Os meios justificam os fins 4

Um conto erótico de danv
Categoria: Homossexual
Contém 897 palavras
Data: 22/05/2014 18:49:50

Com o sol me despertei e também os sentimentos por Manu que sempre reprimi. Meus sentimentos que iam além da amizade sempre reprimidos por medo. Ali, com ela deitada em meus braços tornava difícil esconde-los.

Tentei sair sem acorda-la mas foi em vão. Seus olhos abriram preguiçosamente. Seu corpo nu coberto pela fronha que lhe coloquei durante a madrugada para que não sentisse frio. Sentamos e nos encaramos por um tempo, cheias de palavras mas sem saber como começar.

- Se você se arrepende do que fez podemos esquecer e fingir que não aconteceu. Mas eu não me arrependo do que fiz e..

Fui calada com um beijo seu.

- Eu não quero esquecer a melhor noite da minha vida.

A partir daquela afirmação nossa relação mudou. Começamos um relacionamento não definido, uma tipo de amizade colorida mas com existência do sentimento (ele apenas não era dito). Uma das camas entrou em desuso.

Nossas famílias desconheciam essa "relação". Era só nossa e ali, naquela viagem, ficou entre quatro paredes.

De volta a faculdade continuamos. Agíamos como namoras, mas nunca colocamos rótulos ou exigimos exclusividade, ou falávamos sobre sentimentos. Mas desde aquela noite no hotel meus sentimentos não estavam mais presos e me permitia curtir sua presença, ninguém me interessava e meus lábios não tocavam em outros que não fosse o dela. Para os dela também só os meus.

Manuella frequentemente dormia em minha casa e nossas noites e madrugadas eram longas. Acostumava-me a dormir com seu corpo colado ao meu.

Um semestre se passou em felicidade. E o fim dela veio de modo cruel.

O recesso escolar passou no interior. Tentávamos esconder o que estava estampado em nossos rostos. Nossos beijos vinham roubados e escondidos.

Quando voltamos para capital, em minha mente começava a brotar a idéia de um relacionamento sério com Manu. Esse projeto estava com seus primeiros rabiscos quando recebo um telefonema que mudaria tudo.

Era um nublado começo de tarde, estava a caminho da faculdade quando sinto o celular vibrar. Nome de minha mãe no visor.

- Alô? - ouço atentamente - O quê? Mas, mas.. - não acreditava no que ouvia - Vou para ai ainda hoje.

Desliguei e fiquei estática. Estava alheia ao movimento ao meu redor. Quando consegui me mexer e raciocinar sobre algo fui até a rodoviária e comprei a passagem de ônibus do primeiro horário, que seria ao anoitecer. Meu andar era automático, assim como minhas ações. Eu não sabia o que fazer, meu peito doía, meus olhos ardiam com o choro que não vinha.

Voltei para meu apartamento mas antes comprei uma garrafa de bebida alcoólica bem forte. Arrumei uma pequena mochila com duas mudas de roupa e documentos. Sentei entao na poltrona da sala e passei a beber. Minha boca no gargalo, bebericava e sentia o liquido carga do minha garganta esôfago a dentro.

Meu estado de embriaguez já era alto. O mundo girava ao meu redor. Esparramada na poltrona ouço batidas na porta. Com dificuldade levanto-me e tropico até a maçaneta.

- Vai embora. - grito enroladamente com a boca colada á porta.

- Bia, abre aqui, é a Manu. - da uma pausa - Eu já sei o que aconteceu, sinto muito. - outra pausa - Eu amava aquele menino como um irmão.

- Me deixa em paz. - sentei-me escorada na porta.

- Não faz isso, deixa eu te ajudar, por favor.

Silencio se estabeleceu.

- Beatriz não faz isso, eu sei que você não ta bem. Abre a porta.

- Sai daqui agora! - gritei o mais alto que pude, o choro veio.

Chorava baixinho, amontoada no chão. Nada mais importava naquele momento, minha dor era imensa. O álcool ajudava, apesar da minha profunda tristeza pelo menos ela era desconexa. Não houve mais barulho do outro lado da porta. Me permiti então soluçar.

Me perdi no tempo, o efeito da bebida fraco e o horário do ônibus perto. Segui então para o velório do meu irmão, que morrera atropelado por um motorista drogado.

Abandonei a bebida e quando cheguei estava num estado aceitável. Naquele dia me fiz de forte, nenhuma lágrima mais foi derramada. Passei uma semana ao lado de minha mãe. Meu luto não permitia-me falar ou comer, meu físico e psicológico estavam cada vez mais lamentáveis.

Minha mãe agia mecanicamente e fiquei com ela o máximo que pude.

Após os dias de estadia, já de volta a capital, recebi um e-mail da faculdade anunciando o dia em que os alunos, se assim quisessem, poderiam trancar o curso. No dia anunciado eu estaria lá e trancaria por um período que duraria um semestre.

Manuella não me procurou mais. Passava meus dias no meu apartamento, vendo a filmes, lendo livros, em meio a uma atividade ou outra as lágrimas vinham salgar meu rosto. Saia apenas para o essencial. Com o passar do tempo parei ate com essas atividades e ficava na cama, sem vontade de levantar.

Essa situação durou ate que sem avisar minha mãe apareceu em casa. Horrorizada ao ver que estava definhando levou-me ao hospital onde fiquei internada período o suficiente para ganhar mais peso e alimentar-me corretamente. As consultas no psicólogo estavam marcadas. Mãe fez compras e encheu a geladeira de alimentos. Foi-me receitado antidepressivos.

E assim passou seis meses. Minha recuperação chegou. Ao final do ano, quebrando a tradição, fiquei na capital.

As férias se passaram e minha rotina voltava. Não era a turma diferente que me assustava e sim uma pessoa. O reencontro foi pior do que imaginava.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive danv a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

Muito triste o que aconteceu com seu irmão...Força e siga em frente eu sei que é difícil mais Deus a de ajudar....continua.

0 0