AS CRÔNICAS ERÓTICAS DE MONA

Um conto erótico de Ehros Tomasini
Categoria: Heterossexual
Contém 1294 palavras
Data: 07/02/2015 10:56:21
Última revisão: 07/02/2015 12:42:13
Assuntos: Anal, Heterossexual, Oral

PRIMEIRA PARTE - O LIVRO EM BRANCO

"Vestido numa capa de chuva / O tão esperado desconhecido se aproximou / Beijou-me tão profundo a alma / Que meu coração para sempre se apaixonou".

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Era uma noite de tempestades. São nessas noites que Mona se liberta em fantasias molhadas, conhecendo cada canto obscuro de uma cidade que só existe em seus devaneios.

Não sabe bem ao certo, mas acha que sua vida mudou completamente desde o dia em que entrou naquele sebo à procura de algo para ler em casa, numa noite também chuvosa. Depois de vagar o olhar por livros velhos, mas em bom estado de conservação, enfileirados em uma estante em estilo colonial, um exemplar pouco volumoso lhe chamou à atenção. Tinha uma capa de couro velho, destacando-se dos demais. E o título "Os Contos de Mona" fez com que ela o escolhesse de pronto para levar para casa. Era interessante essa coincidência: o nome dela dando título ao livro. Nem olhou direito para o atendente, procurando uns trocados na bolsa, depois de ele dizer-lhe o valor a pagar. Tampouco abriu o livro. Nem sequer deixou embrulhá-lo, tal a pressa repentina de sair daquele ambiente empoeirado. Só na saída é que percebeu a placa afixada na vidraça da loja: Liquidação para entrega do prédio.

A chuva não parara, e ela deixara o carro estacionado um tanto distante da loja. Fez um ar desanimado, olhando para alguém metido numa capa longa de chuva, que também se abrigava na marquise esperando o toró diminuir. Depois, tomou coragem e correu na chuva até o veículo estacionado a uma certa distância. Deu a partida, doida para chegar logo em casa...

Depois de um banho morno, saiu da suite ainda nua, enxugando-se com uma toalha macia e perfumada. Acendeu o abajur de cabeceira, pegou o livro de dentro da bolsa e aninhou-se na cama, ainda nuinha, disposta a começar a sua leitura. Abriu o livro para ler... nada.

Folheou várias páginas e encontrava sempre a mesma coisa: papel em branco. Irritou-se e se sentiu enganada, mas bem que podia ter aberto o livro lá no sebo. Deu um sorriso resignado, mas não se deu por vencida. Pegou uma caneta de design bem feminino de dentro de uma gaveta e escreveu uns versos inspirados na figura de capa longa, que nem reparara bem o rosto, e que se amparava da tempestade lá na loja. Eram versos de apaixonados ditados por sua carência afetiva. Mas não conseguiu escrever mais que quatro frases. Bateu-lhe um torpor no corpo, uma sonolência de repente, e perdeu a noção das coisas.

Despertou num sobressalto, olhando para a figura a um passo de distância. Viajara no pensamento, e nem saíra ainda da frente da loja de venda de livros usados, esperando a chuva passar. Sorriu consigo mesma daquela sensação estranha e ainda sorria quando olhou com mais atenção para a figura de capa longa ao seu lado. Era alguém já um tanto maduro, cabelos grisalhos, mas com um rosto bem jovial, de traços marcantes. O corpo, mesmo sem ser atlético, denotava uma figura de porte elegante e ao mesmo tempo viril. Era bastante alto e olhava para ela sorrindo de uma maneira simpática. Seu sorriso era lindo - ela logo pensou. Lembrou-se da história do seu próprio nome: Monalisa. Seus pais sempre diziam que ela já nascera sorrindo, e alguém comparou seu sorriso ao da musa da pintura de Da Vinci. E assim ficou registrada.

Mas, desde pequena, percebera que causava uma empatia singular: se estava feliz, as pessoas em volta também ficavam felizes. Se estava triste, essa tristeza contaminava todos à sua volta. Mas só entendeu o sorriso do desconhecido de longa capa de chuva quando sentiu um friozinho repentino. Só então percebeu que estava completamente nua! Entrou em pânico e olhou em volta. A cidade estava cheia de luzes, que pareciam ser em número maior por estarem refletidas na água empoçada no chão. Mas percebeu um detalhe curioso: não havia carros em movimento, não havia gente nas ruas nem dentro das lojas.

As marquises estavam desertas como se fosse altas horas da madrugada. Olhou para trás, em direção à loja de sebo da qual acabara de sair e... não era mais uma loja de sebos. Não havia ninguém dentro dela. Estava vazia, sem nenhum traço de ter sido qualquer ponto comercial. Até a placa que lera afixada à vidraça havia desaparecido. Só não desaparecera o homem de capa longa parado ao seu lado. Ela olhou em pânico para ele, mas seu sorriso simpático deixou-a estranhamente à vontade. Despira-se de repente de todo o pudor. Mas ainda sentia frio.

Elegantemente, o homem de capa longa e escura aproximou-se dela enquanto retirava habilmente a veste de sobre os ombros. Gentilmente, colocou a roupa sobre o corpo dela, protegendo-a do frio. Mas ela ainda continuava a tremer um pouco, e ele a abraçou com carinho, olhando-a bem nos olhos. Ainda sorria. Um sorriso expontâneo, sem malícia, mesmo tendo o corpo encostado ao corpo nu dela. E ela não conseguia sentir nenhum constrangimento com aquela situação, apenas queria olhar para o rosto bonito daquele homem. Sua face lhe lembrava alguma poesia já lida. Ele não era alguém totalmente estranho. Ou se era, talvez um estranho que há tempos ocupava algum lugar da sua mente. Parecia que o conhecia há muito.

Sentiu uma enorme vontade de beijá-lo, e o beijo tocou seus lábios dando-lhe uma sensação de toque de pétalas perfumadas, tal a sua suavidade. Mas aos poucos o beijo foi ficando mais afoito. Sentia-se perdendo um pouco do fôlego, mas não conseguia afastar sua boca da dele. Subiu-lhe por todo o corpo um arrepio de prazer. Uma comichão aflorou-lhe dentre as pernas e os mamilos ficaram eriçados. Tremeu quando a língua sensual do desconhecido tocou a sua. Mordeu-lhe os lábios quando sentiu um frêmito de prazer nalgum lugar mais escondido dos seus desejos. Mas o beijo era romântico, e aos poucos foi relaxando naqueles braços másculos, aproveitando um turbilhão de sensações conflitantes, mas prazerosas. Amava aquele homem! Sua alma gritava isso bem alto enquanto tateava aquele corpo perfeito, tocando-o em suas mais íntimas partes, como a ter certeza de que ele estava alí, e ao alcance de todo o seu desejo.

Ele a encostou na parede da loja fechada e a penetrou suavemente. Ela não sentia nenhum movimento do adorado estranho, mas ia se encaixando devagar e sempre naquela entrega gostosa. A cada espasmo do seu sexo quente, sentia uma penetração mais profunda, como se ela o estivesse deglutindo. E ele não fazia nenhum movimento aparente, apenas continuava beijando a sua boca, exalando um hálito perfumado e com gosto de alguma fruta que no momento ela não conseguia distinguir. Mas não estava nem um pouco ligando para isso. Apenas curtia com todo fervor um emaranhado de sentimentos que afloravam como uma cachoeira de águas límpidas mas de queda forte. Não sabia bem definir se sentia paixão, tesão ou encantamento, apenas sentia. Sentia fortemente. E lhe bastava. Um movimento súbito dele fê-la disparar um orgasmo múltiplo. Gostoso. Molhado. Ofegante. Trêmulo. E o corpo desfaleceu num torpor maravilhoso, estrelas pululando no breu que se apossou dos seus sentidos. Escuridão total. Nada.

Não saberia precisar quanto tempo permaneceu desacordada. Despertou ainda nua, deitada em sua própria cama. Percebeu que a chuva parara e a lua aparecia tímida por trás de algumas nuvens. Seu peito ainda arfava, como se houvesse acabado de fazer amor. O livro estava jogado aos pés da cama, ainda em branco. Não. Não totalmente em branco. Na sua primeira página lia-se um poema escrito à caneta. Na verdade, o início de um poema. Haveria outras noites chuvosas para complementá-lo:

"Vestido numa capa de chuva / O tão esperado desconhecido se aproximou / Beijou-me tão profundo a alma / Que meu coração para sempre se apaixonou"

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Comentários

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Tomasini! Parabéns pela publicação! Adorei teu enredo! Por demais sensual e erótico! Na medida certa, com gosto de quero mais... Com cada parte deixando o desejo de saber mais um pouco dessa Monalisa... PARABÉNS!

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Agradeço a vocês os elogios. Na verdade, esse realmente era para ser um conto único, mas quando o publiquei pela primeira vez me convenceram que era uma ótima personagem e "me exigiram" a sequência. Fí-la. pediram mais e eu inseri vários contos desde este até o conto final, onde fecho a história. A partir do próximo conto, a personagem perde um tanto do lirismo inicial, mas continua interessante. Confiram a partir das próximas publicações. Tomasini.

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Como o Borghi falou, seu contos está na medida certa não precisando de sequência. Seu conto está perfeito. Me arrancou suspiros e desejos adormecidos. Obrigado por dividir o seu talento conosco.

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COMEÇO AGORA A PUBLICAÇÃO DO LIVRO DA MINHA PERSONAGEM FAVORITA: MONALISA. TRATA-SE DO PRIMEIRO LIVRO DE CONTOS QUE ESCREVI, EM 2009. QUEM QUISER O LIVRO COMPLETO EM PDF É SÓ ESCREVER PARA tomasini2009@hotmail.com E EU O ENVIAREI GRATUITAMENTE POR E-MAIL.

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