My Heart Is Open - Capítulo 1: Bichos à solta

Um conto erótico de Joey
Categoria: Homossexual
Contém 2215 palavras
Data: 15/08/2014 18:20:21
Última revisão: 19/10/2014 11:51:43

- Joey, acorda! - Luiza gritava do seu quarto - João Pedro, se a gente chegar atrasado no primeiro dia de aula, por sua culpa, eu juro que te mato! - agora ela espaçava a porta do meu quarto.

- Luiza, pelo amor de Deus, são cinco e meia da manhã! - eu gritei de volta - Nossa primeira aula é só às oito!

- Você tem 30 minutos pra se arrumar e me encontrar na cozinha!

Eu realmente devia ter considerado umas 500 vezes antes de aceitar o convite pra morar junto com a minha “melhor” amiga. Eu estava tão embriagado por finalmente sair de casa e ter uma chance de ser eu mesmo que nem nem cogitei a chance de a Luiza ocupar a vaga de mãe-enchedora-de-saco na minha vida.

Me levantei antes que os vizinhos começassem a acordar com a gritaria da minha amiga. Tomei um banho rápido e cuidei do resto da minha higiene matinal no modo zumbi. Parei em frente ao espelho antes de me trocar e soltei um suspiro de alívio. É tão bom finalmente gostar do meu corpo, eu pensei. Mas também é bastante esquisito não encontrar o corpo cheinho de sempre quando me olho no espelho.

Eu tenho 1.78m, pele branca, cabelo castanho e um corpo… normal. Ainda não entrei na academia pra treinar alguns músculos; então, bíceps, peitoral e abdômen desenvolvidos não são uma realidade pra mim. Mas, graças à boa genética, eu tenho bastante músculos nas pernas. Meu rosto, agora, tem os traços bem mais definidos e, infelizmente, mais semelhantes aos do meu pai. Também mudei meu corte de cabelo pra um pouco mais curto que o normal, mas ainda posso fazer uns penteados com gel quando me da na telha.

Vocês devem estar pensando que agora tenho mais autoestima, que todos aqueles problemas os quais tinha antes simplesmente sumiram… Agradeceria muito se isso fosse verdade, mas, infelizmente, não é desse jeito que a minha vida funciona. Contudo não posso dizer que não mudei; agora eu conseguia esconder mais facilmente minhas fraqueza para as pessoas. Claro que isso não funcionava com a Luiza e com mais ninguém que é muito próximo a mim, mas já é um começo, não? Eu não tentei me envolver com alguma pessoa, ou, mais especificamente, com algum cara, depois de ter emagrecido. Aquele beijo com o Lucas continua sendo minha única experiência homossexual. Eu cheguei a voltar àquela balada, tentando encontrá-lo “acidentalmente” e repetir a dose, mas todas as tentativas foram frustradas. Até mesmo pensei em me arriscar com um cara qualquer, mas essa ideia não me agradava nem um pouco.

Olhei-me no espelho outra vez e foi inevitável não sentir saudades da minha família e lembrar da minha mãe: a cor dos nossos olhos castanho-amêndoados são idênticas. Desde que eu nasci, a primeira coisa que alguém fala quando me vê é que eu tenho os mesmos olhos da minha mãe.

Rapidamente, vesti as primeiras roupas que encontrei pela frente, - calça jeans, um par de tênis velhos e uma camiseta básica nova - peguei meu material e fui até a cozinha.

Luiza corria de um lado para o outro, entre a cozinha e a sala, fazendo mil coisas ao mesmo tempo enquanto tentava assistir o noticiário da TV. Qualquer alma perdida que cruzasse nosso apartamento perceberia que ela estava muito nervosa e ansiosa.

- Bom dia - eu disse calmamente, mas ela ainda pulou de susto.

- Joey, finalmente! Bora comer que eu to morrendo de fome - ela reclamou, sentando-se na mesa e servindo-se de algumas coisas - Eu passei um café e também fui até a padaria ali na frente do prédio comprar umas coisinhas básicas que eu esqueci ontem. Tem croissant; suco de laranja, de goiaba e caju; alguns frios; frutas; pão; bolo… - ela dizia em um fôlego só.

- Lu…

- Eu também achei uns ovos na geladeira e decidi fazer uma omelete…

- Luiza! - eu gritei, fazendo-a voltar a respirar. Fiquei encarando ela de um jeito repreensor, esperando que confessasse o quão nervosa estava.

- Não precisa me olhar desse jeito, eu sei que eu tô exagerando tudo hoje.

- Exagerando é pouco, você tava tentando acordar o prédio inteiro às cinco da manhã. Você ta querendo que os vizinhos expulsem a gente daqui na primeira semana? - perguntei, fazendo nós dois cair na gargalhada.

- Desculpa… Você pode voltar a dormir, se quiser, quando for mais tarde eu te acordo pra nós irmos.

- Nem fudendo. Agora que me acordou vai ter que me aguentar.

- Tudo bem, então - ela disse, sorrindo pra mim. Nós dois comemos muito e teve uma hora que a Luiza reparou que eu também estava bastante ansioso pelo primeiro dia de aula - Tava todo, todo falando pra eu me acalmar e não sei o quê, mas o senhor, pelo jeito, não conseguiu dormir quase nada, né?

Eu simplesmente afirmei que sim com a cabeça e continuei a comer mais bolo de chocolate, tentando me acalmar. Pouco depois, comentei com a Lu que eu queria começar a fazer academia e ela disse que também queria… Eu a encarei e ela disse que precisava perder umas “gordurinhas marotas”. Sinceramente, eu não conseguia ver “gordurinha” nenhuma nela. Luiza é perfeita com sua pele branca, olhos azuis, cabelo longo e ruivo e um corpo que sempre causa inveja nas inimigas e alvoroço em qualquer homem. Não consigo entender porque ela se importa tanto com a sua aparência, mas talvez isso fosse uma coisa feminina, sei lá. Enfim, fingi compreender os motivos dela e marcamos de procurar uma academia mais tarde.

Enquanto eu lavava a louça do café da manhã, Luiza passava um pano no chão da cozinha e da sala e ficava reclamando de alguns detalhes na decoração que ela mesma havia feito. Entendam: Luiza é extremamente autoritária e perfeccionista. Fora ela quem havia escolhido o nosso apartamento e tomado conta de tudo o que era necessário pra torná-lo um espaço habitável. Mas ela não deixou nosso cantinho no simples “habitável”, não. Para Lu, esse era o seu primeiro projeto como arquiteta. Então, ela fez questão de projetar cômodo por cômodo, inclusive um quarto a mais que ela decidiu fazer para os hóspedes (PS: com “hóspedes” ela queria dizer nossas mães, que haviam prometido dar um pulinho no nosso apartamento de tempos em tempos pra checar a gente e aproveitar pra fazer umas “comprinhas” em São Paulo).

Depois de termos arrumado tudo ainda tínhamos um tempo de sobra… Luiza pegou seu caderno de rascunhos e começou a desenhar enquanto eu lia Inferno, de um dos meus autores prediletos, Dan Brown e assim matamos o tempo restante.

Quando eram sete horas, decidimos ir à Cidade Universitária. Ainda era cedo demais, mas achamos que ia ser melhor, já que nós não conhecíamos o campus, muito menos os nossos respectivos blocos.

Nós fomos com o carro que a Luiza havia ganhado do pai dela no dia do seu aniversário. O carro não era nem um pouco humilde, mas combinava muito bem com ela. “Enquanto o pai da minha amiga da um carro de presente de aniversario pra ela, o meu provavelmente ainda nem sabe que eu já tenho 18 anos” eu pensei. Nosso apartamento fica em um bairro vizinho à USP, então, em menos de 15 minutos, mesmo com o trânsito carregado, nós já estávamos deixando o carro em um dos estacionamentos do campus.

Já haviam muitos estudantes quando chegamos, apesar de estarmos bem adiantados. Nós vimos alguns calouros, provavelmente da área da saúde, sendo obrigados pelos veteranos a se despir, sobrando somente as roupas íntimas. Os alunos mais velhos riam alto os obrigando à dançar “show das poderosas”. Rezei silenciosamente pra que os veteranos de RI fossem melhor acolhedores.

Quando finalmente chegamos na área de humanas, novamente, nos deparamos com dezenas de calouros participando de trotes. Tinham vários grupos: alguns pintados de azul que recitavam trechos da Declaração de Direitos Humanos, outros haviam sido cobertos em penas e obrigados a imitar uma galinha. Os últimos não paravam de cacarejar de um lado para o outro, então, Luiza e eu decidimos passar bem rápido por eles… Foi quando uma estudante loira surgiu na nossa frente, bloqueando o caminho.

- Oi, eu sou a Duda! Você deve ser Luiza, do interior do estado, certo? - perguntou de uma forma quase retórica.

- Si-sim, por quê? - Luiza gaguejou. Eu e Duda trocamos um olhar e rimos da cara da minha amiga.

- Porque eu tô no segundo ano e é meu dever levar os bixos de Arquitetura pros veteranos, os trotes, como vocês devem ter notado, já começaram - ela disse, apontando para os homens-galinha.

- Ma-mas eu não quero participar dos trotes! E-eu não quero ser uma ga-galinha - ela disse, quase implorando.

- Relaxa, caloura, aqueles lá são os malucos de Filosofia, nossos trotes são bem mais divertidos que os deles.

- Di-divertidos? - Luiza perguntou enquanto era carregada por Duda até um prédio mais à frente que presumi ser o de Arquitetura.

- Até mais tarde! - gritei. Continuei andando e rezando pra que nenhum dos trotes que eu via fosse o que eu ia sofrer daqui a pouco… E, acreditem, era um pior que o outro. Quando me aproximei de um novo bloco, mais uma vez, uma estudante surgiu na minha frente. Ela era negra, alta e muito bonita

- João Pedro, calouro, né? - ela perguntou e eu confirmei com um aceno de cabeça acanhado - Ótimo, então, partiu te levar até o nosso bloco - ela disse, rindo da minha cara de desespero. Nós conversamos e ela se apresentou como Juliana, mas que eu podia chama-la de Ju. Me explicou como funcionavam os trotes de RI e eu descobri que aqueles alunos pintados de azul faziam parte da minha turma. Ju também me informou como chegar na minha sala depois do trote e eu agradeci.

Mais à nossa frente, um grupo de veteranos estavam cobrindo alguns calouros em cola branca e post-it. “Pelo menos, eles não estão pintados de azul”, pensei. Um dos veteranos se virou na nossa direção e a primeira reação que eu tive foi ficar congelar onde estava. Ele era muito bonito: alto, no máximo 1.85m; tinha cabelo loiro e curto; barba também loira por fazer; e pele branca. Mas duas coisas naquele cara chamaram minha atenção mais que tudo, seus olhos extremamente azuis e seu corpo que… Meldeus. Ele tinha braços e peitoral bem largos, que ficavam justos na camiseta. Ele cumpria facilmente todos os quesitos pra ser encaixado no atual estereótipo de playboy-malhado, inclusive, em cada peça de roupa eu notava uma grife mais cara que a outra.

- Jujuzinha, você trouxe mais um bichinho nosso pra gente se divertir? - ele perguntou, sorrindo malandramente pra ela. “Sorriso filho da puta de bonito”, eu pensei.

- Não, Marcelo, esse aqui é nosso, vocês já devem ter capturado todos os calouros de ADM - ela respondeu, me olhando e revirando os olhos. O veterano riu com escárnio - Agora, saia da nossa frente antes que eu arranque seu saco fora.

- Juliana, Juliana, sutil como sempre - Marcelo reparou que eu não tirava os olhos dele - Perdeu alguma coisa, bicho? - perguntou, me encarando. Eu sacudi a cabeça me desculpando e, em seguida, ele voltou pra se “divertir” com os calouros.

“Tão bonito, mas tão idiota” eu pensei. Juliana pediu desculpas pelo atraso e continuou me levando até o nosso bloco. Durante o caminho, Juliana perguntou se eu era gay e rapidamente neguei, chacoalhando minha cabeça e repetindo “não, não, mesmo… totalmente hétero” fazendo a rir da minha cara mais uma vez.

- Tudo bem se você for, a maioria dos estudantes daqui tem a mente bem aberta pra essas coisas, mas uma minoria ridícula, como o Mister Universo lá atrás - ela disse, imitando a voz grossa dele, me fazendo rir um pouco - é bastante conservadora. Então, cuidado com quem você sai encarando por aí, calouro. Também, por favor, não aceite nada que o pessoal de Filosofia te oferecer, aqueles lá amam estudar botânica, se é que você me entende.

- Pode deixar, obrigado - agradeci, sorrindo.

- De nada… Então, esse aqui é o nosso prédio - ela disse, apontando pra um prédio todo espelhado na nossa frente - Agora, espera uns cinco minutos aqui enquanto eu vou falar com o resto dos veteranos e pedir pra você não participar do trote.

- Oi?! - eu disse, espantado.

- É, eu vi o jeito que você tava olhando pros bichos… Eu posso pedir pra eles deixarem você em paz. A menos que você queira participar, ai…

- Não, não! Eu vou te amar pra sempre se você convencer aqueles caras a não me cobrir em tinta azul.

- Tudo bem, então. Só faça uma firula aqui fora e suba direto pra sua sala… No primeiro intervalo eu te procuro pra mostrar o resto do bloco, ok?

- Ok! - eu disse sorrindo enquanto a Juliana ia se juntar aos outros veteranos. “Obrigado, santa Juliana”, eu pensei.

Depois de passar os cinco minutos pensando naquele veterano idiota e extremamente gostoso de ADM, entrei pelo hall principal do prédio e me perdi no meio de dezenas de alunos correndo de um lado pro outro. Como eu já tinha previsto, demorei bastante tempo até achar o corredor certo, mesmo tendo recebido orientações da Juliana. Eu estava muito nervoso e não conseguia me lembrar qual era o número certo da minha sala, estava prestes a perguntar pra alguém em qual delas devia entrar, quando ouvi uma voz grave gritar:

- Ei, calouro, ta perdido?

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Comentários

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amei! Continua logo q qero maiiiss haha. Nota dez

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amei esse cp!! pemsei que tinha desisistido de postar.,mesmo que tiver apenas o meu comentario.não desisti nunca do seu sonho.agora quanto ã conto acho que voce se encantou com o mister gostoso..não demore a postar please.

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