A História de Nós Três - 06x18 - "Anjo da Guarda'

Um conto erótico de My Way
Categoria: Homossexual
Contém 1442 palavras
Data: 18/04/2014 04:29:40
Assuntos: Amor, Gay, Homossexual, Romance

São Paulo - alguns anos antes

- Pedro. Os bebês vão chegar a qualquer momento. – disse Mauricio com um dos sorrisos mais lindos do mundo.

- Ohh Deus. Eu não consigo respirar. Eu acho que vou desmaiar. – falei sentando.

- Ei. Para com isso. Já temos o Paulinho. Vamos nos sair bem. – ele disse se abaixando perto de mim.

- O Paulinho é um caso diferente. Afinal, ele já era mocinho quando chegou até nós.

- Mas, era um bebê. Tivemos cuidado e hoje ele é nosso maior orgulho. – afirmou Mauricio.

- Sabe. Sem você não conseguiria fazer metade das coisas que fiz até hoje. – falei pegando nos cabelos dele.

- Somos uma só alma. Nunca vou te deixar sentir um vazio. Você é meu príncipe, meu bebê e sempre te varei dessa forma.

- Até quando você estiver com Alzheimer e eu com Parkinson? – perguntei colocando meus braços por volta de seu pescoço.

- Em tudo. Eu prometi... na alegria, tristeza, saúde ou doença. Eu te amo. E vamos fazer nossa família dar certo, não importa a opinião dos outros. Quando vejo o teu sorriso... todos os problemas desaparecem. – ele disse me beijando.

- Engraçado... pensei a mesma coisa. – disse retribuindo com outro beijo.

- Vamos fazer da certo. Tudo. Pois, eu te amo e você me ama. Nada vai mudar.

Acordei com a respiração ofegante do Mauricio ao meu lado. Ele estava febril. Chamei a Priscila e ela disse que era realmente febre. Sentamos lado a lado e ficamos em silêncio.

- Eu o amo tanto. – falei sem olhar para a minha irmã.

- Sei disso mano.

- Eu falhei. Falhei com o Mauricio. – disse chorando.

- Para com isso. Você fez o que pode. Não é um super herói Pedro. Você é humano. – ela falou tentando me acalmar.

- Se eu tivesse voltado para salvar ele. Eu poderia... poderia...

- Ter sido morto? Temos que ajudar o Mauricio. Parar de pensar e se...

- Ele... ele... é toda minha vida. Sem ele não sou ninguém. – falei baixando minha cabeça.

- Lembra como a morte do Paulo afetou todos nós? Hoje temos tanta coisa. E você não tem apenas o Mauricio. Tem que ser forte pelos teus filhos. Eles também precisam de você.

- Verdade... preciso ser forte agora.

- Estamos do teu lado Pedro. Afinal, o teu marido é como um irmão pra mim.

Do outro lado da cidade, a culpa também consumia outra pessoa. Márcio parecia transtornado, ele pegou uma caixa e abriu alguns envelopes que haviam dentro dela.

- Porque? Porque fez isso comigo? – ele disse chorando.

Márcio segurava dois passaportes, um dele e outro de Ryan. Ele fugiria com o namorado, mas antes de terem a chance, a consciência dele impediu uma tragédia maior.

- Desculpa amor, mas eu precisava dar um fim. – ele gritou chorando copiosamente.

Márcio levantou e saiu de casa sem ao menos fechar a porta. Andou pelas ruas da cidade, suas roupas estavam sujas de sangue e ele estava abalado com os acontecimentos. Algumas pessoas saíram de perto dele. O sol começava a se pôr. Ele chegou até a ponte da cidade e subiu no apoio. O vento batia no rosto do Márcio e ele apenas chorava. Quando a vontade era se jogar, algo o distraiu.

- Tem certeza que essa é a única opção? – perguntou um homem.

- No momento é... – ele respondeu sem dar atenção.

- Está esperando o que? – perguntou novamente o homem.

- Você calar a boca.

- Nossa para quem vai se matar até que está bem.

- Sai fora cara.

- Olha, eu até iria, mas perderia você descer daí. E eu não teria como ir tomar um chopp com você.

- Escuta bem... – disse Márcio virando e escorregando. – Deus!!!

- Calma. – falou o homem ajudando o ex-presidiário.

- Deixa eu cair moço...

- Está louco? Não posso fazer isso! – gritou o homem.

- Eu preciso pagar pelos meus pecados.

- Existem outras formas menos dolorosas. Eu posso te ajudar. Apenas vem. Sobe. – pediu o homem quase sem forças.

- Eu não consigo mais... eu tentei ser uma boa pessoa, mas sempre me machuco. – confessou Márcio.

- Vamos tomar um cerveja? Se não gosta podemos mudar para um café?!

Algumas pessoas se aglomeraram ao verem a cena. O rapaz segurando Márcio que não fazia nenhum esforço para subir.

- Deixa eu ir. Por favor, me livra desse sofrimento.

- Eu não vou fazer isso. Você vai subir!!! – gritou o homem levantando Márcio de uma única vez.

Com a força, os dois foram parar no chão. As pessoas aplaudiram e no momento alguns policiais chegaram. Um deles reconheceu Márcio.

- Então, você estava com aqueles bandidos. Vem... vamos levar esse aqui. – gritou o policial.

- Calma... – pediu o salva-vidas do Márcio.

- Senhor, não me toque. Precisamos levar ele.

- Para onde? – questionou o homem.

- A segunda delegacia geral. – disse o policial antes de colocar Márcio no carro.

É. Márcio conseguiu cavar um pouco mais o fundo do poço. Ele foi jogado na cela e começou a chorar. Um dos presos que estava na mesma cela tentou tirar graça. De repente, um flashback passou na cabeça dele e Márcio segurou o homem pelo braço e o arrastou até a parede.

- Escuta aqui. Eu passei o pão que o diabo amassou. E se você ao menos olhar para a minha cara, vou arrancar teus olhos com minhas próprias mãos e enfio no teu cú.

- Vai bichinha tenta. – disse o homem.

Márcio deu um chute no calcanhar do homem que caiu no chão e deu vários murros. Ele viu naquele homem a imagem de Ryan e só não o matou porque os policiais impediram. Mudaram o ex-presidiário e ele sentou na cama.

- Mais alguém? – perguntou ele, fazendo com que todos os outros se afastassem.

Dora e Isabel tentaram animar as crianças antes de colocá-las para dormir.

- Vamos meninos. Segunda-feira o pai de vocês vai ser liberado e voltará para casa. – falou Dora.

- Lembra quando eles viajaram de férias e vocês fizeram aquela festa para a chegada deles. Que tal? – sugeriu Isabel.

- Mas, agora é diferente. Ele foi...

- Ele está bem agora. – disse Isabel cortando Judith. – E vocês precisam mostrar que estão do lado dele.

- Verdade. – falou Paulinho. – Podemos fazer cartazes.

- Sim. E podemos fazer bolo também. – sugeriu DJ.

- Eu vou pegar meus pinceis. – gritou Paulinho subindo as escadas.

- A gente ajuda. – gritaram os gêmeos correndo atrás do irmão.

- Eu vou lá para eles não fazerem bagunça. – falou DJ.

- Judith. Está tudo bem? – perguntou Dora.

- Não. Eu quase ia perdendo meu pai. – confessou Judith chorando.

- Querida. Essas coisas infelizmente acontecem. O Mauricio vai precisar de muita força. – falou Dora.

- Eu nem imagino o que ele passou, porém a vida precisa seguir. Um passo de cada vez. – disse Isabel abraçando e beijando a minha filha.

Na delegacia, Márcio tentava dormir. Apesar de tudo, ele já estava acostumado com o clima da delegacia. Para ele, estar ali era como voltar para casa. O silêncio foi quebrado por um policial que bateu na grade.

- Acorda. Você está solto. – falou o guarda.

Márcio saiu de cabeça baixa, antes de sair, olhou para a direita e viu o homem que havia agredido. Márcio olhou para ele e apenas sorriu. Um olhar de deboche. Ao sair da delegacia, ele encontrou o rapaz que havia lhe salvado horas antes.

- Você de novo? – questionou Márcio.

- Sim. Por acaso, você sempre está na defensiva?

- Olha. Eu não quero papo beleza? Tenho meus próprios problemas.

- E quem disse que eu sou um problema?

- Senhor aqui está o recibo. – disse uma policial entregando um papel para o homem.

- Obrigado. Preciso assinar alguma coisa?

- Não. Só isso mesmo. Boa noite.

- Mas... o que.... o que significa isso? – perguntou Márcio.

- Paguei a sua fiança oras. Não poderia deixar você passar a madrugada aqui. – falou.

- Eu... porque você está me ajudando?

- Não posso ajudar um amigo? – questionou.

- Amigo? Eu não tenho amigos...

- Você realmente não lembra de mim? – perguntou o homem.

- Não. Realmente não lembro. Agora com licença. Preciso ir. – disse Márcio.

- Posso te dar uma carona se quiser? – ofereceu o homem.

- Olha. Não sou garoto de programa e... eu... eu posso saber seu nome por favor? – pediu Márcio.

- Mikael Lourenço... lembrou?

- Não. Desculpa. Mikael. Minha cabeça está a mil. Tive uns dias ruins e hoje culminou numa desgraça que feriu pessoas inocentes....

- Eu sei. Vi nos noticiários. Ei... estou levantando a bandeira branca. Posso apenas te deixar em casa? Por favor. – pediu o homem.

- Claro. Eu to cansando demais para pensar em qualquer coisa. – falou Márcio.

No hospital, observava meu amor. Aquele homem na cama nem parecia o Mauricio. Todo roxo, com o rosto inchado. Subitamente, ele levanta e começa a gritar arrancando os fios das máquinas. Segurei no rosto dele.

- Amor... calma... passou... sou eu... sou o Pedro. Você está bem. Está seguro. Eu não vou deixar ninguém machucar você. – disse antes de ele desmaiar. – Eu prometo.

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Comentários

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So quem segue do primeiro ate aqui sabe oq é uma boa leitura.

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Nossa vc escreve perfeitamente uma das melhores historias q li na vida ....Parabens vc merece mais q nota 1000

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Eu não sei o que dizer do seu conto. SÓ QUE É MARAVILHOSO!!!

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Que barra espero que tudo fique bem e que o Marcio tenha uma segunda chance com o Mikael.

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