Deus misericordioso

Um conto erótico de Nelson Bukowski
Categoria: Heterossexual
Contém 1925 palavras
Data: 15/12/2013 21:24:35

Deus misericordioso

Silvana era uma mulher que beirava os 30 anos,virgem,devota da igreja católica ,sempre foi uma moça prendada,direita e que até a idade que estava nunca demonstrou a minima vontade de casar. Nem o natural interesse em namorar quando era mais moça; cresceu dentro da igreja,e assim esperava morrer: beata,solteirona e uma velha fofoqueira.

A cidade de Pedra cruzeiro fora de uma pacacidade só;com pouco mais de 30 ruas (destas,pouquíssimas tinham calçamento),a cidade era cercada por matas de brejo. Se destacava somente pela plantação de laranja e cacau. Povo humilde,vivera de certa forma isolados da tipica modernidade das cidades grandes. Além da modernidade,se isolaram também dos crimes. Nem delegacia existia na cidade. A autoridade toda era dada ao Coronel Arlindo,dono das plantações de cacau,velho barrigudo,tradicional ,ranzinza, rico e respeitado por lá. Todos os conheciam,todos o cumprimentavam quase que de forma militar ,todos os respeitavam e a maioria o temia.

Maria Matilda era uma dona de cabaré que tinha por volta dos 40 anos,mulata,bem feita embora as rugas já lhe marcassem o rosto,vestia sempre roupas extravagantes,vermelho era sua cor favorita, andava sempre com suas meninas ,e raramente era vista pela cidade. Costumeiramente nunca ia a velórios,pois geralmente o defunto tinha esposa e filhos,e em uma cidade pequena as prostitutas são uma especie de tabu.

Chegava na cidade,sempre nos fins de semana os homens em caminhões que transiam as mercadorias para a feira,dormiam aquele fim de semana sempre no cabaré,eram respeitosos durante o dia,mas verdadeiras bestas quando bêbados,típicos caminhoneiros . Sempre bebiam demais,sempre gastavam os lucros em bebidas e sempre respeitavam o Coronel Arlindo,que sempre andava com alguns jagunços.

O ato

No sábado,como de costume chegaram antes do raiar do sol muito caminhões que se instalaram na praça,onde os vendedores se preparavam para abrir a feira do fim de semana. Peixe,frutas,carnes secas,boi,frangos,porco,carneiro… Tudo em fartura,tudo em quantidades pra glutão nenhum reclamar. Tantas pessoas,suadas,gritando,oferecendo o que tem,pagando o que não tem -Eu lhe pago semana que vem seu moço,deixe na conta!-Os homens do Coronel fazendo as compras da semana,com suas cangas cheias de dinheiro e seus revolveres nas cinturas,tão cheio de razão quanto uma policia. As beatas com seus netos e netas fazendo uma compra de ingredientes para bolo,de frutas,de miúdos e etc.

Não é na luz do dia que se mostra o verdadeiro gasto. O leilão acontece mais afastado da cidade,acontece na casa da Dona Matilda,acontece entre os empurrões do bar,entre o cheiro de bebida no chão,entre os xingamentos -Filho de uma puta!- Entre as saias de moças perdidas com tantas historias nas costas (quem se importa? ) ,tantas famílias que simplesmente a apagaram de suas historias. É como imaginar um Joãozinho e Maria,onde a Maria virou uma mulher da vida,sua família apenas apagaria ela,apagariam o seu nome,apagariam sua memoria,apagariam tudo. As lembranças de Joãozinho brincando de bola com Maria,passariam a ser Joãozinho brincando de bola sozinho,jogando suas bolas de gude sozinho,correndo ao redor de um pé de Jaboticaba sozinho,ou talvez com um cachorro.

Silvana saiu cedo ,sozinha,morava com sua mãe,já muito idosa que não andava mais,mas também não se importava em tentar,já tinha se entregado à velhice,à doença. Agora Silvana praticamente vivia sozinha,mas a quem interessava? -Ela só que saber de lamber o altar da igreja!- Eram o que diziam os rapagotes que observavam ela passar sempre com seus vestidos longos ,sempre com suas manga comprida e seu relógio de pulseira de couro .

Chegou a pracinha antes das 7 da manhã,sempre escutando uma ou duas piadas dos brutamontes caminhoneiros ,sempre ignorou,como de costume,voltou com poucas coisas ,não mais do que duas sacolas com algumas verduras e uns ossos para fazer sopa.

-Dona Silvana,Dona Silvana!

-Diga,menino.

-Seu vigário mandou lhe chamar,disse que precisa falar com a senhora urgentemente.

Silvana,foi até a igreja falar com o padre. Saiu sem se arrumar muito,deixou umas comidas no fogo ,levou apenas um guarda chuva que servia pra proteger do sol.

-Dona Silvana! -O padre a recebe com os braços levantados no meio de um circulo de beatas.

-Veja bem,precisaremos trabalhar mais! Acho que vou ter que pedir que fiquem aqui durante a noite também,vocês sabem… A pascoa esta chegando e não vamos querer atrasar a decoração da nossas festividades.

-Eu não sei se vou poder vir -Disse uma beata.

-Também acho que meu marido não vai gostar de me ver andando tarde na rua… -Disso outra beata.

-Muito bem! Quem puder vir venha,quem não puder não tem problema,o importante é que tudo saia como planejado!

Como não tinha nada para fazer,Silvana foi até a igreja ás 18 horas,como combinado. bateu a porta do fundo e o padre atendeu com um belo sorriso no rosto. O padre,que atendia pelo nome de Arthur,estava jantando quando ela chegou,era um homem de no máximo 40 anos,magro,cabelos pretos e bem curtos ,com um tom grisalho nas costeletas. Usava óculos e sempre estava sorridente e simpático.

-Ora,cadê as mulheres?

-Não chegaram ,provavelmente não quiseram sair a noite.

-E eu que vou costurar todas as rendas?

-Eu irei lhe ajudar,claro… Mas primeiro,venha,vamos jantar…

-Já jantei.

-Converse comigo enquanto termino de jantar.

Se dirigiram a cozinha da igreja,que era muito pequena. O padre Arthur comia e bebia vinho.

-Não quer um pouco?

-Não bebo…

-Mas vinho é uma bebida sagrada,esta na bíblia e tudo mais…

-Mas não bebo…

-Eu insisto,uma taça de vinho nunca matou ninguém!

-Não quero.

-Tudo bem então.

-Como esta sua mãe?

-Esta bem,obrigada…

-Deve ser solitário viver sozinha com ela… Soube que a muito ela não manifesta qualquer opinião significativa sobre qualquer coisa.

-Um pouco…Mas tenho que cuidar dela,minha mãe foi uma mulher muito direita durante a juventude.

-E você não namora?

-Não,Seu padre..

-Mas queria..?

-Não gosto destes assuntos….

-Queria,não queria?

-Vamos fazer as rendas?

-Eu entendo,acredite… Sei como é a vida sozinho. -O padre tocou a mão de sua fiel,a moça recolheu a mão com uma rapidez de bicho.

-Qual o problema?

Ela se levantou. -Vou embora - O padre se levanto e se aproximou dela com velocidade.

-Não terminou o que veio fazer aqui.

-Amanhã nos terminamos.- Virou e começou andar apressada até a porta. O padre a seguiu e rapidamente a alcançou,agarrou ela por trás e a derrubou. Começou a cheirar o pescoço dela e acabou por soltar o cabelo da moça. Levantou a arrastando pelos braços. -Venha comigo,vamos.

-Não! Não,eu não quero!

Com dificuldade o homem magro e sorridente,levou ela até o seu quarto e a atirou sobre a cama de solteiro com cobertores antigos. Desabotoou a camisa e se jogou encima da menina,que gritava,mas logo teve a boca tapada por um travesseiro…

Conseguiu metesse por entre as pernas da moça,deitado encima dela,começo a tirar sua própria roupa ferozmente . Do criado mudo onde a menina batia os braços caíram uma bíblia e um copo com água. Ela conseguiu uma brecha do travesseiro,por onde começou a respirar e olhar para o crucifixo na parede. Batia com os punhos serrados nos ombros no Padre Arthur… Chorava como uma criança,pobre criança…

-Vai acabar logo minha filha,eu te prometo…

As palavras não acalmaram muito...Ela sentia dor,sentia medo,sentia raiva,e mantinha seu olhar fixo para a imagem do Cristo.

Ato consumado. O padre se levantou e vestiu suas roupas… Não falou nada… Apenas olhou pra ela que agora estava sentada na cama,depois olhou para o chão com um olhar de desculpas e de pena… Foi embora e fechou a porta.

Silvana sentia dor. Levou a mão até suas partes e percebeu o sangue em seus dedos… Analisou com cuidado e depois tocou de novo,mais fundo… se sentia machucada.

Não amarrou o cabelo. Foi embora…Mas antes… recolocou a bíblia encima do móvel.

Na saída da igreja,decidiu tomar um caminho mais longo,queria um ar,uma razão pra fazer o que pretendia fazer… Viu um grupo de homens bêbados na esquina,barbudos,rindo e gritando coisas ininteligíveis

-Deus tenha piedade da sua alma,porque da minha ele não teve!

-Olha ai a beata falando besteiras!

-Sua puta de saia longa! Aposto que a beata é virgem,quem é que vai querer casar com um bucho desse?

Silvana caminhou até o homem que falou por ultimo e deu uma tapa no rosto dele. Enquanto os outros falavam palavras de incentivo a ira do homem que foi estapeado,ela se afastou lentamente andando pra trás,em direção a um espaço entre uma casa e outra. Um beco. Os homens a seguiram lentamente,uns com facas na mão,outros com os punhos fechados.

Cercaram Silvana e com uma tapa no rosto,fizeram ela ir ao chão,virou pra se levantar mas foi imobilizada por uma massa de aproximadamente 90 quilos que se jogou sobre ela! Sentiu seu pulmão se esvaziar. O homem rasgou a saia de seu vestido , dessa vez ela não reagiu,cooperou levantando o vestido. Todos a tiveram,todos a amaram de varias formas. O ultimo,um moreno,alto e magro,com tatuagens de marinheiro,quis currar a moça,ao sentir o começo da dor,ela quis fugir,tentou se tentou ir embora,mas ele a segurou e arrancou uma das mangas de seu longo vestido,mordeu seu braço e deixou uma marca bem nítida. Não teve dó,currou a moça de uma vez só. Ela deu um grito seco,sentiu dor,mas depois sentiu uma sensação boa.

-Tão vendo só? Eu gosto assim,rapaz,gosto de uma mulher que faz isso!

Quando acabou,ela levantou e antes de ir embora deu um beijo na bochecha de cada um.

Chegou em casa com os cabelos bagunçados,sujos e com algumas gramas presas ao cabelo. Sua mãe,observou mas não falou nada… Embora fosse possível notar seu olhar de surpresa . “Que aconteceu,minha filha?”

Silvana foi ao banheiro e voltou com o rosto lavado. foi a seu quarto ,pegou todos os vestidos ,rasgou as mangas,encurtou eles ao joelho e colocou numa mala.

Foi ao quarto da mãe,pegou a bíblia dela,bíblia antiga e um pouco pesada. colocou sobre o colo dela… beijou a testa de sua mãe,segurou suas mãos:

-”Bença “ minha mãe?

-Deus abençoe ,minha filha… -Quase inaudível.

Silvana circulou a cadeira da mãe,ficou atrás dela e com os suas mãos,apertou o pescoço da velha que não pode olhar pra a filha e tentou segurar ela com os braços… Inutilmente! Braços fracos e finos de velha que não puderam impedir sua filha. Chorando,Silvana viu sua mãe dar o ultimo suspiro,depois… arrumou o corpo da mãe e ajeitou sua roupa. Saiu de casa. Mas não fechou o portão.

A musica do cabaré,as brigas,os palavrões e a bebedeira são interrompidas pela entrada de uma figura inusitada: Silvana,se vestido rasgado e mala na mão.

-Resolvi mudar minha vida.

Coronel Arlindo assistiu a cena de boca aberta. Enquanto a moça subia as escadas ele a olhava. Parou. Olhou para o Coronel e estendeu sua mão. Este a deu a mão e os dois subiram as escadas.

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Comentários

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Me referi a critica como opinião,Isa... Mas entendo a confusão,até acho que me expressei mal ... Quis dizer que seu comentário foi construtivo! Obrigado por ler meus contos :3

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Vc disse em um conto meu que meu comentário foi uma crítica construtiva, Vc disse que meu comentário foi uma crítica construtiva. Acho que vc deveria ler de novo, afinal não lhe fiz nenhuma crítica. A crítica é para as pessoas que reclamam de contos com algo violento. Fiz um elogio, não uma crítica.

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Como vc escreve bem, a história é realmente muito boa, excitante e original. Adorei!!!!

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