderei os humanos, suas leis, seus preceitos, melhor deixar pra lá.

Um clarão de luz: o imponente raio de Zeus corta os céus na escuridão. Nem um pio se quer é ouvido em qualquer lugar, Hugo não estava nas máquinas, estranho ele ainda não ter vindo ao quarto. Espero uma infinidade a chegada do menino, conto dezenas de raios, sem mais forças para lutar contra o jovem sono, adormeço à sinfonia de raios e trovões.

Acordo assustado com pingos em mim, pensando tratar-se de alguma goteira infame, mas não, o garoto chegou molhado. Lágrimas se misturavam às gotas de chuva e escorriam pela sua face avermelhada de tanto chorar. Meu pequeno menino homem chorava pela milionésima vez. Doce lágrima salgada, meu único vício nesse “ser” comedido. Pequenos diamantes líquidos, para mim era isso que suas lágrimas eram. Abriria toda uma joalheria e venderia suas lágrimas ao preço dos sentimentos.

A chuva lá fora está passando, Hugo já dorme o sono dos justos, enquanto isso, velo seu sono com o maior zelo possível, não me movo um segundo para que não o acorde, bobagem minha, como se pudesse, mas observá-lo assim, calmo e sereno, é muito reconfortante, me lembra a história da fênix, a ave que, todos os dias, ao pôr do sol, morria para renascer no outro dia, radiante e renovada.

Uma fênix, isso que Hugo era. O sono já chega, juntarei minhas últimas forças para realizar uma pequena prece ao deus Morfeu, que meu menino durma bem, e que ao raiar do dia esteja mais uma vez fortalecido para enfrentar sua batalha... Um beijo, ele me dá um beijo, não sei o que sinto, mas sei que foi um beijo... Mais uma noite sem sono, não dormirei enquanto não entender esse sentimento. Uma boca molhada de lágrimas e chuva, me causa consternação. Impressionante sentimento humano.

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Comentários

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ola! desculpa nao ter comentado capitulo anterior, nao vi que tinha sido atualizado! bem, mas aqui estamos.

ainda quero entender a moral do travesseiro. ele nao pode ajudar! é quase inutil! e o garoto, por que chora tanto? foi violentado? ele é um escravo, obrigado a fazer roupas, travesseiros e coisas assim? ainda nao entendi isso.

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Conto cada vez mais apaixonante, não demore a postar ok? Beijooooooos!

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