Meu bom/mau romance - capítulo 1

Um conto erótico de LuhLuh
Categoria: Homossexual
Contém 1865 palavras
Data: 21/11/2014 13:55:06
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

[JUNHO, 2009] – Dúvida, medo ou algo mais?

Como não falei com Felipe mais naquele domingo, pensei em procura-lo durante a semana no nosso colégio. Eu estava no terceiro ano do ensino médio, e tinha simulados pré-vestibular dois dias por semana. Geralmente na segunda e na sexta (excelentes maneiras de abrir e fechar a semana ¬¬”). Sendo assim, a gente chegava de 7 horas da manhã, o horário que começava as aulas, íamos para uma sala especial para esses simulados e ficávamos “trancados” lá até meio dia (mais ou menos o tempo de encerramento da prova). Depois almoçávamos e retornávamos na parte da tarde para mais outro simulado (muito cansativo tudo isso). Em resumo, durante esses dois dias as turmas de terceiro ano se excluíam do colégio e não eram vistas nem nos intervalos. Felipe ainda estava no primeiro ano (sortudo). É, ele tem apenas um ano a menos que eu, mas quando eu estava no pré-escolar (ou ensino infantil, tipo jardim de infância, alfabetização e tal) eu fui adiantado um ano (não sei porque, mas é o que minha mãe me disse).

No dia seguinte, terça, quando eu voltei a normalidade estudantil, não encontrei o Felipe pelo colégio. Achei estranho, ele não costumava faltar sem algum motivo. Fui até a frente da sala dele quando deu intervalo, lá estava a Samantha, uma grande amiga nossa que mora a duas quadras da minha casa e estuda na mesma sala do Felipe.

- Oi Sam, tudo bem?

- Oi gato (Samantha chama todos amigos de gato, ou fofo kkkkkkk), tudo ótimo. E com você? Soube que vocês foram assistir ao jogo do Brasil ontem na casa do Guilherme ne?! Eu nem pude passar por lá, tava na casa da minha avó. – falou ela, simpática como sempre.

- Foi, assistimos. Quem te contou? – perguntei apenas pra dar continuidade na conversa.

- O Felipe. Tava conversando ontem de noite com ele na internet, ele me contou que assistiu lá. – disse ela.

- (Mais que filho da mãe, ele me bloqueou pra não falar com ele... afinal de contas, quando entrei no msn, por volta desse horário que a Samantha falou, ele estava offline pra mim) – este foi meu pensamento no momento. Mas acabei apenas falando – É, foi legalzinho. Apesar de você nem nenhuma das meninas aparecerem por lá. Mas, mudando de assunto, o Felipe tá por aí hoje?! Não o vi, e preciso pegar um jogo emprestado com ele, se possível ainda hoje...

- Não Luh, ele não veio hoje. Aliais, ele não veio ontem também. Me disse que estava doente, que tava com febre e de cama. Espero que melhore logo, ele tá perdendo as revisões de química e matemática. Semana que vem teremos prova.

- Nem me fale de prova, acho que me dei mal ontem no simulado, e pior é que dos oitos que realizamos por mês, os quatro melhores serão somados na prova de fim de mês pra nossa média. – era assim que funcionava a educação no colégio. Muito intensivo, mas forçava os alunos a estudadarem a qualquer custo pra se prepararem pro vestibular.

- Deixa de drama, tu sempre diz que se dá mal e as notas são sempre altas. No dia que tu se der realmente mal eu vou sair com um saco aberto pro céu, porque vai tá chovendo dinheiro hahahaha.

- Há-há! Engraçadinha. Ei, vou comprar algo pra comer. A fome chegou. Vai ficar aí? – falei pra ela já indo em direção ao refeitório.

- Vou sim. Outro dia vou contigo lanchar. Mas hoje estou esperando Alice, ela foi na diretoria resolver alguma coisa e já deve tá voltando. Vamos ter que revisar um trabalho que vamos apresentar na última aula de hoje. E só temos esses minutos do intervalo.

- Vixi, boa sorte então. Beijos Sam, boa sorte no trabalho. – falei saíndo.

- Beijinhos gato, se cuida. – falou ela voltando a se sentar no corredor.

Como ainda restava algum tempo de intervalo fui realmente comer. Estava com um pouco de fome. Cheguei no “refeitório” que era um espaço grande na escola, com muitas mesas (de fato, lembra um pouco aqueles refeitórios que vemos em filmes), a diferença é que não eram servido almoço (como nos filmes). No colégio, nesse horário de intervalo que era por volta de 10h da manhã, apenas três “cantinas” eram abertas lá. Uma era do próprio colégio, especializada em vender coisas naturais, como suco, salada, sanduíches naturais, etc.); as outras duas eram terceirizadas, uma vendia salgadinhos, tipo cheetos, rufles, e algumas marcas de refrigerante, guaraná antártica, soda, pepsi; e a última cantina vendia outras marcas de refri, como coca-cola e fanta (tudo pra evitar a concorrência entre elas) e lanches de massa, como coxinha, pastel, etc. Certamente a coxinha era campeão de vendas, relativamente barata, se comparada a outros lugares fora do colégio, e perfeitamente deliciosa.

Enfim, lanchei acompanhado do Juninho e do Vitor (outro colega nosso). E retornamos pra nossas salas. O Juninho estuda no segundo ano. Já o Vitor está no terceiro, assim como eu, mas em outra turma. Existem quatro terceiros anos (todos apenas no turno da manhã, já que muitas vezes tínhamos aula em tempo integral). Voltando a aula, aquele resto de manhã passou muito devagar, parecia uma eternidade. Não me concentrei muito na aula, ficava apenas pensando no que passei com o Felipe no domingo, e em porque ele tava me evitando. Até aquele momento eu nunca tinha tido nada com nenhum homem, apenas brincadeiras masculinas de apertar pau, ou encoxar o outro pra deixa-lo puto (brincadeira de adolescentes que acredito existe em todos lugares). Mas naquele dia não foi brincadeira, foi algo sério, delicioso, com um ar de malícia. Eu havia gostado, e apesar de ser “hétero” eu queria continuar experimentando aquela situação (no fundo eu sabia que eu já era bissexual), mas não tinha problema algum quanto a isso. Sempre fui muito mente aberta pra a grande maioria das coisas (exceto drogas .-.), e descobrir esse meu novo lado, junto à uma pessoa que eu tinha alguma afinidade, foi perfeito. Sim, eu queria continuar com o Felipe, ver até onde aquilo tudo iria. Mas eu não conseguia entender o que se passava com o Felipe. Dúvida? Rejeição? Medo? Preconceito? Ou simplesmente nada, ele apenas tava doente mesmo e depois voltaria e falaria comigo na boa... talvez ele tivesse envergonhado, tímido pela primeira vez... cabia a mim dar algum passo.

Quando a aula terminou, depois de cem anos (demorou muito naquele dia), eu pensei em ir até a casa do Felipe, visita-lo. Mas acabei desistindo; tinha que terminar um trabalho que era pra entregar no dia seguinte e eu só tinha feito a capa (como a grande maioria das pessoas, tenho o triste defeito de fazer tudo de última hora). Além disso, eu não estava confiante em falar com ele naquele momento. Depois de pensar muito, eu decidi que esperaria ele retornar ao colégio e ver como seria sua reação comigo, para então ter alguma conversa com ele.

No dia seguinte, quarta-feira, cheguei na sala um pouco atrasado. Acordei em cima da hora, engoli um pão pra não sair de casa sem comer nada, escovei os dentes joguei água no corpo pus minha farda e voei pro colégio. Levei uma pequena bronca da professora de literatura pelo atraso apesar de tudo (quem se importa, odeio literatura -_-‘). As primeiras aulas passaram tranquilas. No intervalo comprei um refrigerante e tomei em menos de um minuto e corri pra quadra. Quarta-feira era dia que as quadras principais eram reservadas para o ensino médio. E claro, eu tinha que chegar logo para formar o time e dar tempo de jogar futebol. Como fui o terceiro a chegar fiquei como capitão para montar uma das quatro equipes. Fizemos o sorteio e fomos puxando pessoa por pessoa. Chamei meu vizinho Guilherme (que era do primeiro ano, mesma sala do Felipe e da Samantha), o Vitor que era o goleiro do time do colégio e mais dois colegas da minha sala que jogavam bem. O time tava bom. Mas de repente, o Douglas (um menino do primeiro ano que tava tirando time também) chamou pro time dele o Felipe.

- (Peraí, Felipe? Feh? Ele não tava doente?) – pensei... – Douglas, que Felipe você tá chamando? O da sua sala não estava doente? – perguntei.

- Ele voltou hoje já. Me disse para eu chamar ele pro time que ele pode jogar. Acho que foi no banheiro, mas ele tá no meu time galera. A gente não faz questão de ficar para a próxima partida não; é o tempo que ele volta.

É, pelo visto o Felipe tinha voltado. Depois do intervalo eu tentaria falar com ele. O primeiro jogo começou e meu time venceu fácil por 3x0 (a regra, vence quem fizer 3 gols ou quem tiver vencendo quando se passar 6 minutos). Aí foi a vez do time do Douglas jogar contra a gente (quem ganha continua jogando). E lá estava ele, o Felipe. O jogo começou, Juninho deu a saída, tocou para mim, eu segurei a bola e tentei uma jogada que havia ensaiado com o Vitor. Toquei a bola pra ele que era goleiro e corri pro ataque, Vitor lançou a bola pra mim que passei despercebido, já que todos estavam concentrados no Juninho que gritava pedindo a bola. Dominei a bola e me preparei pra chutar quando senti aquela uma dor terrível e caí no chão. Alguém havia me derrubado com um carrinho. Na hora só tentei engolir o choro, mas doeu muito mesmo, senti que a pessoa quando deu o carrinho entrou com a sola do sapato no meu tornozelo. Quando abri os olhos o Juninho tava sendo segurado pelo Douglas enquanto ele tentava ir em cima do Felipe e gritava:

- Porra Felipe, tinha necessidade disso caralho? Tu podia ter quebrado a perna dele. Isso é só um jogo num recreio, vai se fuder.

- Calma Junior, foi sem querer. Felipe ajuda ele a se levantar foi pênalti pra vocês. E vamos jogar galera. Se não o intervalo passa e a gente não joga nem nada. – falou o Douglas tentando acalmar a situação.

- É, eu to bem. Certas pessoas são muito ruins jogando bola e não conseguem me parar, só se for na falta – tentei provocar o Felipe.

- Futebol é coisa pra homem e não pra viado – falou ele olhando friamente em meus olhos. As demais pessoas riram, achando que era piada dele também me provocando, mas pelo ar dele, e o modo como me olhava eu sabia que aquelas palavras foram sérias.

- Aaaaai!!! – gritei quando tentei fazer força pra me levantar e caí novamente no chão. A dor foi tanta que eu comecei a chorar ali mesmo. Sim, meu tornozelo estava inchado e torcido. Talvez até quebrado (e não era só aquilo em meu corpo que havia quebrado).

[...]

Olá galerinha, muito obrigado pelos primeiros comentários e apoio de vocês. Pediram pra eu postar o capítulo ainda ontem, mas depois que eu postei aquele prólogo eu acabei indo dormir e só vi as mensagens hoje. Vou sair agora, mas se tudo der certinho eu tento postar outro capítulo hoje de madrugada. Ou então só amanhã mesmo. Novamente, obrigado a todos e continuem mandando mensagens e críticas também (qualquer coisa pra eu melhorar o texto). Beijos a todos, até depois.

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