November Rain: Cobaias

Um conto erótico de Redheaded Boy
Categoria: Homossexual
Contém 736 palavras
Data: 17/12/2013 23:38:19
Assuntos: Gay, Homossexual

e lá vamos nós novamente...

"diga o que você sente ao olhar pra essas imagens"

"ok doutor"

o médico me mostra uma foto de um homem e uma mulher se beijando

"nada"

outra foto: dessa vez uma criança brincando com um cachorro

"nada"

sobreviventes da guerra, com feridas a mostra

"nada"

"ok, pronto"

o médico desconectou os fios que estavam grudados na minha cabeça, e alguns outros do meu peito. vesti minha camisa enquanto ele foi pro computador e começou a avaliar o resultado dos exames.

ele ligou para a secretária e deu ordem pra minha mãe entrar na sala.

ela se sentou na cadeira ao lado da minha.

"senhora... pelo o que vi nos resultados dos exames e pelos diagnósticos e pareceres dos meus outros colegas..."

ele hesitou por um tempo, virou o monitor e se inclinou.

"a senhora vê essas linhas? as do lado esquerdo representam a de uma pessoa normal, e as do lado direito são as do seu filho"

as linhas do lado esquerdo eram aquelas linhas cheias de picos pro alto e pra baixo, como as dos sismógrafos quando ocorre um terremoto. já as do lado direito eram retas perfeitas, sem movimento pra cima ou pra baixo

"essas linhas medem a atividade neural na parte do cérebro que controla as emoções. quanto mais picos, pra cima ou pra baixo, mais atividade neural ocorre nessa área. como você pode ver, a do seu filho é nula. em tantos anos na psiquiatria, eu nunca ví um caso tão extremo assim"

ele apertou um botão e outras linhas apareceram no lado esquerdo, dessa vez com menos variações pra cima e pra baixo, mas ainda com algum movimento

"essas outras linhas são de um paciente declarado como sociopata por mais de 4 psiquiatras renomados nacionalmente"

minha mãe olhou com cara de assutada e perguntou

"meu filho é psicopata?"

ele olhou com uma cara de "ai mulher burra"

"esse é o problema senhora. nunca vimos um caso igual o dele. não podemos afirmar se nem sabemos o que é. é como se a área responsável pelos sentimentos na cabeça dele estivesse morta, ou desativada. se estiver desativada, as vezes existe algum gatilho, algo que possa ativar essa área novamente, ou até mesmo alguém que possa fazer ele sentir as coisas novamente."

alguém que possa me fazer sentir as coisas novamente. acho que essa frase me perseguiu pro resto da vida

saí de lá com algumas prescrições. minha mãe resmungara o caminho todo entre médico - farmácia - casa sobre como ela tinha me levado no melhor psiquiatra da região e ele falara a mesma bosta que os outros disseram

antes dessa consulta, eu tinha acabado de chegar na nova cidade. de novo. meu pai precisou mudar de cidade por causa da empresa que ele comandava. e às poucas coisas a qual havia me acostumado na antiga cidade, bem, foram tudo por água abaixo.

entrei pra outro colégio aos 12 anos na nova cidade. a vida continuou: a depressão da minha mãe aumentava a cada dia, meu pai me odiava mais e mais a cada dia.

o tempo passou, e agora estou aqui. um menino de 15 anos, sentado na cama do quarto, escrevendo um relato idiota que o psiquiatra pediu.

desço as escadas e olho ao redor. não ouço ninguém

"mãe? pai?"

nada. resolvo sair de casa de novo. pego as chaves, minha carteira e meu celular e saio a pé. desço a rua e acabo parando em uma lanchonete. peço um lanche e um suco e o atendente diz que vai demorar um pouco pra sair. faço que sim com a cabeça.

olho ao redor e vejo que a lanchonete está vazia, exceto por um menino sentado a duas mesas de distância. o atendente chama eu e o menino e diz que o lanche tá pronto. me esgueiro pelo apertado espaço entre as mesas e pego meu lanche no balcão. quando estou voltando pra mesa, o menino da outra mesa está vindo.

ele é um pouco mais alto do que eu, e bem magro. ele vem andando em minha direção e pretende passar pelo mesmo estreito de mesas que eu pretendo passar. eu entro primeiro, e ele sem hesitar entra logo após. seu ombro esbarra no meu, minha mão se descontrola, o prato com o lanche vai ao chão e o copo de suco cai na minha camiseta. ele se vira, e olha direto nos meus olhos.

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