Circuitos do amor _9_

Um conto erótico de liahbook
Categoria: Homossexual
Contém 1295 palavras
Data: 02/12/2014 16:26:32

- Então foi um acidente?

- Claro. Ando armada por segurança. Estava mexendo na bolsa, a arma caiu da bolsa, então eu a peguei, quando levantei alguém esbarrou em mim e a arma atirou acidentalmente. Foi isso que aconteceu.

- Alguém pode confirmar sua versão?

- Diego.

- Ah, o rapaz que saiu daqui escorraçado, mas ainda sim te jurando amor eterno. Nossa, grande testemunha.

- Boa noite. Sou o advogado.

- A cavalaria chegou, princesa. Sente-se. Quer um café?

- Poupe-me. Quero falar com minha cliente à sós.

- Tudo bem e até vamos mandar chá com bolinhos na cela cor de rosa da sua cliente. Ela já falou alguma coisa, mas eu não fiquei convencido. Boreu, leve eles pra cela 3.

- Sim, Senhor. Por aqui.

Camila foi algemada na mesa, duas cadeiras frente à frente.

- Eu quero sair daqui o mais rápido possível.

- Não é assim que as coisas funcionam. Não devia ter falado nada, pois isso complicará sua defesa.

- Faça seu trabalho e me tire daqui.

- Vou entrar com recursos, mas por uns dias terá que ficar aqui. Não cause nenhuma confusão ou será pior para você.

- Como eu faço com minha faculdade?

- Pedirei para você continuar a estudar na faculdade que frequenta, porém estará sempre acompanhada de um policial.

- Não me importo.

- Ok. Vou falar com o delegado.

Boreu trancou Camila em uma cela com uma mulher de idade avançada, ela mascava um chiclete, estourando bolhas, bagunçava os cabelos em um tique repetitivo e a olhava com fúria.

- Qual seu crime?

- Não quero papo, ok! - Respondeu Camila.

- Qual é gracinha... - Chegou perto, tocou a perna dela. - Como você cheira bem!

- Tira a mão de mim. E se afasta, você está fedendo.

- Garota, você é muito marrentinha... Continua assim e não vai ver o dia amanhecer. - Voltou pra sua cama, abriu uma revista.

"Caralho eu fui ameaçada"

- Ei, me desculpa. Eu não quero problema, eu só quero ir pra casa. Sou inocente.

- Todas nós somos. Agora cala a boca que a gente quer dormir. - Gritou alguém de outra cela.

Camila se encolheu em um canto do chão, apavorada, mantendo disfarçadamente vigilância em sua companheira de cela.

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O celular de Gabriela não parava de tocar. Ela deixou o serviço no primeiro dia para acompanhar Radsha, Hayssa ligou duas vezes sem conseguir, então Gabriela não se surpreendeu ao ver ela entrar no hospital.

- Com licença, eu preciso resolver uma coisa. - Caminhou até o balcão da recepção. - Oi.

- Gabriela, como está Radsha?

- Ainda não sei, estão operando-a. Sinto muito deixar o hotel, mas eu não podia deixar ela sozinha. Você não vai entender...

- Quer um café?

- Vou enjuar de tanto café que eu já tomei. Eu te acompanho, mas chega de cafeína.

Gabriela se sentou em uma mesa no canto, Hayssa trouxe uma bandeja com dois lanches naturais e duas Coca-Cola.

- Não. Não tenho fome.

- Se não comer vai acabar desmaiando.

- Obrigada.

Comeram em silêncio. Nenhuma sabia dar o primeiro passo.

- Acho que é melhor eu me preparar pra entregar currículo.

- É, minha mãe ficou uma fera. O problema todo não foi você deixar o serviço pra acompanhar sua amiga, foi você conhecer a mulher que causou tudo isso. Sabe, temos um nome a zelar e uma credibilidade a manter intacta. Vai ser difícil contornar a situação.

- Eu sinto muito, mesmo. Há tempos a Camila vinha agindo estranha comigo, mas eu não achei que ela seria capaz de fazer uma coisa dessa.

- Ela tem obsessão por você. Precisão internar essa mulher.

- Eu temo pelos bebês, coitados.

- Bebês?

- Ela está grávida.

- Complicado. Não queria ter que te demitir, é realmente uma pena.

- Você é uma pessoa legal Hayssa, nem parece filha da sua mãe. Em uma outra oportunidade, em outro local, podemos nos ver e conversar...

- Claro, vamos marcar. Bom, tenho que ir.

- Até.

Hayssa saiu triste, não por Radsha ou pelo hotel de sua mãe ser manchete de jornais, foi por não ter tido uma chance com Gabriela.

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A cirurgia acabou de manhã cedo, apesar do médico estar otimista a cirurgia foi complicadissima.

Radsha passou algumas horas em observação na UTI por isso não poderia receber visitas. De um quadrado na parede de vidro transparente Melissa e Gabriela puderam ver Radsha.

A aparência abatida da Doutora fez as lágrimas rolarem novamente, ela estava dormindo, com tubo na boca e soro no braço. O barulho da máquina ligada ao coração dali não podia ser ouvido, mas a máquina operava piscando luzes.

- Ela vai ficar bem. Minha menina não desiste fácil. Você não sabe o quanto ela estava feliz por esses dias falando de você. Há muito tempo Radsha não se entusiasmava tanto com uma garota.

- É recíproco. Por isso dói tanto aqui dentro de mim.

- Não chore mais, menina. Quando Radsha acordar vai querer nos ver bem, afinal nós precisamos ser fortes pra dar forças à ela.

- Tem razão.

- Você está cansada, vejo isso em seu olhar. Vai pra casa descansar um pouco, eu fico aqui e prometo te ligar se ela acordar antes de você voltar.

- É, eu preciso de um banho.

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Gabriela esperou o ônibus no ponto, estava demorando, então ela contou o dinheiro no bolso, decidindo ir de táxi.

- Droga, repórter! - Exclamou. - Passa direto e pára atrás da pensão.

Gabriela entrou pelo portão de empregados, aproveitou para subir de elevador de serviços. No corredor tudo normal, mas a porta do seu quarto estava aberta.

"Não... Será ela?" - Com medo Gabriela entrou olhando em volta.

Bam! A porta bateu atrás dela... Ao se virar viu Diego com o semblante pesado, com um copo de Uísque na mão.

- O quê faz aqui? Como entrou?

- Porquê?

- Você não pode invadir a casa dos outros.

- Isso aqui nem é uma casa. Porquê você não ajudou a Camila? Aonde você estava?

- Camila está doente, precisa de ajuda. Pelo visto, ela não é a única.

- kkkkkkkkkkkkkk. Então agora eu sou louco? Você me conhece faz tempo e sabe do que minha família é capaz.

- Isso é algum tipo de ameaça?

- O quê houve nessa porra dessa noite?!

- Diego vai pra sua casa, eu estou muito cansada e eu ainda vou voltar pro hospital. Não tenho tempo a perder imaginando o que aconteceu com a Camila.

- Ela tá presa. Por sua culpa.

- Se você não sair vou chamar a polícia.

- Você tem muito o que explicar, Gabriela. Não vai escapar fácil dessa, eu te garanto. - Jogou o copo no chão, depois saiu.

"Meu Deus é cada maluco."

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Radsha acordou, olhou em volta, reconheceu sua própria clínica. Não conseguiu se mexer muito, sentia uma dor fisgante no peito.

O tubo incomodava, a enfermeira trocou por uma máscara na face, pois sua respiração melhorou, porém não o suficiente.

- Quando eu vou sair daqui?

- Doutora, se lembra de alguma coisa?

- Queria poder esquecer Dr. Fabricio. Eu quero ver a Melissa e a Gabriela. Elas estão aí?

- Calma, Radsha. Sua cirurgia foi complicada, não vamos arriscar uma infecção.

- A única coisa que vai me matar agora é não falar com elas. As deixe entrar, por favor.

- Ok.

Melissa foi a primeira a entrar, mantiveram distância por ordem do médico. Gabriela sorriu preocupada, tinha medo se as coisas iriam mudar drasticamente depois do episódio.

- Eu queria ver vocês e nada ia me impedir.

- Rad, você precisa descansar.

- Estou bem, Mel. Gabriela... Chega mais perto.

- O Doutor disse que não...

- Vem. Tudo bem. - Estendeu a mão para ela, sorrindo. - Eu tive um sonho... Foi maravilhoso. Eu vi você e eu, também tinha uma menina linda conosco. Nós estávamos em uma fazenda, dando à ela um pônei de presente. Era uma festa de aniversário, nós três ficamos em volta do bolo, flashes vinham de todos os lados. Eu estava muito feliz...

- Eu entendo. Os medicamentos...

- Foi real. Real até demais! Isso pode acontecer, Gabi. Você... Você quer casar comigo?

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