Inversos

Um conto erótico de Enzo
Categoria: Homossexual
Contém 2587 palavras
Data: 18/04/2014 21:50:40
Assuntos: Ficção, Gay, Homossexual

Inversos.

Estava escuro, escuro, escuro. Essa era a única palavra que saia da minha boca enquanto caia, sempre caindo. Escuro, queda, medo. Queria gritar, chorar fazer de tudo para sair daquela situação, mas estava tão apavorado que só sabia me segurar com força naquele corpinho.

Escuro.

Caindo.

Escuro.

Caindo.

Escuro...

Caindo...

Escu...

Cai...

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Ser um garoto de 18 anos – quase 19 – dividindo a casa com mais seis pessoas não é moleza não, ainda mais se a casa for pequena. Tenho de dividir o meu quarto com minha irmã mais velha e meu irmãozinho de quatro anos. No outro lado do corredor, na porta em frente a minha dormiam meu pai e minha mãe e no outro quarto, que não parecia um quarto, dormiam meu irmão Alex, o segundo mais velho e minha irmã Júlia, a segunda mais nova. Estava na minha cama olhando para o teto e ouvindo o som das gotas de cuvas quando faziam contato com o telhado. Todo o resto da minha família estava na nossa minúscula sala assistindo algum filme bobo que o meu pai comprou quando veio do trabalho. De vez em quando eu conseguia escutar gargalhadas que demoravam a cessar e ficava com uma vontade avassaladora de ir ate eles, mas não poderia.

Não poderia por que eu tinha contado há uma semana atrás para os meus pais que eu era gay, segundos depois de eu ter contado meu pai me deu um tapa. Um tapa de homem, meu pai nunca tinha me batido, nem aos meus irmãos diga-se de passagem. Mas aquele tapa nem doeu muito comparado ao que ele falou depois, ainda me lembro das palavras: “Eu posso até chorar pela sua sorte, Enzo. Mas nunca chorarei pela sua sorte”. Depois disso eles nunca mais foram o mesmo comigo, minha mãe só falava o essencial do essencial comigo, ou seja, quase nada. Mas tinha vezes na mesa enquanto tomávamos café da manha eu a percebia me olhando e sua boca se crispava para cima, mas ela nunca falava nada. Meus irmãos mudaram o comportamento comigo. O único que continuava normal comigo era o meu irmãozinho, Lucas, as vezes quando o meu pai não me deixava ficar no mesmo lugar que ele e eu ia para o quarto Lucas sempre ia até mim e ficava me fazendo companhia. Ele me contava seu dia na creche, falando naquela sua voz típica de menino pequeno e eu adorava isso.

Uma vez eu cheguei quase a partir para a briga com os meus dois irmãos mais velhos Alex e Lorena por que eles tentaram colocar coisas na minha cabeça que eu sabia que não tinha nada a ver comigo. Eu era o filho do meio então eu tinha responsabilidade em dobro com os meus outros irmãos. Tinha que ser um irmão mais velho responsável para os dois mais novos e tinha que ser um irmão mais novo superobediente para os dois mais velhos. Eu me sentia hipersufocado. Mesmo meu pai trabalhar como um jumento de carga em uma fabrica de celulose e papel ele nunca quis esse futuro para os filhos. Lorena que já tinha completado 24 anos já estava prestes a se formar em medicina e meu irmão com 21 anos estava no segundo período de direito. Meu pai já estava bravo comigo antes de eu dizer que era gay, eu também tinha passado no vestibular, mas em vez de cursar engenharia como ele pretendia eu me inscrevi para fazer Letras.

— Você pretende sobreviver como, Enzo? — Gritou meu pai depois que eu contei a notícia para ele – Professor?! Você vai morrer de fome!

— Eu vou sobreviver, pai – Garanti a ele, mas sua resposta foi um grunhido raivoso e uma maldição lançada a mim – Vou está fazendo algo do que gosto. Você deveria esta feliz por mim!

— Deveria, mas não estou – E com essa frase ele saiu da sala. Nesse dia tive o apoio de todo o resto da família, mas nem um aperto de mão me parabenizando pela minha coragem de me assumir eu recebi da minha família.

Só me toquei que estava chorando quando senti o gosto salgado na minha boca, a chuva ainda caia sem parar. As risadas só pararam quando um raio cruzou o céu escuro e chuvoso fazendo meu irmãozinho dar um grito de puro pavor. O brilho fraco da televisão, assim como todas as luzes da casa se apagaram inundando toda a casa na escuridão. Me sentei rapidamente na cama e corri até a minúscula janela que tinha ali no quarto e com um misto de pavor e empolgação notei que a chuva tinha ocasionado um tremendo apagão. Quando um relâmpago rasgou o céu novamente o brilho foi tão incomodo por toda aquela escuridão que eu dei alguns passos para trás e tropecei nos meus próprios pés. Estava deitado de costas no chão com pontos pretos voando no meu campo de visão quando o pior som que eu já escutei na vida estrondou por todo o estaço.

Não parecia um simples trovão, parecia que o mundo estava se partindo em dois, um som que ao mesmo tempo que parecia ser um grito ululante de pavor também soava como uma gargalhada da mais pura alegria. Não sabia se isso tudo era fruto da minha mente assustada mas foi o que eu ouvi. Meus olhos estava arregalados. Foi então que eu percebi que estava com a respiração presa na garganta, nunca antes na vida eu tive medo de trovão, raio ou coisa do gênero. Mas aquilo não tinha soado, parecido ou agido como um trovão normal. E olha que eu nem era especializado em trovões. Com a respiração rasa eu caminhei lentamente pelo corredor da minha casa, afinal estava bastante escura, uma escuridão nada habitual. Minha família estava toda amontoada na janela principal da casa, só conseguia distinguir as pálidas silhuetas, mas eu conseguia saber que o meu pai estava no canto esquerdo minha mãe no direito e Alex no meio daquele grupo.

´- Pai? — Minha voz não foi ouvida pois ao mesmo tempo que eu falava um trovão, com o mesmo som de antigamente, soou novamente. Meus olhos se arregalaram em um átimo. Cade o relâmpago? Eu sabia que antes do trovão vinha o relâmpago. O som de coisas se estilhaçando se alastrou por toda a casa, olhei para cima assim como toda a minha família. Foi tudo muito rápido, em um momento eu estava inclinando a minha cabeça para olhar para cima e no outro eu estava no chão da sala com alguns arranhões no braço e com o sofá pressionado a minhas costas. Estava desconcertado, o trovão caiu na minha casa?!

— Enzo?! Enzo, meu filho! Levanta! — Era a voz do meu pai. Mas por que estava tão distante? Eu estava tonto, minha cabeça girava incontrolavelmente, não sei como aconteceu, só sei que minha cabeça tombou para o lado que a voz vinha e eu vi uma coisa que eu achei no primeiro momento que pudesse ser uma alucinação, mas não. Com a mente mais clara eu percebi que aquilo era real.

Minha sala estava rasgada no meio, e quando eu digo rasgada é rasgada mesmo. Do mesmo modo que um tecido rasga ou quando um vidro trinca. Tentei me levantar, estava extremamente assustado e não consegui. O sofá! Aquilo estava me pressionando para baixo. Quando tentei me levantar novamente o chão cedeu, trincou sobre o meu peso e quando essa fato penetrou o espeço nevoeiro de confusão que obstruía meu cérebro eu gritei. Rachaduras foram serpenteando por toda a extensão da sala, trincando o chão da sala como se fosse um vidro rachando sobre grande pressão.

— Pai! — Gritei novamente, tentei tirar o sofá de cima de mim, mas não adiantava. Quando eu pensei que não poderia ficar mais bizarro o chão da sala que estava sustentando minhas pernas até um pouco abaixo do quadril cedeu com o movimento e segundos depois eu estava esperneando e gritando – Eu vou cair!

Meu pai não respondeu e eu vi o por quê. O chão todo estava cedendo, caindo, caindo e caindo cada vez mais para aquela escuridão que ficava por baixo do chão. Meu irmãozinho estava no colo da minha irmã mais velha e ele esticava os bracinhos na minha direção. Como eu queria que seus braços fossem um pouco mais longos e me resgatassem daquela situação. O chão cedeu um pouco mais e agora eu estava com toda a minha parte inferior a esmo. Não tinha onde eu me apoiasse era mesma sensação de quando eu era criança e ficava com as penas penduradas na janela no meu quarto, naquela época da janela para o chão era uma altura enorme, agora eu quase tocava com os pés no chão. Mas agora, com toda essa bizarrice acontecendo meus pés que flutuavam soltos não tinha como chegar no chão.

Não sei como fiz o que fiz, mas intermináveis minutos depois eu estava rastejando pela sala na direção da minha família. Cada músculo do meu corpo gritava em protesto, eu estava com alguns cortes pelo corpo e com medo. Rezava desesperadamente que aquilo pudesse ser um pesadelo. Com muito esforço eu cheguei até eles e me surpreendi quando meu pai me puxou para um abraço e não me deixou mais sair do seu aperto. Meus músculos tremiam pelo esforço. Olhamos um para o outro e caímos na risada, eu de longe era o mais ferido. Lucas se desprendeu dos braços da minha irmã e se jogou nos meus braços, agora meu pai estava com os braços em volta da minha mãe. Meu irmãozinho tinha acabado de se enroscar nos meus braços quando todo chão da sala trincou, fez um som agourento e explodiu fazendo mais cortes em mim e na minha família.

Caímos naquela escuridão rodopiante. Lucas entrelaçou seus dedos infantis no meu cabelo e eu gritei pela minha família, a escuridão era sem precedentes, tão sufocante e esmagadora. Parecia como da vez que eu quase havia me afogado, apertei meu irmãozinho com mais força. As vezes eu conseguia ver um vulto passar por perto de mim e escutar gritos chamando meu nome e o de Lucas, mas estava inclinado a acreditar que era tudo parte da minha mente. Quando eu pensei que a queda duraria para sempre a escuridão começou a dissipar e tomar proporções de uma noite bastante iluminada pela lua e estrelas.

A queda foi ficando mais rápida e o ar foi ficando mais difícil, o vento chicoteava meu cabelo no meu rosto e no rosto do meu irmão. Eu vi como estava sendo difícil para ele respirar e movendo meu braço mais para cima eu empurrei a cabeça dele mais para perto do meu peito, o ar ali estava mais parado e dava para ele respirar sem problema, mas eu estava começando a ficar tonto. Só não desmaiava de vez por que eu tinha que fazer meu irmãozinho respirar e consegui manter a minha meta até o fim. Só desmaiei quando o pouco ar que eu tinha conseguido foi tirado do meu pulmão por causa da aterrizagem. Lentamente minha visão ficou turva, meus membros moles e minha cabeça pendeu para um lado quando desmaiei.

Acordei ao som de gritos estridentes, clangor de mental contra metal e o chorro baixo do meu irmãozinho. Não sei como eu fiquei lucido rápido, só sei que fiquei. Me sentei rapidamente, cingindo com mais força o meu irmão que agora choramingava e eu admirava espantado as pessoas que nos rodeavam. Era certamente o mais esquisito grupo que já tinha encontrado. Homens e mulheres de alturas gigantescas, Crianças mais robustas do que eu mesmo e o que eu julguei serem os adolescentes pareciam mais com aqueles caras que praticavam fisiculturismo. Engoli secamente e quando dei um minúsculo movimento com a pernas dezenas de espadas foram apontadas na minha direção. Espadas? Mas o que estava acontecendo? Quando eu ia acalmar Lucas e dizer que aquelas espadas que pareciam afiadas não passavam de ilusão, o homem apareceu. Alto, loiro, musculoso e extremamente gostoso veio caminhando na minha direção.

Outra coisa que eu reparei foi nas roupas, couro! A moda ali era o couro, as mulheres usavam peças de me lembravam os sutiãs, mas essa peça era acoplada com uma tira reta que ficava entre os seios da moça e a outra ponta da tira dava suspensão a uma saia – de couro - e eu acho que aquela tira tinha na parte de trás também. Eu estava tão confuso, o que estava acontecendo? O homem que eu estava admirando e que ficou em segundo plano quando eu comecei a analisar a roupa daquelas pessoas se sentou na minha frente. E foi a hora de eu analisar a roupa masculina, uma saia de couro era presa na cintura daqueles homens por uma corda, que eu achava ser de couro também, intrincada e seus peitos superdesenvolvidos ficavam a mostra. Ele falou.

— Então? — Me espantei e arregalei os olhos quando eu percebi que aquela era uma língua completamente diferente. Não era a língua que eu estava acostumado a falar desde criança. Mesmo a contragosto eu tinha que admitir que as palavras e o modo de falar era bom, e com outra surpresa eu percebi que eu entendia o que ele perguntou – Qual dos dois é o Tokj-hold?

Estranhei essa última palavra mesmo eu nunca ter ouvido, falado ou lido eu sabia o que significava. Ele tinha perguntado se eu era o dono do mundo dele, uma pergunta que eu claramente não entendi e por consequência não respondi. Ele ficou me olhando e quando eu menos esperava eu fiquei com vergonha e desviei o olhar, senti a quentura no meu rosto e me achei patético por enrubescer sendo que não tinha nenhum motivo para isso. Apertei meu irmãozinho contra o meu peito quando ele tentou olhar na direção da voz.

— Os deuses me falaram que dessa vez o meu Tokj-hold viria dessa vez – A voz daquele homem demonstrava uma certa irritação e uma pontada de desespero. - Já não tenho mais como abri mais outro portal, estou sem materiais.

- Não se preocupe meu rei – Disse uma mulher e eu olhei na sua direção. A primeira coisa que me chamou atenção nela foi o cabelo, loiro que quase remetia à prata de tão claro que era, a segunda coisa foi no modo como ela me olhou. Aquele olhar me enviou arrepios gelados pela minha espinha, aquela mulher era sinistra! Desviei o olhar – Eu tenho certeza que o seu Tokj-hold é um desses dois.

— Mas você disse isso da última vez, Malixandre! — O desespero estava ficando mais evidente na voz daquele homenzarrão. — Não posso voltar para a minha cidade sem um Toj-hold!

Essa última frase me chamou atenção e antes que eu pudesse me impedir eu já estava falando naquela língua diferente.

— Já caiu mais gente por aqui? — Minha voz saiu tão esperançosa que e eu nem reparei quando todos aqueles homens e mulheres caíram de joelhos na minha frente, inclusive o homem que se dizia rei. Estava tão feliz por saber que provavelmente minha família estaria aqui em algum lugar me deixou um pouquinho mais alegre. Nem notei que bem acima da minha cabeça um coração flamejante brilhava intensamente. O rei-alto-proclamado tirou o meu irmãozinho de uma maneira quase rude dos meus braços e me beijou.

Fiquei totalmente subjugado com aquele beijo, suas potentes mãos apertavam a minha cintura tão forte que provavelmente deixaria marcas. Sua língua buscava espaço na minha boca e eu cedia. O beijo foi rapido, mas não menos potente. Com um fiozinho de voz ele falou.

- Voce demorou, Tokj-hold.

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Comentários

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Não entendi esse conto não, como assim "rei" eu não entendi nada, cara esse finae deixou confusa. E não esquece de continuar por favor, sou sua nova fã😘😎

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volta por favor... vc sumiu a meses nao deu noticias... espero que esteja bem pq eu nao estou... to a tempos morrendo de curiosidade para saber a cont... dessa historia eh nada....!!! como dizem por ae a esperança e a ultima que morre!!! #voltalogo.

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Então já posso desistir do abrigo e desse novo conto né? Tudo bem..... Vou aprender a não me apegar em histórias tão boas pq o autor abandona agente.

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Gosto muito de seus textos. Entretanto fiquei confusa com o texto em várias partes, e no fim entendi mas não como todo o q aconteceu. Só queria te pedir q continue ate o fim e não abandone o texto. Não tem nada pior q ler algo e o autor nem terminar e deixar todos na mão. Responda se vai continuar com "abrigo"...

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Pequeno gosto muito dis seus textos. Axo q na casa não tem ninguém mais descritivo q vc. Entretanto fikei confusa com o texto em várias partes, e no fim entendi mas não como todo o q aconteceu. Só queria te pedir q continue ate o fim e não abandone o texto no meio do caminho como fez com Abrigo. Não tem nada pior q ler algo e o autor nem terminar e deixar todos na mão

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Nossa incrível, você tem que continuar o mais rápido possível rsr.

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Adorei, so não entendi algumas partes mas no todo eu gostei :3. Continua o conto "Abrigo" eu amo esse conto pfv

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Não gosto muito de conto de ficção aqui na casa, mas sendo seu pretendo ler.... Só responda se vai continuar com "abrigo"...

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Não li esse ainda mas... CONTINUA ABRIGO PFVRRR. Quero Chris e Li juntos pelo menos mais uma vez. Me julguem kk

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CARA DEMAIS, COMO TODOS OS TEUS CONTOS ANTERIORES. FALANDO NISSO TU PRETENDES CONTINUAR POSTANDO ABRIGO?

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Juro q li todo mas ñ entendi qse nada, mas me dsprtou uma curiosidade enorme pelo prox cap

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