Romeu e Julius - Amor em Framon - 01x02 - O PRIMEIRO ATAQUE

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 3787 palavras
Data: 25/01/2015 13:24:27
Última revisão: 25/04/2021 20:44:47

FRAMON ANOS ATRÁS

Três pessoas fogem desesperadas em um labirinte de pedras. Eles são Melody, Celdo e o príncipe Nilo, todos adolescentes. O trio foge de Cen, uma ameaça para o reino de Framon e um feiticeiro mortal. Depois de muito andar, eles descem em uma espécie de tumba.

De repente, algumas caveiras aparecem e os atacam. Apesar do cheiro de carne podre, o trio lutou com bravura. Celdo e Nilo, usaram suas habilidades de luta, enquanto, Malody, tentava decifrar as palavras escritas na parede da tumba.

— Sit lux viam ostenderet nobis! — grita Malody falando em Latim e fazendo a tumba abrir.

Aos poucos, Celdo e Nilo, conseguiam destruir as caveiras. Para ajudar os amigos, Malody, usou seus poderes e as raízes das árvores que cercavam a tumba amarram os mortos-vivos. Não ouve tempo para comemoração, pois, uma forte explosão lança os três contra a parede.

— Seus malditos! Vocês vão me pagar! — gritou Cen que apareceu quando a poeira baixou.

— Vocês dois. — disse Malody com dificuldade de ficar em pé. — Fujam. Eu consigo lidar com ele.

— Não fale bobagem. — falou Celdo, limpando o sangue que escorria de sua boca e ficando na frente de Malody. — Essa luta é nossa.

FRAMON ATUALMENTE

Quem conhece a Lady Malody, nem imagina que ela enfrentou um feiticeiro de igual para igual. Dona de belos cachos loiros, uma pele branca como o primeiro floco de neve do inverno e olhos castanhos claros, a mãe de Julius, com certeza era referência para as mulheres da alta sociedade de Framon.

É muito difícil para uma mãe escolher um filho favorito, mas no fundo, Malody tratava Julius de uma forma especial, ainda mais devido à sua personalidade imperativa. Naquela tarde, durante o chá da tarde, os dois tomavam chá, porém, ela percebeu que o caçula estava perdido em seus pensamentos.

Quem olha para mãe de Julius, nem desconfia que ela enfrentou um feiticeiro maligno. Lady Malody era um exemplo de classe e tentava passar para os filhos tudo que havia aprendido com o passar dos anos. Sem dúvidas seu favorito era Julius. Durante o chá da tarde, Malody tentava manter uma conversa com o filho, mas ele viajava nos pensamentos.

— Meu filho, você está bem? — perguntou Malody, servindo chá em uma xícara azul.

— Estou ótimo. — respondeu Julius tendo um espasmo e derrubando sua xícara. — Desculpa.

— Julius, olhe para mim. — pediu Malody, sabendo que havia algo de errado com o filho caçula.

— Estou bem, mãe. Com licença. — levantando e indo em direção às escadas.

— O que deu nesse menino?

Beijo. Beijinho. Beijão. Tudo na cabeça de Julius lembrava o beijo em Romeu. Para espairecer, ele decidiu sair com suas melhores amigas, Clarissa e Cássia, duas vizinhas e confidentes do jovem.

Durante o passeio pelo Vale das Nuvens, Julius, esqueceu do beijo e de suas dúvidas internas. Em seguida, os três seguiram para o Centro de Framon visitar alguns alfaiates. Ele distraia as amigas com o seu principal talento: fazer imitações de pessoas conhecidas.

— Imita a dona Ivone, por favor. — pediu Clarissa, batendo palmas e arrumando o vestido, antes de sentar na cadeira da praça.

—Meninos. — falou Julius tossindo e mudando a voz. — Eu vou bater em vocês. — imitando Dona Ivone, a costureira mais famosa da cidade. — Eu vou bater em vocês! — gritando, levantando as mãos e esbarrando em um homem.

— Cuidado, garoto! — advertiu o homem com um tom de voz áspero.

— Perdão, senhor. — pediu Julius, dando pequenos tapas no ombro do homem.

— Por isso que as pessoas fazem comentários ao seu respeito. — reclamou o homem.

— Razão de quê? — perguntou Celdo surpreendendo todos.

— Nada.

— Razão de quê? — perguntou novamente Celdo, mas dessa vez, pegando no ombro do homem e apertando.

— Ele é diferente do seu outro filho, né? Esse é mais desastrado. Bem, eu preciso ir. Boa tarde, Sr. Mazzaro. — saindo apressado.

— Vocês estão bem? — Celdo direcionou a pergunta para os três.

— Sim. — eles responderam em uníssono.

Em casa, Julius parecia um fantasma, andando de um lado para o outro. À noite, ele não conseguiu pregar o olho e fazia de tudo para evitar Romeu, principalmente, em seus pensamentos. Até mesmo na missa, os dois, que sempre sentavam juntos, ficaram em lados opostos.

Após o sermão do Padre, algumas pessoas e o próprio Rei Nilo, governante de Framon, foram convidados para um café da manhã na casa dos Mazzaro. Pães com ervas finas, bolos de vários tipos, geleias produzidas a partir de pétalas de rosas e chá de canela. Todos se reuniram em torno da mesa para celebrarem as graças conquistadas pelo reino.

— Você tem sorte, Celdo. Os seus filhos são focados em suas atividades. Soube do que aconteceu com o Julius no Centro de Batalha.

— Sim. Esses meninos pensam que podem tudo.

— Eu seu que o jovem Romeu pode. — disse o Rei, quando Romeu passou ao seu lado. — Bartolomeu e ele são imbatíveis juntos. Queria que Mitty fosse parecido com eles, mas, infelizmente, o meu filho só dá dor de cabeça.

— Entendo, meu Rei. Entretanto, se você me permite mudar de assunto, ontem vi que mensageiros trouxeram novidades de Kinopla. — comentou Celdo, tomando uma taça de suco.

— Bem, eu não queria te dar essa notícia agora, porém, fontes fidedignas garantem que o Cen está vivo. — Rei Nilo garantiu fazendo uma expressão séria.

— Impossível. — a taça escorregou das mãos de Celdo, caiu no chão e chamou a atenção dos convidados. — Aquele desgraçado. Isso não pode estar acontecendo. — murmurou o pai de Julius.

— Acho melhor a gente averiguar essa história. — pediu o Rei Nilo, mantendo a discrição, apesar de estar preocupado.

A comida pode nos distrair de todos os problemas. No café da manhã, Julius, pegou o maior prato e encheu de guloseimas. Ele sentou distante de todos, queria aproveitar o momento para refletir. Só que Romeu não é de desistir e surpreendeu o amigo, que ficou assustado e quase derrubou os alimentos no chão.

— Desculpa. — Romeu tentou manter a seriedade, mas o lado desastrado de Julius sempre tirava um sorriso de sua boca.

— Isso não é engraçado. Deveria ter mais cuidado e prestar atenção no que as pessoas estão fazendo. E se fosse uma arma? — repreendeu Julius, olhando para os lados com medo de que alguém se aproximasse.

— Relaxa, Julius. Eu não vou fazer nada.

— Como posso relaxar? Depois do que fizemos ontem? Oh, céus. Se o meu pai descobrir ele vai nos matar, me matar. Isso é mal, muito mal. A gente não pode contar para ninguém. Se o Bartolomeu desconfiar, ele vai, ele vai cortar a tua cabeça fora. Oh, não. — Julius falou tão rápido que Romeu quase não entendeu nada.

— Então, isso é uma coisa boa. — afirmou Romeu, sentando ao lado de Julius e cruzando as pernas, com um ar de convencido no rosto.

— Isso é grave. É pecado.

— Não, isso. — Romeu coloca o dedo na boca de Julius. — Você preocupado comigo. Tá com medo que cortem a minha cabeça. Isso é algo bom. — Julius tentou falar algo, porém, foi impedido por Romeu.

— Me encontra hoje, por favor. Meia-noite no celeiro. — levantando e deixando Julius sozinho.

— Mas...

Longe dali, Cen, tramava a primeira investida contra Framon. Ele recuperou um esqueleto que havia jogado fora e iniciou um ritual de ressurreição. Klaudo observava tudo escondido, assustado, ele não entendia muito bem o que estava acontecendo, porém, não gostava.

— Ressurja das cinzas, volte para a terra. Você tem uma missão, meu amiguinho. — Cen jogou uma poeira vermelha dentro de um caldeirão.

O poder das trevas tomou conta da sala. Do nada, os ossos da caveira começaram a se juntar e ganhar "vida". Os olhos de Cen ficaram vermelhos e cintilavam em uma frequência constante. Aquele era o sinal que os seus poderes voltaram a ganhar força. O feiticeiro seguiu até a bola de cristal e viu a pacata rotina de Framon.

— Idiotas. Em breve vocês receberão notícias minhas. — rindo alto e olhando para a caveira.

À meia-noite em ponto, Julius, desceu pela janela de seu quarto. Por pouco, o filho de Celdo não se estabanou no chão, afinal, desastre e Julius são palavras que andam juntas. O vento frio soprou, então, o jovem apressou os passos para não congelar.

O celeiro estava escuro, apenas a luz do luar clareava o caminho. Receoso, Julius pensou em voltar, porém, criou coragem e abriu a porta principal. Além dos seus passos, que quebravam o feno no chão, a única coisa que ele escutava eram as batidas de seu coração.

— Ro...Romeu? — cochichou Julius, tendo dificuldade de enxergar no breu. — Tá um pouco escuro aqui né? — tropeçando, mas mantendo o equilíbrio. — Ai. Acho que você já... já pode aparecer.

— Oi. — disse Romeu aparecendo atrás de Julius, que no susto acabou dando um tapa no amigo. — Aí, essa doeu. — reclamou Romeu, pegando no rosto e rindo.

— Desculpa, mas você apareceu assim do nada. Foi um reflexo. Machucou? Tá feio? Na verdade, eu nem sei onde você tá direito — tateando no ar até encontrar Romeu. — Porque tá escuro e quando está assim a gente não consegue ver nada mesmo e.... — a voz de Julius e silenciada por um beijo.

Dessa vez, Romeu não teve pressa e caprichou na pegada. Ele segurou a cabeça de Julius com a mão direita e acariciava o seu rosto com a esquerda. Por um momento, o filho de Celdo ficou inerte, não reagiu e seguiu o fluxo da situação. O seu coração batia forte e seus pés começaram a tremer.

De repente, o peito de Julius foi inundado com uma vontade de ter mais de Romeu. Eles foram andando até que caíram no feno. Entre carícias e beijos, os dois começaram a se despir, mas no fundo, Julius ainda não estava preparado para ultrapassar qualquer tipo de linha.

— Não. — pediu Julius, tentando sair daquela situação.

— Porque não? — questionou Romeu, tentando tirar a camisa de Julius.

— Você tá me machucando. — avisou Julius, dessa vez, usando a força para que Romeu saísse de cima dele.

— Desculpa. — soltou Romeu, percebendo a burrada que estava fazendo e deitando ao lado de Julius.

— Isso tá muito rápido. Eu não sei o que eu quero. — garantiu Julius, nervoso e ofegante.

Confuso, Julius tentou sair do celeiro, porém, Romeu de um jeito carinhoso pediu para que ele ficasse mais um pouco. Eles ficaram deitados no feno, em completo silêncio, mais uma vez, o único som era de seus corações acelerados. Um espirro de Julius quebra todo o gelo existente entre os dois.

— Saúde. — disse Romeu, colocando a mão direita como apoio para sua cabeça.

— Obrigado. Romeu?

— Oi?

— Quando... quando... você...

— Não sei, desde sempre, mas até agora, só tive olhos para você. — garantiu Romeu, que conseguiu tirar uma confissão de Julius.

— O primeiro que eu gosto é você.

— Sempre gostei muito de você. — Romeu vira e acaricia o rosto de Julius. — Fico com ciúmes quando está dando atenção para outra pessoa.

— Sério? Romeu, estou com medo. — confessa Julius.

— Eu também.

Infelizmente, um forte estrondo atrapalha a conversa do casal. Eles saem correndo para fora do celeiro e veem um clarão vindo do Centro de Framon. Sem pensar duas vezes, Romeu pegou um cavalo e deu a mão para Julius subir.

Eles correram em disparada até o local da explosão. Muitas pessoas saíram desesperadas de suas casas, algumas foram pisoteadas. O cenário era de caos total. Romeu e Julius, levaram menos de 10 minutos para chegar ao Centro.

— Eu vou ajudar essas pessoas. Descubra o que está acontecendo. — Julius avisou, pulando do cavalo e auxiliando alguns moradores.

A praça de Framon estava destruída, destroço para todos os lados e a fumaça dificultava a visão. Romeu era um escudeiro experiente, mas congelou ao avistar um esqueleto trajando uma armadura diferenciada. Ele não acreditava em coisas sobrenaturais, entretanto, ali na sua frente estava um esqueleto portando armas.

A caveira não falou nada, apenas riu e deu várias investidas contra Romeu. Devido ao peso da armadura que cobria os ossos do esqueleto, Romeu teve dificuldade em encontrar um ponto fraco. Então, aos poucos, ele recuou para uma área cheia de escombros.

— É forte para quem está morto. — comentou Romeu, enquanto, desviava dos ataques da caveira.

Com um único ataque, o esqueleto jogou Romeu contra uma parede de pedras. Julius chegou no momento certo e ajudou o amigo a levantar. Ao ver o inimigo de perto, Julius, quase soltou um palavrão, só que precisou manter a concentração para não ser atingido pela caveira.

— Que diabos é isso? — Julius perguntou para Romeu, ainda confuso por causa do monstro.

— Sei tão pouco quanto você.

Não demorou muito e os cavaleiros reais chegaram para batalhar contra o esqueleto. Ao ver a quantidade de pessoas, a caveira triplicou de tamanho e com apenas um golpe conseguiu derrubar todos no chão. Alguns saldados caíram inconsciente, então, Romeu pensou em um plano de ação mais efetivo.

Os cavaleiros reais chegaram e cercaram o esqueleto. Ele ficou maior, crescendo a cada novo golpe, e dessa forma, assustou os cavalos. Alguns soldados caíram no chão inconsciente.

— Ei, magricela! — gritou Julius, chamando a atenção da caveira. — Você mesmo. — dando língua para o monstro. — Que dieta é esse? Tem uma amiga que ficaria louca com algumas dicas sua.

A caveira andou em direção a Julius e desferiu vários golpes com sua espada. A lamina chegou perto do filho de Celdo, porém, ele sempre dava um jeito de desviar, usou até mesmo frutas que estavam em uma feira.

Já Romeu aproveitou a distração do monstro e pegou um arco e algumas flechas que estavam jogadas no chão.

— Para alguém em estado de decomposição você é bem fortinha. — acertando o elmo da caveira com a espada.

— Eu falei quase a mesma coisa, que sintonia. — disse Romeu, aparecendo de surpresa ao lado de Julius, que soltou um riso abafado.

O Rei Nilo viu a cena horrorizado, um flash de lembranças ruins apareceram em sua mente. Ele lembrou da adolescência, quando precisou enfrentar o exercício de Cen. Apesar de temeroso, o Rei de Framon orientou seus cavaleiros da melhor forma possível.

— Senhor. O que está havendo? — perguntou Celdo, chegando ofegante e usando um pijama.

— Seu filho. Está mostrando ser um grande guerreiro. — comentou Rei Nilo, apontando para a Praça de Framon.

— O Bartolomeu?

— O Julius. — garantiu Rei Nilo, prestando atenção nos jovens que lutavam contra o monstro.

— Esse menino é....

— Espere. — pediu Rei Nilo, segurando no ombro de Celdo, que ficou desesperado ao ver o caçula lutando contra um monstro.

O Parque de Framon virou um caos, pessoas feridas e saldados desmaiados, então, Bartolomeu encontrou Romeu e Julius para batalharem juntos. De forma rápida, os dois passaram o plano para Bartolomeu que aprovou.

Romeu correu para um prédio destruído durante a explosão, algumas pedras caíram e quase atingiram o jogo, em um ato rápido, ele segurou uma corda e evitou que uma pedra despencasse.

Nesse momento, Julius e Bartolomeu, atacaram o esqueleto que apresentou sinais de cansaço. Aos poucos, o monstro recuava e chegava perto de Romeu.

— Eu não vou aguentar por muito tempo! — gritou Romeu, com as mãos doloridas por causa do peso da pedra. — Rápido.

— Julius, sabe que o papai vai te matar, né? — perguntou Bartolomeu desviando de um ataque do esqueleto.

— Eu sei. Por isso tenho que fazer bonito. — correndo em direção à uma parede pequena, correndo e pulando em cima do esqueleto o chutando para o local onde estava Romeu. — Olha só!

No auge da dor, Romeu soltou a corda e a pedra gigante esmagou o esqueleto. Uma intensa nevoa cobriu o local e apenas o grito dos saldados feridos eram escutados. Ainda com medo, os moradores saíram de suas casas e quando viram o esqueleto morto iniciaram uma celebração.

Preocupado, Celdo, correu na direção dos filhos e verificou se estavam todos bem. Claro, que a corda da vida quebrou para o lado de Julius.

Romeu saltou a corda e a pedra gigante esmagou o esqueleto. O local fica coberto de fumaça. Aos poucos as pessoas saem de suas casas e começam a celebrar. O Rei Nilo e Celdo se aproximam.

— O que vocês estavam pensando.

— Calma, Celdo. São apenas jovens. — interveio o Rei Nilo que voltou sua atenção para os saldados feridos.

— Desculpa, pai. Vimos a explosão e corremos pra cá. — Julius tentou se justificar, mas o pai não conseguia entender.

— Pai. O meu irmão fez um grande trabalho hoje. — falou Bartolomeu colocando a espada no chão.

— Eu sei disso. — abraçando Julius e o beijando na testa. — Eu sei disso. Uma semana de castigo.

— Paiii!! — reclamou Julius.

— Bartolomeu, leve o Julius para casa, por favor. Romeu, venha comigo. Precisamos resolver esse problema. — ordenou Celdo, olhando para a pedra gigante e toda destruição que a caveira causou.

— Vamos, mano.

— Isso é muito injusto, eu derroto a criatura das trevas e ainda levo castigo. Você sai com suas roupas íntimas, todo desgrenhado, e é considerado o herói da noite. Isso é muita injustiça!!!! — indo embora com Bartolomeu.

Uma caveira causou uma confusão enorme em Framon, imagina as outras "armas" que Cen enviaria para sua vingança. No castelo, o Rei e Celdo, fizeram uma reunião para decidir qual seria a melhor abordagem para um mal tão poderoso quanto Cen.

— Ele está aqui, Celdo. Eu sinto isso. — de uma forma triste, Rei Nilo, falou sobre a aparição de Cen.

— Eu sei. Agora precisamos contar com a ajuda dela. — ressaltou Celdo, olhando pela janela para o sol que nascia no horizonte.

— Tem certeza? Ela passou por mal bocados da última vez.

— Infelizmente, meu caro Rei, é a nossa única saída. Vou falar com ela. Com licença, meu rei. — reverenciando Nilo e saindo da sala.

— Que Deus nos ajude. — pensou Rei Nilo, sendo surpreendido pelo príncipe Mitty, o seu único herdeiro.

— Nossa! — exclamou Nilo quase tropeçando em um balde. — Quem colocou isso aqui?

— Voltou cedo hoje. — soltou o Rei de forma irônica.

— Olá, papai, como está o senhor?

— Melhor que você. Melhor que você.

Irado. Essa palavra poderia definir o estado de espírito do Feiticeiro Cen. Ele quase destruiu o seu castelo, após a derrota do esqueleto. Quem sofreu as consequências foi o pobre Klaudo. O ódio aumentava o poder de Cen, que a cada dia, crescia mais e mais.

— Malditos! — gritou Cen soltando fumaça do nariz. — Eu vou acabar com eles.

— Calma, mestre.

— Aaaah!!! — usando os poderes e jogando Klaudo contra a parede. — Eu estou calma!!! — afirmou o feiticeiro, enquanto, trovões caiam fora do castelo.

— Perdão. — choramingou Klaudo, deitado no chão e cobrindo o rosto.

— Então, quer dizer que esses pivetes derrotaram o meu esqueleto? — perguntou Cen, andando até a bola de cristal e a ativando. — O que o orgulho papai faria se descobrisse o segredo de seu filho? Ah, Celdo, aqui se faz, aqui se paga. — rindo alto.

Mais uma noite se passou, mais uma noite sem dormir. Isso estava virando uma rotina na vida de Julius. Seu coração parecia dividido entre o amor por Romeu e a lealdade para com sua família. Lágrimas escorreram de seus olhos e sua única companhia era a luz da lua que entrava pela janela.

No Centro de Treinamento, Romeu, também pensava em Julius e, assim como o amado, sabia que a situação podia se complicar.

No dia seguinte, Julius, recebeu a visita de suas melhores amigas: Cássia e Clarissa. Eles conversaram sobre vários assuntos e decidiram tomar banho no lago. Apesar do castigo, ele conseguiu convencer a mãe a deixá-lo ir.

Devido aos costumes de Framon, as meninas precisaram usar trajes masculinos para se banharem no rio. Para Julius, suas sensações pelas amigas não passavam de carinho e admiração. Ele não conseguia ficar apaixonado por elas.

— Tua mãe é a melhor de todas. — comentou Cássia entrando na água.

— E o teu irmão o mais lindo. — emendou Clarrisa mergulhando para esconder a vergonha.

— O mais lindo, o mais forte, o mais esperto, o mais habilidoso. Meu pai também exalta essas qualidades do Bartolomeu. — soltou Julius, aparentemente, chateado por causa das qualidades de Bartolomeu.

— Credo, Julius. Deveria ser mais legal com ele. — aconselhou Cássia. — Afinal, se Clarissa casar com ele, nós seremos família.

— sou até por demais. Acredita que ontem o vilarejo foi atacado por um esqueleto enorme e quem levou os louros por matá-lo foi o Bartolomeu, acredita?

— Ele é forte mesmo. — suspirou Clarissa, da forma mais apaixonada que possa existir, algo que tirou Julius do sério.

—Eu tive a ideia para matar o monstro e no fim quem recebeu a recompensa foi ele. — mergulhando na água, ficando submerso apenas alguns segundo e emergindo.

— Deram ouro pra ele? — perguntou Clarissa.

— Eu quis dizer reconhecimento. — explicou Julius, tirando alguns tufos de cabelo que caíram sob seus olhos.

Uma voz conhecida chamou a atenção do grupo. Era Romeu, ele pegou uma folga do Centro de Batalha e resolveu visitar o grande amigo. Como ainda teria algum trabalho para fazer, Romeu não quis entrar na água, mas ficou conversando com os amigos.

Chateado por causa de toda a confusão, Julius, achou melhor cortar a conversa com Romeu. Ele saiu do rio, vestiu as roupas e foi para casa. Clarissa e Cássia ficaram sem entender a atitude do amigo, porém, pediram licença de Romeu e seguiram Julius.

Romeu ficou sozinho, ouvindo o balançar da água, a brisa da tarde bateu em seu rosto, no coração, apenas a tristeza se fazia presente. Ele havia passado dos limites com Julius e se arrependeu da atitude.

Do nada, uma mulher idosa apareceu e assustou Romeu. Ele conhecia os moradores de Framon e nunca viu a tal senhora na vida. Com a fala mansa, a tal mulher se apresentou como Elfânia. Ela vestia uma túnica preta, seu nariz era pontiagudo e seus cabelos brancos.

— Coração partido? — perguntou Elfânia para Romeu.

— Estou bem. Não se preocupe. — desconversou Romeu, ainda nervoso e com seus pensamentos voltados para Julius.

— Pode me dar um pouco de sua água?

— Claro. — pegando o cantil e oferecendo a mulher. — Pode ficar.

—Obrigada, meu jovem. Só tome cuidado. Ás vezes, a gente precisa lutar mais do que esperamos, principalmente, por um grande amor. — alertou a senhora. — Pegue. — entregando para Romeu um amuleto feito com pedra de jade.

— O que é isso? — questionou Romeu analisando o objeto.

— O talismã do amor. Ele brilha se a gente entregar nas mãos da pessoa que está destinada a ser nosso verdadeiro amor.

— Verdade? — olhando novamente para o objeto, ainda sem acreditar nas palavras da senhora. — Mas... — Romeu ficou sem palavras ao perceber que Elfânia não se encontrava mais ali.

Atrás de um arbusto, Elfânia, ria do jovem Romeu analisando o talismã do amor. Uma nuvem cinza começou a cobrir o corpo da mulher e Cen apareceu no seu lugar. O feiticeiro continua rindo da inocência de Romeu e, isso, era apenas o primeiro passo de seu plano contra Framon.

— Essa foi fácil. Eu poderia te destruir por ter ajudado a matar minha caveira, entretanto, quero destruir a família do Celdo. — desaparecendo em uma nuvem de fumaça.

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Comentários

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Adorei mano vou acompanhar, lindo o jeito que vc escreve, nota 1000

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