Desejo e sentimento

Um conto erótico de Juh
Categoria: Heterossexual
Contém 1567 palavras
Data: 12/09/2014 22:32:39

Manhã chuvosa e eu, como sempre, pensando em você, imaginando onde estaria, o que estaria fazendo... Estaria pensando em mim da mesma forma que eu penso em você? Não sei, dúvidas e mais dúvidas, essa é a minha vida depois que te conheci. Sabia que não poderia seguir adiante com você, que a melhor forma de conduzir nosso contato seria na base da amizade, mas como resistir às suas investidas? Como dizer não ao seu hálito quente ansioso por provar meus lábios?

Em meu apartamento ouvia alguns novos sons, novas vozes no imóvel ao lado, coisa rara de se vivenciar já que no prédio os moradores eram bem antigos, alguns, inclusive, com residência própria, mesmo assim continuei separando meu material de trabalho para a noite, tinha um evento dali umas horas. Logo o barulho se aquietou, a mudança deveria ter terminado. Aproveitei para tirar o meu costumeiro cochilo antes de ir ao trabalho. Acordei me arrumei e peguei minhas coisas decidida a pegar meu táxi até o evento, afinal a noite seria longa. Abri minha porta e o corredor estava entulhado de coisas, caixas para todos os lados, sacos plásticos imensos, coisas de mudança. Saltei alguns objetos, me equilibrando para não cair e torcendo para chegar ao elevador sã e salva, quando ouvi uma voz dizendo:

_ Logo logo tiro tudo, não se preocupe.

Levantei meu olhar e o vi. Meus olhos miraram os dele. Ou será que eram os deles que miravam os meus?

Me forcei a sair do meu devaneio momentâneo e disse:

_ Ah, não esquenta, mudança é sempre um tormento. Estou de saída também, boa noite.

A coisa que eu mais queria era de desaparecer dali, mas não sabia o motivo que me levava a isso.

Ele disse: _ Prazer, meu nome é Danilo.

Que idiota que eu sou, nem pensei em me apresentar, ao invés disso, fiquei igual uma banana olhando pra ele, hipnotizada.

Por educação, cumprimentei e estendi a mão falando meu nome em seguida.

_ Prazer.

Rapidamente retirei a mão. O que era aquele choquinho? Seria normal? Bom, tentei ignorar e retomar meu caminho.

Disse: _ Preciso ir, boa noite de novo.

A sensação de estar na segurança do elevador me fez respirar de novo. Ufa! Por que era tão desconcertante? O cara era um completo estranho pra mim. Eu devia estar doida. Só podia...

No outro dia acordei morrendo de fome e doida por um pãozinho quentinho, tomei um banho à jato, me arrumei e antes de abrir a porta, dei uma olhadinha no olho mágico, graças, porta fechada, tudo quieto e saí. Com minha fome aumentando, apertei o passo até a padaria, me rendi às guloseimas, saí pedindo um monte de coisas e uma voz familiar veio até meus ouvidos. (Não podia ser)

_ Que fome hoje, hein?

Virei e lá estava ele, com um sorriso de 'me beija' para a minha perdição. Não consegui dizer muita coisa, formar um diálogo coerente.

_ Er... Oi, bom dia.

Dei um sorrisinho para não parecer tão estúpida por ser pega de surpresa. Como eu não o tinha visto ali?

Ele seguiu com a conversa: _ Se eu soubesse que você viria teria esperado sua companhia, odeio tomar café sozinho.

Sorri de novo, mas que ridícula, pra que eu estava sorrindo?

Danilo se levantou e disse: _ Bom, já que está indo pra lá eu acompanho você, tenho que arrumar algumas coisas ainda, na verdade muitas coisas. Posso?

_ Ah sim, claro. Pode sim.

Saímos e fizemos o caminho de volta ao apartamento, ele fazendo algumas perguntas e eu somente respondendo, meio sem jeito, sem olhar direito e doida pra chegar em casa e respirar de novo. Quando chegamos ao elevador o clima ficou ainda mais tenso pra mim, só eu e ele, meu coração acelerou e eu torcia para ele não ter reparado essa babaquice minha. Se notou, disfarçou, continuou conversando até a porta se abrir quando falou:

_ Bom apetite pra você, se bem que eu acho que não preciso dizer isso, comprou a padaria toda.

Nessa hora não pude deixar de dar uma risada espontânea e disse:

_ Acho mesmo que não precisa, viu! Hoje acordei mais faminta que um leão.

E o comentário dele me deixou de novo encabulada: _ Ou como uma leoa...

Aproveitei o momento e disse: _ Preciso ir, até mais.

Saí apressada e fechei a porta logo em seguida. Recostei nela e puxei todo o ar da atmosfera. Pensei: Para o mundo agora. O que essa cara estava fazendo comigo? Por que eu me sentia constrangida com ele? Por que não olhava direito pra ele? Por que ele estava me fascinando? Eu devia estar carente, sim devia. Tudo o que eu não precisava aquele momento era me envolver com alguém. Queria focar no meu trabalho e me divertir, só isso.

Naquele dia não estava com evento nenhum para fazer e decidi que ficaria em casa ara me cuidar, cabelo, pele, unhas... enfim, colocar tudo em dia. Era sexta, mas estava muito cansada para sair. Só queria relaxar. Por volta das 20h campainha toca, pensei: D. Judith (uma espécie de síndica do prédio, um amor de pessoa). Engano meu, abro a porta e dou de cara com o Danilo, mãos no bolso e sorrindo, ahh esse sorriso, por que ele sorria tanto?

Então disse: _ Eu estou indo fazer um lanche você quer ir comigo? Como eu disse eu odeio comer sozinho e sua companhia ia ser agradável pra mim. Vamos?

Comecei a responder: _ Bem, eu...

Ele interrompe: Ah, vamos lá. Me recomendaram este lugar e eu quero muito ir, mas só se for com você.

Sorri e disse: Ok, me dá um tempo para um banho?

_ Sem problemas, podemos sair às 21h, pode ser?

Respondi que sim e fui para o banho e me arrumar. O que eu estava fazendo? Bom, resolvi não me martirizar ainda, seria uma chance de eu conhecê-lo, desencanei e deixei acontecer normalmente.

Chegamos ao local, um lugar bem legal, era perto de casa, mas eu não conhecia.

Conversamos sobre várias coisas, descobri que ele estava na cidade a trabalho de segunda a sexta e que fim de semana retornava pra casa, teve uma proposta boa irrecusável. Até então não tinha visto nenhuma aliança, mas hoje isso não quer dizer muita coisa. A conversa até que foi muito descontraída, acho que o diverti. E ele também me divertiu muito, espontâneo e sorridente quase sempre, exceto quando me olhava nos olhos. Eu sempre abaixava a cabeça ou disfarçava com outra coisa, olhando para um ponto específico.

Aí do nada ele me pergunta: _ Por que tão tímida em alguns momentos?

Pronto, bastou! Acho que fiquei de todas as cores do arco-iris. Respondi: _ Bom, acho que sou assim, faz parte da minha personalidade, essa sou eu.

Ele me olha mais uma vez e diz: _ É fascinante!

Naquela hora meu sangue esquentou todo meu corpo, minha vontade era de não tirar mais o olhar dele, porque eu também estava fascinada por ele. Parecia que a boca dele me chamava, era como um ímã. E diversas vezes ele ficava encarando a minha boca, quando fazia isso ele molhava os lábios. Vamos combinar, ele queria acabar comigo. Nesse momento as palavras fugiram de mim, fiquei muda e sem saber o que falar. Só sorri. O mesmo sorriso besta de sempre quando não tinha o que dizer.

Ele quebrou o silêncio: _ Eu te achei fascinante desde a hora que te vi quase caindo em cima das minhas coisas no prédio, você é fascinante por ser você. E não é cantada idiota não, é a verdade. É meio estranho até falar, mas ali naquela hora eu disse pra mim mesmo, eu quero ela.

Quando ele falou isso eu surtei, tipo, como assim? O cara nunca me viu, não sabia nada sobre mim, como pode isso? Por fim falei: _ Olha, isso não cola comigo, viu? (Pior que era mentira, estava colando)Você não me conhece e eu não acredito que isso aconteça dessa forma.

_ O que não pode acontecer? Eu ter me interessado por você? Como você acha que conhecemos alguém? Tem formas diferentes, reconheço, mas não tem a forma certa, tem que ser de um jeito ou daquele outro, a gente simplesmente olha e se interessa, simples assim.

Eu disse: _ Não é tão simples assim. Eu acho que você devia...

Ele me corta: _ O que eu devia? E nesse momento chega bem perto de mim, pude sentir o calor da sua boca próxima a minha, falando baixinho de modo que só eu escutasse. Pegou minha mão e com a outra meu queixo, eu abaixei e ele levantou em seguida dizendo: _ Me diz, o que eu devo fazer? Não disse nada, só o olhei nos olhos e ele se aproximou provando minha boca que já estava ansiosa pela dele. Me beijou suave no início como que me conhecendo, conhecendo meu gosto, experimentando a textura dele, se separou um pouco para logo depois retornar mordendo de leve meu lábio inferior e me envolveu num beijo mais ardente, mais faminto, com mais desejo, ansioso, não me dando tempo de respirar.

Esse foi apenas o nosso primeiro beijo. Um beijo que nem poderia ter acontecido, se eu fosse mais cautelosa, se eu não tivesse deixado a vontade me dominar, se eu também não o quisesse.

A história continua... e entenderão.

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