My little brother XXIV

Um conto erótico de Enzo
Categoria: Homossexual
Contém 1641 palavras
Data: 29/05/2014 23:36:20

Capitulo vinte e quatro.

Acordei aquela manhã me sentindo péssimo. Meu corpo inteiro doía e minha cabeça era uma confusão de sentimentos e lembranças da noite anterior.

— Bom dia — uma técnica de enfermagem abriu a cortina do box onde eu estava no hospital — Como se sente?

— Meio confuso — respondi com sinceridade.

— Não é para menos, você bateu muito forte com a cabeça. Teve sorte de não ter traumatismo.

Tentei me lembrar de ter batido a cabeça na noite anterior, mas minha ultima lembrança era do ultimo soco do meu pai e depois nada. Não me lbro de ter batido com a cabeça em lugar nenhum.

— E quando eu vou embora? — indaguei.

— O Dr. Thiago, que esta cuidando de você. Disse que você passaria a noite em observação e que se hoje estivesse melhor poderia ir para casa.

— E onde ele está? — perguntei sem esconder a vontade que eu tinha de ir para casa.

Mas foi então que eu lembrei que não tinha casa. Meus pais nunca me aceitariam em casa novamente e eu também não queria saber deles. Miguel e eu havíamos tido uma briga séria e nossa amizade havia acabado. Eu não tinha para onde ir assim como Gabriel.

Me ergui bruscamente na cama fazendo minha cabeça girar e doer.

Meu irmão também havia perdido tudo naquela noite. Perdeu o único lugar no qual poderia viver. Onde estaria ele agora? Sem casa, sem abrigo, sem ninguém com quem pudesse dividir sua tristeza. Eu nunca me esqueceria do que ele fez comigo e do sofrimento que me causou. Nunca esqueceria sua vingança, mas eu vi o que viver com ódio e mágoa no coração fazia a um se humano. Vi como meu irmão afundou nesses sentimentos e vi como ele se tornou infeliz. Agora realmente entendia o que ele estava passando. Meu irmão se sentia morto e queria que eu me sentisse também para eu saber o que fiz com ele.

— Você sabe onde está meu irmão? — perguntei a técnica.

— Está lá fora na sala de espera — ela disse — ele e um rapaz ruivo.

— Eles passaram a noite aqui? — indaguei.

— Não por que o Dr. Thiago não deixou, mas voltaram hoje cedo — ela mexeu no equipo de bomba no meu soro para ver se estava tudo certo — Vou chamar o Dr. para te avaliar.

Assento sentindo minha cabeça dor mais uma vez. Não passou muito tempo e um homem alto de cabelos escuros, trajando um jaleco branco veio até mim.

— Noite turbulenta a sua — ele brincou ao meu ver.

Sorri achando engraçado seu eufemismo.

— Então sabe o que aconteceu? — Indaguei me sentindo um pouco constrangido.

— A Dr. Flavia que te socorreu na ambulância, me passou alguma coisa — admitiu — Mas não estou aqui para julgar ninguém e sim para salvar vidas. O que você fez ou deixou de fazer só depende de você, ainda mais algo desse tipo. Mas preciso saber se quer denunciar seu pai ou não?

— Não — respondi categoricamente. Apesar de meu pai ter me feito sofrer muito naquela noite, eu o havia feito sofrer primeiro. Ele era um homem religioso que tinha acabado de descobrir que criou dois filhos gays que namoram entre si e quee vão queimar por toda a eternidade no fogo do inferno. Eu o entendo, pois já acreditei nessas coisas.

— Então tudo bem — ele tirou uma pequena lanterna no bolso do jaleco e colocou em meus olhos para avaliar a dilatação de minhas pupilas. Depois me mandou deitar e levantar minha camisa para ouvir meu coração e depois me sentar para ouvir meus pulmões e examinou meu ferimento na nuca.

— Eu posso ir para casa Dr.? — indaguei perguntando a mim mesmo onde era a minha casa.

— Só vou esperar o resultado da radiografia e se estiver tudo bem, você estará de alta.

— Tudo bem então, mas pode chamar meu irmão aqui?

Ele assentiu e pouco tempo depois eu vi Gabriel parado em minha frente. O rosto inchado e os olhos vermelhos de tanto chorar contrastavam com o rosto triunfante dele na noite anterior.

— Me desculpa — ele pediu se aproximando de mim — Eu nunca quis isso. Nunca quis te machucar assim.

— Sim, você quis desde o dia que eu fui embora. Você me odeia e eu entendo. Também me odiaria se fosse você. Nunca vou me esquecer da noite passada, mas também não quero viver com raiva. Não vou deixar que isso me destrua como deixou que te destruísse. Eu te perdoo.

Ao me ouvir dizer esta ultima frase Gabriel desmoronou. Suas lágrimas começaram a escorrer por seu rosto e encharcaram sua camisa verde. Seu rosto era uma mistura de alivio e dor. Uma dor tão grande que não sei como não o matou naquele momento. Acho que não havia vingança que eu poderia ter feito que causaria tamanha dor como perdoa-lo naquele momento.

— Do que adianta me perdoar se me odeia? — indagou desabando na cadeira ao meu lado.

— Vice ouviu o que eu disse? — perguntei — Eu quero... Juro por Deus que eu quero te odiar, mas não posso. Eu te amo tanto que não posso te odiar. Não posso deixar que ódio estrague a coisa mais linda e pura que tenho. Não vou deixar isso acabar com nosso amor.

Segurei sua mão e a afaguei carinhosamente. Gabriel limpou as lágrimas com camisa e sorriu para mim.

— Eu te amo — disse.

— Eu também te amo.

Ele se inclinou para mim e me deu um selinho. Em todos esses anos nunca tinha ganhado um beijo tão amoroso e verdadeiro quanto aquele.

Gabriel ficou comigo enquanto ambos esperávamos o Dr. Thiago voltar e pela primeira vez desde que fui embora eu pude ver meu Gabriel de volta. Ele se mostrava carinhoso comigo e me deu o café da manhã na boca mesmo que não precisasse. Olhou zeloso enquanto a técnica de enfermagem trocou o curativo se minha cabeça, até mesmo cantou a música para mim! Uma música que eu adorava que ele cantasse e que havia aprendido a letra com ele... So easy da Marjorie Estiano.

Dr. Thiago retornou na hora que Gabriel me dava o almoço na boca e me deu alta do hospital. Gabriel ficou animado, mas eu não.

Saí da sala de trauma, onde passei a noite, e encontrei Miguel na recepção conversando com o recepcionista. Estavam os dois dando risadinhas quando Miguel me viu. Ele se despediu do rapaz que anotou algo em um pedaço de papel — creio que seu numero de telefone — e lhe entregou.

— Vamos para casa? — ele sorria e tentou me ajudar a andar como se nada tivesse acontecido entre nós.

— Eu posso andar sozinho — disse mas continuei apoiado em Gabriel. O que o deixou irritado — E é sua casa! Não minha.

— Me desculpa pelo que disse ontem Enzo — parou em minha frente — Eu estava com raiva quando disse aquilo. Falei sem pensar. Aquela é e sempre será a sua casa — pude ver sinceridade em suas palavras, mas também vi mentiras.

— Não. Você só disse o que queria dizer. Aquela nunca foi e nunca será a minha casa. Só estou voltando para lá para pegar as minhas coisas e as de Gabriel.

Gabriel me olhou preocupado.

— E para onde vocês vão? — Miguel perguntou.

— Não sei — respondi — Para bem longe. Uma cidade nova, um estado novo... O Brasil é grande e tenho um dinheiro guardado.

— E quanto a nós? — indagou.

A essa altura tínhamos chegado ao seu carro.

— Podemos continuar amigos, mas nunca será como antes — falei sentindo um pouco de tristeza — Você me magoou muito, mas não tenho raiva de você.

Ele não disse nada. Apenas abriu a porta do carro para que eu e Gabriel entrássemos e foi o que nós fizemos.

Acabou que ficamos mais um dia na casa de Miguel, pois o mesmo nos convenceu a ir embora no dia seguinte. Perguntei a Gabriel sobre os DVDs e ele me contou o que Brenda fez e quem ela na verdade era. Eu nunca a conheci enquanto namorei Gustavo, mas me lembro dela, pois ele sempre falava com orgulho da irmã.

Acordei cedo na manhã seguinte. Tão cedo que o céu ainda tinha um tom alaranjado. Olhei para o lado o de Gabriel dormia sereno. Me levantei e dei-lhe um beijo na testa o fazendo se mexer um pouco, mas não acordou.

Sai de casa sabendo exatamente para onde iria. Iria confrontar aquela que realmente se vingou de mim, mesmo que eu não tivesse culpa. Iria ver BrendaFaltam mais dois capítulos para que este conto termine e espero que gostem do final.

L!$@, muito obrigado pelo elogio. Fico feliz que tenha achado bem escrito o psicológico de todos os personagens e talvez o de Enzo seja o melhor por ser baseado em mim mesmo. eu publiquei um desabafo a alguns dias onde conto minha vida de forma bem superficial, mas conto. Lá expresso meus sentimentos e meus medos, mas esqueci dr contar outro motivo para aquilo ter acontecido comigo. minha familia em peso é protestante ou "crentes" como costumam ser chamados. Eu fui realmente criado para amar um ser que me odiava e o resultado foi a mesma confusão mental de Enzo. Quando Gabriel... ele representa a parte da minha vida onde eu resolvi desacreditar em um ser que me odeia para evitar sofrer. Apesar de para alguns de vocês o Miguel parecer vilão, eu não penso nele assim. Ele é apenas um menino rico e mimado que está acostumado a ter tudo o que quer, não importa o que tenha de fazer. vemos isso muito bem quando um adolescente mimado xinga e quebra coisas só por que não consegue o que quer. Na cabeça desse tipo de pessoa, o mundo é deles e todos tem de fazer o que eles querem. Miguel é uma dessas pessoas.

Nesta história não criei personagens bons ou maus. Criei personagens humanos que buscam a felicidade e um culpado para seu sofrimento.

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Comentários

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Oi, nossa não sabia q é baseado em sua vida mas q bom q vc superou! A personalidade do Gabriel é muito linda, sempre colocando o amor acima d toda e qualquer religião q aprendeu a acreditar desde criança e se vc disse q é baseado em vc quando resolveu desacreditar, fico feliz. Com relação a Miguel, eu entendo vc dizer q ele é aquele garoto mimado, q sempre teve tudo e q faz d tudo p conseguir o q quer, mas uma pessoa assim é sem escrúpulos e continuo sem achar nada q justifique o q ele fez... Por isso acho seu conto bem escrito pq ele é bem realista, existem pessoas ruins na vida real, q fazem d um tudo p conseguir o q quer te pegando pelo ponto mais fraco q foi o q aconteceu, mas não como mostra nas novelas com tanta fantasia, e sim assim como vc escreveu, um bom ex! Como disseram, pena q está no fim. Espero um final feliz.

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Nossa, essa Brenda tem que tomar muito na cara, menina ruim.

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Perfeito!!! Pena estar acabando, e pelo menos pra uma coisa essa confusão toda prestou, para reconciliar Enzo e Gabriel!

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Ah e o conto é demais. O Enzo mostrou que é uma pessoa superior aos outros, ansioso pelo confronto dele e da Brenda.

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Ah não cara, como assim só mais dois capítulos s pronto e o conto acaba?

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