Coração Indeciso II - Tudo ou Nada?

Um conto erótico de Arantes, Henrique.
Categoria: Homossexual
Contém 2586 palavras
Data: 27/07/2014 00:36:28
Última revisão: 27/07/2014 00:45:39

Hoje acordei pensando que eles devem ter tido transas fenomenais com direito a tudo. Meu celular estava na base de acoplamento do aparato de som; eu o olhava. Não gostaria de me levantar. Odiava-os por me fazerem confuso, mas eles eram eles! E parecia ser obrigação deles fazerem isto.

Fui arrastando-me até o banheiro para me assear. Comecei a escovar meus dentes. Eu estava com vontade de cair num sono eterno. Cuspi a pasta, agora, cremosa na pia. Troquei de roupa.

Fui para a cozinha cantarolava “Alejandro”. Estava tentando me alegrar. Fiz meu sanduíche com peito de peru e tomei suco de uva, da Del Valle. Fui para o playground, espairecer. Sentei-me num balanço comecei a ir para trás e para frente.

“Fui excluído do mundo?” digitei no meu velho Twitter. Comecei a ler Dom Casmurro em meu telefone.

“Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.” Havia me lembrado de Ricardo e ri. Talvez ele fosse assim, naquela época, não?

Retomei a leitura: “Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da Lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. ”

Depois de ler esse trecho comecei a pensar... Talvez, ele pudesse ser esse homem impaciente (e como eu imaginara desde a primeira vez que lera esse livro: elegante e forte), porém... Não poético.

Aff, como gostaria de ter alguém para ler-me versos. Eu havia fechado meus olhos. Senti meu celular sendo puxado, enquanto eu suspirava, e tentaram me beijar. Efetuei segurei o queixo com o indicador e o polegar.

— Oi — falou Bruno.

Ele estava sóbrio ou meio sóbrio, mas cheirava a álcool. Estava acocado, sua calça estava quase espocando com aquelas pernas super torneadas. Ele vestia uma camisa xadrez vermelha.

Lembrei-me da aliança que Augusto tinha no dedo. Eu me odiei ao lembrar-me disso. Aliás, eu tinha que lembra? Por quê?

— O que foi agora? — falei não mais o segurando.

— Só queria fazer uma surpresa... — falou ele rindo.

Lembrei-me do beijo que ele havia me roubado enquanto passeava com Deco.

Eu ri. E perguntei: — Como afirmas isso?! Não deveria nem estar te olhando!

— Simples, acabastes de me bater!

— Eu te bati? — falei com olha de pouco caso.

— Teve a intenção! — falou ele rindo como se tivesse graça.

— E mesmo SE eu te batesse seria uma defesa!

— Uma defesa contra um beijinho inofensivo? — falou ele tentando pegar minha mão.

— Eh... Ouais! — falei voltando ao celular. Ele se levantou e caminhou em direção à saída.

Quando não vi mais ele por perto me levantei, mas deixe o fone cair do meu bolso. Juntei-o e me virei. Agora, Bruno tinha conseguido. Mais uma me prendendo.

— Isso é coisa rara de se acontecer. Rebarbado. — Disse ele sem fôlego depois de eu morder ele.

— Claro que vou interromper qualquer coisa que tentes comigo. — Lembrei-me de que ele tinha uma namorada. Ele deveria tá planejando uma revanche contra o irmão. Talvez, ele tivesse se sentido irado com Augusto.

“És que nem teu irmão! Não prestam!” falei me levantando. (Ele tava me usando!) “Odeio-os! Sempre estão me fazendo ficar mal!”

—Eu te faço mal? Namorada? Eu não tenho mais... — falou ele mudando de assunto... — Eu vim atrás de ti. — Eu não sabia se podia acreditar naquela ladainha que eu já ouvira outras trezentas vezes. — E, eu só fui um pouco grosso porque o Augusto me deixou puto. Desculpa por ter sido rude, tá?

Já me encontrava entre seus braços musculosos que eram morenos e tão aconchegantes. Minha respiração estava forte como se meu corpo esperasse que Bruno me dominasse. Eu tinha que parar de ser fraco!

— Eu quero confirmar isso agora. —Apalpei seu bolso. Peguei seu celular.

Não ligava que alguém gostasse de mim. Já não ligava se ele me usaria ou não (isso só dependeria do ponto de vista). Se ele realmente tava fazendo um jogo ... Eu tinha acabado de entrar.

—À vontade. — falou parecendo um pouco ofendido.

Tentava me lembrar do nome da ...

— Espera, espera! É a Claudia da nossa...? — falei em voz alta.

— É. — Falou ele entediado se encostando à barra do balanço.

― Devia me matar! Que judiação, que judiação! ― Ele riu de mim.

Liguei do meu celular.

«Olá? Quem fala?» perguntei mordendo meu lábio inferior e modificando minha voz.

«Olá. É Claudia. » falou ela.

« Claudia, Meu nome é Fábio e eu falo da.... hum... Saraiva. — Quase soltei um riso. Ele riu. — Claudia,teria como eu falar com Bruno? Eu posso falar com ele?»

«Desculpa. mas eu não acredito e não mantenho mais contato com ele tá bem? Não sou besta. Passar bem, número desconhecido.» Abri um sorriso imenso quando ela desligou.

Eu me sentia ridículo por ter que me fingir ao telefone. Ele tentava falar, mas eu não deixava. Quem diria aquele implicante, arrogante, filho da mãe decidiu ficar comigo? Ou ele só estava jogando? Minha cabeça tinha que vir e tentar estragar isso.

Bom, é... Talvez ele não tivesse armado nada... Talvez fosse um pouco verdade... Talvez eu estivesse louco... Fique pensando que era melhor desistir desses pensamentos. Ele não parecia nem um pouco mal intencionado.

— És louco? — perguntou ele me olhando e sorrindo.

— Um pouco... Serve? — falei segurando sua mão.

— É... Né?

Ele riu meneando a cabeça. Parecíamos dois idiotas, bestas, loucos varridos. Ele disse que ia pegar algo em seu carro. Eu me sentei no balanço virado para a piscina do térreo. Alguém tapara meus olhos.

— Para, “Bru” — Ri (podia ser careta, mas esse era seu apelido).

— Quê? — falou Augusto.

— Augusto? Sai daqui! — falei indo para trás e me desvinculando dele.

— Eu nunca vou te esquecer! Podes desejar isto, mas não acontecerá! — falou ele se ajoelhando, baixando a cabeça e abrindo uma caixa aveludada vermelha (uma antiga e temida... “amiga” minha).

Ele era o cafajeste mais inegavelmente lindo, fofo, carinhoso, seguro, amável, cínico... E por mais orgulhoso que fosse ele estava ali. Ali! Diante de meus pés, estava ajoelhado. Eu não sabia como reagir. Eu não podia ficar com ele ao menos que eu desfizesse algo e ele também. Aí, como eles me manipulam! Era um alvo muito manipulável para um emissor de opinião.

— Que palhaçada é essa? — falou Bruno. Com uma caixa de bombons Ferrero Rocher. — Não acredito nessa merda. Vem para perto de mim, Henrique!

— Desculpa, Augusto. — Olhei para Augusto. Augusto parecia irritadíssimo. Bruno foi ao meu lado. O nariz de Augusto se enrugou. As coisas foram bem rápidas, rápidas mesmo.

— Seu porra, invejoso do caralho! — Empurrou Bruno na piscina. — Sabia que eu ia pedir a ele... — Não completou.

Eu fiquei tipo... Palavras vazias.

— Como se tu ainda é casado? Seu filho da puta, babaca. — falou Bruno.

Augusto deu dois socos no nariz de Bruno, um raio de sangue se espalhou pela piscina e pingava do nariz de Bruno. Ele se afastou e pegou na ponta do nariz. Eu não sabia o que fazer.

— Seu filho da puta, fodido. Vou te quebrar!

Eu não sabia se ele realmente iria conseguir, Augusto magrelo? Não, ele consegue. Ele não tava nem um pouco magricelo. Estava muito mais... maduro... em tudo e mais forte, bem mais.

Bruno cortou o lábio superior de Augusto. E eles começaram a se bater. Decidi de uma vez. Joguei meu telefone no chão e cai dentro da piscina. Fui até eles.

— Parem, parem! Eu não sei nadar, eu não sei — troquei as bolas e falei: — me afogar.

Engoli muita água. E eles pararam de se bater. Minhas narinas estavam em chamas. Meus olhos pesados meu peito pesava e a roupa me puxava para baixo. A água me acalmava e me tragava. Mas, era uma sensação a mais. Logo após essa “aventura maravilhosa”, tossi virando-me para o lado e cuspindo água quente de minha boca.

— Guto — falei inaudivelmente puxando a gola da camisa dele.

— Que merda de ideia de gírico te deu caralho? — Augusto acabara de me fazer respiração boca a boca. Eu sentia o gosto de seu sangue em minha boca. Passei a mão nos bíceps desenvolvidos dele. O quão promiscuo estava? Não o sabia.

Bruno estava sentado cadeira de tomar banho de sol, apoiava o rosto em suas mãos e seus cotovelos em suas coxas. Ele me olhou e sorriu.

— Vocês não... — tossi — queriam parar. — falei bem fraquinho encostando minha cabeça na lajota de cerâmica, eu estava cuspindo mais água.

— Licença. — Bruno, sem camisa, me levantou. O nariz dele estava meio estranho.

— Não. Eu levo! — falou Augusto.

— Parem! Parem! Eu posso ir só! Soltem-me!— forcei a barra à toa. Eu caí.

Para Augusto o tempo se fechara, ele cerrara os punhos e se levantara. No saguão ele, Bruno, queria que eu entrasse no elevador. Mas, eu comecei a explicar minhas possibilidades mirabolantes. Que o elevador poderia entrar em curto com uma gota d’água que escorresse de nós, que o cabo poderia partir...

Semicerrei os olhos e dei as costas para ele. Empurrei a porta da escadaria e comecei, fracamente, a subir. Apoiando-me na barra da escada. Bruno veio logo atrás de mim bufando.

— Não sei... És tão irresistível — falou ele.

— Não precisa fazer nada. — falei.

— Não consigo. — falou me tocando a cintura.

Ele soltou uns risinhos no meu pescoço. O ar escorregou e passou pela minha nuca.

— Para Bruno. Meu celular. —falei me saindo.

— Esquece isso. — falou ele.

Entrou um casal. Ele me soltou para olhar a loira. Queria um litro de álcool e fósforos! O cara era branco tinha o corpo do Augusto e cabelos negros. A loira piscou para ele e o cara sorriu para mim. Fiquei super sem jeito.

Fui à beira da piscina, sem ao menos ligar para isso. Peguei meu celular que ainda estava lá jogado no seixo perto do piso de cerâmica.

— Tá a fim de um swing? — falou Bruno atrás de mim.

— Tás louco? — falei envolvendo meus braços. — Quase morri de susto!

—Una aventura es más divertida

Si huele a peligro. — Ele apertou minha bunda.

—Aff. Só pensas nisso? Bru, vamos ao cinema? Fiz biquinho e beijei seu peitoral.

— Ver que filme? — ele me abraçou.

— Hoje Eu Quero Voltar Sozinho. — falei.

— Sei não... Parece não fazer o meu tipo. E eu tô sem roupa aqui. Tenho que ir para casa me trocar. E ver esse nariz, pois, tá doendo pra caralho. — Seu nariz parecia estar inchando.

—Posso chamar o Augusto? É sério não é por nada não, mas ele é ótimo! Ele pode ver... — falei.

Errei feio, muito feio ao menos para ele.

— NEM PENSAR! — falou ele me soltando. Parecia um tomate de vermelho. — Deve tá querendo ir junto dele, né? Pois, vai! Pode ir! Eu, sinceramente, não ligo!

— Bru... — falei olhando para as suas costas grandes se afastando.

—Não me toca! Não me toca! Já não basta o que eu passei hoje por ti? — falou ele. — ‘Falô’ cara. — Saudando para Wauscir abrir a porta para ele.

— Só falei... — Eu disse.

Ele segurou a porta antes de ir. Bruno entrava no KIA vermelho.

— Ah! — saiu de minha boca.

— Me esquece! — disse paralelo à calçada.

Fui à cozinha cenoura coloquei para ferver. Eu amo cozinhar. Abri a pasta minhas músicas e escolhi as canções da Clarice Falcão.

— Por que sou tão eu? — perguntei-me tirando o bacalhau de um pote da Tapperwere verde. — Sensível, frágil, carent... — não queria aceitar essa última palavra.

Peguei uma frigideira antiaderente deixei esquentar. Peguei uma garrafa de óleo português que estava no armário de cima.

— Carente? Eu sou... Carente? — falei. A garrafa escorregou de minha mão e quase me acerta o pé.

Joguei tudo na pia e fui para a sala. Estava a ponto de ligar a TV.

― Henrique? Henrique? ― Ouvi Augusto bater na porta.

Não respondi.

―Eu sei que tá aí. Abre logo. ― falou Augusto.

― Vai embora!

― Não vou! E se não abrir... Eu arrombo!

― Não ousa! ― falei.

A porta se abriu num piscar de olhos. Augusto estava a soltar o canivete suíço agora preso na fechadura.

― Por que tu fazes isso?! Pra que?! Por qual razão?! Merda! Merde! Merd. Ele foi o único que entregou tudo por mim! Por mim! E eu estraguei tudo por apenas mencionar-te!

― O quê? Ele? Ele nem ao menos perguntava por ti enquanto eu... ― Ele passou a mão na testa. ― Eu sempre tava procurando por ti em Paris. Ninguém, das pessoas que eu contratei, conseguiu te achar! Nunca, nunca mesmo, ninguém te amara como eu. E viu? Mesmo com ele tu ainda pensas em mim!

Meu olho direito começou a tremer.

―Ah, não sei o que dizer... ― falei parado e com os braços caídos em minhas laterais.

― Mas eu sempre vou ser aquele que não vale a pena, não? Não é mesmo, Henrique?

― Eu... ― falei ainda na mesma posição.

― É. É só nisso mesmo que pensas... Em ti. ― falou ele, apontando seu indicador para mim.

― Não, eu também penso em ti! Vês? Eu não tenho amigos! Eu sou só! Eu não tenho ninguém! Eu não quero machucar-te com tudo que levo comigo.

Ele abaixou o dedo e caiu na poltrona.

― Eu não quero machucar ninguém com minhas mancadas, minhas loucuras, com minhas crises de existencialismo. Realmente é isto que queres para ti? . Talvez, eu não seja ninguém, um nada.

― Não, não, você não é ninguém. Para mim é perfeito desse teu jeitinho: certinho, inteligente, paranoico, belo. Para mim você é tudo.

Olhei para ele. Lembrei-me de quando ele era um “galetinho” esmagado na parede por aquele que sempre (por mais que no cantinho), sempre estará no meu coração. Quando me fez correr para casa passando mal.

― E ai, posso te abraçar? ― perguntou ele.

Isso que eu não gostava no Augusto... Às vezes, ele tinha essas crises de educação. Augusto tinha sempre sua forte personalidade, destemor a tudo desde o dia em que nos falamos pela primeira vez à porta do hospital. Por que ele decidira perguntar agora?

Ele se levantou parece que havia lido meus pensamentos.

― Eu acabei de terminar com teu... — Nem sei se eu podia dizer que aquilo havia começado...

― Shhhhh. ― falou ele tapando minha boca com um dedo.

O dedo dele percorreu da minha boca à nuca, sua mão fria agarrou um bocado de meu cabelo. E com o braço esquerdo agarrou minha cintura e me aproximou dele. ― Ahr. ― foi o único som que meu corpo conseguira liberar.

― Desculpa. ― Ele disse quando o telefone dele soltou o toque ‘Tom triplo’.

Ele abaixou a cabeça e disse: “Merda, tenho que ir.”

―Desculpa. Mas tenho que ir. Queria poder ficar, mas tenho realmente que ir. Mas... ― disse ele acariciando meu queixo colando os seus lábios aos meus. Ele estava sem a aliança.

Ele parecia estar faminto de meu beijo, tanta voracidade e excitação (ou tesão, seja lá o que for). Só sei que eu estava à mercê de sua vontade. Logo, tentei vê-lo e só acompanhei a porta se fechandoRu/Ruanito: Espertinho! Eles querem deixar o Henrique gordo! Só dão chocolate! KKKKKKKKKKKK

Geomatheus: Muito obrigado. ^.^

Guinho: Ele ama o Henrique. Tão bonitinho :3 Pena que o Henrique é muito confuso.

Uma pena que ele teve que ir, não? Como esse conto é em primeira pessoa tudo que se passa com Henrique tá se “passando” com o conto, ou seja, pode estar um pouco confuso. Mas é assim que ele (Henrique) se sentiu. Obrigado por lerem! Beijos! Qualquer coisa me falem! E essa semana não vai dar para postar #FoiMal

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Comentários

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Boa observação! Aliás, eu ri muito com o seu comentário, Bobo da família. Mas, não precisa generalizar. Quando eu era leitor daqui, eu gostava de ler romances. Um dia eu escrevo algo para os apimentadinhos. Quem não gosta, né? E o Henrique já teve desses momentos só que ele se "aguenta.

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