Meu Inimigo Não Era Hétero - pt. 18

Um conto erótico de alext91
Categoria: Homossexual
Contém 1742 palavras
Data: 29/09/2014 19:53:09

As semanas que se passaram foram basicamente de adaptação. O Neto estava prestes a fazer o vestibular e eu o ajudei bastante, já que tinha muito tempo livre. Física (ele pode até dizer que não), mas eu o ajudei bastante, já que era minha matéria preferida no Ensino Médio. Ele colocou as caras nos livros e prestou o vestibular. Depois disso, nosso "relacionamento" esfriou, na verdade, voltou a ser como era quando nos conhecemos: sem sexo. Acho que ele deveria saber que o Marcelo mexia comigo.

Um pouco antes das festas de fim de ano, ele decidiu que iria passar um tempo com seus pais. Eu sabia que aquilo deveria ser mesmo a vontade dele, até porque ele nunca tinha passado um natal longe dos pais e tal, concordei de boa. Ele disse que se não passasse no vestibular apenas voltaria pra pegar suas coisas e voltaria pra sua cidade natal, tentaria alguma particular, pois, segundo ele, era mais fácil de ser aprovado. Eu tentei argumentar, mas foi em vão: o cara era o maior cabeça dura.

Logo o natal chegou e nesse tempo eu evitei sair ao máximo. Sempre a Ju e/ou o JF iam à minha casa, a gente conversava, saia pra jantar, mas numa coisa mais reservada. Depois do ocorrido na minha casa eu ainda não tinha visto o Marcelo e queria não ver ele por um bom tempo. Infelizmente, o mundo não gira ao nosso redor e um dia antes da véspera de natal, eu, a Ju e o João saímos pra jantar e quem estava lá? Exatamente. Ele estava maravilhoso. Camisa polo vermelha, uma bermuda xadrez e um sapatênis. Eu que o fiz gostar de usar camisa polo, porque ele só gostava de gola v. Até então eu tava super tranquilo, até que uma mulher chegou por trás dele e segurou em sua mão e veio em nossa direção nos cumprimentar.

- Oi, pessoal – ele disse seco.

- Amor, isso é jeito de falar com seus amigos?

- Como você quer que eu fale?

- Sei lá, credo, que bicho te mordeu? Até ainda agora você tava todo sorridente, e agora tá todo grosso. – nesse momento ela puxou uma cadeira e sentou-se a minha frente.

- Eu não tenho nada. Escuta, pede logo, me deu uma dor de cabeça repentina, acho que foi da academia – Marcelo passava a mão em seu próprio pescoço.

Todos na mesa ficaram constrangidos com a situação, pois a acompanhante nem se quer me cumprimentou. A Juliana me olhou com uma cara de “como assim”, e então eu já sabia que ela ia aprontar alguma. Eu ia tentar falar alguma coisa, mas ela foi mais rápida. Ponto pra ela.

- Marcelo, você não vai apresentar sua namorada pro Alexandre? – Ju soltou um sorriso sinico.

- Han... é... – Marcelo ficou sem graça, e eu também.

A tal namorada dele deu um suspiro e praticamente se espantou, o que me deixou com medo.

- Você que é o tal Alexandre? – ela perguntou surpresa.

- Sou, sim. Muito prazer – estendi minha mão a ela.

- Que isso, perdão, que falta de educação a minha. Já ouvi falar muito de você, todo mundo aqui te glorifica. É Jesus no céu e você na terra.

Nesse momento todo mundo fez cara de tédio, provavelmente por ela estar falando de Jesus.

- E você, seu Marcelo, nem me apresenta seu amigo. – ela lhe deu um tapa no braço.

- Nós não somos muito amigos – me limitei a responder apenas isso.

- Como não? Até umas semanas atrás, o fundo de tela do computador do Maurício era uma foto de vocês duas. – nesse momento eu senti meu rosto queimar, e provavelmente o Marcelo estava vermelho também.

- Ah, é mesmo... bom, acho que foi a distância que deixou nossa amizade conturbada – respondi.

- Ah, tenho certeza que não foi – disse Marcelo enquanto fingia uma tosse.

Eu sabia que se eu continuasse ali, nós iríamos brigar, então não deixei aquilo se estender e logo inventei uma chamada urgente da minha mãe e fui pra casa. Eu e Ju fomos pra casa, enquanto o João ficou mais um tempo segurando vela pro casal.

Quando estávamos no carro, Juliana começou a tirar o salto e a sua maquiagem.

- Ale, quando você ia me contar?

- Contar o que? – estava concentrado no volante.

- Que você gosta do Marcelo... – ela me olhou calmamente.

Eu freei o carro com tudo no acostamento.

- De onde você tirou essas ideias? Acho que esse removedor de maquiagem tá afetando teus neurônios – tentei ficar calmo.

- Alexandre, eu não nasci ontem. Olha, eu até desconfiava e tal, mas hoje foi a gota d’agua. O que me deixa chateada é que eu sou sua melhor amiga e vice versa, e você não me contou nada.

- Olha Ju, as coisas aconteceram muito rápido e eu fiquei com medo da reação de vocês. O único que sabe de tudo é o João.

- Com medo? Meu Deus, eu nunca te rejeitaria. – ela pegou na minha mão.

Eu comecei a contar toda a história pra ela, desde quando nós nos conhecemos, passando pro dia da festa na casa dela, o dia que nós transamos pela primeira vez no hotel, quando ele ficou me esperando no hall, quando saímos pra jantar e até quando ele quebrou meu celular.

Nós estávamos tão entretidos que nem notamos que estávamos parados em um local que não era permitido estacionamento. Resultado? Uma multa e meu carro foi levado pelos policiais.

Aquele era um ótimo jeito de começar o dia da véspera de natal: em uma delegacia. Eu ligava pra todos os números possíveis em casa, mas ninguém atendia. Provavelmente estavam todos entretidos em fazer comida ou ver filmes de natal, como minha família sempre faz. Ju também tentou ligar pra alguém, mas também sem sucesso. Liguei pra Letícia e o telefone na caixa postal, até que finalmente resolvi ligar pro João.

- Mano, to numa roubada – falei.

- Diz qual foi mano

- Parei num local proibido e agora meu carro foi apreendido. Tem como tu vir aqui me dar uma força?

- Claro, a gente tá chegando aí.

Desliguei o telefone e fiquei conversando com a Ju. Eu tava tranquilo, apesar de saber que o dinheiro da multa iria sair do meu bolso. Tudo que eu queria era chegar em casa, dormir e esquecer esse dia. O JF tava demorando muito, a Ju já tava com sono.

- Meu Deus, o João tá vindo de jegue? – Ju me perguntou com a voz sonolenta.

- Provavelmente.

- O que ele disse, especificamente?

- A gente já tá chegando.

- Ué, a gente quem?

PUUUUUUUTA MERDA. Ele tinha ficado com o Marcelo e a namorada no restaurante. Tratei logo de procurar meu celular pra dizer que ele não tinha que vir com o Marcelo, mas foi em vão: os dois adentraram a porta da delegacia.

Eu fiquei sem reação, meu coração parecia que ia sair pela boca e eu soava frio só de pensar em ficar algum tempo a sós com eles dois. Alguém tinha que ser responsável pela Juliana, já que ela ainda era menor de idade, então JF e Ju foram pra uma sala assinar alguns papéis e eu fiquei na recepção, sentado a dois bancos de distância do Marcelo. Ele estava nervoso e incomodado, e eu também.

Lembro que nesse dia estava passando o especial de natal da grande família, então pra disfarçar o nervosismo eu ria a cada palavra dita pelos personagens. Eu ria alto, descontroladamente, até que um guarda veio até nós.

- Seu amigo está bêbado? – ele perguntou pro Marcelo, se referindo a mim.

- Não senhor. – Marcelo respondeu.

- Por favor, peça pra ele diminuir o volume das risadas, aqui não é a casa da mãe Joana.

- Ele é doido, senhor – Marcelo sussurrou.

Naquele momento eu rodei a baiana. Esperei o guarda ir embora, levantei e fiquei em sua frente. Passei um tempão parado e ele me olhando sério. Fui até a porta de vidro e comecei a bater nela e me joguei no chão. O Marcelo me pegou pelo braço e me sacodiu, eu gritava muito, sei lá, ele diz que aquilo foi um surto, mas eu não sei.

- ALEXANDRE – E deu um tapa na minha cara.

- O guarda veio na nossa direção e disse que eu tava abusando da sorte, que se ouvisse mais uma vez a minha voz ia me colocar no xilindró. Marcelo me tirou de dentro da delegacia e me levou pra uma parte escura, onde tinha algumas viaturas paradas.

- Tu tá ficando doido, caralho?

- To ficando não, eu sou doido. Não foi isso que tu disseste? Além de viado, sou doido – gritei.

- Caralho, tu não tá bem. Vamos embora – ele me puxou pelo braço e acionou o alarme do seu carro

- Eu não vou embora, só vou embora com o carro do manicômio e na camisa de força.

- Tu vais embora nem que seja na marra. – Ele me segurou pelas pernas e pelo braço e me jogou no banco de trás do seu carro. Eu comecei a chorar, sério, não sei o que deu em mim naquele dia.

Ele ligou o carro e foi em direção a minha casa. Acho que eu dormi metade do caminho, só acordei quando nós estávamos numa parte escura, e eu comecei a gritar de novo. Agora eu estava no banco da frente do carro. Nesse exato momento, uma viatura da polícia vinha em nossa direção e eu comecei a gritar.

- Sequestro, sequestro – gritava.

Ele instantaneamente desgrudou as mãos do volante e me beijou. Na verdade não foi um beijo, ele encostou a boca dele na minha, acho que numa tentativa de calar a minha boca. Eu tentei colocar aproveitar o momento e coloquei a língua, mas ele não deu espaço pra ela entrar e nós nos soltamos. Ficamos um tempo nos encarando e ele seguiu o caminho sozinho.

Eu tava mal. Tudo que tinha acontecido era muito pra mim. Eu, um cara que nunca tinha me apaixonado, tava doente de amor pelo meu pior inimigo“Dizem que os opostos se atraem, né? Essa é a lei física mais correta do mundo. Que graça seria se nós nos apaixonássemos por uma pessoa idêntica a nós? Seria tudo tão monótono e sem cor. Ainda bem que eu me apaixonei por você, e continuo me apaixonando toda vez que eu acordo. Meu coração não tem espaço pra mais ninguém a não ser você.” Esse é um trecho de uma carta que escrevi pra ele uma vez, e guardo comigo até hoje. Vocês vão saber, em breve, por que eu ainda a guardo.

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Comentários

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Ei está perfeito continua logo... Será que eles vão dormir juntos? ... aii continua logo, Bjao :)

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Demoram postar não Ale. Kkk's sua história é tão foda. Mano alguém devia ter filmado isso hehe. Espero que esse xilique não aconteca de novo kkk's. Beijos e até

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Deu piti, moço? Bora pro próximo porque tá muito bom! Beijinho!

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Meu deus do céu... me diz que não escreveu a carta para algo ruim vai... seu conto é realmente muito muito bom

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Tá eu vo mi conformar com o Marcelo mais pelo amor de deus me diz que essa carta não é o que to pensando ;-;...

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Tomara que o motivo de você guardar a carta não seja nenhum dos dois que imaginei,se não será muito triste.

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Meu deus que conto fantastico eu adoro todos os contos pf posta mais to quaze pirando aqui!!! kkkk bjs

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