Minha louca vida - 25

Um conto erótico de Marie
Categoria: Heterossexual
Contém 2510 palavras
Data: 05/06/2014 07:14:13

Eu mal podia descrever a felicidade que senti quando soube que Marcos viria até aqui naquela tarde, seria a primeira vez que o via desde que tudo aconteceu, a primeira chance de tentar concertar o que havia feito. Mas as horas simplesmente não passavam, tentava me distrair com alguma coisa, mas minha cabeça estava longe, estava nele. Eu liguei pra minha mãe avisando sobre Lídia, ela, como eu esperava, não teve nada contra, achou que seria até melhor. Passei o resto da tarde pensando em Marcos, em como tentar me explicar pra ele. Quando percebi já estava escurecendo, então eu fui pra calçada, esperar por eles. Não sei por quanto tempo fiquei parada até avistar o carro de Marcos virar a esquina e parar na minha frente, eu senti uma mistura de felicidade por vê-lo e de medo de não tê-lo nunca mais. Marcos saiu do carro, eu fui como que por instinto em sua direção, mas então vi Gisele dentro do carro e paralisei. Eu sabia que o único motivo para eles não estarem juntos era eu, e agora já não estava mais no caminho. Meu coração apertou, minhas pernas bambearam, mas eu tentei me segurar. Lídia e Marcos ainda se abraçaram por um bom tempo até minha filha entrar em casa, ela se quer olhou pra mim, sabia que ainda teria que conversar muito com ela. Marcos veio logo atrás, com as malas, a minha vontade era de pular em cima dele e beija-lo, pedir pra ele esquecer de tudo, mas sabia que não ia ser assim tão fácil, deixei ele passar. Ele entrou em casa, deixou as malas e então se voltou em direção ao carro. Eu tentava me controlar, mas meu corpo foi mais forte, eu o parei colocando a mão em seu peito, ele me olhou nos olhos, segurando minha mão suavemente com a sua. Eu senti meu corpo arrepiar e meu coração acelerou, tantas palavras me passavam pela cabeça, tantas coisas que eu queria dizer.

-Será que a gente pode conversar?- foi o que consegui dizer.

-Eu... eu acho que ainda não tô preparado pra essa conversa, Marie...- ele respondeu olhando pra baixo.

-Tudo bem, eu espero o tempo que você quiser...

Eu o deixei ir, o vi entrar no carro e o segui com os olhos até o de pudi. Respirei fundo e entrei em casa, Lídia estava no sofá, eu me sentei ao seu lado e, de repente, lágrimas começaram a brotar dos meus olhos, e então minha filha me abraçou, eu chorei em seu ombro.

-Mãe...

-Você não sabe como me doi, vê-lo e não poder fazer nada, filha...-eu dizia entre soluços.

-Na verdade, eu sei, mãe...- Lídia me beijou a testa.

-Eu... eu pensei que você fosse me odiar, filha...

-Como eu poderia odiar minha própria mãe?- ela respondeu doce.

-Então você não tá brava comigo?

-Eu estou muito magoada, mãe, mas brava não a palavra certaIndignada. Essa é a palavra.

-Indignada?

-Você e o papai, tiveram juntos por mais de 15 anos. Eu nunca vi vocês brigaram, sempre rindo, eram o melhor casal que eu conheci... O papai te ama muito, e eu sei que você também ama ele da mesma forma. E é por isso que eu não consigo entender como você fez isso com ele, mãe!

-Eu... eu não sei, filha... só sei que foi o maior erro da minha vida.

-Mas você só percebeu isso tarde demais, mãe.

-Eu sei, filha. Você não sabe como eu queria poder voltar no tempo... Eu acho que fiz o pior erro da pior forma, e agora tô pagando o preço mais caro... E eu não sei se vou conseguir outra chance... eu amo muito seu pai.

-Eu acho que o papai ainda pode te perdoar, mãe... Ele também te ama muito...

-Será? Mesmo com a Gisele do lado dele?

-O papai e a tia Gisele não estão juntos, na verdade, nunca estiverão, o máximo que aconteceu foi um beijo. Na verdade eu tive mais perto de dormir com ele do que a tia Gisele...

-O quê? Como assim??

-A tia tá na casa do vovô, o papai deixou ela lá depois que saiu daqui. Ela vai voltar a morar lá agora.

-Por que?

-Eu não sei. Eu tinha quase certeza de que era por causa do que fiz, mas ela insistiu que não tinha nada haver, então...

-Obrigada por me contar, filha... Mas eu não entendo. Tenho certeza que Gisele quer tanto quanto eu estar com seu pai...

-Na verdade, a tia Gisele quase foi embora a dois dias. Foi o papai que quase implorou pra ela ficar.

-Como assim?

-Ela me disse que ia embora naquela noite porque não queria atrapalhar a nossa vida, não queria ser um empecilho, caso vocês dois se reconciliacem. Mas o papai disse que precisa dela e que queria que ela ficasse com ele, e ela mudou de idéia.

-Então por que ela fez isso?

-Eu não sei. Ela não me contou o porque disso agora...

-Você acha que eu devia conversar com ela?

-Você quer conversar com ela?

-Eu não sei... mas eu acho que devo a ela um pedido de desculpas...

-Por que?

-Por algumas coisas que eu disse...

-Mãe, você não tá magoada com ela?

-Por que devia estar?

-Sei lá...

-O máximo que eu sinto dela é inveja...

-Inveja por que?

-Eu sei que o que seu pai sente por ela, e vice-versa, é muito forte, muito mais do que qualquer coisa que senti por HP. Mais mesmo assim eles nunca tentaram nada enquanto eu e seu pai estavamos juntos...

-Mãe, não precisa ficar se jogando pra baixo...

-Como não? Eu perdi o amor da minha vida...

-Mas se você quiser o papai devolta você tem erguer cabeça!

-Como??

-Mãe... Se você mesma achar que já perdeu o papai, você não vai conseguir ele devolta.

-Mas...

-Sem "mas"! Bota isso na sua cabeça, o papai te ama, e se você tá mesmo arrependida, ele vai te perdoar. Vocês vão ficar juntos, nós vamos voltar a ser uma família.

-Obrigada, filha...

Nós nos abraçamos. Eu acabei chorando denovo, mas de felicidade, minha filha mesmo nova, já estava muito madura emocionalmente, embora tenha feito o que fez na noite anterior. Ela foi arrumar suas coisas no quarto. Minha mãe chegou, ela e Lídia se abraçaram, mataram a saudade, e então jantamos. Ainda vimos um filme antes de ir dormir, ou no meu caso, tentar. Eu simplesmente não conseguia dormir sem Marcos do meu lado, era como se tivesse sem uma parte de mim, era como se tivesse sem meu coração. Já estava quase amanhecendo quando consegui dormir, mesmo assim não por muito tempo, acordei as 9 com a claridade do sol. Fui fazer minha higiene e tomar um banho, pra acabar de acordar. Me vesti normalmente, fui até a cozinha e preparei um café pra mim, foi quando reparei em um bilhete em cima da mesa, e o li:

"A Gisele quer conversar com você, ela passa aqui hoje a tarde."

Eu senti um calafrio percorrer a espinha, e por um momento senti medo, mas então lembrei da minha conversa com Lídia, eu tinha que conversar com Gisele, e eu sabia que aquela conversa ia ser essencial pra recuperar a sua confiança e, talvez, a de Marcos.

Fui arrumar a casa e depois preparei o almoço, já passava do meio-dia quando terminei e fui acordar Lídia. Abri lentamente a porta do quarto onde ela dormiu, a vi com um álbum, sentada na cama.

-Bom dia, filha. Pensei que tivesse dormindo...- disse entrando no quarto.

-Bom dia. Eu já tô acordada a um bom tempo, mas fiquei aqui vendo umas fotos...

-Quais?

-As da minha festa de 15 anos. Foi uma das poucas coisas que quis trazer pra cá...

-Aquele dia foi especial, pra todos nós... Que foto é essa?

-O papai dançando valsa comigo. Já tô encarando ela a um bom tempo...- seus olhos brilhavam.

-Eu me lembro de você dizendo que aquela foi a melhor noite da sua vida.

-Sim... mas agora ela é segunda...

-E qual é a primeira?- Ela paralisou por alguns instantes, depois fechou o álbum e olhou nos meus olhos.

-Ah, mãe...- ela sorriu e olhou pra baixo.

Eu soube na hora a noite que ela pensou. Beijei sua testa e me levantei.

-O almoço tá pronto.- Disse saindo do quarto.

Lídia demorou um pouco, mas nós almoçamos juantas, sem muita conversa, o clima não favorecia. Depois do almoço, Lídia foi ver TV e eu, lavar a louça. Quando acabei, fui me sentar com ela, mas não conseguia ficar quieta, nem prestar atenção no que passava, estava muito anciosa, não parava de olhar o relógio, mas as horas se arrastavam, até que ouvi a campainha, e já sabia quem a tocava.

Rapidamente fui atender. Gisele estava parada em frente ao portão, de cabeça baixa. Fui até lá e abri o portão.

-Oi.- disse a ela.

-Oi...- ela respondeu passando por mim.

Fui seguindo atrás dela até a porta de casa, onde tomei a frente. Passamos pela sala, onde ela comprimentou Lídia, e, então, seguimos para meu quarto. Eu sentei cama e ela se sentou ao meu lado, um longo período de silêncio se seguiu.

-Antes de mais nada.- eu disse, quebrando o silêncio- Eu queria dizer que, mesmo convivendo por pouco tempo, você foi a melhor amiga que já tive, Gisele. E é por isso que te peço perdão se te magoei, e eu sei que sim...

-É claro que eu te perdoo.

-"Claro"?

-Você também foi a melhor amiga que já tive, Marie, e espero que continue sendo.

-É claro! Claro que sim!- nos abraçamos.

-Mas... Antes eu tenho que saber...

-Saber o quê?

-Como isso aconteceu? E principalmente por que isso aconteceu?

-Eu... não sei nem por onde começar...

-Pode começar do começo...

-É claro, bem... eu vou tentar ser breve. Há algum tempo, o HP estava me ajudando a colocar o Marcos na cama, nós três tinhamos bebido bastante, mas o Marcos exagerou, enfim, eu fui levar HP até a porta, mas acabei tropeçando e cai em cima dele. Rimos muito, até perceber que nossas bocas estavam muito próximas, e ele me beijou, e... eu correspondi. Mas nós voltamos a si, graças a um barulho que veio do corredor, o clima ficou muito tenso depois disso e ele foi embora...

-E como que esse acidente se transformou em tudo o quê aconteceu?

-Nem eu sei, Gisele... Eu fiquei por muito tempo ser conseguir olhar na cara do HP depois disso. Há uns cinco, seis, meses, ele finalmente tomou coragem pra vir falar comigo. Ele apareceu lá de manhã quando eu estava sozinha, dizendo que, desde que tudo aconteceu, não conseguia parar de pensar em mim. Ele ficou esperando que eu falasse alguma coisa, e quando não respondi, ele veio pra cima de mim, me beijando... eu tentei resistir no começo, mas depois eu me entreguei... Enfim, alguns dias depois ele me perguntou se eu podia encontrá-lo, a sós. Eu sabia muito bem pra quê, mesmo assim aceitei, e foi assim que aconteceu nos últimos meses...

-E... você sente alguma coisa por ele?

-Eu estaria mentindo se dissesse que não... Mas não é nada comparado ao meu amor por Marcos.

-Então por que você não acabou tudo antes? Por que teve que esperar eu ver vocês naquele bar?

-Mas eu tentei acabar algumas vezes. Só que eu fui fraca, sempre que tocava no assunto, HP pedia que não o deixasse e começava a me beijar...

-Eu... eu não sei o que dizer agora...

-Você não sabe quantas vezes eu passei por isso... Toda vez que Marcos me olhava nos olhos, sorrindo, toda vez que ele me beijava... eu sentia meu coração apertar, eu queria contar tudo, queria tirar esse peso de mim...

-E por que não contou?

-Por que eu não tive coragem. Eu passei muitas e muitas noites em claro me sentindo péssima por trair a pessoa que eu mais amo na face da Terra, e pior ainda por não conseguir parar de fazer isso... Eu tive medo, muito medo.

-Medo do quê?

-De nunca mais poder ficar com ele, dele nunca mais querer me olhar na cara... e nesses últimos dois meses eu tinha certeza que isso ia acontecer...

-Por que?

-Como "por quê"? Com você morando lá, eu tinha certeza que se ele descobrisse, vocês dois iam ficar juntos e quê ele ia me esquecer...

-Mas se tinha tanta certeza disso, por que me pediu pra fazer exatamente isso depois que eu descobri?

-Porque eu fiquei desesperada... eu senti que tinha perdido Marcos naquele momento, e pensei que essa fosse, talvez, a melhor chance dele me perdoar, se ele também tivesse dormido com a minha melhor amiga... mas agora eu sei que só teria feito tudo pior.

-Talvez...

-Eu sei que sim. Mas eu não entendo por que você não está lá agora com ele...

-Porque não é pra ser...

-Como assim?

-Eu e Marcos não vamos ficar juntos, não é o nosso destino.

-Por que você diz isso?

-Porque vocês dois nasceram um pro outro. Por mais que eu ame ele e vice-versa, você sempre vai ser a mulher da vida dele. E é com você que ele tem que estar. É você o amor da vida dele, ele sabe disso.

-Eu... só não sei se ele vai me perdoar...

-É claro que vai!

-Mas mesmo que me perdoe, eu tenho medo que ele esqueça tudo o que vivemos juntos, que ele só se lembre desse momento ruim...

-Pois vai ser exatamente o contrário.

-Como assim?

-Se ele te perdoar, aliás, quando ele te perdoar, é por que ele vai ter esquecido desse momento ruim, e vai querer relembrar os bons momentos.

-Como você tem tanta certeza que ele vai me perdoar?

-Eu simplesmente sei que vai.

-Eu queria ter toda essa certeza...

-Mas você deveria ter.

-Como?

-É só se livrar de todos esses medos que você diz ter, e só manter uma certeza. A certeza que você o ama tanto quanto diz, e que ele te ama desse mesmo tamanho.

-Obrigada, Gisele. Você é mesmo a melhor amiga que eu já tive...- nós nos abraçamos e eu derrubei mais algumas lágrimas, a conduzi até a saída.

-Mais uma coisa.- ela disse antes de sair- O Marcos pensa em você todo o tempo, mesmo que diga que não. E ele pensa nos momentos felizes, inclusive, ontem ele levou a mim e Lídia ao restaurante de vocês.

-Sério??

-Sim, e foi a primeira vez que o vi sorrir depois de tudo.

Nos abraçamos de novo e ela foi embora. Eu mal podia me conter de felicidade por saber que Marcos pensava em mim, me fez ganhar um pouco de toda essa certeza que Gisele e Lídia tinham sobre ele me perdoar. Não é uma garantia, mas é um começo. Mal podia esperar pela próxima vez que ia vê-lo, pela próxima chance que teria.

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Comentários

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Estou ansioso pelo próximo capitulo, vamos ver a capacidade de perdão do Marcos.

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