De São Paulo ao Havaí II

Um conto erótico de Vetinho
Categoria: Homossexual
Contém 1212 palavras
Data: 23/11/2014 20:11:46

De São Paulo ao Havaí

Acordei ainda pior, queria ficar para sempre dentro daquele quarto escuro. Mas a Neide, que trabalha lá em casa e sempre cuidou tão bem da gente, tomou a liberdade de me dizer uma coisa que nunca esqueci.

Neide: - Filho seja qual for o problema dessa vez. Ele vem para nos tornar fortes. Encare-o como um exercício, resolva e o conclua da melhor maneira, assim os resultados serão positivos. ( passando a mão sobre meus cabelos e me acolhendo num abraço)

Eu: - Neide, Neide da minha vida. Sempre mostrando sabedoria de vida. Vou seguir seu conselho, chega de lamentação. ( olhando-me no espelho) Nossa, estou um caco, vou lavar meu preciosos rosto.

Neide: - Vá lá, fique bem lindo. Depois vou preparar um lanche para ti! ( sorrindo para mim)

Após um banho bem demorado, escutei a Neide me dizer que o Denis aguardava na sala para conversarmos. Entrei na sala o vendo de costas, meu coração disparou, mas respirei fundo e, claro, coloquei um a fortaleza sobre mim.

Denis: - ( nervoso) Bo boa noite, vetinho!

Eu: - (menção a um aperto de mão) Boa noite, Denis.

Nesse momento ele me puxou para um abraço, parecia que o mundo havia parado, era diferente de todos os outros que já tinha me dado. Senti meus pés saírem do chão; rapidamente larguei o abraço e fiquei sério.

Denis- Desculpe pelo abraço. Foi mais forte...

Apenas o calei com o dedo em seus lábios e sorri, segurei sua mão para irmos ao escritório; lá teríamos maior privacidade. Sentamos um de frente ao outro. Olhamo-nos fixamente, parecia um jogo de sedução. Por um minuto de irracionalidade, a vontade de me jogar em seus braços, mas contive-me. Ele segurou a minha mão, trêmula, sorriu com os olhos.

Eu: - Não quero fazer a Luane sofrer. Amo tanto minha amiga. (voz calma e olhar ao horizonte)

Denis: - Estou aqui com você, vamos fazer tudo com sinceridade. Vou conversar com ela e explicar tudo (elevou a minha mão e a beijou).

Eu: - Sentimentos não são roupas que se troca quando quer. ( levantei-me e virei de costas e fui até a sacada, fiquei vendo a chuva cair)

Denis: - Não são, mas também não mandamos neles. Apenas os sentimos ( me deu um abraço por trás e, como era mais alto, pôs o queixo sobre meus ombros).

Segurei seus braços e fechei os olhos, parecia irreal tudo aquilo. A chuva transformou a atmosfera do ambiente, aos poucos seu nariz encostava-se à minha orelha; nossos corpos entravam numa ebulição de prazer. Virei-me e ficamos com os rostos bem próximos, os lábios quase se tocaram, mas no ímpeto me afastei. Ele teve um susto, apenas acenei negativamente com a cabeça.

Denis: - Estou sendo precipitado demais, desculpa.

Eu: - Tudo no seu tempo, você tem hombridade, não me faça pensar diferente. Primeiro a Luane. ( Falei sério, segurando sua mão).

Denis: - Vou conversar com ela, agora. Mas antes você me dar outro abraço. ( sorriu lindamente)

Eu- ( ambos rindo) Claro que sim, esse será o terceiro de muitos.

Apenas me aproximei e o senti. Foram longos minutos de abraço. A barba rala me arrepiava todo. Para completar ele cantou no meu ouvido uma parte da música “Vou te esperar ” da banda Cluster.

Denis:

Eu fiz loucuras pra te encontrar

Fui paciente pra te esperar

Fui seu amigo pra te entender

Sempre disposto a te escutar

Me fiz mais forte para aguentar

Essa angustia de te esperar

Fiz palhaçadas pra te ver sorrir

Falei besteiras pra te alegrar

Eu virei noites pensando em você

E em uma maneira de explicar

Como isso tudo foi acontecer

Como por você fui me apaixonar...

Eu: ( emoção) – Você tem o poder da sedução, seu bobo. Eu o amo demais, desde a primeira vez que o vi. Agora você está aqui, se declarando ao meu ouvido. O que mais posso querer?!

Denis: - Isso é a prova do quanto o amo, quero aprender com você, esse novo sentimento ainda me deixa nervoso. Até pouco tempo tinha convicção da minha heterossexualidade, embora sentisse que algo ainda estava incompleto em mim. Estou pronto para te fazer feliz. ( olhou me nos olhos e beijou a minha testa)

Eu: - Quero te ensinar a encarar esse sentimento, as barreiras para nossa relação não serão fáceis, mesmo porque, sua família não é nada moderna. Mas dará tudo certo, pois o essencial é este sentimento partilhamos por nós. ( Olhando o nos olhos). Agora vá conversar com a Luane, ela precisa saber a verdade e diga a ela que estou a esperando para conversarmos.

Denis: - Quero ficar aqui, venha cá ( cara de manha me abraçando)

Eu: - ( risos) Teremos todo o tempo para curtirmos. Vá; se não fica tarde!

Denis: - ( olhando o relógio) Nossa já são 21h30min, o tempo passou rápido!

Eu: - ( cara de dúvida) – Será que ainda é hora para terminar?!

Denis: - A Luane vai entender, não posso passar de hoje. Amanhã você viaja!

Eu: - É verdade, quanto antes melhor ou só poderemos conversar daqui a 15 dias!

Saímos rindo do escritório e o levei até a porta. Ele rapidamente me deu um abraço e saiu. Fechei a porta me escorando e escorregando minhas costas até sentar no chão. Só vi depois quando Neide me chamou a atenção.

Neide: - Cadê o Denis, nem esperou para o lanche. Ah, essa juventude!

Eu: -( sai do mundo da lua) Disse algo Neide?!

Neide: - Nossa, o que deu em você , garoto?! ( saiu rindo para a cozinha)

Eu: ( gritando) – O amor Neide, eu amo o mundo, amo você, amo a vida.

Neide: ( gritando) – Quem foi o cupido que acertou seu coração? Não me di...diga, não pode ser, o Deee...nis, ele não namorava a sua amiga Lu Lu...ane? Vou voltar para a minha cozinha, mas depois você vai me contar direitinho, senhor Everton. ( saiu conversando sozinha)

Eu: - ( falando sozinho) Essa é uma longa história Neide. Só o tempo dirá as respostas!

Nesse momento, sai fazendo uns passos de balé pela casa até o meu quarto; tranquei-me e comecei a pular no colchão cantarolando alguma música a qual não me recordo. Deitei na cama e fiquei olhando para o teto. Já passava das 22h30min quando vejo no celular o nome da Luane. Meu coração disparou, respirei fundo e atendi.

Eu: - Amiga desculpe, eu... ( falei rápido)

Luane: (muito choro) – Amigo, estou arrasada. O Denis veio aqui e disse que não me amava mais. Como assim? Hoje de manhã estávamos bem e, agora, me sinto um copo descartável. Quer dizer que ele me usou, fingiu não gostar de mim e, ainda por cima, disse que era gay e estava apaixonado. Então tudo não passou de uma farsa? Estávamos em uma novela e eu não sabia?. Eu não mereço isso, amigo, preciso de você, você é a pessoa que mais confio. Você nunca seria capaz de me trair dessa maneira sórdida. Nunca passou pela sua cabeça sobre ele ser gay? Como faço me ajuda.

Cada palavra dita parecia uma faca cortando-me por dentro. As lágrimas já escorriam pelo meu rosto. A sensação de sujeira sobre mim me fez ter nojo daquela situação. Tive que fingir uma falha na operadora, para poder desligar. Minha boca estava seca, cai no chão chorando, puxei o lençol para mim e comecei a me bater. Minhas unhas das mãos quase sangraram minhas pernas. Estava fora de mim...

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É mesmo uma loucura tudo isso, contudo precisa decidir. Usar o coração ou a razão. Porém permita-se que a alma através do sentimentos diga o que vale apena de verdade.

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