Por Favor... Me Ame! Epilogo

Um conto erótico de Evan
Categoria: Homossexual
Contém 4778 palavras
Data: 22/07/2014 20:08:50
Assuntos: Gay, Homossexual

Epilogo: O meu mundo se resume a uma cor: vermelho.

Não existe uma hora, minuto ou segundo que eu não pense nele. Não existe uma hora, minuto ou segundo que eu não sinta a falta de seu toque. Não existe uma hora, minuto ou segundo que eu não sinta falta dele. Não existe nada que não me lembre ele. Não existe Marvo sem Evan.

Tinha se passado dez anos desde aquele fatídico dia, dez anos. Mas para mim não era mais do que dez minutos, ou em alguns dias, dez míseros segundos. Estava com 38 anos, mas antes de chegar aos quarenta, meus cabelos já estavam grisalhos. Dez anos tinha se passado, mas eu ainda sentia a dor de ver meu Evan, o cara que eu amava, estirado no chão. Não tinha uma noite que eu não acordasse suando frio e com o seu nome, em forma de grito, preso em minha garganta. E ficava a noite toda remoendo aquela noite. Eu não queria deixá-lo desmaiado no chão da recepção, não queria, não queria, mas eu fiz. Estava tão focado em acabar com aquele cara que eu fiz o que fiz. Nem ver como ele, o Júnior, ficou depois da surra que eu dei nele melhorou o meu ser. Estava levando, na verdade estava mais para arrastando, Júnior até onde os policiais estavam. Estava a uns bons 500 metros de distancia do prédio da retoria quando o próprio explodiu. Mesmo eu estando aquela distancia o impacto me jogou no chão, mais alguns metros a frente, destroços também me acertaram. Acho que eu fiquei desacordado por um tempo, pois quando eu acordei Lion, Lago e Chaves estavam perto de mim. Me levantei em um pulo, acho que eles pensaram que eu ainda estava em modo automático por ter lutado com Júnior, mas não era isso. Evan! Eu sai correndo naquela direção, quanto mais eu me aproximava, mais o calor me atingia. A pira já estava parcialmente controlada, em algum momento um carro de bombeiros tinha entrado na propriedade da escola. Uma parte do fogo já estava domada, a outra nem tanto, uma linha monstruosa de fumaça deformava o céu, transformando-o em cinza. Eu sabia que os outros estavam atrás de mim. A fumaça entrava pela minha garganta e a arranhava de modo horrível, como um animal enjaulado tentando sair.

Sentado na cama o frio que me atingiu naquele dia, me abraçava toda a noite na minha cama, cada vez que eu acordava assustado. Os lençóis que serpenteavam minhas pernas quando eu me remexia furiosamente nos meus pesadelos me lembravam as roupas que eu usava naquela noite, dez anos atrás. Não vou dizer o que me levou até o seu corpo quebrado foi o meu coração, não, o que me levou até ele foram um bando de corvos que eu vi indo naquela direção. Foi naquele momento que Lago e os outros dois perceberam o porquê da minha pressa, eles também se apressaram. Um policial ainda tentou me parar, mas um soco meu foi o que garantiu a minha passagem sem mais problemas. Ainda me lembro – os malditos 10 segundos – como foi que nós o encontramos. A pele do seu rosto estava vermelha e com várias bolhas vermelhas e cheias de liquido, algumas tinham estourado e no lugar tinha uma ferida horrenda. Seus cabelos vermelhos estavam uma bagunça sem cor, sem formato, sem vida. Escutei um arquejo apavorado e depois Lion explodiu em um choro tão dolorido que me fez ainda pior. Eu lembrava desse choro nas minhas noites insone. Mas me lembrava, com uma nitidez impressionante, do estado de Evan. Seu braço estava virado na direção erada, o osso branco salpicado de vermelho cortou sua carne em dois pontos, as pernas estavam sobre um amontoado de pedras. Olhava para minhas mãos marcadas, mesmo que as marcas estejam opacas nos dias atuais, mas dez anos atrás as pedras queimaram minha mão. Mas eu não desisti, deixei pele e sangue em cada pedra que tirei de cima das pernas dele, já que elas estavam extremamente quentes.

Na academia militar muitos me elogiavam pelo fato de eu ser imune a sentimentos. Mas Evan, pouco a pouco, foi quebrando minhas muralhas, deixando-as em migalhas pequenas. Mas naquela noite eu me transformei em humano, o humano que eu era antes de me tornar militar, e o que eu sou agora. Eu chorei por ele naquela noite, e choro por ele em todas as noites desde aquele dia. Suas pernas estavam queimadas, a pele negra como carvão e os músculos vermelhos. Meu choro ficou pior quando vi que alguns corvos tinham comido a pele parcialmente queimada da sua perna direita. Foi eu quem o levou até a ambulância, foi eu quem o acompanhou, foi eu quem estava junto com ele quando entrou na sala de cirurgia, fui eu quem dei a notícia do seu estado de saúde para os seus pais, foi eu quem os escutou chorar pelo seu filho e foi eu quem o deixei naquela situação horrível. Eu também fui tratado naquele hospital, mas meus ferimentos não eram nada comparado ao que Evan sofreu. Duas mãos parcialmente queimadas, um nariz quebrado e costelas machucadas era o que eu tinha, enquanto Evan era um ferimento ambulante. Fiquei sabendo por Lago que vários dos homens adversário foram presos, outros mortos e alguns conseguiram fugir. Júnior era um dos que foram preso. Eu passei dois dias consecutivos na sala de espera, mas no terceiro eu tive que ir em casa, acho que meu cheiro estava incomodando as pessoas. Os nossos contratantes tinham dado o dinheiro para que Chaves distribuísse, para os que estavam vivos ela deu a quantia certa, para aqueles que morreram ela deu o dinheiro para a família da vítima. Lago alugou um pequeno apartamento na cidade e foi lá que nós nos estalamos. Eu também tinha recebido a minha parte. Comprei roupas novas e outras coisas para uso pessoal.

Tive que me controlar no dia que eu vi os irmãos de Evan, olhar nos rostos deles eram como milhares de facas no meu coração. Uma vontade avassaladora de abraçá-los se espalhava pelo meu corpo, mas eu não poderia fazer isso, eles apenas se pareciam com o meu Evan. Mas não eram ele. Eles me deixaram ver ele algumas vezes. Tive uma conversa com os pais dele um dia no corredor do hospital, toda noite eu revisava aquelas palavras na minha mente.

“O que você é pra ele? Algum professor?” O pai dele sempre me perguntava quando me via na sala de espera, mas eu nunca respondia. Nesse dia especifico eu respondi.

“Eu sou o noivo dele” Eu menti, mas não era verdadeiramente uma mentira. Eu já o conhecia a quase um ano e estava esperando ele completar dezoito anos para pedi-lo em noivado “Sinto por não ter contado antes. Mas é a verdade”

Eles não falaram nada, só me perguntaram a minha idade e eu respondi com confiança. Eles ficaram estranho comigo por quase duas semanas, mas no fim eles viram que meus sentimentos pelo filho deles não era feito de gelo e sim de aço. Toda vez que eu ia visitá-lo eu chorava, ele nunca estava acordado e todo o seu corpo estava enfaixado e cheio de fios. Conversava com ele sobre tudo, mas ele não respondia, não abria um daqueles sorrisos dele. Aqueles sorrisos que me deixavam cheio de desejo e fazia meu coração bater mais rápido. Eu cortei todos os contatos com Chaves, ela ainda tentou me procurar algumas vezes com ofertas de trabalhos com pagamentos altíssimos, mas eu nunca aceitava, Lago também não estava mais trabalhando para ela. Eu fiquei no apartamento de Lago e Lion por dois meses apenas, não aguentava vê-los tão felizes enquanto eu mal conseguia dormir a noite. Aluguei um próprio apartamento para mim, mas tinha noites que eu tinha vontade de voltar para onde Lago e Lago, as noites meus demônios me atormentavam. Como todas a noite até hoje. Os dias iam se transformando em semanas e as semanas em meses, até que ele acordou seis meses depois.

Nesses seis meses eu ainda tentei sair com outras pessoas, não me orgulho de dizer isso, mas durante um espaço de tempo de dois meses minha cama nunca estava vazia, eu transava todo dia, com pessoas diferentes. Mas não era ele, meu corpo todo podia está cheio de álcool, mas alguma parte dentro de mim sabia que aqueles rapazes não eram Evan, e nunca seriam. Vários deles me deixavam sozinho quando eu os chamava de Evan quando me enfiava dentro deles. Num dia particularmente cinzento, tanto o clima quanto o meu humor, recebi um telefonema da mãe dele. Nem deixei-a terminar de falar, corri para vestir alguma roupa quando ela disse a frase “Evan acordou”. Com o dinheiro que recebi tinha comprado um carro comum, desses que rodam vários quilômetros com pouca gasolina. Quando eu cheguei no hospital Lago e Lion já estavam lá me esperando. Eles correram junto comigo na direção do quarto dele. Seus irmãos estavam lá dentro, e só era permitido três pessoas de cada vez. Então eu tive que esperar, cada segundo era como uma hora para mim. Mas finalmente eles saíram lá de dentro e eu entrei. A primeira coisa que eu vi foi o seu sorriso, aquele sorriso de criança travessa, aquele sorriso que prometia tudo que eu queria, aquele sorriso que eu amava, que me excitava, que era meu tudo. Depois eu vi seus olhos brilhando, brilhantes como no primeiro dia que eu transei com ele. Nem me importei com seus machucados quando andei até ele e beijei-o, como a muito tempo eu queria fazer Lion e Lago falaram alguma coisa com ele, mas eu não consegui ouvir, toda minha atenção estava voltada para seus olhos brilhantes, minha mão acariciava sem parar seus cabelos cor de cobre. Dava para sentir a diferença, mas pudera, ele passou seis meses dormindo, ninguém teve uma preocupação muito grande com a maciez e o brilho de seus cabelos, meu sorriso morreu quando eu pensei isso, ninguém pensou. E incluído nesse “ninguém” estava eu. Beijei-o mais uma vez, não estava dando a mínima para seus dentes faltando, ele era meu e ponto final.

Ele ainda ficou mais um mês naquele hospital, naquele quarto. Meu coração batia forte cada vez que ele pedia para que eu ficasse sozinho no quarto com ele. Teve um dia que eu estava sentado na poltrona que fica ao lado da cama do paciente, ele se levantou, saiu da cama e se sentou junto comigo. Me deu um beijo casto na boca e colocou sua cabeça no meu ombro. Quando seus pais chegaram para visitá-los ele estava em meu colo, com a mão no meu peito e eu prestes a dar outro beijo em sua boca, já que meus lábios estavam na pele do seu pescoço. Ele tentou sair do meu abraço, mas meus braços – e todo o meu corpo – estava ansiando para tê-lo, tocá-lo, amá-lo. Depois que ele acordou eu nunca mais tinha visto ele de cuecas, ou nu. Ele adquiriu uma vergonha sem tamanho, usava roupas extremamente grandes e infernalmente folgadas. Até na hora de falar ele sentia vergonha, quando estava sozinho comigo ele ainda falava algumas palavras sem a mão na boca, mas na maioria das vezes ele estava com a mão lá, tapando seus deliciosos lábios. Em uma noite que eu tinha ficado com ele, com um sorriso bobo no rosto, meio escondido atrás de sua mão, ele me perguntou.

“Mamãe e papai me perguntaram quando que eu ia contar para eles que eu estava noivo?” E levantou uma sobrancelha sugestivamente, o seu tom de voz estava camuflado, um tom querendo ser mal, mas, na verdade, ele estava curioso e alegre. Eu fiquei alegre com sua alegria. Sorri também. “Nem eu sabia que eu estava noivo. Há alguma coisa que eu deva saber, Marvo?”

“Humm, eu estava esperando a hora certa” Cocei a minha barba, nesses meses que eu passei sem ele eu tinha agido muito mais emocional. Chorava com frequência, ria e sorria quando ele estava comigo, meus antigos hábitos e manias de criança e adolescente voltaram com força total na ausência de Evan. Coçar a barba era uma mania minha de criança que mostrava o quanto eu estava envergonhado e nervoso. “Mas como eles já adiantaram, não adianta mais prolongar. Então, Evan... aceita ser meu noivo? Nós já transamos várias vezes, não me sinto bem com isso, acho que sempre quis ter alguma coisa mais seria com você. Esse namoro é bom, ótimo na verdade, mas só namorar por namorar não dá muito certo. Faz com que você seja apenas um amante, um esquenta colchão. O que é bom, mas eu quero algo mais sério e...e... acho melhor eu calar a boca. Então? Aceita?

“Aceito” Respondeu, e depois acrescentou: “Mas com algumas condições” Meu sorriso se desfez, esse mas nunca era bom sinal “Eu aceitei ser seu namorado, aceito ser seu noivo, aceitarei até ser seu marido, mas, eu estou lhe pedindo me trate como um amante... “Abri a boca para reclamar, o que ele estava propondo? “... deixa eu terminar de falar! Então, me trate como amante na cama, na nossa casa “Gostei quando ele falou nossa” fora dela, dentro do carro, enfim, em todos os lugares. Sabe por que eu quero continuar ser seu amante? Seu esquenta colchão? “Negativei com um aceno de cabeça” Por que depois que o casal entra na rotina, o sentimento vai minguando. Quero que você me foda como um puto, mas com uma anel no dedo, que faça amor comigo, que me beije, me abrace, me toque, me ame! Já que eu estou todo remendado, se você não me quiser, ninguém quererá.

Foi nesse dia que ele passou a ser meu noivo, foi nesse dia que nós contamos para seus pais, irmãos, Lion e Lago que estávamos noivos. Foi nessa noite que ele saiu daquele hospital. Eu quase dou um beijo na medica depois que ela disse que ele poderia ir para casa, foi quase mesmo. Os pais dele queriam que ele fosse para sua casa, mas eu queria que ele fosse para minha, alegando que como agora eu era o noivo – e futuro marido dele – eu que deveria cuidar dele. Mas eles nem deram ouvido, me lançaram um olhar duro e começaram a disser para Evan que eles eram os pais dele e que ele ainda era menor de idade, por isso tinha que obedecer a eles. No final ficou que Evan foi para minha casa, reprimir o sorriso de vitória até chegar dentro do meu apartamento, depois um grito tão eufórico, alegre, cheio de promessas futuras, emergiu da minha boca. Evan, finalmente, estava comigo.

O tempo foi passando, passando e passando. As noites era ele quem me acolhia quando eu acordava assustado e tremendo, era ele, o meu pequeno herói. As cicatrizes foram aos poucos sendo tratada, o que primeiro foi restaurado foram os seus dentes da frente. No dia que ele chegou do dentista com dentes novos e sorriu para mim, eu tive que me controlar para não chorar. Com o passar do tempo ele ia me deixando ver seu corpo, sem aquelas toneladas de roupas cobrindo-o. As cicatrizes de queimaduras em suas pernas eram as maiores, as duas de seu braços eram as mais extravagantes, por assim dizer, já que eram duas linhas em auto relevo que estavam começando a sarrar. Ele ficou com o gesso no braço por quase oito meses, tempo pra caramba. Quando tirou o duro material branco, seu braço estava fininho. Eu passei quase um ano e meio sem transar com ele, merecia todos e qualquer prêmio de melhor controle psicológico do mundo. Claro que ele me satisfazia com as mãos – ou eu mesmo fazia isso – com a boca. Eu só fodi com ele de verdade quase dois anos depois do acidente. Lion e Lago – Que na verdade se chama Mateus Lago – eram presenças constantes no meu apartamento. Assim como Evan, Lion ainda não tinha voltado a estudar, ele me falou uma vez que só voltaria a estudar quando Evan estivesse melhor. E assim foi. Eles dois – com quase vinte anos cada um, mas com corpo de 13 – foram terminar o ensino médio. Notei que o meu pequeno não estava tão animado com a ideia de voltar a estudar, mas, mesmo assim, ele foi. E foi até que o ano letivo acabou e ele finalmente se formou no ensino médio.

Com o dinheiro que Chaves deu para Lago e eu, nós montamos nosso próprio negocio, que no começou nós pensamos que não daria certo, mas depois, vimos resultado. Abrimos uma academia, no começo era apenas alguns instrumentos de musculação dentro de um galpão parcialmente escuro. Mas depois de alguns meses, mais pessoas foram se juntando e quando reparei a nossa academia era uma das mais frequentada do bairro. Um galpão parcialmente escuro e com alguns aparelhos de musculação virou um galpão perfeitamente iluminado e agradavelmente arejado, com vários aparelhos de exercício para o corpo. Claro que eu e Lago ajudávamos mesmo quando a academia já estava bastante badalada, no começo de tudo nós dois eramos os únicos funcionários. Foi com muito custo que eu consegui convencer Evan a entrar na academia, mesmo ele tendo uma ótima condição genética, o seu corpo estava começando a ficar rígido por causa das dezenas de cicatrizes em cicatrização. Tinha vezes que ele não me deixava olhar para o seu corpo, foi só quando ele começou com o tratamento de cicatrização foi que ele ficou mais confiante, como o velho Evan. Foi ele quem me procurou para transar comigo, foi a melhor noite da minha vida, sem sombra de duvidas, eu estava com tanto desejo para com ele, que eu gozei apenas quando ele colocou a boca em meu pau.

E depois, ano após ano, ele foi ficando mais confiante, mais adulto, e com a ajuda da academia, mais gostoso. Lion quando completou 21 anos cresceu repentinamente, um surto de crescimento atrasado. Antes ele era uma copia fiel de Evan, mas com o cabelo loiro, agora ele estava alto, cheio de curvas sinuosas e um tanto quanto musculoso. Nessa época de 21 anos ele deu bastante trabalho para Lago, mas não de propósito, era visível quanto Lion amava o meu amigo militar. Mas Lion estava tão bonito que ele atraia olhares de outras pessoas, na maioria homens. Foi só quando Lion pediu Lago em casamento – isso mesmo, Lago estava tão paranoico achando que Lion estava o traindo que Lion teve que pedi-lo em casamento – e colocado um anel no dedo, foi que as investidas dos outros pararam. Já o meu Evan não me deu trabalho nenhum quando completou 21 anos, nós já eramos noivos desde quando ele tinha 18 anos, com 21 nós já estávamos casados. A cerimonia foi simples, apenas para família dele, uns poucos amigos e até a minha família foi. Minha mãe se encantou por Evan, minha irmã mais velha também, meu pai e meu irmão mais novo ficaram com um pé atrás primeiramente, depois que conheceram Evan melhor, eles mudaram de opinião. No dia do casamento, num cartório, meu pai me levou para um canto e falou:

“Você está feliz, meu filho?” Era impressionante como ele se parecia comigo. Ficava feliz cada vez que eu me lembrava que quando eu ficasse mais velho eu ia ter a aparência do meu pai. “Realmente feliz?”

“Estou, pai” Respondi, estava realmente muito feliz. Olhei para onde Evan estava e um sorriso cortou o meu rosto. Ele estava com uma calça social cinza num degradê, mais fraco na cintura e ia escurecendo a medida que ia para pernas, a calça era apertada. Usava uma camisa branca, uma gravata borboleta cinza bem claro e por cima da camisa, um colete cinza escuro. Resumindo, perfeito! “Nunca duvide da minha felicidade, pai. Evan me faz feliz como ninguém...” Ele levantou uma sobrancelha, eu ri “... Não do jeito que vocês, pai! Eu vou pra cama com ele” Agora foi a vez dele rir, mas eu percebi que ele estava embaraçado “Mas enfim, eu o amo, e ele me ama. Estou feliz, pai. Acredite.”

“Acredito” Respondeu, simplesmente.

Quando acordava todas as noites, assustado, era ele quem me confortava. Só conseguia dormir novamente quando ele me abraçava forte. Quando aninhava a cabeça no meu ombro, enrolava as pernas nas minhas, pegava a minha mão direita com a sua e começava, enrolava-os e começava a me acalmar. Relembrando-me de momentos bons que nós tivemos, da nossa primeira transa, aquela que nós percebemos que algo maior do que tesão crescia entre nós. Sempre no final, antes de eu cair no sono, ele me fazia rir, dizendo:

— Sabe, Augustus – Eu já começava a esboçar um sorriso quando ele falava o meu primeiro nome. Quando eu contei que meu nome original era Augustus ele se assustou, mas depois de um tempo, ele aceitou. Ele sabia que eu não me chamava Marvo, era apenas o meu sobrenome – Eu era quem deveria acordar gritando, já que eu é quem estou todo remendado e tal!... mas não, Augustus gosta de atenção, quer me fazer amá-lo a noite toda, será que um boquete ajuda? Dorme, Augustus vou ficar acordado até depois que você dormir, vou zelar seu sono, Augustus.

Eu adormecia com um sorriso no rosto e com ele bem próximo de mim, mas quando ele dizia que ele quem deveria ter pesadelos eu descordava totalmente, eu ria, mas descordava. Pois quando ele tinha pesadelos, não eram como os meus. Ele gritava enquanto dormia. Os psicólogos falaram que como ele desmaiou antes de ver como o seu corpo ficou, estava completamente apagado e não sentiu a dor, ele estava retrocedendo toda a dor que ele não sentiu naquela noite, nos seus pesadelos vividos. Seus gritos me feriam profundamente, eram tão doloridos e cheio de dor que eu me perguntava como uma pessoa tão pequena conseguia aguentar tudo aquilo. No dia seguinte a seu pesadelo ele nem saia da cama, ficava muito cansado e amedorentado. Mas tirando nossos pesadelos eu e ele levávamos uma vida normal. Ele só entrou na faculdade com 24 anos, tentou o vestibular por dois anos e terceiro passou para psicologia.

Lion e Lago construíram uma família assim que Lion completou 23 anos, eles adotaram dois garotinhos de cinco anos gêmeos. Os dois eram umas gracinhas, no primeiro dia de adoção eles já agiam normalmente com todos. Eu e Evan eramos os “tios” deles. Lago e Lion abriram o processo de adoção quando os pequenos tinham dois anos, mas como no nosso país e mais fácil sair da cadeia do que adotar uma criança, o processo demorou bastante. Henrique era um peralta, ele foi diagnosticado com Hiperatividade, não parava quieto num lugar. Silas era o oposto do irmão, um poço de calmaria e tranquilidade. Eram umas gracinhas. Os irmãos de Evan se aproximaram dele apenas no primeiro ano, depois era raro quando eles faziam uma visita para o irmão. Edgar e eu já até brigamos. Minha mãe mimava demais Evan, ela telefonava para minha casa, eu atendia pensando que era para mim, já que eu o filho dela e tudo mais, mas quando eu atendia o que ela dizia era mais ou menos isso: “Gu? Oi meu filho, como está? Bem, ótimo meu filho... o Evan está? Humm, bom saber que você melhorou de sua gripe. Então... Evan?” E ficavam horas no telefone, nem parecia que o meu marido tinha 24 anos e minha mãe 69, os dois aparentavam terem 13 anos cada um. Eu também criei um ótimo convívio com a mãe de Evan, mas era com o pai dele que eu me dava melhor. O velho era um ótimo companheiro, tinha a personalidade do filho.

*************

Estávamos na festa de aniversario de nove anos de Henrique e Silas. O tema era de animal, eu estava com orelhas de coelho na cabeça, com a ponta do nariz pintado de vermelho, uma dentadura plástica com os dois dentes frontais avantajados e bigodes desenhados a lápis no meu rosto. Eles estavam fazendo nove anos de vida. Silas estava do meu lado, com um copo de refrigerante cola em uma mão e na outra um copo com salgados variados. Ele colocava, de vez em quando, um salgado em minha boca e depois levava o seu copo até a altura da minha boca para que eu tomasse um gole do seu copo. Silas era bastante apegado comigo, assim como era com Evan, mas ele tinha maior entrosamento comigo. Henrique era um dado, todo mundo que oferecia alguma coisa para ele abria um imenso sorriso e já jurava amor eterno. Mas ele amava de verdade seus dois pais. E falando neles, eles estavam dançando, enquanto Henrique – que estava fantasiado de leão – estava no chão se contorcendo de tanto rir, era possível ver o embaraço deles dois, mas, mesmo assim, eles estavam dançando no meio do salão. Silas – fantasiado de peixe – estava nos meus braços, ele balançava os pés no ritmo da música que os pais dele estavam dançando, eu disse:

— Silas? — Ele entendeu aquele chamado como um pedido de mais salgado. Depois de ter rido, mastigado e engolido o salgado, continuei – Você viu o Evan, Silas?

— Na última vez que eu vi o tio Evan, ele estava na cozinha – Ele me olhou, levantou seu copo de salgado – Foi ele quem me deu isso

— Você se importaria se eu fosse até ele? — Perguntei.

— Contando que o senhor me traga mais salgados – Se desvencilhou dos meus braços e, depois, pulou. Deu de ombros e continuou – Não vejo problema, pode ir. Mas não traga nada com camarão, sou alérgico.

— Pode deixar, Senhor! — Bati continência. Essa era uma brincadeira nossa – Vou trazer, senhor!

Fui abrindo caminho pela multidão. Nunca vi tanta criança – fantasiada – reunida, era um sem número delas, correndo, brincando, gritando, conversando, pulando, chorando, enfim, sendo crianças. Antes de chegar a cozinha eu o avistei, não o Evan. Esse com toda a certeza estava se empanturrando de doces e salgados na cozinha. Ele também me viu, gritou meu nome e veio na minha direção, com os bracinhos estendidos e com um imenso sorriso no rosto. Que eu tinha certeza que era espelho do meu. O meu filho me abraçou apertado e eu nem me importei com suas mãos sujas de terra, molho de alguma coisa que ele comeu e soverte. Deixei que ele me abraçasse, abracei-o também.

— Papai! Papai! — A voz agitada do meu filho, Yan, me deixava leve, mais alegre. Com apenas quatro anos de idade aquele rapazinho me conquistou de todas as maneiras – Eu quero bincar no pula-pula! Vamos? O senhor pode bincar comigo.

— Mas antes aceita procurar pelo papai Evan? — E abriu um sorriso ainda maior e concordou – Quem sabe ele também brinque conosco.

E lá estava ele, na cozinha, sozinho, cutucando a comida. Sua boca estava cheia de comida, quando ele escutou o barulho da porta, se levantou de onde estava e colocou a mão na frente da boca, mas depois que percebeu que era apenas eu e Yan, ele voltou a comer. Coloquei nosso filho no chão e puxei-o para perto de mim.

— Estava procurando por você – Disse, entrelacei seu dedos nos meus e as nossas alianças brilharam quando fizeram contato com a luz fluorescente da cozinha. Ele sorrio. Evan estava com um nariz de plástico de porco no rosto e só. — Mas vejo que estava muito bem.

- Melhor impossível - Me beijou, seus lábios estavam multi saborosos. Frango, carne, queijo, camarão e outras coisas – Mas eu já ia te procurar.

Yan fez barulho de nojo quando nos viu aos beijos, rimos e colocamos nossas testas juntas. Depois pegamos ele, colocando-o entre nos dois e o enchemos de beijos. Ele tentava nos espantar, batendo em nós com seus bracinhos, mas depois de um tempo ele desistiu, e começou a nos beijar também. Não vou dizer que a vida de casal é um mar de rosas, eu e Evan tínhamos nossos desentendimentos e brigas, como também para fazer as pazes. Mas nós nos amávamos, e isso bastava quando passávamos por coisas difíceis.

Não existe uma hora, minuto ou segundo que eu não pense nele, ele é os meus pensamentos. Não existe uma hora, minuto ou segundo que eu não sinta falta do seu toque, já que eu era completamente viciado nele. Não existe hora, minuto ou segundo que eu não sinta falta dele, ele me dominava e ficar longe dele me matava. Não existe nada que não me lembre dele, ele é tudo que eu vejo, respiro, toco, ouço, provo. Tudo! Não tem uma hora, minuto ou segundo que eu não me sinta feliz com o amor que eu sinto por ele. Por isso …

… Não existe Marvo sem Evan.

FIM.

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Comentários

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Amei. Perfeito esse final e maravilhoso conto. Que pena que o autor parou de escrever. :)

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Maravilhoso...nossa quê susto vc me deu com esse início.

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Eu gostei do final, o Evan desde o começo era o fraco e o Marvo era o forte, dai no final o Marvo ficou sendo o fraco e o Evan o forte, gostei da reviravolta. Mas não achei perfeito o final, eu achei que ficou faltando algumas coisas, como por exemplo, por que os irmãos do Evan tratavam ele diferente? Cadê a Mackienzie? Porque a Chaves fazia o Evan sofrer fazendo-o ficar longe do Marvo? O Evan matou um monte de gente e ficou livre, nem um julgamento? Enfim, o conto foi bom, a cada capítulo a gente era supreendido, no começo desse conto achei que o Evan tinha morrido, mas não..

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Nossa que final perfeito .

Eu acompanhei essa historia do começo ao fim e vou te falar nunca eu li uma coisa tão perfeita como a sua historia maravilhosa agradável de ler harmoniosa eu viajava enquanto lia ela e vai deixar saudades mais espero que voltei rápido com uma historia mais linda do que essa .

E quero te dar os parabéns e deseja felicidades.

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To de queixo caído aqui lindoooooo!adorei!amei!No começo achei que Evan tinha morrido,mas depois de ler o resto foi só um susto mesmo.Arrasou cara,com certeza entra na lista dos melhores contos da casa.Tu és Topi.

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q lindo to chorando aqui no inicio achei q ele tinha morrido. ..mas fiquei muito feliz com o final

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Curto e grosso. Ótimo. Pensando em roubar esse roteiro e vender pra HBO...

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CARAMBA! Até me arrepiei... digno de Hollywood. Parabéns, caro autor, a construção impávida e a mensagem suave fazem dessa, sem dúvida, uma das mais belas histórias nesta Casa. O final não poderia ser melhor... claro, outras pessoas teriam poupado a dor e o sofrimento, dado ao nosso casal mais cenas de sexo, mas você foi corajoso ao se aproveitar dessas partes e nos dar tamanha beleza em palavras. Por fim, parabenizo-o, novamente, com a esperança de reve-lo em breve. Sucesso!

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Perfeito. ..

Evan e Marvo sao lindos juntos *--*

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