Colecionador de Decepções 05

Um conto erótico de D. Henrique
Categoria: Homossexual
Contém 2805 palavras
Data: 02/07/2014 19:39:34

...

Essas situações acontecem para nós notarmos e tirarmos duvida sobre o sentimento das outras pessoas, eu vi que o Guilherme havia ficado um pouco estranho, também estava olhando para o Marvin como se quisesse saber de onde ele havia saído.

- Marv, esse é o Guilherme, um amigo do trabalho... – olhei para o Guilherme e ele continuava sério – Guilherme, esse é o Marvin, um amigo de bar – o Marvin olhou para mim e fez careta depois riu.

- Está me rebaixando – ele estava falando mais grosso – Tudo bem com você Guilherme? Nós vamos beber, se o Rico ainda não te convidou eu faço isso por ele.

- Estou bem, mas obrigado, eu tenho que ir, mesmo, eu não posso demorar... Só queria trocar uma ideia contigo.

- Okay, uma pena... Rico, passa as chaves aí – disse o Marvin.

Eu achei estranho, mas eu vi como ele me olhou, era a deixa para nos dar privacidade, e talvez fazer ciúmes para o Guilherme, além que eu ja confiava no Marvin, ou era a bebida. Dei as chaves para ele que sorriu para mim, me deu um beijo no rosto e entrou na minha casa. Ele demorou um pouco para achar a chave, gritou da porta que estava escuro demais e que ele já tinha falado que eu deveria colocar uma lâmpada ali. Quando ele entrou eu olhei para o Guilherme que estava com cara fechada.

- Amigo... ? – perguntou o Gui – Deixa pra lá, eu não vou atrapalhar a tua noite, depois conversamos... - ele se virou, mas eu segurei no seu braço com leveza. Ele se virou de olhos fechados e respirando fundo.

- Pode falar e fala de uma vez, Guilherme. Você nunca conseguiu ficar evitando assunto... Eu quero escutar.

- Tu está certo... Eu sempre pensei em ti e te usava como quem eu não queria ser. Mas tu voltou... Voltou para me bagunçar. Eu era louco por ti quando criança mesmo, tu foi meu amor de infância, o qual eu imaginava sendo feliz ao seu lado... - ele deu uma risada cansada - Tu está provando que mudou, eu tenho os meus traumas, está tudo estranho, eu penso em ti várias vezes no dia, caralho, isso é uma merda, eu me odeio por ter esses pensamentos, eu tenho namorado... – eu o interrompi.

- Não, você tem um noivo e um filho, você não quer que eu atrapalhe mais a sua vida. Não posso fazer isso com você de novo. Eu já entendi e vou me retira da área.

Ele me olhou surpreso, perguntou como eu sabia e eu respondi, contei brevemente a conversa com o Diego, ele respondeu com um “aah” com as mãos no bolso da calça e olhando para o chão.

- Era isso que eu também queria falar, e que... – o celular dele bipou, ele olhou a mensagem e mordeu o lábio preocupado – Eu tenho que ir... Amanhã depois do expediente, nós podemos conversar? Pode ser aqui mesmo. Se tu quiser.

- Por mim okay.

Ele se despediu com um abraço, me deixou bastante sem jeito, mas eu retribuí. Ele entrou no carro e foi embora. Fiquei um minuto na frente de casa olhando para a rua e me lembrei do Marvin. Entrei em casa e estava um barulho de gelo em copo, fui direto para a cozinha ver o que ele estava aprontando. Eis que me deparo com o Marvin sentado no balcão chacoalhando dois copos que ele havia juntado.

- Que diabos você está fazendo?

- Dddrrinnk – disse enquanto se agitava junto – você tem que comprar uma coqueteleira, elétrica se possível.

- Entendi, mas por que você está sentado no balcão?

- Não sei... – disse parando de chacoalhar, depois olhou para frente, tinha uma janela pequena que dava certo para ver o portão da frente de casa.

Eu ri da situação, sempre usava aquela janela quando ia beber água de noite, só para ver o movimento.

- Você estava me espionando sr. Marvin? Que feio da sua parte...

- Não tente disfarçar... Ele era o cara? O que você anda reparando demais? – perguntou enquanto despejava os drinks nos copos e me entregou um.

- Não vou beber isso, você pode muito bem ter colocado qualquer coisa aqui para me drogar e depois usar o meu corpo másculo e sarado.

- Holy shit! Você descobriu também que o objetivo era pegar o seu rim e vender? Minha nossa! Como minha boca é grande... Estou contando todo o plano... – ele disse fazendo uma atuação horrível.

- Não teve graça alguma, você é muito sem graça, mocinho.

- Acho que temos algo em comum, honey. Para de me enrolar e me conta... Esse é o magia?

-Sim... – eu estava sem jeito perto dele, ele era o primeiro cara com quem eu conversava sobre essas coisas.

- Ownt, ele é bonito, viu? Desculpa se fiz ele ficar com ciúmes, mas era uma estratégia pra te ajudar e ele caiu lindo de bunda. Como se conheceram?

Nós nos sentamos no sofá, levamos a bebida e a coqueteleira improvisada para a mesa de centro, nós conversamos sobre toda a minha vida, ela pareceu muito interessante para o Marvin, ele questionava algumas atitudes, perguntava o que eu estava pensando quando fiz tal coisa. Foi quando eu lembrei que ele cursava psicologia, mas tudo bem por mim, eu deixaria ele entrar na minha cabeça com as suas perguntas que deveriam ter finalidade.

- O que você acha? - perguntei quando acabei de contar a história.

- Você era um chorume hein? Estou com vontade de te bater agora...

- Obrigado, psicólogo, era exatamente o que eu estava precisando ouvir.

- Meu amor, você não está nem pagando e ainda sou aspirante... Esse boy te quer muito e você o quer, irão se casar e terão vários filhos blacks adotados, será o casal Sr. E Sr. Smith... – eu olhei para ele e sorri, o Marv acabou se tornando um amigo, eu estava chateado por não o ver de outra forma, ele era incrível e compreensível – O que foi, choruminho? – eu ri antes de responder.

- Você me escutando, me apoiando, me xingando... Sei que sua intenção não era essa, eu queria muito ter outras intenções com você, mas essa visita foi demais por hoje.

- Eu não me importo com isso, Rico. Eu nunca fui o primeiro... Não me importo se tenho só a sua amizade, mas uma amizade colorida seria bem bom... – disse sorrindo maliciosamente e deu um gole na bebida dele.

Eu o encarei por um tempo, ele me encarou de volta, ficamos assim por um período até ele ri e fazer sinal negativo com a cabeça. Aproximei-me dele que ficou estático, me aproximei mais e fiquei encarando os seus lábios, eu umedeci os meus e fui em direção à orelha esquerda dele, o senti suspirar enquanto eu chupava a sua orelha.

- Você foi um bom rapaz e vai ter o que merece, gostosinho – disse chupando seu pescoço dessa vez.

Eu estava me esforçando para tentar algo com ele, mesmo me sentindo um cretino, o Marvin entendia as minhas intenções, sabia o que eu sentia pelo Gui.

Tirei o copo da mão dele e coloquei na mesinha de centro, me deitei sobre ele, suas pernas ficaram cruzadas em minha volta, o puxei contra mim e subi as escadas entre beijos. Ele beijava muito bem, se fazia dono do beijo e me guiava, chupava a minha língua demoradamente fazendo cocegas. Chegamos ao meu quarto e eu o deitei na cama. Acendi o abajur e olhei novamente para os olhos azuis dele, como ele era angelical.

Voltei a beijar o pescoço dele, ele ficou parado, eu estranhei e me afastei olhando para ele.

- Eu terminei meu namoro faz 9 dias... – disse e começou a chorar. Eu fiquei sem reação, eu não era o melhor cara para lidar com isso, era insensível quanto a esses assuntos porque nunca havia namorado, não sabia o que era amar diretamente.

Eu o abracei e ele chorou mais ainda. Eu deitei e o coloquei sobre o meu peito. Ele me contou que estavam juntos há 3 anos, que o ex era da sua sala na faculdade e desde quando terminaram ele não tinha coragem de ir para as aulas. O ex-namorado era enrustido e nunca chegou a assumir o namoro, ele disse que entendia porque a família do ex era muito reservada, mas o cara nunca deixou de ir para baladas e futebol com os amigos, mas era muito ciumento e o proibia o Marv de sair com os amigos dele. Ele dizia que sabia que ele o fazia mal, mas não conseguia o deixar. Acabou que o cara o deixou por causa de uma mulher, ainda é uma da faculdade.

Nós conversamos mais sobre a vida dele, eu acabei descobrindo de outros namorados dele, estava claro que seus namoros terminavam, na maioria, por causa de ciúmes, não estranhei, o Marvin era muito bonito, eu também morreria de ciúmes.

Depois de todas as histórias eu tirei a camisa dele e a minha, ele estava vulnerável, se eu fosse outro cara poderia muito bem transar com ele, mas eu não o faria, ele não merecia. Eu o abracei por trás, ficando de conchinha, ele dormiu logo e eu fiquei analisando as tatuagens que ele tinha, ele tinha duas cobras, ambas saíam dos ombros e se encontravam no peito. A cobra do lado esquerdo era vermelha e preta, seu rabo se enroscava em uma caveira no ombro. A cobra do lado direito era verde e vermelha e se enroscava em um polvo. Na boca das duas cobras havia um diamante e abaixo estava escrito “Live and let die” (“viva e deixe morrer”). Não entendi nada daquela tatuagem, teria que perguntar a ele.

Eu acordei com ele mexendo nos meus cabelos, fazendo cafuné. Eu sorri para ele e ele para mim.

- Bom dia... Como é o seu nome mesmo? – disse fazendo cara de dúvida.

- Wanderssolin Warson.

- Hahahahaha que nome bosta... – ele me deu tapa dizendo que não era para eu zoar o nome que mãe havia lhe dado com tanto amor.

Nós levantamos e cada um tomou banho em um banheiro, quando terminei toda a minha higiene matinal ele já estava pondo café e os pães na mesa de cueca e com uma camisa minha que ficou enorme nele. Eu, lógico, zoei com ele o chamando de minha mulher, querida e outras coisas, ele atendia bem a essas brincadeiras, assumia o papel sem se estressar ou ficar com raiva.

- Boceta minha, tenho perguntas para fazer... – disse enquanto me vestia no quarto e ele estava sentado na cama.

- Pode fazer, rola minha.

- Hahahaha eu estava analisando as suas tatuagens, você poderia me explicar?

- Tudo bem, eu gosto de explicar, demorei anos para formar um conceito que surpreenda hahaha – ele tirou a minha camisa que ele estava vestindo deixando amostra as suas tatuagens – aqui você ver o encontro de duas cobras, se você imaginou que é o momento de uma relação sexual homossexual está certo! – eu olhei para ele e abri a boca, incrédulo, não pensei que ele fosse tão desenvolto assim – Estou brincando, chorume hahaha. A cobra vermelha e preta significa o mal e está em volta de uma caveira, caveiras significam igualdade, já que o destino de todos é a morte. A cobra verde e vermelha significa o bem, está em volta do polvo que significa inteligência e é o mestre dos disfarces. Mas cobras também significam renascimento, que é a transição da idade média para a moderna.

- Me perdi – disse coçando a cabeça, eu já estava pronto para ir trabalhar, me sentei ao lado dele na cama.

- Ai, que burro, é simples, nós somos as cobras, todos temos nosso lado bom e o ruim, a cobra do mal está em volta da caveira para demonstrar que todos nós cometemos erros, todos somos maus. A cobra do bem está em volta do polvo porque mesmo quando somos bons nós somos falsos, sempre queremos algo em troca, somos inteligentes. Acompanhou até aqui?

- Sim, sr. Arrogante. Continue.

- O diamante significa a resistência e a delicadeza, e aqui está escrito: viva e deixe morrer, porque nós não temos o controle sobre ninguém, temos que viver, não nos importar com os momentos ruins... É isso.

- Uaul, foi digno de uma premiação... – disse passando os dedos nas tatuagens dele. Ele deu uma tapa na minha mão.

- Não é touch, não. E eu sei que sou muito intelectual, amorzinho.

- Palhaço... – não aguentei fazer cara de mal por muito tempo e sorri – E quando você as fez?

- As cobras eu tive a ideia assim que me assumi para a minha família, era a minha transição, a minha troca de pele. A caveira e o polvo foram em um momento filosófico... Estava fumando maconha e depressivo hahaha. O diamante e a frase foram quando eu senti que o meu romance com aquele fudido estava chegando ao fim. Faz 3 meses que eu fiz.

Nós ainda conversamos um pouco sobre tatuagens e eu disse que faria uma. Eu havia acordado mais cedo e o Marvin só teria aula às 10 horas. Nós nos despedimos na porta da minha casa e ele foi para a casa dele pegar seus materiais para ir à faculdade, eu consegui o convencer de ir assistir aula e terminar o curso, faltava menos de um ano para ele. Enfim, cheguei ao trabalho com um sorriso enorme, estava feliz por ter conhecido o Marvin e ter me tornado amigo dele tão depressa, nós tínhamos uma ligação engraçada, éramos opostos que se entendiam, as brincadeiras contribuíram bastante também.

Entrei na sala e os dois já estavam lá, desejei bom dia muito bem humorado, o Diego só faltou me bater por estar feliz em uma terça-feira. Eu continuei brincando com ele e o Guilherme observava.

- Transou não é? – disse o Diego olhando para mim com cara de maníaco.

- Não convém comentar sobre tais assuntos em local de trabalho, meu amigo.

- Transou... hahaha. Parece que saiu da fossa que se encontrava...

- Não, se eu sair dessa fossa provocará uma devastação de tragédias – disse e olhei para o Guilherme, ele me olhou, comprimiu os lábios e voltou a se concentrar no computador.

Nós ficamos trabalhando e conversando, o clima estava até legal, eu parei de me importar tanto com o Guilherme, sabia que não poderia continuar fazendo parte da vida dele da forma que eu queria, ele tinha família e UM FILHO. Já falei isso? Filho é a coisa mais séria do mundo.

No almoço eu fui até a faculdade do Marvin, ele disse que eu poderia lanchar com ele lá e que havia uma coxinha divina. Estacionei na faculdade e ele estava lá me esperando com um sorriso, nós andamos até o local das lanchonetes e nos sentamos, ele me contou que o ex estava esfregando seu relacionamento na cara dele, que ele não estava mais à vontade para assistir aulas na mesma turma. Enquanto comíamos eu tentava o convencer que ele deveria continuar na sala e se mostrar superior. No meio do meu discurso ele me interrompeu.

- Ai. Meu. Deus. – disse colocando a metade da coxinha na frente do seu rosto.

- O que foi menino? Sei que a coxinha tá boa, mas não faz bem pra pele não... Se bem que o seu rosto é mais oleoso que essa coxinha.

- Vai se fuder, Rico. É o meu ex, chegando de mãos dadas atrás de ti, não olha ag... CARALHO, EU DISSE PRA TI NÃO OLHAR – ele gritou sussurrando (faz sentindo sim, fofos).

- Não precisa o nervosismo, amor. Se ele quer esfregar o relacionamento dele na sua cara, nós vamos esfregar o seu na cara dele...

- Desconheço o relacionamento eu tenh... – eu interrompi a frase dele o beijando, ele não teve reação por um tempo, mas logo me beijou também.

Nós ficamos nos beijando por longos minutos, não tão longos, mas tempo o suficiente para o ex dele avistar e ficar encarando depois que nos desgrudamos. Alguns amigos deles se sentaram conosco e me interrogaram, perguntando quanto tempo estávamos juntos, essas coisas. Demos a desculpa de estarmos nos conhecendo ainda. O ex dele era bem bonito, era moreno com os olhos verdes claros, tinha corpo atlético.

Não pude demorar mais lá e tive que voltar para o trabalho, despedi-me dando mais um beijo nele na frente de todos. O ex dele saiu puxando a garota para o outro lado do campus, o que me provocou risos. Ele agradeceu e me acompanhou até o carro, eu voltei para o trabalho. O Guilherme continuava centrado, parecia não ter saído para almoçar nem nada.

Acabou o nosso expediente e eu segui para casa, sabia que o Guilherme passaria lá, mandei mensagem para avisar o Marvin de não ir para lá, ele mandou uma de volta escrito “hoje tem” e aquela lua com cara de... Hoje tem!

Não demorou para o Guilherme aparecer com uma cara de abatido, pediu para entrar e também um copo de água. Eu não entendi o que estava acontecendo, mas logo ele me disse.

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Comentários

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Muito bom.Marv e um cara super bem astral.Gistei dele.GUI agora tem que se decidi.

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Esta lindo o conto..Parabens Trick..depois do Real vem o Surreal da Historia...fofo..

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Ansioso pela próxima parte, posta logo cara.

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Vish, espero que não seja nada muito ruim, continua

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