Antes das seis XXX

Um conto erótico de Carpenter
Categoria: Homossexual
Contém 708 palavras
Data: 02/10/2014 16:36:53

Por um momento fiquei parado, olhando para ele, sem atinar com nada.

- O que ele esta dizendo, Rei? - a voz intrigada de Fernando me tirou daquela perplexidade.

- Ele... - comecei e fixei os olhos em Lucas, sem acreditar - Entao deu certo?

- Claro! - exclamou ele, parecendo contente por nos - Acabei de saber e vim avisa -los. Esperam voces sem demora!

- Esperam? Quem espera? - Fernando segurou meu braço com força, obrigando -me a encara -lo - Que loucura estao dizendo? Me explique, Rei!

Irritava -se visivelmente, me apertando o pulso. Chamei Lucas para entrar e na sala, impaciente, Fernando começou a nos ouvir com um ar serio, quase zangado. Lucas concluiu dizendo que o tio nos aceitara no sitio, haja vista que ainda nao arranjara outra pessoa. Mas nos queria para logo, pois se mudariam para a cidade o quanto antes.

- Incrivel como me escondem as coisas - disse Fernando me fuzilando com os olhos - Cheio de segredos voce, Rei. Nunca escondemos nada um do outro, lembra?

Numa certa amargura refleti rapidamente que nao fazia muito tempo ele me escondera coisas bem mais graves do que uma promessa de emprego, mas nada falei. Andava com paciencia redobrada com aquele loiro ultimamente.

- E se ele nao quiser ir? - perguntou Lucas, me olhando com ar sombrio - Nem pensamos nisso.

- Ainda falam como eu nao estivesse presente! - disse Fernando incredulo, nos observando.

- Calma, meu anjo - falei, fitando -o - A questao nem se deve tanto ao emprego e sim à sua saude, aos beneficios fundamentais da altitude da serra. O ar rarefeito limpara melhor seus pulmoes, num auxilio ao medicamento. Lembra da recomendaçao do doutor, aquela vez? Eis a chance, agora. Quando se curar, poderemos voltar, se quiser.

Pensativo, ele permaneceu em silencio, o olhar distante. Sabia que ele gostava da cidade e era dificil dizer adeus tao de repente. Havia tambem o fato de que a cidade o fazia se lembrar de Carlos, e aquilo eu via claramente nos olhos dele.

- Vivia dizendo que sentia falta da terra, do cheiro de mato, os animais... -falei, motivando -o - Ainda sente saudade, nao?

- Sinto - murmurou ele, sorrindo de leve.

- Entao? Vamos? Pelo tempo que voce precisar e quiser, Fernando.

- Sendo assim - ele pareceu mais animado - Talvez seja bom...

- Claro que vai ser.

Lucas nos observava com uma expressao estranha. Devia pensar consigo que aquele moleque me tinha nas maos, o que nao era mentira. No final era eu inteiro moldado à vida dele, à suas necessidades e desejos. Era eu vivendo para ele a cada hora, a cada segundo, mas sem me sentir anulado por isso. Ao contrario, me sentia mais inteiro e mais homem do que nunca.

Combinamos mais alguns detalhes referentes ao lugar, ao serviço. Lucas havia contado ao tio que Fernando e eu eramos "irmaos ", a mesma mentira que diziamos na cidade. O tio era boa pessoa, apesar de exigente com o trabalho, garantia meu amigo. De resto, estavamos em paz num amplo pedaço de terra com vista aberta para vales e despenhadeiros. "Paisagem fantastica! ", disse ele.

No dia seguinte arranjei tudo para irmos embora depressa : pedi demissao de meu emprego, aluguei um pequeno caminhao para levar nossos trastes, acertei nosso aluguel e ainda ajudei Fernando a embalar o resto da mudança. À noite ele me contou que logo cedo escrevera a Carlos, contando de nossa mudança e fornecendo o novo endereço. Ouvi em silencio aquilo, esvaziando umas gavetas da cozinha. "Uma carta... Que seja.",eu pensei sem querer me preocupar.

Às oito horas da manha estavamos prontos. Lucas foi se despedir de nos.

- Vou visita -los na nova casa, assim que puder - falou me abraçando.

Fernando se despediu dele meio polido, meio envergonhado. Estava preocupado com a gata dele que miava, reclamando por estar presa dentro dum saco de estopa, num caixote de madeira na carroceria do caminhao. Ia prenhe, redonda e pesada, ter seus filhotes na altitude.

Enfim deixamos a capital naquela manhazinha morna, rumo a uma nova etapa, um outro divisor de aguas em nossa vida. Por mais uma vez me vinha aquela sensaçao de que, apesar de tudo, nos dois apenas tinhamos começado a viver.

*

*

*

Valeu, galerinha.!!Comentem, perguntem, à vontade.

Adoro o apoio de voces, toda a gentileza recebida. Meus agradecimentos sempree me parecerao insuficientes.

Obrigadissimo e ate o proximo! :)))

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Comentários

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Esse Fernando é engraçado, ele pode beijar outro e o Reinaldo não pode ser meu amigo rsrsrsrs O pior é q isso beeem comum, nunca entendi pessoas assim. Poxa que bom q eles vão voltar p a fazenda, quem sabe as coisas não voltem a ser como antes, qd eles eram crianças.... No conto passado eu pesquisei e vi a estatua de Antinoo, mas não conhecia a historia, interessante, vou ler. Sua historia fez falta ontem, ja me acostumei a ler td dia... Bjão sua linda e obrigado(eu to mt bonzinho na historia, q bom..) rsrsrs ;DD

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Desculpem por nao postar ontem, mas fiquei sem net à tarde. Esqueci de explicar a voces quem foi Antinoo e caso tenham preguiça de pesquisar no Wikipedia la vai : Antinoo foi um jovem grego por quem o imperador Adriano se apaixonou na epoca do imperio romano. Ele tinha 54 anos e Antinoo 15, quando se conheceram.Viveram abertamente um relacionamento, pois naquela epoca a homossexualidade era aceita em Roma e na Grecia. Aos 20 anos Antinoo foi encontrado afogado no rio Nilo, e nunca se soube se foi um suicidio ou acidente. O imperador, desesperado, mandou ao longo dos anos erguer cidades, templos, estatuas, tudo em homenagem ao garoto. Nomeou tambem uma constelaçao. No Google imagens voces encontrarao muitas figuras de Antinoo e o garoto era mesmo bem bonito, rs. Eh o simbolo da beleza do homem grego.No livro Memorias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, a relaçao dos dois eh belamente descrita. Tem em PDF gente, vale a pena ler.

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