Until The Very End - Cap 11 "That's a history of a boy..."

Um conto erótico de Lipe
Categoria: Homossexual
Contém 1491 palavras
Data: 29/03/2014 11:23:04
Assuntos: Gay, Homossexual

Pessoal, muito obrigado por lerem meu conto =) Mais uma nova parte ai! Beijo no fundo do coração de vocês!

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Como eu disse anteriormente, eu evolui no meu emprego e mudei-me para minha cidade natal. Mas isso só contribuiu para a minha tristeza que eu lutei anos para esconder voltasse à tona.

Saber que eu morava apenas algumas quadras de Fernando e saber que ele não queria nem me ver pintado de ouro me dava uma sensação de impotência sufocante. Todas as vezes que eu o via eu queria falar com ele, mas eu sempre me continha. Aos poucos fui evitando sair de casa, parei de ir a bares e festas. Minhas vida, novamente, se resumiu a casa-trabalho. Pelo menos eu tinha Goethe como companhia...

Mas o destino reserva algumas surpresas inesperadas, com o perdão do pleonasmo.

Era meio do ano e a empresa precisava de um empregado na área de projetos. Não um engenheiro para trabalhar em um projetos, mas um “peão” para fazer serviço pesado. Mesmo assim, não é fácil contratar pessoas para essa função. É necessário ter um conhecimento sobre essa área para conseguir fazer o trabalho bem e não danificar os equipamentos.

Por conta disso, os membros do setor de projetos tem a total autonomia para intervir na escolha desse novo empregado. Infelizmente não foi permitido participar desse processo, pois eu era relativamente novo e precisava de um certo curso para isso.

Sendo assim, ficou incumbido para eu instruir esse novo empregado sobre o que ele deveria fazer, horários, salario e tudo mais. Pelo visto era uma coisa que os meus colegas detestavam, a julgar pela cara que eles fizeram quando eu concordei em instrui-lo.

Recebi em minha mesa o que eu deveria passar de fato, o horário e o nome do individuo com algumas informações extras. Quando eu li o nome meu coração saiu pela boca: “Fernando B. Albuquerque”.

Não acreditei quando eu vi. Não era possível. Qualquer pessoa, menos Fernando. Nesse momento eu quis correr, fugir, enfiar a cabeça no chão e nunca mais sair. Não queria encará-lo. Mas era um dever, eu deveria ser forte. Não poderia mostrar um resquício de fraqueza. Eu deveria mostrar o quanto eu era superior.

A entrevista seria dali a dois dias. Tive que fazer todo um preparo psicológico. Liguei para Gabi para saber o que fazer. Ela me deu algumas dicas e mandou eu parar de ser bobo. Encontrar Fer assim seria bom, assim eu teria um motivo.

O grande dia chegou. Coloquei meu melhor terno, preparei algo legal para falar. Eu precisava, como eu disse, me mostrar superior. Me senti um pouco fútil por isso. Meus colegas me zuaram devido a minha roupa, mas eu nem liguei, só entrei na brincadeira.

A entrevista seria após o horário de expediente. O que seria bom ou ruim pois estaríamos sozinhos, salvo pelos seguranças e faxineiros. Durante todo o dia não consegui me concentrar direito no meu trabalho. A sorte é que era segunda, e meus colegas agiam da mesma maneira.

A hora chegou, todos foram embora, me deram uma ultima instrução sobre como agir e desejaram sorte. Fiquei sentado de costas para a porta, esperando ele chegar. Meu coração batia forte. Todo o texto que eu preparei para lhe dizer passava na minha mente.

Enfim ele chegou. Escutei a porta abrindo. Não precisei vê-lo para saber que era ele. Senti apenas seu perfume perfeito se aproximando. Pedi para ele se sentar e ele se sentou. Seu cheiro invadia meu nariz e me deixava louco.

Eu, ainda de costas, comecei a falar com ele:

- Senhor Fernando, lhe contarei uma história. A história de um menino – Vire para ele. Meu coração derreteu só de ver aquele par de olhos verdes me encarando. Ele levou um susto quando me viu. Pelo visto ele não me esperava ver naquela posição. Ele não disse nada e eu continuei:

- Era uma vez um menino. Esse menino, quando nos anos primordiais de escola, era excluído e zoado pelos outros meninos. O chamado Bullying. Mas o menino cresceu, mudou de escola, conheceu um garoto e fez dele seu amigo. O menino e o garoto eram ótimos amigos, gostavam das mesmas coisas, jogavam os mesmos jogos, pensavam de uma forma igual. Mas o garoto não ligava muito para o menino. Com o tempo, o menino começou a desenvolver um ciúme dos outros amigos do garoto. Não tardou muito a descobrir que estava perdidamente apaixonado pelo garoto. Contou-lhe então. Mas este o tratou com desprezo, disse-lhe que nunca precisaria dele e que não queria nunca mais ver-lhe. O menino sofreu por longos anos da sua vida essa falta que o garoto lhe fazia. O menino lutou longas batalhas para esquecer, em vão, o garoto. Mas também se tornou um renomado engenheiro. Hoje, novamente, menino e garoto se encontram. Mas as situações são um pouco inversas... – Fer me olhou com ódio. Eu dei um sorriso irônico. Ele se manteve em silencio. Esperei muito uma resposta, mas esta não veio. Vendo que ele não queria conversa, eu disse:

- Aqui nesse envelope estão todas as suas informações básicas. Coisas que você precisa saber. Espero que entenda, qualquer coisa, me pergunte, meu telefone está ai. E se você não excluiu da sua agenda, é o mesmo de quando éramos jovens– Fernando deixou o envelope em cima da mesa, levantou e disse:

- Eu não preciso desse emprego – Foi à primeira vez desde que eu o convidara para minha festa de despedida que eu ouvira sua doce voz. Ele se dirigiu para a saída. Quando ele estava na porta, resolvi colocar toda a minha capacidade persuasiva em ação:

- Precisa sim – Fernando parou com a mão na maçaneta da porta, como se esperasse uma continuação do que eu estava falando. Continuei então:

- O salário desse cargo que você vai exercer é o dobro do das outras empresas. Além do mais você tem uma esposa e um filho para cuidar. Observando sua formação você não vai conseguir emprego melhor do que isso. Além do mais, eu posso garantir que você não consiga um emprego nessa área nessa região. E suas chances fora daqui são nulas. Então você vai voltar, sentar nessa cadeira. Caso contrario, sugiro você sair daqui e ir direto para uma faculdade aprender um oficio novo... – Esposa e filho foi um tiro no escuro, mas infelizmente eu estava certo. Além do mais, é claro que eu não tinha influencia suficiente para impedir ele de se empregar em outras empresas. Mas ele não precisava saber disso. Ele se virou e voltou de cabeça baixa até a mesa e se sentou.

Expliquei para ele todo o necessário. Estar perto dele, sentir seu cheiro, ver seus olhos verdes, seus cabelos negros me enlouquecia. Mas também me senti impotente, por não poder ter aquilo para mim.

Antes de sair, Fernando perguntou com uma voz amena:

- Como você sabe da minha esposa e minha filha?

- É obvio. Você é o cara mais gato e gostoso que eu conheço. Provavelmente você devia comer qualquer uma que quiser. Deve ter engravidado alguma gostosa por ai e feito um filho. Devem ter casado às pressas. Além do mais, seu histórico de empregos sugere um aumento de salário gradativo, bem como a despesas de um bebe... – Ele me olhou meio impressionado e meio nervoso. Pensou um segundo e disse:

- Eu só estou nesse emprego por que eles precisam de mim. Eu ainda te desprezo e não quero nada com e nada de você – Dito isso, virou e saiu. Terminei de arrumar algumas coisas no laboratório e fui embora.

Na hora que eu entrei no carro, desabei a chorar. Eu fiz tudo errado. Fernando agora me odiava mais do que antes. Eu o tratei com arrogância, coisa que eu não era, quando na verdade deveria tê-lo tratado com amor e carinho. Eu me sentia uma besta.

Cheguei em casa, vi que Gabi tinha me ligado mas não retornei. Na verdade liguei para a única pessoa que eu queria ver. Liguei para Alex, sem nem me perguntar que horas eram lá na Alemanha. Por sorte ele estava acordado.

- Alex, tudo bem? – Eu perguntei.

- Sim, sim! E você cara?

- To bem sim.. Sabe Alex.. To com saudades.. – Ele deu uma risadinha.

- Curioso não? Eu estava planejando uma viagem ao Brasil para esse mês. Quem sabe a gente se encontra?

- Venha o mais rápido possível!

- Nossa.. Você me quer tanto assim? – Nós rimos.

- Sim. E prepara para não andar um mês depois! – Ele deu uma risada sarcástica e me disse:

- Veremos! – Nos despedimos e desligamos. Era ilógico, mas eu queria Alex ao meu lado naquela hora. É claro. Ele não poderia estar ali naquela hora. Nem ele, nem Fer estaria.

Chorei por ter agido daquela forma. Chorei também por que agora qualquer esperança que eu tinha desapareceu. Fer estava casado, com filho. Ou seja, nenhuma chance me restava.

Abri uma garrafa de whisky e fiquei fazendo carinho no Goethe até de madrugada, quando durmi no sofá, onde eu estava.

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Comentários

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Cara, chega de derramar lágrimas por esse escroto! Chega a ser obsessão!

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MUITO BOM. NOSSA PARECE QUE O FERNANDO CONTINUA O MESMO BABACA DE QUANDO ERA MAIS JOVEM.

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Nossa, espero que ele encontre alguém que o ame de verdade, o Fernando não merece esse amor.

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