My Heart Is Open - Capítulo 2: Entre Olhares

Um conto erótico de Joey
Categoria: Homossexual
Contém 2903 palavras
Data: 01/10/2014 18:42:11
Última revisão: 19/10/2014 15:51:34

Por que eu tenho que ser assim? Por que eu tenho que gostar das pessoas mais impossíveis?

Sim, o Leonardo é solteiro e, sim, eu também sou solteiro… Mas, primeiro, o Leonardo não é gay, mas, mesmo se fosse, ele nunca se interessaria por mim. Quer dizer, aposto que existem muitos outros caras, melhores do que eu (como se isso fosse difícil…)no campus que se derretem por ele!

Ou seja: a probabilidade de acontecer alguma coisa, mesmo que mínima, entre eu e ele, eram menores do que ganhar na Mega.

Agora, sinceramente, por que essas pessoas impossíveis tem que ser tão perfeitas?

Tipo, o Leonardo era lindo; carinhoso e carismático com todo mundo; vinha de uma família só um pouquinho rica; era inteligente; e, como se tudo isso não fosse o suficiente, Leonardo sabia fazer a melhor batida de Kiwi que eu já tinha experimentado na minha vida!

- Olha, eu posso até não te conhecer muito bem, mas eu nunca te vi com essa cara de bobo apaixonado antes…

- Não é nada, eu já disse! - falei tentando fazer a Bella mudar de assunto. Luíza, como já provavelmente sabia o porquê de eu estar daquele jeito, deu uma risadinha disfarçada e roubou um gole da minha bebida.

- Ah, eu tô quase morrendo de curiosidade, Joey! - Bella disse se virando pra Luíza - Lulis, você já deve saber! De quem o Joey ta gostando?

- Olha, eu não tenho certeza, mas eu não acho que é ela, não… - Luíza disse piscando maliciosamente pra mim.

- Não, espera, já sei! É a Flávia, não é, ele me perguntou dela a semana inteira!

- Já chega, vocês duas! Eu não tô afim de ninguém! Eu só tô assim porque eu sou fraco pra bebida - falei.

- Mas você nem tinha bebido ainda quando chegou aqui!

Touché.

- Bella, chega de paranóia, vai!

- Tudo bem, mas eu vou descobrir, cedo ou tarde, de quem você tá gostando. Eu sempre descubro - disse com um jeito esnobe, dando de ombros.

Talvez, se a causa da minha “felicidade” não fosse o próprio irmão da Bella, eu já teria lhe contado. Mas eu também ainda não tinha dito a ela que eu era gay… Tudo bem que nós tínhamos nos conhecido no começo da semana, mas, mesmo assim, eu sentia que já devia ter mencionado sobre isso à ela.

“Quem sabe eu conto daqui algumas batidas”, pensei.

Ao decorrer da festa, não pude deixar de notar que o Marcelo não conversava com ninguém a não ser o Leonardo. Ele aparentava estar tendo zero de diversão e isso me fez pensar o porquê dele ainda estar ali.

Eu tava me acabando de rir com uma história que a Flávia contava, sobre uma viagem dela ao Rio que não deu nenhum pouco certo, quando eu reparei que o Marcelo me observava do outro lado da festa. “Ok, isso já deixou de ser esquisito pra ser super esquisito!”, pensei. Sinceramente, quem ele acha que é? Só porque ele se acha o dono do mundo, não quer dizer que ele é… Não quer dizer que ele pode agir do jeito que quiser e sair encarando as pessoas pra cima e pra baixo.

Furioso com o “amigo” do Leonardo, ignorei seus olhares contínuos e voltei a conversar com a Juliana sobre idiomas que nós pretendíamos aprender.

Lá pelas onze horas, quase todos as pessoas que eu não conhecia foram embora. Ficaram somente os meus amigos da faculdade, Marcelo e outros dois caras: Vinícius e Roberto, Bella tinha os apresentado pra Luiza e pra mim. Roberto era um ruivo muito bonitinho, alto e não muito musculoso, que fazia Engenharia Civil junto do melhor amigo dele, Vinicius, que também era bem alto, cabelo castanho em cachinhos e igualmente bonitinho. Ambos aparentavam ter, no máximo, 21 anos.

Roberto começou a dar em cima da Luiza e, em menos de 30 minutos, os dois já estavam se agarrando loucamente.

- A Lulis não perdoa, hein! - Bella disse boquiaberta - Melhor chamarmos o Vinicius pra vir aqui com a gente, o coitado ta segurando um puta candelabro perto dos dois. O que você acha?

Mas eu não achava nada, eu tava ocupado demais observando o irmão da Bella, tentando entender o porquê dele se misturar com gente como o Marcelo. Tipo, eles não têm nada a ver! Ou têm? Talvez o Marcelo não fosse do jeito que eu conheço, com o Leonardo. Ok, isso é quase certeza… Mas, então, por que ele tratava a mim, e todos os outros, dessa forma?

- Joey, acorda, meu filho! - Bella disse batendo as mãos na frente do meu rosto.

- Oi? Ah, sim, o Vinícius… Chama ele, por mim tudo bem - respondi aéreo.

Eu sei que parece idiota, mas eu não conseguia deixar de pensar no Leonardo e no Marcelo, ainda duvidando da amizade dos dois. Bella percebeu que eu tava encucado com alguma coisa, mas ainda respeitava a minha privacidade. Até mesmo o Vinícius pareceu ter notado, depois de umas 10 piadas tentando chamar minha atenção. Meus devaneios continuaram até eu me tocar o quão ridículo eu tava sendo. "Não é da minha conta se eles são amigos, certo?", pensei. "Muito menos, o porquê deles serem amigos!"

Foi então que acordei pra um fato: eu tava escondendo minha orientação sexual pra Bella, enquanto ela já tinha me confiado muitos segredos seus, alguns bem cabeludos, aliás. Se alguém talvez não fosse merecedor de uma amizade, esse alguém podia muito bem ser eu.

Ok, sei que esse tipo de discurso pode parecer muito precoce, que nós nos conhecíamos a só uma semana e, portanto, eu não estava escondendo nada dela… Mas eu sentia que sim. A minha amizade com a Bella tinha sido tão espontânea que ela já parecia ser tão importante pra mim quanto a Luiza.

Ai de mim, se a Luiza ouvisse isso.

Depois de ter reunido um bom punhado de coragem, decidi confiar à Bella um pouco mais da minha privacidade. Perguntei à ela se nós não podíamos ir pra um lugar um pouco mais reservado e, depois de ter lançado um olhar curioso, ela segurou minha mão e me guiou até um jardim nos fundos da casa dela. Eu pude notar o olhar do Leonardo nos acompanhando enquanto passávamos entre o pessoal e eu fiquei com medo de ele chegar a uma conclusão precipitada. Afinal, eu tava “fugindo” de mão dadas com a irmã dele pra sei lá onde. Até eu estranharia… Mas antes que ele pudesse ter alguma reação, nós já tínhamos nos afastado de todo mundo.

O jardim era muito bonito. Arbustos, não muito altos, concediam a um gazebo de madeira escura, ao centro, uma sensação de privacidade imensa, mesmo que ainda era possível ouvir o pessoal na festa.

Bella me mandou um sorriso e correu, se jogando entre dezenas de almofadas de diferentes estampas e cores que estavam dispostas dentro do gazebo. Pra relaxar um pouco da minha tensão, resolvi segui-la.

- Muito bom aqui, né? - Bella disse calmamente, olhando pro céu da noite.

- Sim… Nem parece que a gente ainda ta em São Paulo, - falei com um suspiro - Ah, retiro o que eu disse, aquele ponto mais brilhante era um avião e não um estrela…

Bella riu do meu comentário e, em seguida, se virou em minha direção, agora, com um olhar preocupado.

- Vai me dizer o que tá te incomodando agora? - ela perguntou me encarando com aqueles olhos verdes que, a cada dia, eu me apaixonava mais, tanto nela, quanto no irmão dela. De jeitos diferentes com cada um, obviamente.

- Ah, sim… É que é meio complicado, mas eu quero muito que você saiba disso —

- Você não precisa me contar nada se você não quiser - ela disse me fazendo rir um pouco, deixando-a ainda mais confusa - Eu tô falando sério, seu babaca!

- Eu sei que tá… É por isso que eu tô rindo. Você me faz sentir tão seguro que eu me sinto mal por não ter contado isso antes.

- Isso o quê, Joey? - Bella perguntou, em seguida, dizendo assustada - Ai, meu Deus! Por favor, não me diga que você tá apaixonado por mim?!

- Não! Não é isso… - falei rindo ainda mais de nervosismo.

- Ah… Ok - ela disse aliviada, me olhando ainda mais atentamente.

- Bella, eu… Eu, eu sou gay - falei desviando meu olhar, com o rosto queimando de vergonha.

Ela não disse nada por alguns minutos e eu tive ainda mais medo de voltar a encarar aquele par de olhos verdes, mas, então, ela agarrou o meu rosto e me forçou a olhar pra ela.

- Era isso? - perguntou e eu assenti levemente com a cabeça.

- Eu sei que eu não devia te encher com essas coisas-

Antes que eu pudesse concluir o que dizia, Bella tinha me agarrado em um abraço apertado.

- Não seja idiota, Joey… Eu tô muito feliz por você ter confiado em mim, eu sei que isso é muito importante pra você - disse fazendo um cafuné na minha nuca.

Gratidão e respeito, eram dois dos mil sentimentos que eu sentia por minha mais nova amiga, Bella, durante os poucos segundos (ou assim pareceu) que nós nos abraçamos. Eu tava me sentindo tão estúpido por ao menos cogitar a possibilidade de a Bella ter uma reação diferente a essa que eu comecei a rir mais uma vez.

- O que foi, agora? - ela disse, também rindo.

- Não é nada, eu só tô feliz por ter te conhecido. Obrigado - agradeci apertando ainda mais o abraço, pronto pra desfazê-lo, quando uma voz grossa pigarreou atrás de nós, fazendo nos separar e virar abruptamente.

- Leonardo! - Bella gritou, incrédula, e eu senti uma pontada de pânico crescer dentro do meu peito.

Leonardo estava parado bem em nossa frente, com os braços cruzados na altura do peitoral e uma feição totalmente irada.

“Agora, sim, eu acredito que o Leonardo e o Marcelo são amigos!” eu pensei. Leonardo vestia a mesma cara de desgosto e raiva que o Marcelo usava todas as vezes que me via. Mas, pelo menos, o Leonardo tinha uma “razão”, certo? Quer dizer, não que eu estava agarrado a irmã dele, em um gazebo, à noite, a sós… Ok, pode até ser um pouco suspeito quando se diz assim… Mas nós não estávamos fazendo nada mais do que nos abraçando! “Mas não na cabeça do IRMÃO dela!”, pensei.

- O que vocês pensam que tão fazendo aqui? - ele disse calmamente, o que acabou me assustando ainda mais do que se ele tivesse gritado com a gente.

- Nã-não é da sua conta! - Bella gritou de volta, mas acabou gaguejando um pouquinho. Eu comecei a prestar atenção nos jardins a nossa volta, tentando, ao máximo, não voltar a olhar nos olhos do Leonardo - Mas, só pra constar, eu e o João… Nós somos só amigos.

Uns 30 segundos se passaram em total silêncio, então, achei que era seguro eu voltar a olhar pro Leonardo. Ele parecia estar calculando as 1001 probabilidades para o que a Bella ter dito fosse verdade. Nossos olhares se cruzaram e eu pensei ter visto, em uma fração de segundo, um sorriso acanhado no rosto dele.

- Ok, tanto, faz… Mas se eu pegar você - ele disse, apontando em minha direção - agarrado mais uma vez com a minha irmãzinha, vai se ver comigo, entendido?

Eu assenti rapidamente com a cabeça e ele voltou a falar:

- A galera lá na festa combinou de ir pra balada daqui a pouco. A Luíza vai ir… Você também? - Leonardo perguntou pra mim, curioso. Mas antes que eu pudesse responder, Bella se adiantou, levantando e desamarrotando o seu vestido:

- Opa, claro, só me espera pra eu ir no meu quarto e retocar a maquiagem! - ela disse, mas antes que ela pudesse sair do jardim, Leonardo agarrou-a pelo braço.

- Eu não tava falando com você, eu tava falando com o João. Você vai ficar aqui em casa.

- O quê?! Até parece! Leonardo, todo mundo vai, por que eu não posso? - Bella perguntou irritada.

- Porque eu falei que não - respondeu decidido, soltando o braço dela e fazendo um sinal pra eu acompanhá-lo de volta pra festa.

- Bom, você quem sabe. Agora, se eu não for, eu acho que a Mamãe e o Papai vão finalmente descobrir onde você e seus amigos foram semana passada…

- Você não faria isso - ele disse, como se não reconhecesse a própria irmã.

- Será? - Bella disse olhando pra cima, considerando as chances - Vai, Léo, para de frescura. Eu nem bebi nada hoje, eu só quero ir pra balada pra dançar um pouco.

Leonardo encarou sua irmã por mais um tempo, depois, voltou a olhar pra mim. Ele parecia estar cogitando a possibilidade de eu voltar a ficar a sós com ela.

- Não sei, não, Bella… A mamãe e o papai não iam gostar de você sair sem a permissão deles - ele disse preocupado.

- Pelo amor, Lélo, eu já tenho 18 anos! E do jeito que você tá falando parece até que eu vou ir sozinha…

- Ok, ok! Mas não demore muito, a gente vai ir sair em 5 minutos - ele disse e Bella saiu correndo, alegre, pra “retocar a maquiagem”.

Durante alguns segundos, Leonardo e eu ficamos no jardim… A sós, sem nos olhar diretamente e em silêncio. Então, ele voltou a falar:

- Bom, agora que a Sra. Eu-Quem-Mando-No-Barraco se convidou pra ir junto, não tem espaço pra você ir no meu carro… E o carro da Ju também ta lotado —

- Não tem problema, eu pego um táxi de volta pro meu apê, não esquenta - falei desapontado, me virando, quando ele agarrou meu braço.

- Calma, não foi isso que eu quis dizer - ele disse sorrindo, mas assim que notou minha cara de surpresa por ter me segurado pelo braço, me largou e desfez o sorriso. - Eu só disse que não vai dar pra você ir nem comigo, nem com a Ju, mas o Marcelo ia ir sozinho, você pode ir com ele se não tiver problema.

“Nem fudendo!”, pensei. Se eu e o Marcelo mal podíamos ficar mais do que poucos segundos próximos um do outro sem que ele me lançasse aquele seu olhar fulminante… Quem sabe o que aconteceria se fôssemos só nós dois, em um carro, até essa balada.

- Hm… Não sei, não, Leonardo.

- Leonardo? Uau! - ele disse rindo mais uma vez - nem meus pais me chamam de Leonardo. Pode me chamar de qualquer coisa, menos “Leonardo” - ele tentou imitar minha voz, mas não foi nada parecido…

- Tudo bem, Vossa Excelência, O Grande Lélo! - falei pomposamente, fazendo o rir mais uma vez.

- Então, você vai com o Marcelo, certo? - ele perguntou.

- Se ele prometer não me matar, talvez… Mas eu ainda acho melhor eu pegar um táxi e ir embora.

- Até parece, você vai com a gente pra balada e ponto final! E relaxa, o Marcelo late, mas não morde - ele disse com uma piscadela, me deixando sozinho no jardim.

“Com certeza, irmão da Isabella!”, conclui pra mim mesmo e voltei pra festa.

Alguns minutos mais tarde, Bella já tinha voltado do seu quarto e estava tão animada que não conseguia parar quieta. A razão por estar tão empolgada, segundo ela, se devia ao fato de uma das suas DJ’s favoritas tocar nessa mesma balada que estávamos indo.

O pessoal, com excessão daqueles que iam dirigir, estava fazendo um último Esquenta com Tequila, mas Bella e eu decidimos que já tínhamos bebido o suficiente pra nos divertirmos e só ficamos observando as caretas de todos. A Luíza, de longe, era a que mais estava se divertindo. A cada virada de Tequila garganta à baixo ela urrava um grito de guerra diferente. Bella me perguntou se nós devíamos nos preocupar, mas eu garanti que a Luíza bebia esse tanto quase toda vez que saíamos.

Já na garagem, eu tava me segurando muito pra não chamar um taxi e ir embora o mais rápido que eu pudesse sem chamar a atenção de ninguém.

A ideia de ficar próximo do Marcelo, a sós, tava me levando ao desespero. Claro, que isso só aconteceria se ele realmente me desse essa carona até a balada, o que eu duvidava muito.

Provavelmente, assim que o Leonardo o pediu pra eu ir no carro dele, ele foi embora lastimando minha existência.

Mas, infelizmente, não. Lá estava ele, recostado no seu humilde carro, mascando chiclete e com a mesma cara de mau humor que eu tinha visto mais cedo.

- Bella, você tem certeza que eu não posso ir com vocês? - falei com uma cara de cachorro que caiu da mudança.

- Joey, pelo amor… - ela disse revirando os olhos. - O Léo tá certo, o Marcelo é mais inofensivo do que um Pincher.

- Pois saiba você que minha tia Helena tem um Pincher que quase arrancou meu dedo fora, uma vez!

Bella riu e correu pro carro do Leonardo, onde eu notei Flávia, Rodrigo, Thiago e Leonardo se divertindo e ouvindo música. Também vi Luíza entrando no carro da Ju de mãos dadas com o Roberto. Vanessa, Vinícius e outra garota que eu não conhecia, também estavam no carro da Ju.

Me virei e encontrei Marcelo me olhando:

- Então, a Donzela já ta pronta pra irmos, ou ainda vai retocar a maquiagem ou fazer qualquer outra coisa? - ele disse com o sorriso mais cínico e irônico que eu já tinha visto.

Não respondi a pergunta, só pra melhorar ainda mais o clima. Depois de uma reza silenciosa; simplesmente, abri a porta do passageiro e, com o pedido de licença mais grosseiro que eu pude dizer, entrei no carroDeixe seu voto e sua opinião!

Beijos, beijos! ;p

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Harvey King a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários