Gotas de Júpiter - Pensando na vida - 01x03

Um conto erótico de Escritor Sincero
Categoria: Homossexual
Contém 1274 palavras
Data: 02/09/2014 00:58:15

Odeio a música ‘Festa’ da Ivete Sangalo. O motivo? Ela é o toque do meu despertador. Desligo meu celular de qualquer jeito e levo pelo menos cinco minutos para sair da cama. Vou até o banheiro e me olho no espelho.

“Hoje tem festa no gueto... pode vir pode chegar”

Thiago: - Maldito. (pegando o celular de cancelando o despertador)

Quando desço a dona Maria já está na cozinha fazendo o café. Ela está trabalhando com a gente. Tomo meu café e me despeço de Maria. Minha casa não é tão distante da escola, então optei por ir de bicicleta mesmo. Vou ouvindo minhas faixas de musicais da broadway e pensando na vida. Adoro pensar na vida. Fazer anotações mentais. Essas coisas.

Longe dali.

Marta: (jogando algo em cima de uma cama) – Acorda porra!!!

Gustavo: (acorda assustado)

Marta: (pegando uma garrafa de vodka e servindo num copo) – Vai chegar atrasado na escola nova. Já não foi ontem e agora vai perder de novo? Acha que foi fácil conseguir essa bolsa de estudos?! Vai ser um vagabundo igual ao teu pai... não vai servir pra nada... viado de merda. Devo ter sido uma pessoa muito ruim na outra vida.

Gustavo se trancou no banheiro e decidiu que aquelas palavras não o afetariam. Tomou banho e só saiu do quarto quando percebeu que sua mãe Marta não estava mais na casa. Ele abriu uma cômoda e tirou uma parede falsa da mesma. Contou algum dinheiro e colocou na carteira. Ele sai do prédio de onde mora e pega o ônibus correndo.

Vejo o prédio do Madre Tereza de longe. Alguns alunos caminham, outros vão de carro. Não entendo como esse povo pode ser tão animado num frio desses. Na entrada encontro Ludmila.

Ludmila: - E o teu pai como reagiu?

Thiago: (colocando a trava de segurança da bicicleta) – Mal. Muito mal. E o pior de tudo, ele me fez sentir mal.

Ludmila: - Mas foi um acidente.

Thiago: - Explica isso pra ele. E me conta? Como vamos produzir um baile? Eu nunca fui a um... que dirá fazer...

Ludmila: - A Suzana passou uma mensagem por what’s app. (me mostrando)

Bruxa do 71 diz:

“Reunião na sala 243. Às 14h. E chama aquele menino de moletom preto”.

Thiago: - Acho que malévola combinaria mais com o nome dela.

Rimos um pouco.

Enquanto passávamos no corredor, algumas pessoas riam e apontavam. Bruno nos cumprimentou e Kim acenou de longe para a gente.

Thiago: - Eu percebi que você não faz parte de nenhum clube ou panelinha?

Ludmila: - Acho isso babaquice. Coisa de adolescente que não tem nada melhor pra fazer da vida.

Thiago: - Também nunca fui muito disso. Mas a gente faz parte do grupo invisível.

Na aula de biologia, o professor passou muito tempo falando sobre as transformações do homem, até parecia uma aula de filosofia. Ele falou algo que eu até anotei no caderno: “O ser humano é responsável pelas suas próprias mutações”.

Gustavo: - Com licença professor...

Professor Gerson: - Pode entrar rapaz. Qual é o seu nome? (procurando na lista de chamada)

Gustavo: - Gustavo Oliveira. É o meu primeiro dia aqui.

Professor Gerson: - Tudo bem. Hoje é a minha primeira aula também. Pode sentar.

Gustavo: - Obrigado.

Gustavo sentou próximo a mim. Nunca fui de sentir tesão em garotos da minha idade, confesso que ele chamou bastante a atenção. No intervalo encontramos Kim com dificuldade em abrir uma lata de refrigerante. Eu a ajudei e sentamos próximo da árvore do jardim.

Ludmila: (comendo um sanduíche de queijo) – Nossa o professor Gerson dá uma volta no mundo para falar sobre qualquer coisa.

Thiago: - Pensava que era aula de filosofia.

Kim: - Verdade. Espero que ele siga o conteúdo avaliativo dele baseado em Biologia. (mordendo uma maça).

Gustavo: - Com licença. Posso sentar aqui com vocês?

Todos: - Claro. Pode sim.

Thiago: - Tudo bem? Me chamo Thiago.

Kim: - Sou a Kim. (estendendo a mão)

Ludmila: - Ludmila, prazer.

Gustavo: - Oi, gente.

Ludmila: - Estávamos falando aqui sobre a aula do professor Gerson.

Gustavo: - Nossa... parecia aula de filosofia.

Thiago: - Amém irmão! (estendendo a mão e batendo na do Gustavo)

Suzana: (chega próximo com um grupo de amigas) - Queridos. Não esqueçam da reunião hoje no auditório.

Ludmila: - Eu quero morrer!

Gustavo: - Reunião da turma? Perdi alguma coisa do primeiro dia?

Thiago: - Perdeu muita coisa Gustavo. Muita coisa. Ahh gente... agora que lembrei. Preciso falar com a diretora Flora. (levantando rapidamente)

Ludmila: - Vamos te esperar na sala.

Alex é meu irmão e eu o amo. Porém em alguns momentos tenho vontade de esganar aquele pescoço branquelo. A diretora Flora estava com um novo penteado naquele dia. Era uma peruca muito mal colocada e desgrenhada. Sorri. E expliquei o motivo da minha ida até lá.

Diretora Flora: - Não se preocupe. O pai de Suzana já pagou o prejuízo.

Thiago: - Meu pai foi bem claro. A senhora pode aceitar para investir em outro setor da escola. Fazer algum programa de música.

Diretora Flora: - Você é músico meu jovem?

Thiago: - Sim. Toco piano. Aprendi com a minha mãe... é de família, eu acho.

Diretora Flora: - Entendi. Tínhamos um coral aqui na escola. O responsável era o aluno Lucio e...

Thiago: - Ahh. Eu soube. Uma pena.

Diretora Flora: - Uma pena mesmo. Pobre garoto. Sempre o via sentado na ponte que dá acesso a escola. Sozinho. Se eu soubesse.

Thiago: - Verdade. Bem diretora. Eu preciso ir para a aula agora. Obrigado pela atenção.

No corredor da escola esbarro com Alex. Ele sorri e diz que está preparando um experimento que todos na escola vão gostar. Penso em intervir, mas a última vez que tentei ajuda-lo me dei mal.

Thiago: - Vamos deixar a natureza seguir seu fluxo! (sorrindo)

A segunda aula era de língua portuguesa. A professora se chamava Gláucia e parecia ser um pouco carrasca. Sempre me dei bem na matéria, então fiquei tranquilo. O conteúdo programático era bem coerente, ainda mais quando um dos módulos era Literatura. Ludmila enviou um bilhete para mim.

“Acho que não vou para a reunião com a Suzana”.

“Pq?”

“Sem saco”

Droga. Acho que me lasquei nessa. A Ludmila era uma das poucas pessoas que realmente eu consideraria uma amiga. Nas minhas outras escolas não tive um grupo, apesar de não ser antissocial.

“Vamos... por favor?”

“Ok. Ok.”

“Te devo essa”

No final da aula fomos para a reunião. Quando entramos o Bruno e a Kim já estavam lá.

Ludmila: - Cadê a presidenta?

Bruno: - Sabe Deus. Estou aqui há dois minutos.

Kim: - Cheguei faz pouco tempo. Acho que deveríamos começar a reunião.

Percebi que aquela era uma sala de música. Alguns instrumentos estavam cobertos por lonas brancas. Sentei na cadeira do piano e comecei a tocar uma canção.

Ludmila: - Olha. Temos um famoso aqui.

Bruno: - Eu toco violão. Faz tempo que não venho a essa sala... desde...

Kim: - O incidente com o Lúcio.

Thiago: - Eu falei com a diretora Flora. Ela me disse que ele era o líder do coral da escola. Vocês faziam parte? (olhando para trás)

Bruno: - Sim. Na verdade o coral era ele. Eu tocava violão, a Ludmila o baixo e a Suzana por incrível que pareça é baterista.

Ludmila: - Era uma época boa. (celular dela toca)

Bruxa do 71 diz:

“Gente infelizmente minha mãe teve um problema de saúde. Estou correndo lá na clinica de estética. Marcamos amanhã no mesmo horário”

Graças a Deus. Pensei comigo mesmo. Me despedi do pessoal e peguei minha bicicleta. Quando olho para a ponte freio bruscamente e sinto um frio na minha espinha. Vejo o Gustavo sentado na lateral da ponte. Fico sem saber o que fazer. E agora?!!

Gente como falei a minha série vai entrar toda a segunda-feira. Quem quiser entrar em contato: escritor.sincero@gmail.com

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