Corpo e Alma XII

Um conto erótico de Irish
Categoria: Homossexual
Contém 1486 palavras
Data: 07/02/2015 17:55:14

A manha de domingo começou muito agradàvel, com clima ameno e sol, apesar do ar seco que imperava na cidade naquele inicio de agosto. Mauricio e eu chegamos de motocicleta às onze horas em ponto para aquele almoço que o Quin ofereceria a amigos.

- Nao queria ter vindo _ ele reclamou assim que chegamos _ Eles jà nao sao os mesmos amigos de antes desde que... me separei de voce. E depois que voltamos, tambem.

- Se fosse assim nao teriam nos convidado _ falei, aborrecido _ Olha lá, jà estao vindo nos receber.

Quin foi simpatico com Mauricio, embora tivesse suas proprias opinioes sobre ele. Assim que comuniquei ao amigo que meu ex e eu tinhamos reatado, ele surtou, exclamando que aquilo nao era possivel, que eu era um palhaço nas maos daquele cara, que estava "requentando comida estragada", etc. Tambem detestou o fato de eu, por tabela, acabar magoando Fabinho por conta daquela reconciliaçao. Mesmo confiando em meu melhor amigo, nao lhe contava por pura vergonha tudo aquilo que eu estava vivendo havia duas semanas com Mauricio: nao falei sobre a sensaçao de insatisfaçao e vazio ao lado dele, nem sobre a intransponivel parede de gelo que descia entre nos assim que acabavamos de fazer sexo, nem contei tambem a respeito da estranha impressao que eu tinha de ter um desconhecido em minha cama, em meus braços, um cara que jà nao queria mais ser o ativo nas relaçoes sexuais, para minha grande frustraçao, que nao dizia que me amava, que ficava dias sem me telefonar, que se mostrava irritado e aborrecido ao meu lado, e que, dormindo, chamava sempre o nome de William num choramingo de lamento e saudade.

Eu queria muito acabar com aquilo, desfazer-me daquela ilusao, porem o medo de ficar sozinho era as vezes tao forte que me aniquilava, e entao eu continuava "tentando", empurrando o problema com a barriga.

- Fabinho nao vem? _ perguntei a Quin assim que Mauricio se afastou por um momento.

- Nao. E como poderia? _ respondeu ele aborrecido _ Para ver voce e o outro juntos e infelizes?

- Esta tao na cara assim? _ murmurei, suspirando.

- Claro! Ele parece entediado o tempo todo e voce, que antes estava alegre e com um brilho novo nos olhos ao lado do garoto, agora esta parecendo uma flor murcha. Nao sei bem o que esta tentando provar a si mesmo, Nathan, porem olho para voces e enxergo dois estranhos que antes se amavam e hoje apenas se toleram por algum motivo.

Os motivos eram pouco claros, mas para mim talvez fosse a tentativa de reavivar um amor do passado, uma felicidade que foi embora, e o dele parecia ser o de superar William e provoca-lo, o que, neste ultimo ponto, estava dando certo pois fazia alguns dias que o meu telefone tocava de madrugada com uma ameaça clara na voz de William, sem disfarces: dizia que Mauricio era dele, que eu nao perdia por esperar, que eu nao era homem para enfrentà-lo, que nao passava de uma "bicha medrosa", etc, etc... Confrontei-o algumas vezes, sem medo dele, e na ultima vez, quando ouvi que ele comeria Mauricio de novo, "na hora em que quisesse", mandei-o se foder.

- Que algazarra na sua sala, Quin! _ disse Mauricio rindo, voltando do toilette.

- Nao digo que este americano parece uma criança? _ falou Quin com um gesto aborrecido _ Toda vez que essa menina vem aqui minha casa vira essa farra!

Se referia à neta da Estela, Maria Antonia, uma menina de quatro anos que era uma das paixoes de Oliver. Todos os meses a mae da menina, uma mulher solteira que ganhava a vida como costureira em Diadema, trazia a garotinha para Estela ver, mas quem fazia a festa era o americano. A menina era louca por ele, desde pequenininha, queria ser chamada de Mary, pois assim Oliver a apelidara, viviam juntos por todos os cantos, atazanavam os pavoes do Quin, cantavam na sala ao som dos CD's, desenhavam por horas sobre a imensa mesa de jantar e se esbaldavam nos varios brinquedos com os quais o loiro a presenteava. Dessa vez os dois cantavam alto uma cançao infantil, deitados no tapete persa, rodeados por brinquedos; a menininha estava começando a aprender ingles com Oliver.

- "Twinkle, twinkle little star

How I wonder what you are"

- Que bagunça, meu querido! _ exclamou Quin, contendo a raiva.

Eles riram, sem parar de cantar. Da cozinha, a mae da menina veio meio encabulada tentar arrumar os brinquedos espalhados e levar a criança, porem Oliver nao deixou.

- Nao! Hora da princesa Mary dançar! _ exclamou ele, ligando o som; colocou o CD do The Pretenders, e a menina e ele começaram a dançar e a pular ao som de "Don't Get Me Wrong"; a criança gritava quando ele a erguia nos braços, bem alto. Era uma menina muito bonita, de cabelos castanhos longos, ondeados, ornados com prendedores de fita rosa e chuquinhas que imitavam caras de gato em plastico vermelho.

- Nao, tio! Nao! _ ela berrava, rodopiando nos braços dele, rindo desesperada de alegria.

- Jesus!... Em dias como hoje eu envelheço dez anos! _ resmungou Quin saindo da sala.

Luan apareceu meia hora antes do almoço, acompanhado do novo namorado, um mulato forte e sensual, vestido em camiseta e jeans colados ao seu corpo apolineo. Chamava-se Junior e era gerente do estacionamento de um shopping. Imaginei Luan conhecendo-o no estacionamento, decerto chupando o cara dentro do seu Audi; contive uma risada, reparando ainda que Junior parecia ser um homem serio, bem "macho", pois nos olhava surpreso quando as vezes "escorregavamos" em nossos gestos e vozes, ou brincando um com o outro falando no feminino. Mauricio nao conseguiu disfarçar seu interesse no cara, ficava olhando-o toda hora; Luan percebeu aquilo, furioso.

- A vagabunda da sua namorada nao para de olhar para o meu moreno _ reclamou ele logo apos o almoço, quando bebiamos o cafe na sala e Mauricio conversava com Junior perto da janela, todo sorrisos e olhares _ Na sua frente, Nathan! E voce deixa!

- Esse cara nao tem o menor respeito pelo Nathan_ disse Quin _ Tambem estou reparando. Olha como ele fica encarando o volume do Junior. Deve estar com agua na boca.

- Que cadela, meu Deus..._ Luan sussurrou, vermelho de raiva, e erguendo a sua voz anasalada _ Junior! Venha cà um instantinho.

O cara obedeceu, se desculpando com Mauricio. Este e Luan se encararam com odio, disputa e desprezo. Para mim, a humilhaçao do momento nao poderia ser pior.

- Tem umas putas que nao podem ver um ativo que jà ficam loucas, tipo piranha fervilhando no rio quando o boi passa _ disse Luan abraçando o namorado pela cintura e olhando para Mauricio, demarcando territorio _ Voce tambem, Junior! Nao pode farejar uma vadia que jà fica aceso!

- O que foi que eu fiz? _ o rapaz pareceu surpreso.

- Aquela bicha safada faltou abrir seu ziper e te chupar na minha frente!

Eu nao tinha onde enfiar a cara, e Quin me olhava como quem diz: "voce precisa mesmo passar por isso? ". Em frente à janela Mauricio nem me olhava, continuava tomando seu cafe e contemplando o terreno da propriedade.

Quis muito perguntar a Luan sobre Fabinho, porem nao achava jeito ali, no meio de todo mundo. Ele devia estar levando a vidinha dele, escola, familia, passeios com Luan... Todos os dias, principalmente no momento em que eu chegava em casa vindo do trabalho, eu era tomado por uma saudade dele que chegava a doer, lembrando de seu rosto, seu beijo, o som de sua risada, o cheirinho doce de xampu em seus cabelos. Que saudade do meu maluquinho... Nem quando Mauricio estava comigo eu deixava de pensar no garoto, me achando burro por te-lo dispensado em troca daquele "remember estupido", como ele bem classificou.

Mary chegou toda alegre nos braços de Oliver, vinda do viveiro de aves com um filhotinho de galinha d' angola que piava sem parar em suas maozinhas.

- Olha o que o tio Oliver me deu! _ disse ela, mostrando a avezinha ao Quin.

- Foi mesmo? _ Quin encarou Oliver como se fosse matà-lo _ Tudo bem, querida. Mas nao poderà levà-lo hoje, ainda esta muito pequenininho. Espere ate o proximo mes, ok?

A garota olhou para Oliver, como a pedir ajuda, e o americano fez uma expressao de tristeza caricata, feito tivessem sido vencidos pelo Quin. Nesse momento o telefone da sala tocou, estridente, e meu amigo atendeu. Seu semblante mudou, da raiva contida para a perplexidade e a preocupaçao.

- Mas quando foi? ... Jà esta em casa? ... Claro, claro. Vamos agora mesmo. Avise seus pais... Ok. Fique bem, certo? Ate mais.

Desligou e nos olhou, apreensivo.

- Vamos para a casa do Fabinho _ disse _ Parece que o namorado da irma bateu nele...

Meu coraçao disparou de afliçao na mesma hora, ouvindo aquela noticia. "Meu maluquinho", pensei com angustia.

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Valeu, galera! :)

Abraços!!

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Comentários

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Queres me matar guria?? Kkkkk ai my heart nao aguenta..

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Amor é fundamental, mas murcha como uma flor se não for regado. Quem não conhece o amor, como o Nathan, o confunde com carência. Coitado do Fabinho! Eu amo o Oliver!!! E sempre avisei ao Nathan, não sei pq ainda vive assim! O Nathan tem que voltar com o Fabinho!!!

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Guri '-' pera '_' kkkkk valew hehehehe gente q houve com o fabin '-'

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É sinto muito por Fabio. Espero que aproveite para se aproximar dele e manda o filho da puta pra porra. Agora antes podia devolver o chifre antes de toma outro.

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O que aconteceu com meu Fabinho?! Aquele idiota do namorado da irmã dele merece uma lição! Tô vendo que o Nathan tá se arrependendo da escolha que fez! Espero que ele crie juízo logo e volte com o Fábio! Muito bom!

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Boa noite, povo!! •M/A,,parece que o Mauricio ainda nao esqueceu o outro, •nane borges,sim, eh uma alegria que nao volta mesmo! , •C.T. Akino, o primeiro sempre ficara na lembrança, neh? Espero que tenha superado :), •Ru/Ruanito, valeu guri! , •Docinho 21, ele eh muito trouxa. Viu nesse cap. o namorado dele quase em cima do outro? Ja nao existe respeito, •coelhinho 33,,ele foi burrissimo! , •Quin, interessante seu ponto de vista! Viu agora como o Mauricio tà atras do ativo dos outros? rs Mas faltava amor entre eles, creio que isso tambem eh fundamental ;) Valeu, moço! ,•Anonimos, abraço!!

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