Meu pierrot

Um conto erótico de Fabinho
Categoria: Homossexual
Contém 2581 palavras
Data: 11/02/2015 16:22:12

É CARNAVAL!!! Ninguém é de ninguém... Vou foder muitas xoxotinhas... Pelo menos foi o que eu pensei quando enfim acabou o expediente na sexta-feira à tarde. Saí do escritório e já fiz a primeira escala no boteco, onde mandei pra dentro a primeira latinha de cerveja, trincando de gelada. Ainda era muito cedo pro agito. Voltei pra casa, tomei um belo banho e bati uma gostosa punheta, só pensando em peitos e bundas. Era molecão e sabia que tinha estoque pra muitas outras gozadas.

O desfile das escolas de samba e blocos, na época, ainda era em uma das avenidas do centro da cidade. E reunia bastante gente, nas arquibancadas e detrás dos cordões de isolamento, de uma ponta a outra dela. Nos intervalos entre a passagem de uma agremiação e outra, a gente circulava pela rua só conferindo as "presas".

Depois que passou o primeiro bloco, eu dei uma parada rápida no barzinho e pedi uma caipirinha. A dose era generosa. Uma daquelas já deixava a gente bem alegrinho, descontraído, sem a menor timidez de chegar nas meninas. Dei a primeira bicada e fui dar uns rolês por aí, conferir o movimento, que a essa hora, ainda era meio fraco. A ferveção costumava começar bem mais tarde.

Tinha até uma ou outra gostosinha, mas daquelas que você preferia deixar para o final da noite, caso não rolasse coisa melhor. Investir nelas logo no começo era apostar baixo. Você até passava e dava um sorrisinho, pra mostrar que estava interessado. Mas não tanto a ponto de parar logo de cara. Aumentar o interesse delas era também uma tática bacana para garantir que a coisa não iria ficar só no beijinho.

Mas, ao final do primeiro giro completo pela área, o saldo era praticamente zero. Nenhuma candidata efetiva a colombina, nem mesmo uma daquelas de segunda classe. Decepcionante. Terminei meu primeiro copo de "limonada" meio aborrecido. Mas, como bom caçador, mantendo a paciência e a perseverança.

Assisti ao desfile do segundo bloco sem muito interesse. Não era nenhuma escola de samba carioca e o desfile típico de interior, só chamava a atenção pelos trajes sumários das passistas. Nem carro alegórico havia. Uma mulata com uma tanguinha mínima foi o destaque, chamando a atenção de todos os lobos maus, inclusive eu. Fui seguindo discretamente a sua passagem pela avenida, tentando de toda forma chamar a atenção dela. Sem sucesso. Com postura de rainha, desfilava e sambava ignorando solenemente toda a plebe.

Ao final, já na dispersão, um grupo de rapazes, uma meia dúzia deles, também acompanhava a passagem do bloco. E mexia com cada uma das passistas. Quando a mulata, de longe a mais sensual delas se aproximou, foi um alvoroço só. E ela nem tchuns, como já fizera em todo o trajeto. Parei e fiquei observando, me divertindo com a esnobada. Um dos caras reparou e trocamos rápidos gestos de "fazer o que, né?".

Mas, estranhamente, a comunicação pareceu não encerrar ali. O camarada, já deixando de seguir com os olhos a bela espécime feminina, passou a focar sua atenção em mim. Olhei para os lados e para trás para me certificar de que não tinha outra daquelas por perto. Nada. Por algum motivo absolutamente desconhecido, o cara estava olhando mesmo para mim.

Minha primeira reação, claro, foi a de me afastar. Estava ali atrás de bucetas. Até havia tido minhas experiências homossexuais, se é que pode se chamar troca-troca de moleques assim. Mas homem não era o meu negócio, de jeito nenhum. Não? Então por qual motivo não conseguia sair dali? Por que raios estava reparando nele, alto, forte, pernas grossas e peludas destacadas por um shorts bem curtinho e justo. Camiseta regata igualmente colada no corpo e um peitoral bem definido, daqueles trabalhados com muito supino, que eu vivia com preguiça de fazer na academia.

Droga, será que já estou bêbado, com uma caipirinha só? Foi o que falei comigo mesmo. Fugindo desses pensamentos aviadados, saí enfim de lá e parti de novo em direção ao boteco para uma segunda rodada. Sem más intenções. Ou cheio delas, mas ainda tendo como objetivos peitos e bundas como a da mulata delícia. Meu lance é xereca, e tenho dito!

A segunda caipirinha já desceu bem mais suave, como de costume. Aproveitei o intervalo entre o segundo e o terceiro bloco para mais um rolê pela área, agora já começando a ficar mais movimentada. Notei, em meio a multidão, uma velha conhecida, de outros carnavais. Ela também me viu e acenou. Cheguei chegando, oferecendo o restinho da batida de limão. Ela recusou, achava fraco. Preferiu beber de uma talagada só o resto do conhaque que tinha no copo. Em segundos, estávamos nos beijando. Estava livre daquelas tentações gays. Em poucos minutos, estaríamos num cantinho escuro qualquer da cidade, naquele tradicional roça-roça. Se não passasse ninguém por perto, provavelmente algo mais.

Mas droga, o que era aquilo que eu estava sentindo? Por que meu pau não estava duro? Era ela que estava um ano mais velha e não tão apetitosa quanto? Seria eu que estava mais velho e começando a ficar broxa (antes dos vinte)? O fato é que não estava rolando química. E, quando ela me chamou para ir para um lugar mais tranquilo, me assustei ao não conseguir deixar de recusar. No ano anterior, havíamos dado três seguidas num terreno baldio. Dessa, tudo o que consegui foi dizer um a gente se vê mais tarde.

Peguei a terceira caipora e fui seguindo lentamente o terceiro bloco de samba, ainda mais desanimado que o anterior e sem nenhuma mulata tentadora. A minha tentação, na verdade, estava no final da avenida. Não tinha a mesma cor de pele, mas quase. Era um moreno de 1,80m, pernas torneadas de jogador de futebol e um tremendo volume na frente do shorts justinho. O quê? Eu tinha reparado naquilo? Como assim? Desde quando gostava de pica?

Enquanto me aproximava, lenta e ansiosamente do final da avenida, ouvia meu coração bater forte e sentia o pau, que deveria ter ficado duro um pouco antes, começar a intumescer. Relembrava as vezes que, ainda imberbe, tinha trocado chupadas nos paus dos amigos mais velhos por figurinhas ou outros badulaques de moleque. A primeira vez em que, talvez empolgado com aquela rara, que ninguém tinha ainda para completar o álbum, levara a tarefa até o final. Sorri ao trazer do fundo do baú a lembrança de que não achara ruim o gosto. Cuspira, claro, para não ficar com fama de viadinho. Mas engolira um pouquinho e, depois disso, repetira várias outras vezes, até por figurinhas repetidas.

Cheguei ao final da avenida e fui recebido com um sorriso de surpresa. De alguém que não estava esperando me ver de novo, certamente. E que, para minha satisfação, agora estava sozinho, sem os amigos da primeira passagem. Na terceira caipirinha, não conseguia mais ser tímido. Atravessei a avenida e passei pelo cordão de isolamento a poucos metros de onde ele estava. Por ali mesmo fiquei, bebericando e fingindo só olhar o movimento.

Ele também não era muito de enrolação. Logo diminuiu a distância entre nós, parando logo ao meu lado no cordão. Senti seu perfume, uma colônia masculina que eu costumava usar bastante, mas não comprava há tempos. E fiquei inebriado. "E aí? Só curtindo?". Ele perguntou, instantes depois de chegar perto. Engasguei na hora de responder. Não estava acostumado a ser abordado por homens. Ele riu. Eu também. Quebrou na hora o gelo.

Seu nome era Flávio, tinha vinte e dois anos e não era da cidade. Estava na casa dos tios para o carnaval. Os primos, que estavam com ele? Haviam descolado umas gurias e deveriam estar fodendo nos muros por aí. E ele? Não estava com vontade de sair dali, só isso. Fiquei com vontade de perguntar o porquê, mas confesso que tive medo da resposta.

Dividimos o restante da caipirinha e eu o chamei para sentar na mesa do bar, na calçada, onde poderíamos apreciar o movimento. Ele topou na hora. Tinha a impressão de que toparia qualquer outro convite. Ele falava sem parar, contava mil histórias, gargalhava a cada duas ou três frases. Eu, quietinho, só concordava, sorria, e ficava imaginando como seria aquele pacotão que ele tinha dentro do shorts. Sentados à mesa, tínhamos um pouquinho mais de liberdade. Foi a primeira vez que ele pousou a mão, também grande e com dedos bem grossos, sobre a minha coxa. Arrepiou na hora. Droga, isso nunca acontecia com uma mãozinha feminina e delicada.

Eu já estava na quarta caipirinha, ele apenas no comecinho da primeira. E não podia mais conter a minha ansiedade. Queria baixar logo aquele shorts, encher a mão com o recheio dele. Sentir o cheiro. Provar o gosto. Recebê-lo dentro de mim. Mas como? Chamar para um lugar mais tranquilo? Ir para um hotelzinho do centro, onde todos os porteiros já me conheciam e viviam me vendo entrar com mulheres?

Flávio falava e sorria, mostrava dentes impecavelmente brancos. A barba rala, por fazer, era um charme só. A camiseta deixava ver bem o peito coberto por grossos pelos. E destacava até um abdômen daqueles de tanquinho, invejáveis. Eu ouvia tudo, mas não entendia uma palavra do que ele dizia. Só me imaginava deslizando a língua por aqueles mamilos e músculos.

A segunda vez em que ele pousou a mão sobre a minha coxa teve, ao invés de arrepio, retribuição. E um apertão sôfrego, que tem um significado só, qualquer que seja o sexo do "oponente". Flávio pareceu mais feliz que surpreso. Tirou a minha mão de sua perna e a levou diretamente para onde sabia que eu queria pegar. O bar estava lotado (de bêbados, claro), mas ninguém pareceu notar a discreta pegação ali na mesa do canto. Eu, de minha parte, notei algo. O que iria encarar, na minha "reestreia" depois de muitos anos só transando mulher, não seria coisa para amador, não. Mesmo não totalmente dura, a vara do rapaz era comprida e de grosso calibre.

"Onde vamos?", ele perguntou, matando de um gole o resto da caipirinha. Fiz menção de pedir outra antes de responder, mas ele me conteve. Era hora de parar de beber e começar a agir. Conhecia todos os terrenos baldios nos bairros em torno do centro da cidade. De longa data. Mas sempre como predador, nunca como presa. Sabia que a maior parte, mesmo ainda no meio da noitada, já deveria estar cheia de frequentadores. Escolhi um, onde só havia ido uma vez. E me deparara com uma dupla de rapazes que gostava de praticar a modalidade.

Para nossa sorte, não era longe. E estava sim vazio. Pulamos com alguma dificuldade (ora essa, as caipirinhas!) o muro e fomos direto para os fundos, onde uma árvore e um monte de entulho faziam as vezes, junto com a escuridão, de camuflagem. Pela quantidade de camisinhas jogadas pelo chão, com bastante frequência.

Estava ansioso e excitado como nunca estivera antes, com mulher alguma, antes, durante ou depois do carnaval. Queria porque queria desfazer aquele nó do shorts e arrancá-lo de uma vez por todas, mas Flávio insistia em me torturar. Só deixava que eu apalpasse por sobre a roupa. E perguntava, provocativo que só: "você quer?". Eu, louco de tesão, só conseguia sussurrar quero ou sim como resposta.

Quem invadiu o meu shorts foi ele, claro, pela parte de trás. Deu uma apertada em minha bunda que me fez suspirar. Estendeu um dedo e começou a brincar bem de levinho em volta do meu anel. Eu sabia que não era bem aquilo que desejava, mas me mexia para que a rodeada fosse logo parar lá dentro. Ele só sorria.

Quando aquele dedo grosso penetrou enfim o meu cuzinho, vi estrelas que orgasmo nenhum, no papel de ativo e hetero, me fizera sentir. Relembrei a vez em que o garoto mais velho prometeu dez figurinhas de uma vez só e, em troca, inaugurou meu rabo virgem. O quanto doera, na hora e depois. Mas também o quanto eu gostara, e não só de colar as figurinhas. Só não conseguia pensar porque ficara tanto tempo depois sem dá-lo pra ninguém, depois de mais umas poucas experiências de moleque.

Tudo o que eu queria era recuperar o tempo perdido. Empinava a bundinha feito uma puta para receber o dedo de Flávio. Quando ele enfiou o segundo, doeu bastante na hora, mas o prazer logo depois também foi redobrado. Eu era mesmo uma putinha das bem depravadas.

Quando finalmente o meu objeto de desejo deixou seu receptáculo, senti que valeu a pena toda a expectativa. Não costumava medir ou admirar paus, claro, mas aquele era o mais perfeito que eu já havia visto. De deixar o meu, que não era dos menores, no chinelo. Bem mais grosso e comprido, de um tom de pele um pouco mais escuro que o resto, incrivelmente rijo, cheio de veias pulsantes. Pareceu ainda maior quando o segurei nas mãos pela primeira vez. E com um sabor incomparável com qualquer outra coisa que eu já tivera na boca. Mamei feito um bezerrinho. O que me faltava de técnica e experiência (do outro lado do balcão, digamos), eu compensava com vontade. Me surpreendi ao conseguir engoli-lo todo, tocando até o fundo da garganta. Me babei todo. E quanto mais molhado ficava, mais gostoso era.

Passaria a noite toda chupando aquele pau. Não ganharia nenhuma figurinha, mas receberia cada jato de porra em minha boca e beberia até a última gota. Mas não estava ali para dar, e sim para obedecer a cada uma das ordens de Flávio. E a que ele deu me fez estremecer da cabeça aos pés.

"Fica de quatro pra mim, putinha".

Não sei o que me deixava mais excitado. Se a simples ideia de ser comido por aquele macho maravilhoso, ficar de quatro para ele ou ser a sua putinha. Tudo isso junto, somado, acontecendo ao mesmo tempo, me deixava simplesmente maluco. Claro que obedeci imediatamente.

A primeira estocada doeu mais que os dois dedos juntos. O calibre do rapaz não era brincadeira. Mas ele era compreensivo e carinhoso com o iniciante. Tirou e foi colocando novamente bem devagarinho. Cada centímetro que entrava, aumentava o delírio. Totalmente relaxado, em poucos instantes, já estava rebolando para entrar tudinho. E recebendo bombadas vigorosas em meu rabo. Coisa boa, a gente aprende rapidinho.

A brincadeira foi animada, mas acho que ele também estava meio ansioso. Não demorou muito para anunciar que estava gozando. Quando moleque, inocente e sem pensar em consequências, sempre deixava os caras irem até o fim. Achava engraçada a sensação de botar para fora o que haviam botado para dentro. Mas, dessa vez, preferi fazer diferente. Terminei o serviço com a mão. E vi a porra de Flávio se espalhar por todo lado, nossos corpos e restos de roupas. Uma gozada que pareceu ter um litro, de tão farta. Guardaria aquela camiseta suja original, não jogaria fora nunca mais.

Mas seria a minha única lembrança de Flávio. Nos despediríamos ali, meio envergonhados, com o efeito da caipirinha começando a passar. Voltaria à avenida em todos os outros dias do carnaval, do sábado à terça-feira gorda. Mas não o veria mais. Tive a impressão de reconhecer um de seus primos, mas, claro, tive receio de ir perguntar. Tentei curtir o resto do carnaval, pegando outras mulheres ou paquerando outros caras, mas não consegui nem uma coisa e nem outra. Não tinha problema. A simples lembrança do meu pierrot e nossa foda inesquecível me bastaria.

Por algum tempo.

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