Três Formas de Amar - 20

Um conto erótico de Peu_Lu
Categoria: Homossexual
Contém 2489 palavras
Data: 10/08/2014 20:38:01

Três Formas de Amar – Capítulo 20

Não demorou muito para o Rodrigo chegar e me mandar uma mensagem dizendo que estava me esperando no saguão do hotel. Seguimos caminhando pela avenida paulista, olhando algumas livrarias e visitando exposições. De lá, pegamos um táxi para visitar outros museus. A tarde estava bastante agradável. Quando bateu a fome, paramos num restaurante japonês incrível, um dos melhores que já frequentei. Aproveitamos para colocar o papo em dia, falar sobre diversos assuntos que nos interessavam, mas nada de trabalho. Deixamos o tema em Salvador. Aquele passeio me despertava uma admiração ainda maior por Rodrigo. Seu apreço, sua vontade de estar ali, fazendo programas a dois, sua alegria, tudo era bastante evidente. Dava gosto de ver. Conheci um lado de São Paulo que até então tinha passado despercebido em outras ocasiões. E isso era um imenso favor que eu fazia à minha mente: vivenciar coisas novas era um ótimo remédio para me desligar da rotina.

Voltamos para o hotel, já cansados da caminhada ao longo da tarde:

- Deu pra engrossar as pernas né? – ele deu um tapinha na minha coxa dentro do elevador.

Sorrimos juntos ao perceber que havia uma câmera nos vigiando. Ao chegar, nos entregamos a uma soneca na cama e mais tarde Rodrigo me chamou, perguntando se eu não estava com fome.

- Lu, vamos jantar?

- Pode ser... Você tá com fome?

- Pensei que a gente poderia sair para comer e fazer alguma coisa depois – ele disse enquanto eu me espreguiçava.

- O que seria “alguma coisa depois”?

-Hum... – ele me olhava sério – poderíamos sair pra dançar.

-Han? – aquilo foi totalmente inesperado – É sério?

- É pô! Mexer os quadris. Você nunca saiu para dançar?

- Hum... não.

- Você tá de brincadeira – ele me encarava rindo.

- É sério, eu acho que não sei dançar.

- Definitivamente, essa é a primeira vez que eu escuto um baiano falar que não sabe dançar. É o fim dos tempos! – ele não parava de rir.

- Para de me zoar, palhaço! Acho que não curto muito, sei lá, nunca saí pra dançar. Ninguém nunca me chamou.

- Olha... É um grande prazer fazer parte de mais uma primeira vez sua Lu – ele disse continuando a brincadeira – Nossa programação está decidida então!

...

Paramos em uma pizzaria e ele ainda comentava sobre o assunto:

- É um crime estar em São Paulo e não ir a nenhuma baladinha num sábado à noite.

- Eu imagino... É que eu sou muito caseiro mesmo.

- Ei, tá me chamando de festeiro? Sou caseiro também, mas uma festinha de vez em quando é legal para dar uma animada.

Fiquei imaginando qual seria o tipo de balada. Nunca fui a nenhum evento GLS. Era um pensamento meio preconceituoso meu, mas ficava imaginando um monte de homem sem camisa querendo te agarrar e fazer sexo a qualquer custo. Ou seja, não parecia muito animado com a possibilidade.

Para minha surpresa, fomos a uma boate que parecia ter todo tipo de público. Haviam casais, garotas, héteros, gays... Enfim, gente misturada querendo se divertir. E nada de pessoas querendo te agarrar à força. “Olha aí o tapa na sua cara, Luciano!”, disse a mim mesmo. Aquilo me tranquilizou bastante. Entramos e Rodrigo estava bastante animado. Pediu drinques para nós dois e ficou me analisando:

- Tá odiando né Lu? Quer ir embora?

- Não relaxa... É bom que eu conheço.

Estava tentando me ambientar e a solução foi investir na caipirinha. Quando a balada começou de fato, eu não sabia o que fazer, literalmente. A música animava todo mundo e Rodrigo, já meio alto com o álcool, se divertia com aquela situação:

- Ei, vem pra cá gigante... – disse me puxando para a pista de dança.

- Tô bem aqui, fica tranquilo! Vai lá dançar... – estava bastante acanhado.

- Ah Lu, larga de bobagem... Vem cá.

Chegamos no meio da multidão e ele me olhava dando risada:

- Olha à sua volta. Ninguém se importa! Faz o que você quiser, pega o ritmo da música e se deixa levar! – disse no meu ouvido.

O jeito que ele se mexia me convidando era cativante, confesso. Aos poucos começava a me soltar mais, graças a sua torcida. Eu era totalmente desleixado, mas estava fazendo a minha parte. Vez ou outra saía em busca de mais uma bebida, e ele ia junto, alegando que queria ficar de olho para eu não me esconder num canto de novo (era mentira, é claro, estava de olho na concorrência, isso sim). E assim a nossa noite avançou: dois bêbados, dançando loucamente na boate. Rodrigo não parava de rir do meu jeito desengonçado de dançar, e eu não parava de achar o máximo a forma como ele vinha envolvendo a minha cintura e caçando um selinho, sempre embalados pela batida da música. No começo fiquei meio sem graça de ter pessoas nos observando, mas depois me permiti. Mais um pouco e a gente quase vira atração. Percebemos, inclusive, que viramos ponto de encontro para algumas garotas. “A gente se encontra aqui nos altões”, ouvi de alguém. Mas nosso lance era claro e estávamos num lugar em que todo mundo levava aquilo numa boa.

...

É óbvio que quando voltamos para o hotel, queria tirar uma casquinha dele. Rodrigo tentava abrir a porta do quarto a todo custo, enquanto eu já tentava arrancar a sua camisa no corredor. A bebida nos deixou acesos e o tesão estava a mil. Estávamos tão afoitos que nem foi necessário tirar toda a roupa. Possui o Rodrigo ali em pé mesmo, escorado na parede, com a bunda levemente empinada pra mim, me permitindo um total domínio sobre ele. Penetrava-o de uma forma nervosa e quase agressiva, enquanto ele falava obscenidades, o que me deixava ainda mais alucinado. “Bendita vodca!”. O seu tom de voz alternava com a intensidade das estocadas que eu imprimia ao sexo, me deixando uma ponta de preocupação com o que os hóspedes vizinhos estariam imaginando. Comecei a imaginar o que teriam colocado a mais na nossa bebida, porque estávamos em transe. Depois de gozarmos ali, ainda em pé, Rodrigo queria mais. E assim iniciamos uma maratona sexual noite adentro que, sinceramente, não lembro que horas acabou. No banheiro, na poltrona ao lado da televisão, à beira da cama... Aconteceu de tudo. Ele estava insaciável e eu, claro, aproveitando toda a situação. O álcool não ia deixar, mas certamente era uma noite para guardar na memória.

No domingo pela manhã, ele me chamou pedindo para eu ir tomar banho, porque sairíamos.

- Não, por favor... não tenho forças para sair da cama...

- Lu, anda... Levanta! Vou te levar para um lugar que você não vai se arrepender – disse com uma voz rouca de ressaca.

- Sério, me fala... Como você conseguiu levantar? Você tava muito bêbado ontem.

- Se não fosse nosso último dia aqui, ficaria o dia todo com você aí na cama. Mas não vai rolar, anda... – ele disse a caminho do banheiro, desconversando.

Olhei para o seu lado da cama e vi um copo d’água com um sachê de sais de fruta ao lado. Ele deveria estar mesmo com a maior ressaca e estava lutando para não demonstrar. Precisava reunir uma força descomunal para conseguir sair debaixo da coberta:

- Espero mesmo que essa saída valha a pena. Algo me diz que nada vai superar a gente poder ficar aqui dormindo pelado – resmunguei.

Ele voltou do banheiro, já com a cara lavada e sorrindo, se desviando das roupas espalhadas pelo chão, sinais claros da farra da noite anterior:

- Você vai ver! Bora, adiante! – disse me dando um tapinha na bunda – A gente não pode se atrasar mesmo. O dia será corrido.

...

Com muito esforço, tomei um banho rápido e descemos para tomar o café da manhã. Aquele cheiro de café forte me ajudou a acordar e nos alimentamos bem. Já no táxi, Rodrigo informou ao motorista que estávamos indo para a Vila Leopoldina, e eu não fazia muita ideia do que aquilo poderia significar.

- Estão indo pro jogo? – se intrometeu o taxista.

Rodrigo revirou os olhos, meio chateado com a surpresa estragada:

- Sim, estamos indo.

Emendaram uma conversa sobre esportes e eu já sorria de empolgação, matando a charada. Era o primeiro jogo da final do Campeonato Paulista de Vôlei. Sesi SP x Brasil Kirin. Queria pular em cima dele e abraça-lo para agradecer o “presente”, mas me contive. Quando o táxi nos deixou, a movimentação no entorno já era grande. A cada passo que dava, Rodrigo me encarava para avaliar a minha animação.

- Sério, porque você faz isso hein? – indaguei, com um misto de vergonha e euforia.

- Procurei saber se ainda tinham ingressos, assim que soube da reunião aqui. Foi aí que tive a ideia de te chamar. Não podia deixar de te trazer, sabia que você ia curtir!

Curtir é pouco. Sentamos num lugar bacana e presenciamos um jogão de vôlei. Lá estavam os nossos astros-sósias, Murilo no banco e Sandro na quadra. Foi uma partida sensacional e o Sesi SP venceu por 3x1. Claro que no final da partida, a gente deu um jeito de tirar fotos com os nossos ídolos. Contamos a história para o Murilo da nossa zoação e até ele concordou que era mesmo parecido com Rodrigo. Não poderíamos mostrar as fotos pra deus e o mundo, é claro, mas o que importa é que a gente foi. “Que dia incrível!”.

Saímos realizados do ginásio do Sesi (na semana seguinte, o time venceu a segunda partida e foi o campeão paulista). Nem ligava mais para sono ou ressaca, aquilo realmente valeu a pena. Rodrigo não escondia um sorriso de satisfação ao ver minha alegria.

- Obrigado, de verdade – disse puxando-o para um abraço.

- Não precisa me agradecer gigante! Me leva pra Superliga ano que vem e estamos conversados.

Gargalhamos e seguimos de volta para o hotel. Organizamos as nossas coisas e Rodrigo me explicou que teríamos que almoçar mais cedo, porque o voo de volta era logo no início da tarde. Mal sabia eu que aquele dia nem estava perto de acabar.

...

Não tinha percebido pelo bilhete, mas logo que o comandante deu as boas-vindas aos passageiros, me dei conta de que aquele voo estava indo para Belo Horizonte:

- Ué, vai ter escala na volta? – questionei ao Rodrigo.

- Conexão Lu... O outro voo para Salvador é no final do dia. Foi o único que eles encontraram – ele me respondeu.

Fiquei imaginando o porre que seria esperar um tempão no aeroporto, ainda mais que estava caindo de sono. Consegui tirar uma boa soneca para enganar a mente, até que o Rodrigo me avisou que a gente já estava chegando.

- Putz, preciso de outro café forte... – sinalizei bocejando.

- Fica tranquilo que a gente toma um daqui a pouco.

Nunca tinha ido a Minas Gerais. Saímos do desembarque e já procurava identificar alguma cafeteria, quando ouvi uma voz distante gritar:

- Guinho!!!

Me virei e observei que uma senhora se aproximava. O rosto de Rodrigo se iluminou:

- Mãe!

“Epa, como assim?”, estava surpreso. Ele se aproximou rapidamente dela e deu um longo abraço, levantando-a por um instante. “Luciano, não se mexa”, era a única coisa que eu repetia para mim naquele momento. Ela se desvencilhou dos seus braços e parou um instante para me analisar:

- É ele?

- É sim – disse sorrindo - Luciano, essa é Dona Marta, minha mãe...

Ainda sem saber aonde enfiar a cara, dei um passo para cumprimenta-la:

- Muito prazer...

- Meu filho, seja bem-vindo! Já veio aqui? Nunca veio? – ela só acompanhava os movimentos da minha cabeça - Ah, mas uma tarde é muito pouco meu deus, reclamei tanto com o Guinho, onde já se viu!

Dona Marta era uma metralhadora. Desatava a falar sem parar. Tentava não rir do “Guinho”, mas denotei que ela já esperava a nossa presença. Outra artimanha do Rodrigo. “Tô contando, pode deixar que vai ter troco!”.

- Vou pagar o estacionamento, me esperem ali na entrada. Volto já – continuava animada.

Sem me mexer, direcionei meu olhar para Rodrigo, que prendia uma risada a todo custo:

- Desculpa Lu... Se eu contasse você não viria. Não dava pra negociar essa visitinha.

Na verdade já estava até digerindo aquilo. Meu questionamento maior era outro:

- Tudo bem, sem problemas – falei pausadamente - Mas... Guinho? – agora quem prendia a risada era eu.

- Para, não brinca com isso. Ela só consegue me chamar assim até hoje.

Não conseguia parar de rir para responder.

- Quando eu era pequeno só me chamavam de Rodriguinho, e ela resolveu abreviar. Pior era com minha avó, que tinha um sotaque mineiro bastante característico, e só me chamava de “Guin”...

Soltei uma risada ainda maior e ele não resistiu em me acompanhar. Dona Marta logo reapareceu sorridente achando que era só felicidade por estarmos ali e seguimos para o carro.

...

Como não conhecia Belo Horizonte, não tinha muita ideia de para onde estávamos indo. Tudo era novidade. Dona Marta contava alguns fatos que ocorreram na ausência de Rodrigo e ele escutava atento. Pouco tempo depois paramos em um edifício de um bairro aparentemente movimentado. Ao abrir a porta do apartamento, já ouvi um segundo grito:

- Digoooo!!

Uma jovem, também ruiva correu para abraça-lo. “O que mais falta acontecer? Quando ele ia me contar sobre isso?”, pensei com tanta novidade aparecendo. Rodrigo carregou a garota, dando um forte abraço, e se voltou para mim:

- Esse é o Luciano – disse apontando – Luciano, essa é a Malu, minha irmã.

- Oi, tudo bem? – ela disse sorrindo.

Me apresentei, ainda acanhado. “É, a cara não nega. São muito parecidos”. Sentamos no sofá da sala, a irmã do Rodrigo disse algo para a mãe e depois do choque, senti um cheiro delicioso invadindo a sala. Meu estômago roncava.

- Olha, deixei no forno enquanto ia pegar vocês – Dona Marta vinha com uma bandeja na mão – Você gosta de pão de queijo Luciano?

- Nossa Dona Marta, aí você pegou pesado... Gosto demais!

Todos riram e sentamos à mesa, enquanto Malu trazia biscoitos, sanduíches, sucos e uma infinidade de coisas. Poderia passar a tarde devorando pão de queijo, mas já estava envergonhado de tanto comer. E eis que entre uma conversa e outra, com o clima bastante divertido, ouço Malu me confessar:

- Sabia que essa é a primeira vez que o Digo apresenta um namorado pra gente?

Fiquei estático, sentindo meu rosto queimar.

(continua)

...

Oi pessoal! Primeiramente queria pedir desculpas, porque percebi alguns erros ortográficos no capítulo anterior. Não tive muito tempo de revisar e quero me manter fiel à ideia de postar um capítulo por dia. Por isso, me perdoem o descuido. Que bom que vocês estão curtindo! KaduNascimento, KarlinhaAngel, Plutão e Ru/Ruanito, obrigado pelos elogios. Stylo e Geomateus, pois é, não dá pra ficar pensando em problema o tempo todo! Irish, que bom seria se os bons momentos fossem sempre uma constante! Esqueci de comentar sobre o “você pegou pesado com o teu rapaz” no capítulo anterior (rs), mas me dá um desconto pô! Foi a nossa primeira briguinha (hehe). Drica Telles, obrigado pelo carinho e torcida! Mais uma vez, queria agradecer a todos os votos e comentários. Amanhã tem mais. Bjão!

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Comentários

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Oi, sou o GuidoRJ, do "Camilo". Se puder, me manda seu e-mail. Queria falar umas coisas sobre ambos os textos. guidorj@yahoo.com.br. []s!

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O Rodrigo é mesmo muito fofo!Achei super legal ele ter te levado para conhecer a família e aliás que família bacana hem?Deu sorte.

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Parece ter sido uma viagem super bacana, não?Que venham outras assim. Sua sogra e sua cunhada são gente fina, pelo visto, te recebendo assim tão bem. Deu sorte no namorado e na familia do namorado, né

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Parece ter sido uma viagem super bacana, não?Que venham outras assim. Sua sogra e sua cunhada são gente fina, pelo visto, te recebendo assim tão bem. Deu sorte no namorado e na familia do namorado, né, moço de sorte? rs Achei que em S.Paulo voces dariam um pulo lá naquela balada The Week. Dizem que é top, frequentada pela "nata" da comunidade gay paulistana: só cara malhado, lindo, rico, a quem os outros gays chamam de "barbies". Mas, claro, seriam cantadas para todo lado em cima de voces dois. E frequentar boate 100% gay quando se esta namorando não é boa coisa pois os caras chegam junto mesmo, não querem nem saber...Bom, acho que voce já sabe disso tudo, rs, já não deve ser nenhum novato dentro do universo gay.

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Otimo, tirou um pouco o pensamento negativo que eu tinha, momento lindo esse que eles vivenciaram. Amando seu conto. Abração!!!

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Aí luh essa viagem d vçs foi um sonho! e o "guinho" é um fofu kkkkkk ti levou pra conhecer a família....espero q tu não estrague tudo hein kkkkk bjuss to no aguarde do próximo capítulo

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