Inimigos Naturais - 6

Um conto erótico de Yuri
Categoria: Homossexual
Contém 2240 palavras
Data: 04/05/2014 10:21:12

6. A confusão.

Entrando tantas vezes na mente do Tio de Nico, Mike já era capaz de fazer isso mesmo muito longe — ficar conectado mentalmente pelo tempo que for, lendo os pensamentos sem interferir na vida da pessoa, coisa de vampiro —, e quando os pensamentos calmos de um tio comum começaram a ficar confusos e inelegíveis. Mike logo sabia que algo estava errado e que precisava voltar para casa rapidamente.

Mais uma vez ele foi mais rápido que o sol e passou por ele sem qualquer queimadura.

Ele entrou na casa quase derrubando a porta, e sem que ninguém o ouvisse ele estava ao lado de Nico. Dali por diante foi tudo tão rápido que Tio não viu nada. Apenas foi jogado para o lado quando Mike o tirou da mordida mortal do Lobo, Mike não teve tempo de tirar seu braço — que antes puxara o Tio — da frente dos dentes podres e afiados de Nico.

Na mesma hora que tudo estava rápido de mais, ficou tudo devagar de mais para Mike. Seu braço foi atingido por uma mordida dez vezes mais pesada do que a de um Tubarão, as duas fileiras de dentes grudaram na carne e seu braço se abriu em dois. Se vampiros tivessem sangue, o chão agora estaria cheiro dele, mas só saiu um liquido branco do corte. Com o braço dilacerado Mike caiu sobre os joelhos. O único jeito de sair da mordida de um Lobo é quebrar sua mandíbula em duas e depois tirar a cabeça a do Lobo, mas isso não passou pelos olhos de Mike, é claro.

— Ai meu Jesus! — arfou Tio, quando ouviu um osso quebrar. Era o braço de Mike.

Os olhos, do lindo garoto pálido, ficaram pretos de repente. Ele se concentrou no dia em que conheceu Nico — meses atrás — ele congelou os pensamentos no momento em que os dois se olharam pela primeira vez. O momento foi eternizado na mente de Mike. Que esquecera a dor insuportável que estava sentindo.

Quase três horas depois, Nico deu o primeiro sinal de que estava voltando à forma humana. Seus cabelos começaram a cair, ficando apenas pelos humano (um pouco grandes) por sobre seu corpo. Se todos não tivessem paralisados de medo, poderiam perceber que seu cheiro passou de um fedor insuportável para uma fragrância fresca e atraente a qualquer um. Depois toda a destransformação aconteceu rápido, logo Nico era o homem mais perfeito que os olhos de Mike já viram. Sua boca, agora pequena e com 32 dentes, se aproximou repentinamente da boca de Mike.

— Amor — jubilou Nico pulando sobre as pernas frias de Mike. — O seu braço... O que aconteceu? — investigou Nico olhando para o braço partido em dois literalmente, antes teria percebido isso logo de cara, mas agora sempre que olhava para os olhos incolores de Mike, ele simplesmente se esquecia de todo o resto.

Mike por sua vez, ainda estava em transe, evitando a dor. Apenas ouviu a voz de Nico e seu cheiro tão maravilhoso entrou por sua narina. Ele levou meio minuto para perceber que o braço não estava mais preso e que o cheiro era tão real quando o rosto que o encarava preocupado. Com mais um minuto ele já estava curado, os ossos se uniram e logo depois a carne voltou ao seu lugar — a cura de um vampiro é mais lenta que a de um Lobo.

— Você — disse Mike com um sorriso torto e cansado, mas alegre. Seus olhos ficaram em um tom de caramelo quase ouro. — Ainda vai conseguir me matar com essas transformações repentinas.

Nico parou por um segundo, vendo o braço, agora perfeito — como todo o resto em Mike, o Tio jogado no lado com uma palidez inexplicável e uma mancha no pescoço. E também não conseguia se lembrar de como Mike entrou no seu quarto e Nico não se lembrava de nada do que aconteceu ali. Fixado nas palavras “transformação repentina”, ele entendeu tudo. Havia se transformado!

— Tio, eu sinto muito — sua voz era rápida e sincera. Tio nunca ouviu um tom tão doce na voz do sobrinho. Era como se Nico tivesse deixado os instintos naturais para trás, mas isso não era uma boa ideia, pois eram esses instintos que: (a) o mantinham vivo (b) atento para os predadores (c) e que controlava sua mutação. Sem eles, Nico era só mais um gato inofensivo.

Por outro lado, esse instinto o fazia ficar com raiva de Mike a todo o momento, e como seu amor era maior do que qualquer coisa, ele aceitou o risco que estava correndo deixando tudo para trás. Para ficar ao lado do seu grande amor.

— Tudo bem — disse Tio, depois de levar quase dois minutos pensando. As palavras que ele gostaria de dizer eram “sente muito? Ah, vá à merda. Você não é mais o garoto que sobreviveu depois da morte de seus pais, esse vampiro mudou você, o deixou fraco. Nem a sua mutação você controla”. Mas era certo que ao dizer isso, Nico se transformaria de novo, então, ele baniu esse pensamento rápido antes que Mike lesse.

— Amor — começou Mike ainda sentado com Nico sobre seu colo. Depois do olhar rápido de Mike para o Tio, este se levantou e saiu do quarto. Onde nunca deveria ter entrado essa manhã. — Enquanto eu caçava no centro da floresta, eu encontrei uma casa, ela me fez pensar que nós deveríamos ter nossa própria casa. Uma hora eu posso não estar perto o suficiente para tirar seu Tio da frente e você pode... — Mike sabia que era ridículo, horas atrás sugou o sangue de pessoas desconhecidas e as fez acreditar que caíram sobre pedras e agora estava preocupado com a segurança de um velho. Não era só Nico que estava ficando domesticado. Mike também já mudara muito, um ano atrás zombaria da ideia de ter uma casa fixa em um lugar e agora está ele mesmo tentado convencer um Lobo a ir morar com ele na floresta, e depois... Levar os sete anões juntos? Ou fazer um lindo jardim para atrair fadas da luz?

— Mike... Eu... — Nico não conseguia falar. A ideia lhe pareceu perfeita. Morar em um lugar seguro com o amor da sua vida. O que poderia impedir isso?

Os olhos de Nico correram pelo quarto e encontraram o jornal. Ele o pegou nas mãos mais uma vez. Havia acontecido tanta coisa em menos de meia hora, que ler o jornal era estranho. Quando ele leu a manchete pela segunda vez seus olhos correram para os olhos de Mike.

— Eu não fiz isso — disse Mike em sua autodefesa. Seus olhos saíram do quase outro — sinal de alegria — e foram para o azul fumegante — sinal de preocupação —, e de fato ele estava preocupado que Nico acreditasse que ele era o assassino e desistisse de tudo que os dois sonharam para o futuro.

— Eu sei — Nico jogou o jornal para longe, como fizera da primeira vez. — Mas alguém fez e precisamos descobrir quem... — Mike parecia não se preocupar com um assassino, talvez vampiro ou um zumbi, solto pela cidade. — Não vê? Se ele continuar sua matança vai atrair a atenção dos militares e eles vão descobrir a gente e nos separar... Eu não quero isso...

— Shhh... Shhh... — Mike levou o dedo até a boca de Nico. O Lobo estava agitado e logo estaria se transformando. Então o mais sensato era acalma-lo. Mike o puxou para seu peito e começou a fazer carinho em seu cabelo. Logo Nico estava quase dormindo nos braços do amado. — Está bem! Vamos descobrir quem é o assassino, matar ele e depois ir embora para nossa casa no meio da floresta — enquanto ele falava Nico fazia desenhos abstratos em seu peito frio.

— Eu te amo — ele disse de cabeça baixa. Logo se levantou e beijou Mike. Sempre no primeiro contado. Nico se arrepiava com a diferença de temperatura entre seu corpo e o corpo de Mike. Mas ele não ligava para isso, a essa altura ele já estava mordendo os lábios gelicos e puxando a nuca do outro. Que ficou imóvel se entregando de alma ao parceiro. — Eu te amo — disse Nico mais uma vez, só que agora, ele encarava o predador nos olhos.

Então aconteceu uma coisa que Nico nunca vira na vida e que Mike só fez uma vez, há muito tempo. Os olhos azuis de Mike ficaram vermelhos sangue, tão escuro e ao mesmo tempo tão vermelho que assustaria a qualquer um.

Olhos vermelhos, em um vampiro significa que: ele encontrou o grande amor de sua vida e só a morte pode separa-lo da pessoa amada.

— Eu... — Mike chegou mais perto de Nico. — Te... — agora estava tão perto que só precisava cochichar no ouvido. — Nico, eu te amo. E vou ficar com você para sempre.

E era verdade. Estavam juntos para sempre.

Mike levantou o outro no ar, por alguns segundos, e se deitou no chão frio e sem vida como ele. Nico reposou sobre seu corpo, repetindo o que eles amavam fazer. Ficar um em cima do outro sem fazer nada.

Quando os inúmeros e grandes pelos de Nico tocaram a carne branca e fria abaixo, ele se tocou que não vestia nada. O Lobo destruiu sua roupa. Como Mike parecia não se incomodar. Ele esqueceu isso e fitou os olhos vermelhos. Era uma cor que atraia mais que as outras e com certeza demonstrava mais sentimentos.

***

Já era tarde da noite. A notícia de um assassino pela cidade, fez com que todos não saíssem de suas casas. Então, ficou mais fácil para Mike usar a super velocidade para chegar à delegacia antes do carro do Tio e fazer o que tinham planejado.

Assim que estava do lado de dentro, ele entrou na mente dos que ali estavam. Havia apenas dois policiais e um homem que fora roubado na caída da noite. Tendo certeza de que não havia mais ninguém e que usou um dos policias para desligar as câmeras (vampiros não aparecem em câmeras e, também não tem reflexos em espelhos), Mike pegou o celular, acendeu o visor e o balançou em direção a grande parede de vidro que dava para a rua.

Nico foi ligeiro quando viu o sinal de Mike. Tio estava na esquina esperando em seu carro, caso algo desse errado.

— Só tem esses três — informou Mike.

— Ok — disse Nico indo para trás da mesa de recepção, sem hesitar, o peludo estava dentro do banco de dados da rede municipal.

Mike usou os olhos do policial ao lado para ver tudo, enquanto ficava de guarda na porta.

— Estou achando que você já fez isso antes...

— Já sim — admitiu Nico. — Lembra-se da Guerra entre Vampiros e Lobos? Eu tive que invadir a rede para ocultar as mortes dos humanos, para não chamar a atenção nacional. É fácil fazer isso.

— Pode fazer uma pessoa ir presa? — perguntou o Tio de Nico, entrando pela porta giratória.

— Não! Nunca vou fazer isso. Só estou tentando ajudar as pessoas — respondeu Nico áspero. — E o que faz aqui, não deveria estar no carro?

— Vocês estão demorando e lá ficou entediante — disse Tio pegando uma rosquinha na grande caixa de rosquinhas sobre a mesa da recepção. — Hum... Que delicia! Você tem que provar — ele estendeu a caixa para Mike, que o olhou estranho. — Ah, me esqueci que você não come doces. Pena! Essa barriga aqui morreria se não pudesse comer um docinho de vez enquanto.

— Ela vai morrer se sua boca não ficar quieta — alertou Mike olhando para Nico, que não lhe deu atenção. Ele riu torto para Tio fazendo de suas palavras uma possível promessa.

— Vou para o carro — disse o velho amedrontado.

— Não está se esquecendo de nada? — perguntou Mike olhando para a rosquinha que deveria ser devolvida a caixa.

— Ah, é verdade — Tio voltou alguns passou e colocou a caixa debaixo do braço gordo. — Obrigado.

Então, Tio saiu da delegacia e foi comer suas rosquinhas no carro.

— Terminamos — disse Nico pegando vários papeis da impressora. — As fichas dos que estavam presentes na cena do assassinato — disse ele as levantado para Mike olhar. — E se você usar seu poder mental nem precisamos conversar com elas, apenas precisamos saber: o que viram e se viram o roso do assassino. Pelo que eu li no jornal, elas não se lembram de muita coisa. Pode reconstruir a cena na mente de algum deles?

Eles já estavam fora do prédio quando Mike desligou o controle mental e respondeu.

— Se alguém teve um contado maior com a mente do assassino, eu consigo até descobrir o nome dele, mas tenho que tomar cuidado.

— Por quê?

— Porque se o assassino entrou na mente da pessoa e deixou vestígios foi de propósito e se eu tentar quebrar esse selo entre eles, o marginal pode entrar na minha mente e vai vim atrás de nós.

Nico olhou para ele meio tonto, esse negócio de entrar em mentes era novo para ele.

Em silêncio eles entram no carro. Depois de brigar com Tio por causa das rosquinhas. Então se ouviu o motor.

No final da rua, havia uma multidão em volta de um carro com os pneus para cima, eles ainda giravam. Logo se via um corpo estirado no chão, novamente sem o coração.

— Ele ataca novamente — disse o Tio. Olhando tudo de dentro do carro.

Mike quis descer e dar uma olhada no corpo, porém Nico o convenceu de que a polícia não poderia ver nenhum dos três, ou iriam entrar para a lista de suspeitos.

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Comentários

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eu sabia que o mike iria salvar o tio do nico !!! agora temos um misterio pra. desvendar quem sera o assassino!!!só acompanhanhado o conto. pra saber. bear.....

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