Nos últimos dias Anderson e eu ficamos juntos quase que o tempo todo, mas mesmo que fiquemos abraçados até começar a doer, não seremos capazes de nos tonar um nó. E como eu desejei que isso fosse possível. Desejei mesmo.
Mesmo que não seja mais que um profundo que um simples carinho, tocarmos um ao outro é doloroso. Quando sua pele doce e suave está em meus dedos, meu peito está apertado.
— Por favor, interlace nós dois. Eu já não consigo mais sonhar. Tenho perdido meu rumo segurando nossas mãos — disse And ao meu lado na cama.
Sinto que estou caminhando em direção ao árduo amanhecer. As verdadeiras palavras com certeza devem estar em algum lugar desse mundo, escondidas entre suas noites silenciosas.
Certamente até agora eu não soube dizer qual a diferencia entre o certo e o errado.
Seria errado o que estávamos fazendo?
Minhas relações com meu gêmeo.
Parte 1.
Meu nome é Fernando. Tenho um irmão gêmeo chamado Anderson — nossos pais foram sábios não nos dando nomes parecidos, uma vez que somos completamente opostos —. Quase sempre o chamo apenas de And.
Somos idênticos quando o assunto é físico. Ambos não muito altos nem muito fortes. Como sempre gostamos de nos cuidar, conseguimos manter um corpo legal. Não viramos uma bola de músculos, mas temos alguns. A maior diferença está no nosso cabelo. O meu é sempre jogado sobre a testa, uma mecha fica sobre meu rosto, cobrindo meu olho esquerdo. Meus olhos e cabelo são de um castanho claro, assim como os de Anderson. Já o cabelo dele está sempre em pé, e com muito gel. Se arrumarmos nossos cabelos para ficarem iguais, até nossos pais tem dificuldade em saber quem é quem.
Desde que me entendo por gente, dormimos no mesmo quarto. A minha fica a direita, longe da janela. Porque não gosto muito da luz do sol. Uma das razões da minha pele ser tão estranha em relação aos meus amigos. Apesar de ter duas camas no quarto, só ocupamos uma. Na maioria das vezes um imigra para a cama do outro. Quase sempre sem ter um motivo, apenas gostamos de ficar um perto do outro.
Hoje a noite não foi diferente. Depois de escovar os dentes, após o jantar, peguei meu travesseiro e me joguei do lado de And. Ele estava virado para a parede quando eu cheguei, mas logo ele se virou para mim e me abraçou. Esse é um comportamento que minha mãe já tentou quebrar. Não importa onde estamos, quando eu fico perto de And, nós ficamos abraços, com um atrás e outro a frente. É outra coisa que fazemos sem um motivo, apenas nos abraços e dormimos assim.
— Boa noite, Fefe — disse meu irmão atrás de mim. Ele me apertou mais forte e soltou à respiração nas minhas costas, isso me causou um arrepio.
— Boa noite — respondi fechando os olhos.
No meio da noite acordei com um barulho em cima do telhado. Depois de ter certeza que era apenas um pássaro, tirei os olhos do teto branco e monótono e os desci até meu reflexo do outro lado da cama. Lá estava o ser que tinha o mesmo rosto que o meu, as mesmas mãos. Acho que posso dizer que: ele era lindo como nenhum outro era. Quando dormia se assemelhava a um anjo.
— O que foi? — perguntou Anderson olhando para mim com apenas um olho aberto. Sem duvidas o pássaro não acordou só a mim. Eu disse que não era nada, depois o olho, da cor de mel com o brilho semelhante quando ele é exposto ao sol, se fechou outra vez.
Acordamos em uma fria amanhã de sábado. And não se incomodando muito com o frio, logo pulou da cama e foi lavar o rosto e escovar os dentes. Eu como sempre fiquei na cama reclamando do frio. Apesar de termos o mesmo sorriso, temos hábitos completamente diferentes. Enquanto Anderson corre atrás de uma bola de futebol com seus amigos, eu fico em casa assistindo a animes no meu notebook. Geralmente me jogo em minha cama usando apenas uma cueca boxer e levo horas e horas vendo animes. Outra coisa que nos diferenciava é a parte sentimental. Anderson é capaz de bater em uma pessoa desesperada até ela se acalmar, já eu iria saber dos problemas dela e, com certeza, ficar desesperado também.
— Toma, seu preguiçosinho — disse And. Ele me trouxe uma xícara de chocolate quente, que acabara de fazer. — A mãe foi caminhar e mandou você pegar a lista que está sobre a mesa e comprar as coisas — Anderson tomou um gole de seu chocolate quente, depois acrescentou. —, o dinheiro está no mesmo lugar de sempre.
O lugar de sempre é um pote que fica dentro do armário. Meu pai o abastece toda semana.
— Você vai comigo — disse tomando o resto do chocolate.
E mais uma vez, Anderson e eu passamos o dia todo juntos. Depois do supermercado fomos ao shopping. Voltamos quase na hora do jantar.
No nosso quarto, minha imagem estava tirando sua camisa. Ele a segurou e a tirou em um só movimento, quando percebi, ele a jogou no meu rosto. Sem querer ou pretender fazer aquilo, respirei assustado e senti o cheiro de And. Era um cheiro diferente dos perfumes, era mais gostoso. De alguma forma era único e…
— Palhaço — disse jogando a camisa de volta para ele, tentando não pensar no que seu cheiro trouxe a minha cabeça.
Fiquei olhando And tirar seu short. Nos últimos anos, comecei a perceber que o corpo de And, assim como o meu, estava ganhando formas e jeito de homem. Não queria ficar pensando muito sobre o assunto, mas também não poderia negar que ele estava ficando mais bonito, estava começando a ficar atraente. Seu sorriso, que antes era apenas de uma criança, agora era de um jovem adulto. Seu maxilar agora contraia muitos músculos em seu sorriso, me fazendo corar às vezes.
— Fefe? — perguntou Anderson parando a minha frente. Ele segurava a toalha sobre a cueca boxer. Percebi que ele estava mordendo seu lábio inferior, como sempre fazia. — Acorda menino, não ouviu a mãe te chamar?
Levantei-me para ir até a cozinha, de onde ouvi os chamados. Antes de sair, olhei uma ultima vez para trás, sabendo o que iria encontrar And de costas para mim, sua cueca estava apertando seu bumbum firme e mais atraente que o bumbum de qualquer mulher que eu conhecia.
Nos últimos tempos, todas as moças que eu olhava não me chamavam a atenção em nada, mesmo aquelas com peitos fartos que fazia todos os homens babarem. Meus olhos só se interessavam por artigo masculino, por assim dizer. Sinto algo estranho quando um cara passa perto de mim e logo começo a sentir um formigamento, às vezes desvio o olho e começo a pensar em coisas nada haver, como eu beijando uma guria, a ideia me causa arrepios e logo o formigamento vai embora.
Todavia, And sempre está comigo, e olhar para ele e não sentir o formigamento é quase que impossível.
Quando cheguei à cozinha minha mãe me pediu para ajudar na mesa, já que meu pai ainda não havia chegado. O que se tornou mais frequente nos últimos meses e um grande motivo para que os dois brigassem. Com tanta briga e ausência, eu cheguei à conclusão que: a família perfeita está se desfazendo. E tenho medo do que ira acontecer quando a base de tudo acabar.
And me falou uma vez que se isso acontecer, ele ira com nosso pai para onde quer que ele vá, eu por outro lado, não consigo ficar longe da chata da minha mãe. Ficar sem And e meu pai, seria um golpe duro. Há duas ou três noites, sonhei com essa hipótese e o resultado foi eu acordando chorando. Por sorte, Anderson sempre está ali para me ajudar durante a noite.
Quando terminei de colocar a mesa, fui tomar banho.
Meu pai não apareceu para o jantar daquela noite. O que causou briga assim que ele entrou pela porta dos fundos. Enquanto eles brigavam fui até a porta ouvir o que falavam, quando olhei para trás. And estava pulando a janela no nosso quarto.
— And! — gritei, mas era tarde de mais. Ele sumiu na noite. Corri até a janela e pulei atrás dele. Já sabia o que ele iria fazer e aonde iria, e tinha que impedi-lo.
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É pessoal, resolvi escrever mais essa história, espero que gostem.
Agradecimentos a:De Souza, Junynho Play, kaduNascimento, fabi26, fabi26 (2 vezes pq esqueci de te mencionar em um cap. sua machorra) Agatha1986, geomateus, Vi(c)tor (e não, meu nome não é Yuri, queria que fosse :( ), CrisAC e Victor1607.
Beijos para você e uma ótima semana :p
