Te Dou Meu Coração Amanhã - Parte 1

Um conto erótico de Dirtyboy
Categoria: Homossexual
Contém 1649 palavras
Data: 30/12/2013 23:50:41
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Parte 1 – Well Ferreira

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Tudo bem, éramos muito amigos no primeiro ano. Quando ele não era arrogante e metido. Eu acho que ele percebeu que nossos mundos não eram tão iguais quanto parecia. Ele era filho de um empresário e uma dentista. E eu filho de uma professora divorciada de um cozinheiro.

A minha breve saída do colégio foi por causa dele. A gente já tinha parado de se falar há um tempão, e as brigas começaram. Era incrível como a culpa toda sobrava para mim, mesmo Felipe sendo o errado. E eu fui avisado. Duas, três vezes, e na última, fui expulso do colégio. É claro que não iriam expulsá-lo, ele pagava aquela droga, eu não. Mas tudo bem. Depois que fui chutado do colégio, minha mãe me ameaçou colocar em um público como “castigo”, e tive que trabalhar para ajudar em casa. Depois a mãe de Felipe interveio, me defendendo (a mãe dele é um anjo na terra, não posso dizer a mesma coisa do pai), voltei para o colégio. Mas não mudou a ideia da minha mãe sobre o trabalho. Nunca mais nos olhamos, isso apenas ocorria em momentos inevitáveis.

O lugar onde eu trabalho se chama “Well Ferreira”, uma loja de roupas e sapatos e assessórios caros, conhecida aqui na cidade. O tio da Gabi (a minha eterna amiga) que era o dono. Como eu estudava pela manhã, eu trabalhava a tarde apenas na segunda, terça e quinta. Era um lugar que por incrível que pareça, eu gostava de estar. Tinhas meus outros amigos, e conhecia muita gente.

— Miguel! Miguel! – gritava Gabi me procurando.

— O que foi? – perguntei baixo dando um susto nela.

Ela girou assustada, e seu cabelo loiro esvoaçou.

— Que susto seu puto! – disse as últimas palavras baixo. — Você não sabe quem chegou aqui... – fez suspense.

— Quem? – perguntei já vasculhando.

— Não é alguém com quem queira se encontrar, então... – segurou meu braço e me fez ir para o fundo da loja.

Ela andou e foi atender o Felipe.

Por Deus! Esse menino só pode estar me perseguindo. Não fazia muito tempo que eu tinha esbarrado nele em uma festa aqui. Ele apenas me encarou sério e duvidoso por um momento, depois me deu as costas. Vai ver ele nem lembrava mais de mim, ok, exagero meu. E também foi incrível como ele ficou bonito do dia pro outro. Num momento ele era um menino magricela brincalhão todo sujo, e no outro, um super modelo. Tudo bem que ele tinha o sorriso mais bonito que já vi na vida, mas não precisava ter os olhos cor de mel encantadores, que mais pareciam quando te olhava, que via toda sua alma. Um corpo bonito. Os cabelos negros bagunçados em um topete. Isso era demais para uma pessoa só.

— Miguel? – agora foi minha vez de tomar um susto. — Desculpa... – sorriu Igor, outro atendente da loja. — O que você ta fazendo ai atrás? – perguntou ainda com sobras do sorriso.

— Nada... Só estava olhando se vocês já tinham mudado as etiquetas da lote 2. – menti.

— Sei... – ele saiu.

Graças a Deus. Sem explicações. Também, hoje o coitado não teve folga, Danilo, o dono da loja estava uma fera com ele.

— Miguel! – agora gritou Luana, a que ficava no balcão.

Pelo amor de Deus, ninguém para de me chamar? Eu fico imaginando esse povo sem com que eu esteja aqui. O grito dela chamou a atenção da Gabi e infelizmente do Felipe, que por dois míseros segundos me viu. Corri imediatamente para ver o que ela queria.

— O que foi louca? – perguntei apressado. — Uma mulher que veio aqui ontem quer falar com você. – me passou o telefone.

— Oi... Thaís se não me engano, não é? – perguntei.

— Sim, sou eu... — respondeu rindo.

— O que aconteceu Thaís? Ah já sei, o vestido ficou muito curto? – perguntei.

— Ficou um pouco... vocês...

Gabi passou por mim, e fez sinal para eu ‘circular’ com a mão. Já sabia que ela foi pegar alguma coisa para o Felipe ver, e ele ficaria rodando pela loja. Então comecei a andar para a parte infantil, onde ele com certeza não me acharia.

— Poderia repetir Thaís, por favor?

— Você tem ai um vestido um pouquinho maior? – perguntou novamente.

— É claro, deixa só eu conferir aqui...

Comecei a andar de costas com o telefone preso entre meu ombro e a cabeça, procurando esse vestido e já voltando para parte de perigo. Quando eu vou virar para perguntar a Gabi – já que ela que sabe de cor e salteado onde estão todos os vestidos da loja -, esbarro em alguém. Porém quando eu vejo quem foi, não sei se peço desculpas ou se finjo que não vi. Infelizmente não estava na rua. Estava trabalhando.

— Perdão. – disse acuado, e já me esquivando para sair.

— Miguel? – ele me chamou, e eu parei como uma estátua.

Ah, por favor, não! Virei devagar.

— Pois não? – lancei meu melhor sorriso e o encarei.

Ele sorriu de volta. Puta que pariu, que sorriso lindo. Que boca linda.

“Alô?” – perguntava Thaís pelo telefone.

— Thaís, eu te ligo daqui a pouco pode ser? Você já tem o cadastro na loja, certo? Então tudo bem... É claro que não esqueço! Boa tarde para você também. – desliguei o telefone e voltei a minha atenção para ele. — Desculpa mais uma vez, eu...

— Tudo bem... você poderia me ajudar encontrar uma blusa social? – perguntou, e depois coçou o nariz levemente.

Que inferno. Isso não podia estar acontecendo comigo.

— Mas a Gabi...

— Não, ela não está me atendendo. – respondeu sem nem mesmo esperar que eu terminasse a pergunta.

Engoli seco. Eu ia matar aquela vaca.

— Então...? – ele perguntou, me fazendo olhá-lo.

— Claro que posso. – sorri novamente forçado, e quando lhe dei as costas, fiquei sério novamente. E para completar, Gabi estava rindo dessa cena.

Levei-o até a parte de roupas formais. Fingia procurar alguma coisa quando perguntei:

— Do que você mais gosta...hã... Felipe? – disse o nome dele com certo esforço.

— O que você tem de melhor?

Que modesto! Eu ficava imaginando o tamanho do guarda-roupa dele, já que pelo menos umas duas vezes no mês ele vinha aqui. Eu sempre fugia. Mas, infelizmente hoje não deu. Culpa da Thaís! ARG! Vou deixá-la sair que nem uma piranha com aquele vestido agora. Olhei as blusas de grife que tinham acabado de chegar, e peguei as que eu achei que entrasse nele, já que ele tinha crescido muito. Uma preta, outra branca, uma com tom de vinho com alguns detalhes brancos (a que eu mais gostava, compraria se não custasse o olho da cara) e uma azul-marinho.

— O que acha dessas? – perguntei mostrando as que eu escolhi.

— Ótimas.

Levei-o ao provador agora. E quando ele saiu com a blusa azul-marinho, quase tive um treco. Puta merda! Gostoso filho da puta. Ele desfilou na direção espelho enorme que tinha um pouco em frente ao provador. O Azul tinha um efeito lindo junto a sua pele branca.

— E aí? – ele perguntou sorrindo.

Por que ele não torna as coisas mais fáceis para mim, e para de sorrir?

— Ficou... ficou... ótima. – respondi um pouco lento.

Depois ele vestiu as outras e deixou por último a com tom de vinho. E ficou simplesmente maravilhosa nele.

Gabi começou a balançar um papel que tinha na mão para se ventilar. E eu sorri.

— Algo engraçado? – perguntou Felipe.

— Não, não... Desculpa... – fiquei totalmente sem graça, e com certeza vermelho de vergonha. — Essa ficou linda. – disse por fim tentando mudar de assunto.

Acho que se ele vestisse qualquer porcaria, ficaria lindo. O celular dele então tocou, ele suspirou por momento antes de deslizar o dedo na tela e atender.

— Sim pai... Eu estou escutando... – passou a mão no rosto suspirando outra vez. — Eu já estou indo para esse inferno de festa, o que você quer mais de mim? – ele sentou no banquinho perto do espelho e abaixou a cabeça. — Tubo bem pai... tchau. – por fim desligou o celular.

— Ainda controlado por seu pai? – me arrependi no exato momento de ter perguntado. Puramente escapou! Como eu tive essa audácia? Meu Deus! Esse era um dos motivos das nossas piores brigas.

— O quê? – ele levantou a cabeça. — O que você disse? – perguntou novamente se levantando e vindo à minha direção.

Tudo bem, sem entrar em pânico.

— Perdão... eu... não foi por mal... – disse dando alguns passos pra atrás. Hoje eu não bateria nele, já que ambos há dois anos tínhamos a mesma força, mas nesse instante, eu apanharia lindamente dele.

— Você não gosta do seu emprego, Miguel? Porque eu posso falar com o gerente e pedir para ele te dispensar. – disse sério, me olhando em desafio.

— Desculpa Felipe, não tem necessidade de falar com o gerente, não vai se repetir. – respondi abaixando a cabeça.

Então ele me deu as costas e foi trocar de roupa. Voltou com as blusas na mão, e disse:

— Vou levar todas. – me entregou.

Sua mão que estava segurando logo abaixo, tocou de leve a minha, me fazendo arrepiar. Que desgraçado, como ele ainda conseguia fazer isso comigo?

Depois que eu deixei tudo bonitinho, ele pagou e lhe entreguei a sacola.

— Muito obrigado. – e não volte nunca.

***

— Cara, eu já disse que a culpa não foi minha! – rebateu Gabi. — Ele simplesmente disse que apenas estava dando uma olhadinha... não que ia esbarrar em você e que ia gastar não sei quantos mil em uma tarde com blusas!

— Tudo bem Gabi, desculpa, é que ele me irrita. – disse mordendo o último pedaço da empada.

— Tem certeza que ele te irrita assim? Eu vi sua carinha quando ele saiu com a CK, seu safado... – ela tomou um gole da sua coca.

— Que cara? Ficou louca? – limpei a boca com um guardanapo.

— Eu é que sou louca agora? – ela riu.

Saímos da Dom Melton, uma padaria que eu adorava, e seguimos para nossa rua. Estávamos mortos de cansaço, e eu ainda tinha que enfrentar aula e prova amanhã. E o retardado do Felipe.

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Comentários

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Aaaaaaaaaaaaah, muito bom! Saiba que você é um dos meus escritores prediletos, só espero que não demore a publicar novamente. Nota dez, claro.

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Nossa perfeito amei quero a continuação.

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Vou logo te dizer do imenso prazer que tenho em ler as suas coisas, dizer que escreves muito bem, o que me faz ter uma enorme raiva, pois quando acaba fica sempre aquele gostinho de quero mais, ainda não acabou, não pode ter acabado. Como um leitor de seus contos fico muito feliz com este, mas também com um certo receio, espero que o Miguel não tenha as tendências suicidas do Hugo, eu ficava com o coração na mão. No mais, ansioso para continuar lendo o que você quer nos contar.

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