O caminho das borboletas. 22

Um conto erótico de MMah
Categoria: Homossexual
Contém 1101 palavras
Data: 04/11/2014 21:03:34
Última revisão: 04/11/2014 21:12:47

Cheguei em casa e fui correndo pegar a caixa dos Correios. Mas não havia chegado =(

Ci ligou perguntando se gostei dos chaveiros e lhe disse que até então não havia encomendas para mim. Ela achou estranho, pois mandou pelo Sedex. Mais tarde ela voltou a ligar com o número do protocolo. Liguei, rastrearam e me deram mais um prazo de entrega. Ci ficou uma arara, pois esperava que eu recebesse logo. Mas não havia o que fazer. No fim de semana fui a igreja e tive o desprazer de encontrar o Vini. Diferente dos outros encontros, dessa vez eu estava nitidamente bem. Dias antes, qualquer um notaria meu desconcerto ao encontrá-lo, mesmo fazendo um esforço e tanto para mostrar indiferença. Me sentia mais leve, então era hora de dar um fim no meu namoro. No domingo após o culto eu retornei pra casa e chamei Maurício no whats app. Seria difícil falar com ele pelo telefone, pois o ouviria chorar e me sentiria pior do que já estava.

Eu: Maurício, tá ai?

Ele: Oi Mah. Estou sim. Chegou quando?

Eu: No sábado, um pouco depois do almoço.

Era domingo já.

Ele: Não deveria ter me ligado ontem, então?

Eu: Quis fazer isso hoje.

Ele: Fazer o que?

Eu: Queria lhe dizer uma coisa. Alguns dias atrás o Vinícius ne escreveu.

Ele: Era aquele texto do facebook?

Eu: Aquele eu suspeitei que fosse uma dor de cotovelo, mas 3 dias depois que estávamos namorando, ele me escreveu uma carta através do meu blog.

Ele: Você ficou com ele?

Eu: Não. Não fiquei, tampouco pretendo. Porém foram dias difíceis, pois me senti confusa. Mas agora já estou bem.

Ele: Então estamos bem novamente?

Eu: Não.

Ele: O que há agora?

Eu: Olha, isso ter acontecido agora foi bom, pois pude ver que todo o sentimento que sinto por você não passa de amizade. Tu é um cara dez, saca? Mas não é pra mim. Te agradeço por esses dias, pelo esforço e por querer me fazer feliz. Mas sei que você merece mais do que alguém que apenas goste de você. Você merece alguém que te ame.

Ele: Então é o fim?

Eu: Sim. É sim.

Ele: Tudo bem então. Fica na paz!

Eu: Você também.

Desde esse dia, nunca mais nos falamos. Algum tempo depois ele me excluiu do face, e recentemente soube que ele está namorando. Fiquei feliz. Espero que essa moça o faça feliz, porque eu não conseguiria.

Eu me sentia como se tivesse tirado uma tonelada das costas. UFA! Mais tarde Ci me ligou.

Eu: Oiiii.

Ela: Oi cara pálida. Tá bem?

Eu: Estou sim. Terminei com Maurício.

Ela: Sério? 0.o

Eu: Sim. Eu não o faria feliz. Você sabe.

Ela: Sei de nada. Sei de nada.

Eu: Hahahaha. Besta!

Ela: Você que é.

Imaginei que ela fosse fazer alguma menção a nós, a voltal e tentar algo, mas ela nada disse. E eu achei por bem não falar mais sobre o assunto.

No dia seguinte eu decidi ir visitar vó, mais uma vez. A universidade estava em greve mesmo, eu não tinha nada pra fazer. Então joguei umas coisas na mochila e quando estava descendo a calçada de casa, a vizinha me chamou.

Vz: Mayra.

Eu: Pois não?

Ela: O carteiro passou aqui mais cedo, mas acho que não havia ninguém em casa. Então ele deixou uma caixa comigo pra entregar pra você.

Cidade pequena, todo mundo se conhece. É comum isso acontecer.

Ela foi lá dentro e voltou com uma caixa amarela e azul. Era o presente que Ci havia me enviado. Caramba, eu estava muito nervosa. Agradeci e fui andando pra parada de ônibus. No caminho liguei pra ela.

Eu: Ci, meus chaveiros chegaram *-*

Ela: Já era hora. E aí, gostou?

Eu: Ainda não abri. Estava saindo de casa e minha vizinha me entregou. Disse que o carteiro passou lá em casa, mas não tinha ninguém e ele acabou deixando com ela.

Ela: E o que está esperando para abrir?

Eu: Tô na rua. Indo pra parada de ônibus.

Ela: Entendi. Pois quando você abrir, me liga. Preciso desligar agora. Tô no trampo. Bjoo

Eu: Bjoo

Mal desliguei e o ônibus dobrou a esquina. Entrei, sentei numa poltrona do lado da janela e joguei a mochila na outra. O ônibus estava quase vazio. Fiquei olhando a caixa e a letra dela. Era louco, mas tocar em algo que ela também tocou me dava a sensação de que de alguma forma estávamos tendo um contato físico. Pra quem não lembra, eu não a conhecia. Pelo menos não de lembranças. Ela lembrava de mim, mas eu nem com muito esforço. Pra mim ela era uma estranha que acabou virando uma amiga. E meu único contato com ela até então era pelo Face e pelo celular.

Abri a caixa do SEDEX e havia outra caixa dentro. Era uma caixinha quadrada vermelha, que usamos pra embalagem de presentes mesmo. Tinha desenhos de gueixas. Quando subi a tampa, o cheiro dela subiu. Ela havia borrifado no cartão. Gostaria de encontrar palavras para descrever aquele momento. Mas não há nada que realmente seja fiel à experiência que foi abrir aquela caixa. Meu coração palpitava numa velocidade absurda. Eu me sentia em completo êxtase. O mundo parou por completo ao meu redor. A única coisa que eu queria era sentir aquele cheiro no corpo dela. Era um cheiro aconchegante, carinhoso e suave. Ao mesmo tempo conseguia deixar meu corpo em chamas e sacudir todos os meus hormônios.

[Ci usava KaiaK Pulso, da natura. Nunca a deixei mudar. Até já dei outro a ela, pra que ela só usasse o KaiaK para mim ^^]

Abri o cartão - está aqui nas minhas mãos por sinal - e estava escrito:

"Meu, quero que saibas que és muito especial e nossa amizade nunca vai acabar. Espero que você goste dos chaveirinhos. Comprei com todo amor e carinho. Bjs. Aishiteru!"

As lágrimas já escorriam a bastante tempo. Me voltei pra caixa e os chaveiros tinham pequenos símbolos japoneses: Paz, Amor, Amizade, Dinheiro e Sabedoria. Havia outros que eram como se fossem aquele desenho do Cavaleiros do Zodíaco. Amei todos! Parecia uma criança com doce, não parava de olhar.

Assim que cheguei na cidade da minha vó, liguei pra ela e agradeci bastante. Andar por lá não era mais a mesma coisa, desde que soube que ela havia morado ali também. Ela me contava histórias das coisas que havia aprontado e não tinha como passar na praça, na esquina, numa escola e não a imaginar ali. Rindo, bagunçando e fazendo o que ela sabia fazer de melhor: ser feliz!

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