Vida de Universitário é foda 55

Um conto erótico de Fael
Categoria: Homossexual
Contém 4092 palavras
Data: 18/09/2014 01:07:18

Antes que o Murilo tivesse tempo para se esquivar completamente, a Ana já estava aos tapas.

_Sua bixa! Foi você que armou tudo isso! Bixa imunda, você me dá nojo.

Segurei ela por trás e a joguei contra a parede. Fui muito violento, mas ver ela batendo nele daquela forma histérica me deixou mordido.

Quando ela se levantou, as lágrimas escorriam rapidamente pela sua face. Por um breve momento ela me observou, e depois ajoelhou-se e ficou assim sem dizer nada por um bom tempo.

Tanto o Murilo quanto eu não sabíamos o que fazer ou dizer. Ele me encarou e depois virou-se para ela.

_Não vou para a aula mais – começou ele- estou preocupado... com ela.

_Não entendi.

_Vamos entrar.

Já no sofá de casa ele tentou me explicar.

_Rafa, ela não está bem da cabeça. Ela pode, a qualquer momento cometer algo que não tenha volta e isso me preocupa muito. Vamos, imediatamente ligar para todas as imobiliárias e exigir um lugar novo pra morar. Não é possível que não exista nessa cidade outro lugar pra gente.

E assim foi. Passamos o resto da tarde negociando com corretores. Incrivelmente não havia nenhum apartamento que atendesse nossas necessidades para aquele momento. Porém, uma corretora acabou nos informando que havia uma casa disponível. Marcamos para ainda mais uma visita no local.

Quando saíamos de casa para ir ver o imóvel, nos deparamos com a Ana ainda sentada no mesmo lugar. Passamos por ela que apenas levantou os olhos para nos encarar.

Descemos pelo elevador discutindo sobre o quanto ela parecia desequilibrada. Nos encontramos com a tal corretora, muito gentil por sinal. Achamos a casa incrível. Era um pouco grande para nós, mas era perfeita. Três quartos, uma sala ampla assim como a cozinha, garagem para dois carros, piscina, área de lazer etc. Quando perguntamos pelo preço, quase caímos de costas.

Após a visita, cada um ligou para seu pai para pedir aval (financeiro) para que o quanto antes pudéssemos nos mudar. Ambos reclamaram um pouco, mas acabaram aceitando. Dessa forma, meu pai iria nos visitar na próxima semana, já na segunda feira ir para assinar os papéis, como nosso fiador.

Acabou que o final de semana com o Victor acabou não rolando. Ficamos arrumando tudo para a mudança. Fizemos questão de manter segredo, só por segurança.

Na segunda, pela manhã, enquanto o Murilo arrumava uns papéis eu estava verificando meu e-mail. Foi quando alguém bateu na porta.

_Murilo, deve ser meu pai. Atende fazendo um favor?

_Claro.

Rapidamente ele se dirigiu até a porta, a abrindo com a mesma velocidade.

_Oi senhor... hã, pessoal!

Quando ele disse isso fiquei curioso.

_Entrem! O Rafael está arrumando umas coisas na cozinha. Como vão vocês?

_Bem, obrigada. E você meu filho?

Ao ouvir a voz da minha mãe fiquei muito surpreso. Não esperava que ela viesse com o meu pai.

Quando cheguei na sala, a surpresa se estendeu. Meus pais e meu irmão me fitaram, com um sorriso pequeno no rosto.

Cumprimentei a todos meio receoso, imaginando que a presença dos três devia ter um motivo.

_Não sabia que todos vocês iriam vir.

_Meu filho – começou minha mãe- precisamos conversar sobre algo muito grave.

Aquilo me gelou a espinha. É claro que não era um bom sinal a visita de todos eles naquelas circunstâncias.

O Murilo então se pronunciou.

_Hã, vou deixar todos vocês a sós.

_Obrigado Murilo – disse meu pai- mas fique por perto, não quero me demorar aqui. Logo vamos até a imobiliária para assinarmos o acordo.

_Sem problemas.

Antes de sair ele ainda tentou me dar força com o olhar. Queria sair de lá correndo também, porque já fazia ideia do que se tratava.

Depois que ficamos a sós, meus pais foram se sentando em um sofá. Eu me sentei no outro com meu irmão.

_Rafael – começou minha mãe – eu pensei que nunca mais iria ter que dizer a você que não quero mais mentiras entre nós, e que não importa o quanto vocês dois tentem esconder as coisas, seu pai e eu sempre vamos descobrir.

_...

_Depois daquele incidente – continuou meu pai – em que o Matheus disse ter fugido daqui e tal, este fato sempre nos incomodou. A verdade nunca nos foi revelada. Mas como sua mãe já disse, nós sempre descobrimos as mentiras dos dois. Você, é claro, já sabe do que se trata, não?

Apenas acenei positivamente com a cabeça. Então ele continuou.

_Mesmo gostando de saber de tudo, nunca invadimos a privacidade de vocês. Porém, por acidente sua mãe acabou vendo uma conversa entre seu irmão e um de seus amigos.

Meu irmão era uma pedra, e meus pais nos olhavam com um olhar muito severo. Minha mãe continuou:

_Ontem, enquanto guardava as roupas lavadas do Matheus no quarto dele, percebi que o notebook dele estava ligado, no facebook. No fundo, na linha do tempo aparecia uma foto de vocês dois juntos. Então me aproximei para ver, e acabei vendo que havia uma conversa do lado. Juro que não quis ler, mas acabei notando a palavra beijo. Foi quando a curiosidade me venceu e acabei lendo a última mensagem, que era do Matheus. Nela ele dizia ao seu amigo que estava com saudades do beijo dele.

Ela esperou que eu dissesse alguma coisa, mas como isso não aconteceu, continuou.

_Então, num momento de loucura acabei lendo outras partes da conversa. Fiquei, confesso, horrorizada com o que descobri. Não pela essência dos fatos, mas como tudo se desenrolou. Vocês dois mentiram, o Matheus seguiu o seu exemplo de não nos contar as coisas, e para piorar, seu irmão se envolveu com alguém muito mais velho. Imagine como seu pai e eu ficamos! Sem chão! Sem reação, incapacitados de tomar qualquer atitude.

_Mãe...

_Eu ainda não terminei. Enquanto eu lia cada parte daquelas conversas, seu irmão saiu do banho. Ao mesmo tempo em que me viu em frente ao computador, percebi que ele ficou espantado. Sua reação foi gritar que eu não tinha direito de invadir a privacidade dele e tal. Depois disso, mais calmo e com a presença do seu pai, pude propor uma conversa mais construtiva para ambos os lados. Foi quando ele nos contou tudo, sem exceção. E quanto mais ele falava eu percebia que vocês dois não aprenderam a confiar em nós. Rafael, eu sei que não passamos a imagem de pais com mente aberta, mas a homo afetividade está em nossa vida desde que você se assumiu. Nós não paramos na parte em que descobrimos um filho gay, nós fomos atrás de respostas para nossas perguntas. Assistimos filmes, procuramos artigos sobre a temática na internet e passamos a acompanhar as notícias sobre o mundo GLS. É claro que nunca imaginamos que o Matheus também seguiria por esse caminho, mas o oposto ao provável é sempre possível. Porém, a sua capacidade em omitir os fatos destruiu nossa autoestima enquanto pais. Vocês não confiam em nós?! O que há com vocês dois?

_O que a mãe de vocês quis dizer é que...- continuou meu pai- mesmo não sendo uma coisa fácil de ser dita, enfrentar o medo é sempre o começo. Mentira tem perna curta, e fugir dos problemas não é algo inteligente.

_Vocês não entendem, eu não tinha opção. O Matheus não tinha coragem de contar a vocês, e eu não podia forçar nada. Só tentei contornar a situação o máximo possível, mas eu não sou perfeito, e nem um bom mentiroso.

_Rafael, em uma coisa você tem razão. Você é um péssimo mentiroso. Mas isso não vem mais ao caso. A questão é a gravidade da situação.

_Qual gravidade? O fato de ter dois filhos bissexuais?

_A gravidade é que seu irmão é quase uma criança!

Eu sabia que a conversa iria caminhar para este sentido. De fato eu concordava em alguns aspectos com eles. Como irmão mais velho, o instinto de proteção ao Matheus era forte. Porém, ao passo em que ele era um adolescente eu tinha certeza de que ele não estava confuso. Mesmo que disfarçadamente, ele sempre me questionava sobre o homossexualismo. Mas diferentemente de mim, ele tinha mais condições de se conhecer. Eu estava encarando meu lado homossexual como uma fonte de respostas a ele, não como um divisor de águas. Era injusto, ao meu ver, ser responsabilizado por ele também sentir-se atraído pelo mesmo sexo.

_Rafael, sua mãe quer dizer que a diferença de idade entre seu irmão e seu amigo é gritante. Isso gera uma certa apreensão de nossa parte. Ele pode estar o influenciando. O atraindo para se divertir as custas dele. Não falo apenas de... sexo. Falo num contexto geral, em que a inexperiência do Matheus é um grande problema. Pense pela nossa perspectiva. Ver um filho em um relacionamento com uma pessoa mais velha é sempre um tabu. Ele pode muito bem estar usando o Matheus como mero objeto de distração, e mesmo assim, ainda que tudo seja consensual, até onde vai o poder de decisão de um garoto que não tem idade suficiente para cuidar da própria vida?

Quando eu estava pensando em responder meu pai, meu irmão fez sinal para que eu desconsiderasse. Levantou-se para em seguida dar a volta pelo sofá até parar atrás de mim. Pousou suas mãos em meus ombros, puxou a respiração e começou sua defesa.

_Eu já disse a vocês e volto a repetir. Nada me deixa mais confuso do que essa mania de vocês de ora me tratar como criança ora como adulto. Antes de sofrer enquanto um garoto que curte homens, eu sofro por ter pais que não respeitam a minha capacidade de decisão. Se eu tivesse engravidado uma menina, garanto como a bronca seria menor. O Victor é um cara maravilhoso, que está tão perdido quanto eu nesta situação. Porém, juntos nós somos um, e com isso, não importa o que vocês vão dizer sobre, a verdade é que eu cansei de ser o garotinho que tem medo da própria sombra. Eu estou sim gostando dele, curtindo cada momento, cada bom dia que ele me dá, cada pensamento feliz que ele me proporciona.

_Pai, o Matheus tem razão. Vocês estão errando na tentativa de proteger ele. Qual o problema de o Victor ser mais velho? Vocês acham que eu já não teria acabado com a raça dele assim que eu soube caso ele fosse alguém ruim? A verdade é que eu preciso que vocês ajudem ele nessa fase difícil. Ter que carregar o fardo de ter dois pais conservadores é algo muito difícil.

A conversa se arrastou por muito tempo, e parecia cada vez mais difícil convencê-los sobre as reais intenções do Victor. Cada argumento deles era uma dificuldade a ser contornada. Vi que meu irmão estava levando a situação muito bem. Suas justificativas, seus apelos e sua lábia encaixavam-se perfeitamente na tentativa de mudar a opinião de nossos pais. O problema é que certamente ele herdou isso do meu pai, ou seja, um anulava o outro.

Depois de muito tempo, meus pais cansaram de debater conosco sobre os diferentes pontos de vista. O fato é que eles estavam inquietos, como se não conseguissem dizer alguma coisa, o que certamente os estava sufocando. Quando eu disse novamente que eles estavam fazendo tempestade em copo d’agua, meu pai nos surpreendeu.

_Tempestade? Menino mimado, você me decepcionou muito. Sua irresponsabilidade custou muito caro. Você se tornou uma péssima influência, e graças a isso nossa família não vai além disso... os netos que eu sempre quis eu não terei.

_E porque você está dizendo isso agora pai? É nessa parte que você dá uma de pai homofóbico? Eu te decepcionei porque afinal?

_Não tente virar o jogo!

Minha mãe, prevendo o que estava por vir, pediu que nos acalmássemos, porém isso não aconteceu.

_Você acha que sou irresponsável? Pode ser, mas você tem que admitir que sua decepção não vem disso – com o silêncio dele, meus piores temores se concretizaram – se eu te decepcionei por ser bissexual, o senhor me decepcionou por ser um pai igual aos demais. Eu preferia que o senhor tivesse me julgado, me condenado quando descobriu sobre mim, e não agora para jogar na minha cara o fato do Matheus ter ido pelo mesmo caminho.

A dor em saber que todas as palavras de reconforto que tanto me acalmaram pareciam palavras vazias acabou com todas as minhas defesas. Ver o silêncio dele, somado ao choro constante da minha mãe era uma confirmação de que na verdade eles ainda não tinham digerido completamente toda a situação. Com o fato do meu irmão estar passando pela mesma situação, a decepção que os assombrou da primeira vez retornou deixando evidente a verdadeira e triste situação. Mesmo que não demonstrem, os pais nunca terão 100% de orgulho em ver um filho que poderia levar o sangue da família adiante vivendo ao lado de alguém do mesmo sexo. É uma triste realidade, da qual pensei não pertencer. Mas depois daquele dia, fiquei com um pé atrás com meus próprios pais.

_Eu... eu não quis em momento algum dizer isso.

_Sabe de uma coisa pai, eu nem sei porque vocês vieram pra cá para ter essa conversa. Por telefone tudo iria ser esclarecido.

_Rafael, não fale assim com o seu pai – disse minha mãe temendo algo pior – você está alterado e está dizendo coisas sem nexo. Nem parece você mesmo dizendo coisas tão levianas.

_Sabe de uma coisa mãe, nem vocês estavam preparados pra ter esta conversa. Agora, se for possível, será que dá pra dizer o que vai acontecer agora?

_Como assim?

_Vão fazer o que a respeito disso tudo?

_Para ser sincera, eu não sei, e tenho certeza que o seu pai também não.

Ficamos um tempo em silencio, e em meio a isso, recebi uma sms do Murilo avisando que o Victor estava sabendo da “reunião” e estava no elevador a caminho. “Ótimo”.

Joguei meu celular pro Matheus, e pela cara dele, aquilo fazia parte dos planos deles.

Pela primeira vez fiquei com uma raiva incontrolável pela situação. Mais uma vez os dois estavam tramando as coisas pelas minhas costas, me fazendo de bobo, fazendo com que eu ficasse sempre com cara de idiota por ser pego de surpresa. Percebendo a cara do meu irmão, minha mãe notou que alguma coisa tinha mudado.

_É ele, não é?

_Sim – começou o Matheus – sabe mãe, mesmo que neste momento vocês não compreendam sobre minhas intenções, preciso que vocês vejam que o Victor é uma cara super legal, e que mesmo não sendo o que vocês esperavam pra mim, é uma pessoa que certamente pode me fazer feliz.

Meu pai que estava em silêncio, pôs se frente ao meu irmão e, com lágrimas nos olhos, o encarou profundamente.

_Você tem certeza? Eu preciso de garantias de que não seja um erro confiar você a este rapaz.

_Pode crer pai. Apenas observe, por favor.

_Quero conversar com o seu irmão a sós antes de tomar qualquer posição. Rafael, me acompanhe até algum lugar em que fiquemos a sós.

Fiz sinal para que ele me acompanhasse para fora do apartamento. Entramos na porta das escadas de incêndio e então, já que estávamos a sós, temi que meu pai dissesse qualquer coisa horrível que me ferisse.

_Eu sei o que você está pensando sobre sua mãe e eu. Mas a verdade é que mesmo tentando, estes meses ainda não foram suficientes para digerir toda a... frustração em vê-lo tomando um rumo diferente, o que- causou muitas brigas entre nós dois. Seu irmão acabou presenciando muitas delas. Eu sei que isso é horrível, mesmo assim, recentemente estávamos muito contentes em ter o Murilo junto a nossa família, ocupando um espaço ao seu lado, fazendo com que você se tornasse cada vez mais responsável e apegado aos laços familiares. Mas infelizmente, no processo acabamos jogando no seu irmão a responsabilidade em ser “normal”, o que certamente iria fazer com que ele não sofresse tanta pressão e tanta opressão da nossa sociedade. Querendo acertar, acabamos errando mais uma vez. Por nossas pretensões é que estamos aqui, hoje, tendo esta conversa desagradável. Eu juro que entendo o motivo pelo qual você acobertou o seu irmão, mas eu precisava que você tivesse nos informado sobre isso. Seu irmão ainda não é capaz de definir quais são suas pretensões a longo prazo. Ele vive o presente, não importando-se muito com o amanhã. E pelo que eu sei, este Victor é o seu melhor amigo, então nem você pode fornecer um julgamento imparcial sobre ele. Fico na dúvida a respeito de quais são as reais intenções deste rapaz. Talvez por isso eu esteja ansioso, para ser sincero, em conversar com ele. E não quero nem você e nem o Matheus durante essa conversa, apenas a sua mãe – nada do que ele falava evitava o meu descontentamento sobre tudo aquilo – agora olhe pra mim! – o encarei, e por um breve momento vi uma onda de preocupação em seus olhos – nunca mais me diga que eu não o amo. Eu valorizo todas as suas qualidades, reconheço seus defeitos e tento, ao máximo, te orientar. Mas eu sou humano, e por isso algumas coisas são muito difíceis para serem digeridas. A verdade sobre você, e agora a mesma situação com o seu irmão são sim algo difícil pra mim. Mas eu já disse, e repito: eu aprendi com o passar do tempo a amar o Murilo. E hoje, eu consigo admitir que eu fico feliz em tê-lo em nossa família como seu companheiro, seu parceiro... seu amante – ele ficou vermelho ao dizer isto – já que eu estou dizendo tudo isso... no começo eu não conseguia admitir que vocês... transavam. Mas agora isso não me incomoda mais.

_Mas passar todo o processo mais uma vez, agora com o Matheus deve ser mais difícil, não é?

_Basicamente. Você sempre foi mais sozinho, sempre preocupado com suas coisas, um pouco mais distante da família. É o seu jeito. Mas ele é diferente, ele sempre foi o bebê da casa, o garotinho que precisava de atenção. Agora vê-lo diante de uma situação dessas me dói, pelo fato de que nenhum homoafetivo deve esperar uma vida fácil. Você sabe disso, e eu sei que no fundo você concorda comigo.

_Infelizmente tenho que concordar.

_Agora, quero que você me responda uma coisa. Seja sincero. Quem é o Victor enquanto pessoa?

Se eu contasse sobre a fase obscura dele, meu pai iria surtar. Como aquilo parecia ser coisa do passado, omiti. Contei a ele todos os detalhes sobre nossa amizade, sobre como ele contribuiu para meu relacionamento e tal. Meu pai ouviu tudo atentamente, fazendo algumas perguntas quando achava necessário. Por fim, ele decretou que deveríamos voltar para o apartamento. Lá chegando, demos de cara com o Murilo sentado ao lado do Victor em um sofá e meu irmão e minha mãe no outro. Ao entrarmos, todos nos olharam. Analisei suas feições, e percebi que nada de absurdo deveria estar acontecendo por lá até a nossa chegada.

O Victor se levantou e trocou um aperto de mãos com meu pai. Os dois se olharam por um tempo, e então se sentaram. Após alguns segundos de constrangedor silêncio, meu pai fez sinal para que todos, exceto minha mãe, nos retirássemos. E assim aconteceu.

Lá fora, meu irmão disse que precisava ficar sozinho. Fiz menção de segui-lo, mas ele fez sinal para que eu parasse. Desceu pelo elevador, me deixando a sós com o Murilo.

_E então, como você está?

_Murilo, eu nem sei o que dizer.

_Eu sei que deve estar sendo difícil, mas não importa o que aconteça, eu estou aqui para te dar apoio.

O abraço que ele me deu em seguida foi tão reconfortante que por um breve instante eu me esqueci de tudo e me concentrei em ficar atrelado a ele. Me sentia protegido perto dele, e isso era ótimo para mim. Eu queria que com o meu irmão também fosse assim, mas minhas dúvidas ainda estavam me incomodando. E se o Victor mudasse de novo?

- O que o seu pai conversou com você?

_Ele disse muitas coisas, mas isso não vem ao caso no momento. Estou preocupado com o que está acontecendo lá dentro neste momento.

_Hey, olha pra mim! O Victor errou sim, mas como amigos dele, nós temos que dar um crédito. Ele não iria zuar o irmão do melhor amigo, ele não é assim. É nisso que nós temos que acreditar.

_E se o Victor tiver mudado?

_Então eu seria o primeiro a chutar o traseiro dele. Relaxa fael, eu preciso de você aqui, comprometido comigo. O seu irmão também, mais do que nunca. Mesmo que ele não admita, acho que ele está muito perdido com tudo, desde sexualidade ao simples relacionamento em si. É em você que ele vai buscar respostas. Deixe acontecer.

_Você é um idiota. Mas eu amo você.

_Quando eu fiz tudo aquilo com você... eu me senti o pior lixo. Meus melhores momentos foram ao seu lado. Cada toque que você me dá me deixa arrepiado, cada beijo seu me deixa perdido. Quando eu contei para minha mãe, ele me xingou tanto, que eu percebi que ela quer muito você comigo. Meu pai também. E eu não poderia estar mais satisfeito com nosso amor. É muito meloso dizer isso, eu sei, mas é a verdade. O Matheus precisa disso, e o Victor é uma boa pessoa.

_Eu espero que sim.

Ficamos sentados por um bom tempo do lado de fora, curtindo um ao outro. Meu irmão juntou-se a nós em determinado momento, e ficamos os três, muito próximos, compartilhando o calor de nossos corpos. Ninguém dizia nada, cada um pensando sobre o que estaria acontecendo na conversa entre o Victor e meus pais. Pareceram horas, mas quando finalmente a porta se abriu, fiquei aliviado ao ver o rosto de meus pais. Pareciam abatidos, mas com certo fervor nos olhos, que só poderia significar uma aprovação ao que tinham ouvido do Victor, que por sinal estava com cara de quem tinha voltado vivo de uma batalha. Um pouco pálido, mas quando nos viu fez um sinal positivo com o polegar.

_Precisamos conversar mais uma coisinha – disse meu pai – mas não aqui. Vamos sair deste apartamento, preciso beber alguma coisa.

Aquilo me deixou completamente aliviado. Seja o que quer que tenha acontecido lá dentro, meus pais deviam ter apostado suas fichas no Victor, o que era um grande avanço.

Meus pais seguiram até um barzinho por nós recomendado no carro deles, enquanto os dois casais (hahahhaha) foram sozinhos. Já neste ambiente, conversamos mais um monte de coisas. Meus pais estabeleceram regras para o namoro deles, e coube a mim e ao Murilo assumir a responsabilidade pela fiscalização dos atos do recém formado casal. Foi uma coisa meio ridícula(hahahaha), mas o Victor pediu meu irmão em namoro na frente de todos nós.

Meus pais iriam posar, já que iriam ter que ir na imobiliária no outro dia, já que a conversa demorou demais. Preferiram ir dormir em um hotel, deixando o Matheus ir dormir lá em casa. É claro que o Victor foi também, e assim, ficamos fazendo programas de casal. Filme, comida calórica, jogos idiotas e sexo. Foi meio vergonhoso escutar alguns gemidos vindo do outro quarto, mas o Murilo fez questão de me alertar que isso deveria ser encarado como normal. Saber que meu irmão estava transando, no quarto ao lado... não foi uma experiência muito legal, mas por sorte não cheguei a broxar hahahahahhaha, até porque o Murilo estava num fogo naquela madrugada.

No outro dia, ficamos a manhã inteira na imobiliária, e após fomos almoçar com meus pais. Logo mais eles iriam embora, com meu irmão, então a conversa ganhou tons mais informais.

Na hora da despedida, mais recomendações, mas também uma notícia para descontrair.

_Bom – começou minha mãe- esta noite nós decidimos algumas coisas sobre a festa de aniversário do Matheus. Vamos precisar de ajuda na organização, mas uma coisa eu garanto, será um momento único para todos nósSalve galera, a quanto tempo, né?! Primeiramente, minhas sinceras desculpas (mais uma vez). Mas infelizmente, não somos de ferro, e por isso em alguns momentos nosso corpo nos deixa na mão. Estive meio doente neste período e além disso perdi o acesso da minha conta aqui da casa. Por sorte, a recuperei, e de quebra estou bem melhor no momento. Espero que vocês me entendam, e que fiquem ansiosos pelo fim desse conto. Até a próxima.

Ps: Responderei todos os e-mails que me enviaram neste período. Podem continuar mandando comentários para lá . rafael_hanchuka@outlook.com

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Comentários

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Esse conto foi um dos primeiros que li aqui, o que será que aconteceu com o autor? não continuou e nem apagou a história.

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Conto, lindo bem escrito mas eu n creio na liçao por tras de perdoar traiçao, quem trai uma vez sempre repetira em algum momento

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Cara posta o final pfv. Adoro esse conto.

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Adoro tua série. Se possível, volta a postar, por favor. Um abraço carinhoso,

Plutão

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Gostei muito do seu conto, tenho a esperança que você volte a postar algum dia. 10 : )

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Poxa, volta logo. Nao pare por conta de criticas, isso faz parte. Pense nos outros leitores que adoram sua historia!

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Cara cadê você!? Pelo menos termina logo a história se vc não pode postar

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legal da sua parte apagar meus comentários,isso só mostra q vc não sabe lidar com criticas e a proposito o conto continua a mesma coisa,vc sabe ja falei nos outros comentarios.

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Adorei VC voltou quase infartei sem ler teus contos parabéns ta demais e já curioso pra saber o resto

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Rafa, teu conto é o melhor que eu já li, bom demais,

acompanho desde o inicio. Parabens

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Oremos de pé!!! Pensei que não ia voltar. Nossa, seus pai sabem dialogar muito bem com todas esses argumentos é até legal pra conversar. Muitos partem pra ignorância e/ou agressão. O fato é que até eu tenho medo de influenciar meu irmão. Mas sempre tem aquele momento de querer fazer o que alguém está fazendo ou fez, isso não tem como mudar. Ainda bem que se entenderam, agora será que vão saber do passado negro do Vitor? Essa Ana tem mesmo problemas psicológicos e os pais nem devem fazer nada, espero que resolvam esse problema de vez. Já estou sentindo saudades :)

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