Atração Proibida

Um conto erótico de Serena Flor
Categoria: Heterossexual
Contém 1143 palavras
Data: 21/04/2014 16:58:30
Última revisão: 18/05/2014 20:09:39

Sempre que viajo à Olivença dou um jeitinho de tirar um tempo e ficar sozinha no meu pedacinho do paraíso. É assim que chamo uma pequena parte da praia, isolada por pedras e pouco frequentada, principalmente ao pôr do sol. As lembranças da última vez que fui lá insistem em povoar minha mente, como chuvas repentinas de verão que vem e vão sem muito aviso.

Lembro-me daquele fim de tarde como se fosse ontem. Estava com os pés úmidos na areia, olhava o horizonte e admirava o entardecer, o céu avermelhado produzia um lindo efeito no mar e o vento trazia um delicioso cheiro de maresia. Usava um vestido leve de algodão cru. Sentia a brisa tocar a minha pele bronzeada pelo verão: que delícia! Fechei os olhos e imaginei que estava num quadro de Monet. O vento agitava os meus cabelos lisos e escuros, minha roupa pressionada mostrava cada curva do meu corpo, contornos semelhantes às estátuas gregas femininas. Senti-me nesse instante desejável e fiquei excitada.

Por alguns minutos permaneci nesse estado meditativo respirando profundamente. Ao sair desse transe contemplativo olhei mais uma vez ao redor para admirar a paisagem que tanto me encantava. Só nesse instante me dei conta que não estava sozinha. À minha esquerda, sentado nas pedras, um estranho me observava com o semblante interrogativo. Nossos olhares se cruzaram e não se desviaram mais. Parecíamos hipnotizados, nos avaliando mutuamente. Minha respiração se tornou ofegante. Ele notou. Levantou-se e caminhou lentamente em minha direção. Pude observa-lo melhor, era alto, magro, usava a cabeça raspada, peito liso, pernas e braços com pelos na medida certa. Vestia apenas uma bermuda de surf. Deveria ter trinta e poucos anos, um pouco mais que eu. No braço direito havia uma fênix tatuada. Perguntei-me o que ele teria vivido para escolher esse desenho. Ao se aproximar mais, notei os traços delicados do seu rosto, os olhos oliva e a barba por fazer. Não posso negar, ele era extremamente charmoso.

Quando estava perto o suficiente para me tocar, desviei o rosto e olhei para o mar. O peito arquejante denunciava a minha inquietação. Ainda afastado, mas posicionado atrás das minhas costas, tocou o meu ombro esquerdo e desceu lentamente pelo meu braço. Meu silêncio era minha aquiescência. Acariciou minha mão e observou o metal dourado que adornava meu dedo anelar. Girou a mão e me mostrou sua aliança em sinal de cumplicidade. A atração instantânea que nasceu entre nós nublou minha consciência. Deixei-me levar pelo momento, não pensei nas consequências, pensei apenas nos prazeres que aquele estranho me oferecia.

Sem hesitação, mas com ternura, enquanto colava o seu corpo no meu, ele retirou os cabelos que cobriam o meu pescoço e pousou sua boca em minha jugular numa deliciosa carícia. Nesse momento me abandonei em seus braços, gemi ao contato do calor de sua pele e de sua boca úmida.

Seu corpo túrgido roçou o meu. Suas mãos trêmulas, porém decididas, exploraram meus seios por cima do vestido, empecilho que foi descartado em segundos. Com destreza, ele desatou os laços que sustentavam minha vestimenta. Afastou-se o suficiente para deixar a roupa cair na areia. Por alguns instantes observou-me nua, ainda de costas e olhando o mar.

Ofegante, eu sentia o peso daquela atração proibida, não tinha forças para mover-me, nem para correr, nem para me entregar. Fui me deixando levar, como uma flor caída no rio, esperando a correnteza me direcionar.

Suas mãos cálidas voltaram a percorrer meu corpo, uma delas repousou em meu seio, enquanto a outra percorria o caminho em busca do prazer supremo. Ao sentir a proximidade de sua mão, meu corpo se aqueceu, uma fornalha me inundou, fechei os olhos e desejei ardentemente ser invadida por aquele homem. Dedos hábeis extraíram meus gemidos e me umedeceram. Minha inércia cedeu lugar a ousadia. Já não havia mais lugar para a hesitação. Virei-me e busquei a sua boca, nossos lábios se tocaram com paixão e intimidade, como se fossem antigos conhecidos. Um harmonioso baile de línguas que se saboreavam e se desfrutavam mutuamente. O sabor de sua boca me inebriou e seu hálito me incendiou como um poderoso afrodisíaco.

Atrevida, enquanto nos beijávamos, abri sua bermuda e a deixei cair a seus pés. Abaixei um pouco sua sunga, livre do tecido que nos separava toquei com ardor o objeto do meu desejo. Não sei quem gemeu primeiro, se foi ele ou eu. Tê-lo tão rígido em minha mão me deixou alucinada.

Ainda colados pelos lábios e em sincronia nos deitamos na areia macia. Senti o peso do seu corpo e toda a demonstração de virilidade que ele podia oferecer. Paramos de nos beijar e nos olhamos profundamente. Arquejante, senti seu corpo ingressar lentamente em mim enquanto nossos olhares contínuos tentavam desnudar as nossas almas.

Nossas respirações arfantes se misturavam com os sons do mar. Suas investidas se aceleravam, embaladas por nossos gemidos intensos e indubitáveis de extremo prazer. Tentei manter contato visual o quanto pude, queria guardar o seu rosto em minha memória, gravar indelevelmente a sua imagem em minha mente, suas expressões de pleno deleite, mas não consegui manter os olhos abertos quando a onda de êxtase me arrebatou. Fui tomada por contrações e vibrações avassaladoras. Meu corpo ardia e pressionava ainda mais o dele. Em seguida, senti o relaxamento que só a maior das volúpias pode propiciar. Pude então abrir os olhos e vê-lo experimentar as delícias que eu tinha acabado de vivenciar.

Instigado, ele se deixou dominar pelo prazer. Seus movimentos se intensificaram e em instantes ouvi o som mais sedutor da excitação, os gemidos mais profundos de prazer que um homem pode dedicar a uma mulher. Como um guerreiro vencido, descansou seu corpo sobre o meu. Manteve o rosto cravado em meu pescoço enquanto recuperava a tranquilidade da respiração. Ainda unidos, eu usava todos os meus sentidos para eternizar aquele momento.

Ele levantou o rosto, olhou-me suavemente com um doce sorriso. Insinuou emitir algumas palavras, mas o impedi com um beijo e em seguida com o dedo em seus lábios em sinal de silêncio. Ele me compreendeu. Não queria perder a magia daquele instante. Por alguns minutos ficamos calados, abraçados deitados na areia, admirando o pôr do sol.

Sem dizer nada, nos levantamos e nos vestimos. Toquei o seu rosto delicadamente e me despedi com um terno beijo no canto dos seus lábios. Afastei-me sem perguntar seu nome e sem dizer o meu. Caminhei em direção à outra praia, sem olhar para trás, com a sensação de ter vivido um momento único, desses que marcam a nossa vida para sempre. Não houve nenhuma consequência física desse ato, somente na alma. Carrego comigo, junto às deliciosas lembranças, um pouco de culpa, mas tento não me punir. E nos meus invernos, essas recordações me aquecem e me dão forças para continuar. Lembranças de uma tarde de verão que ficaram tatuadas na memória.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Serena Flor a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Este comentário não está disponível
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Astrogildo, você deixou de notar um detalhe importante:"Acariciou minha mão e observou o metal dourado que adornava meu dedo anelar. Girou a mão e me mostrou sua aliança em sinal de cumplicidade."

0 0
Foto de perfil genérica

Parabens pelo conto,vc escreve muito bem.Porem,em nenhum momento vc informou que era comprometida.Portanto,se é solteira,pq guardar culpa?Pq o proibido?só pelo fato de ter sido um desconhecido?A quem vc magoou?a vc mesma?Está implícita a velha moral da natureza feminina?Se esse mesmo cara tivesse a mesma verve retórica e literaria q vc demonstrou aqui,provavelmente "culpa" e "proibição" estariam fora mdo vocabulario

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Nanda Gz, minha linda! Obrigada. Estou muito feliz por ver que, mesmo sendo sutil, houve quem gostasse do conto...rs...para dizer a verdade achei que não agradaria. Esses comentários são muito importantes pra mim. Beijos!

0 0
Foto de perfil genérica

Olá, EscritorDelirante! Você é mesmo um amor. Obrigada por tudo o que disse. Bebi cada palavra como quem bebe um vinho raro. Saboreei cada gota e, confesso, fiquei embriagada...rs...delirante! Respeito muito a sua opinião e fiquei verdadeiramente envaidecida. Um beijo doce!

0 0
Foto de perfil genérica

Parabéns! Parabéns, mesmo!! Foi notável sua evolução considerando os seus primeiros contos publicados aqui. Sua escrita está mais madura. As descrições do ambiente e das pessoas ficaram mto boas. Foi possível visualizar facilmente os personagens e o cenário. Nessas descrições, vc utilizou expressões que eu não tinha lido ainda no universo erótico, como "oliva" para se referir à cor dos olhos. Seu texto é refinado. Boas analogias. A da chuva de verão foi boa, mas a melhor foi a da flor que cai no rio e se deixa levar pela correnteza. Ficou muito boa mesmo. Me deu até inveja, pois eu queria ter pensado nela. rsrsrs (Flor: algo delicado, que, qdo cai no rio, está desprotegida; e a força das águas a leva para onde quiser). Vc desprotegida, e a força do momento te levando. Muito bom! Seu vocabulário, que já era bom, deu mais um salto. Continue nos trazendo mais contos. Bjs

0 0
Foto de perfil genérica

Que coisa boa poder ler algo tão bem escrito, bem definido, sutil,eu amei. Parabéns pelo conto.

0 0
Foto de perfil genérica

Olá Yuzo...

Como você, também pertenço aos dois grupos. Na verdade, a minha busca é juntar os dois elementos. Escrever um texto que seja elegante, mas que também seja muito excitante...rs...ainda chegarei lá. Mas concordo com você: é difícil agradar a gregos e troianos. Obrigada pelos elogios! Fiquei radiante com a frase “com muita maestria e estilo...” ai...o ego...pobre ego...rsrs...Ah! E que honra você pensar em me incluir no seu conto...rs...lógico que fico envaidecida. Fiquei curiosa em saber qual leitura você fará da minha personalidade....rs...Depois do seu comentário sobre o conto “Maldito pneu furado”, você atiçou mais uma vez a minha curiosidade e em breve farei minha visita lá...rs...e sobre o Sadiano, ele parece ter se afastado do Site. Talvez leia sem comentar...só sei dizer que sinto falta e acho uma pena. Também aguardo o comentário dele.

Obrigada pela sugestão. Já fiz as alterações. Vê? Dicas bem intencionadas são sempre bem-vindas. Beijos querido!

0 0
Este comentário não está disponível
Foto de perfil genérica

Queridos...

Muito obrigada pelos elogios e pelo carinho. É muito excitante ler cada comentário de vocês. É muito gratificante retornar ao conto e ler o que sentiram com a leitura. Estou muito feliz em ter agradado mesmo tendo sido pouco explícita. Beijos!!!

0 0
Foto de perfil genérica

Parabéns, Serena Flor! Seu nick é tão romântico como o seu bem escrito conto. Muito Bom, sem apelações, sem obscenidade, elegante e convincente. Nota 10.

0 0
Foto de perfil genérica

Adorei este conto. Descrito, feito e contado com muita sensibilidade e erotismo. Muito romantico também. Por isso sou oromantico64@gmail.com

0 0
Foto de perfil genérica

Fico contente de ver alguém escrevendo aqui coisas desse tipo. Apesar de não ser muito erótico, me deu muito prazer em ler. Palmas pra você! E beijos também!

0 0
Foto de perfil genérica

ola amigos e claro amigas eu fui a primeira pessoa a por o tel aqui na casa dos contos bom agora tom com o grupo no whatsapp quem querer ou so querer conversar tbm e so me chamar 021967153277

0 0
Foto de perfil genérica

dá também prazer, alegria e emoção ao ler um conto desse nível.

0 0
Foto de perfil genérica

Um otimo e delicioso conto princesa. Muito bem narrado, parabéns. Qualquer coisa meus contatos são

0 0