- Não, não desse jeito. Eu quero romance. Quero te cortejar. Eu não quero pressão pra esse momento lindo- eu falei, na esperança de que ele desistisse de fazer sexo comigo- eu quero que seja especial, meu lindo.
- Puxa, amor! Desse jeito você me deixa ainda mais apaixonado!- ele falou todo bobo- tá bom, eu espero! Mas tem que ser logo, gatão!
- Vai ser mais rápido do que você pensa. Logo, logo, eu vou te foder gostoso...- falei- mas eu quero ser seu namorado, baixinho. Quero ser seu pra sempre. Você não quer ser meu?
- Claro! Quer dizer que a gente está namorando? Cara! Era o que eu mais queria!- ele falou sorrindo- Bem, então, você é meu pra sempre, hein! Te adoro grandão! Eu não sei como isso aconteceu, não sei como você mexeu tanto comigo... mas sou inteiramente seu!
- Bem, gatinho... tem uma coisa que eu preciso te contar. Afinal, todo relacionamento é baseado em sinceridade, verdade, transparência, certo?- era agora ou nunca, eu precisava pegar ele no pulo- eu preciso te dizer que eu pedi para que a Évora e o Brunno foram meus cumplices em algo muito feio. Eu pedi pra eles espionarem você e a Paula naquele período em que você me rejeitou. Eu queria saber de tudo o que você fazia, de todo seu dia. Mas eu fiz isso por amor, então eu te peço que me perdoe... você me perdoa!
- Claro! Claro que te perdoo. Você é meu gigante perfeito- ele falou e foi murchando- eu também tenho uma coisa pra te contar... mas não posso, você me odiaria pelo resto da vida!
- Oh, meu amor, que bobagem! Você que eu amo desde que te vi no comecinho do ano?- falei pegando no rosto dele- você pode dizer o que quiser, eu sei que nunca me faria mal de propósito.
- Não vou falar, você me deixaria, não me quereria mais! E eu não quero ficar longe de você- ele falou choroso- eu sou um monstro, mas tudo que fiz foi pra ficar contigo... você me enlouqueceu de alguma maneira... eu não te resisto...
- Então me fala o que você fez, gatinho. Eu confio em você, você confia em mim- falei- isso é ou não é um namoro?
- É, é! Bem, não me odeie... Bem... eu... você sabe esse menino que estão dizendo que seu ex-namorado atacou?- ele falou sem me olhar nos olhos- sou eu! Mas ele nunca me fez nada! Quando soube pelo pessoal que era ele, depois da micareta, eu quis acabar com ele! Eu quis você só pra mim... eu quero você só pra mim. Então eu menti pra minha mãe, disse que ele tinha pegado no meu pau. Olha, eu não consigo mais parar de pensar em ti, desde aquele maldito beijo!
- Shhh, shhhh. Não precisa ficar assim! Eu não vou deixar você. Eu te amo!- menti- eu sempre te amei , não foi? O que você fez não foi bonito, mas não muda o que eu sinto por você.
- Ah, gigante, que alívio! Você é tudo pra mim, cara. Eu fiquei com medo de você me rejeitar- ele falou sorrindo- você vai ficar comigo, certo? Você não vai me deixar, né?
- Claro que não! Não seja bobo! Mas tem uma coisa nessa história... esse processo... vai ficar sempre entre a gente e nossa felicidade, amorzinho- eu falei. Precisava convencer o miserável- eu te amo, mas esse negócio vai manter a gente sempre ligados ao Otávio. Ele vai a julgamento, estará sempre pairando entre nós. Você tem que falar a verdade pra sua mãe. Tem que pedir que ela retire o processo. Uma hora esse processo vai cair na mídia, você vai virar notícia por isso. Não queremos esse tipo de atenção, queremos?
- Não, não, você tem razão, amor. E eu não devia ter feito isso, né. Fui um monstro, com ele- ele falou- mas eu vou falar com ela sim. Você pode ficar sossegado. Eu não vou deixar isso ficar no nosso caminho, gato. Falo com ela ainda agora de manhã!
- E tem outra coisa, baixinho. Eu quero que você fale com ela sobre nós. Quero que nos assuma- falei. Se era pra ir até o inferno, eu ia com tudo- quero que você fale que é gay e que estamos juntos, e que se foda o Cristiano, ele não é seu pai, é seu irmão.
- Ahhh... mas eu não posso fazer isso! Puxa, cara isso seria meu fim- ele falou arregalando os olhos- Ela vai me matar! E a gente não precisa esfregar nosso relacionamento na cara de ninguém.
- Olha, eu não sou moleque. Sou um cara sério. Você sabe. E eu quero um homem, não uma criança- falei- Otávio me levou pra conhecer os pais dele. Enfrentou o pai dele por mim. Ele conheceu meus pais, foi na minha casa. Eu não quero nada menos do que isso. Quero um relacionamento completo, com tudo que tenho direito. Ou é tudo ou nada.
- Eu não sei... eu nem sei se sou gay, cara. Ela vai me destruir- falou- e eu só tenho 16 anos, não tá muito cedo pra decidir isso? Eu só te amo, só você. Não faz isso comigo, eu preciso de você...
- Sinto muito. Como te falei, comigo é tudo ou nada! Eu não me assumi na frente da escola toda pra fingir que sou hétero de novo, amor- falei sério- se me quiser, é desse jeito. Além do que, se ela te por pra fora, você vem morar comigo, eu te protejo. Dessa vez, se o Cristiano vier pra cima, não me seguro, quebro ele no meio.
-... Oh, amor. Se é assim, eu faço o que você está me pedindo- ele falou tristinho- quero ficar contigo, não importa o sacrifício. Vou falar com ela agora mesmo. Eu prometo.
- Oh, baixinho lindo! Eu te amo, viu! Vamos, vamos sair desse banheiro- falei sorrindo, mais foi um sorriso verdadeiro, já que meu plano deu certo- eu te levo até perto da sua casa e mais tarde te ligo pra saber como foi esse papo. Eu te amoDepois que deixei o baixinho perto da casa dele, segui pra outra parte da cidade pra continuar com meu plano de vingança/ salvação. Dirigi até a casa da vaca da Paula. Ela morava com uma tia aqui em Belém, pois é do interior. O primo dela estudava na mesma escola que nós, era um moleque frágil e esquisito. Mimado pela mãe. E foi ele que abriu a porta da casa, com uma cara de poucos amigos. Eu pedi pra ele chamar a prima, e ele fez cara feia, mas foi lá. Quando ela chegou na porta, fez uma careta e virou, acho que ia chamar o primo pra me tirar de lá. Mas então, imagino que ao perceber que ele não daria conta de mim nem se tentasse, ela virou de volta pra mim e disse:
- Entra, viado. E vê se não faz escândalo, ou eu juro que chamo a polícia- ela falou me dando espaço pra passar- se veio aqui me pedir pra retirar a queixa, eu só te digo uma coisa: só se ele ficar comigo.
- Não, não é o que você quer. Eu sei disso. Você só não quer perder, “amore”- falei sentando no sofá- se você acha que ama ele, não é verdade. No fundo, no fundo, você sabe disso.
- Quem você pensa que é pra dizer quem eu amo ou deixo de amar?- ela falou sentando na poltrona- quem é que vai ter um filho com ele? Hein? Acha que pode destruir a família que eu vou ter?
- Eu nunca quis destruir nada. Você sim. Vai destruir a vida do homem que diz que ama- eu falei- você é louca se acha que isso é amor. Ele nunca, jamais iria te abandonar, sua doida. Nunca ia deixar você na mão. Eu não iria pedir isso pra ele, nunca. E seu filho é parte dele. Eu o amaria, de verdade.
- Mas essa é uma mentira deslavada! Eu nunca vou querer que você chegue perto do meu filho- ela falou- e eu sei que o que eu fiz foi drástico, mas foi necessário. Ele precisa ver que se ele não ficar comigo não vai ficar com ninguém, muito menos com você.
- A questão não é essa. Você vai mandar esse homem maravilhoso pra cadeia. Um homem que depois que você saiu, depois que o choque passou, sorriu feliz por saber que ia ser pai- falei- ele já ama essa criança. Ele só não te ama. Mas será que ele não tem esse direito? Será que as pessoas não podem mais escolher amar outras?
- Eu não quero o mal dele, não de verdade. Mas ele precisa abrir os olhos. Tem que ser meu, eu não quero criar esse filho sozinha, eu nem queria engravidar pra começo de conversa!- ela falou- eu não dei o golpe da barriga, se é o que você pensa, aconteceu. Não é justo você ficar com ele e eu com essa criança! Vai acabar com a minha vida! Ele pelo menos tem que estar ao meu lado.
- E é essa proposta que eu vou fazer. Você não precisa criar esse filho, se não quiser. Eu tenho certeza que ele ficaria muito feliz de ficar com a criança- eu falei- e eu vou estar ao lado dele pra ajudar, Paula. E eu te prometo que seu filho vai ser muito amado. Eu vou amar essa criança de todo meu coração, te prometo. E você, terá livre acesso à vida dela. Pode ir visitar. Pode participar da nossa vida como quiser.
- Isso só pode ser mentira. Você não poderia amar meu filho. Nunca- ela parecia realmente intrigada- você está blefando. Você só quer que eu tire ele da cadeia, seu escroto! Mas isso não vai acontecer se ele não me quiser.
- Paula, pensa comigo. É isso mesmo que você quer pra sua vida? Ter ao seu lado um homem que não te ama- eu falei me levantando e me ajoelhando na frente dela, pondo minhas mãos nas dela- ou criar uma criança cujo pai está na cadeia? É isso que você quer? São as duas alternativas que você está buscando. Eu estou indo até a delegacia agora. Vem comigo, vamos os dois falar com o Otávio. Você mesma pode perguntar o que ele quer. E aí me dá sua resposta.
-... Quer saber? Vou mesmo! E eu vou ouvir ele dizer na sua cara que vai ficar comigo, que vai criar nosso bebê junto comigo- ela falou levantando- você vai sair de lá chorando, amore!
Ela foi até o quarto e depois de meia hora esperando, ela voltou vestida com o que eu acho que era sua melhor roupa. Estava impecavelmente maquiada e com óculos escuros enormes e muito charmosos. Não posso deixar de admitir, ela ficou linda.
Entramos no carro calados e calados fomos até a delegacia. Entramos juntos, mas qualquer um que nos visse pensaria que éramos dois completos estranhos, pois não olhávamos um pro outro, sequer. Cheguei até a atendente e pedi pra falar com o delegado, me identificando como o namorado do rapaz que estava preso acusado de estupro. Ela arregalou os olhos e fez a chamada pelo ramal e esperamos uns cinco minutos.
- Meu Deus, eu morro eu não vejo tudo! Você é o rapaz que anda com aquele maldito tarado?- falou o delegado chegando de uma salinha- não tem vergonha, não?
- Em primeiro lugar, boa tarde pro senhor também. E vergonha eu teria de matar, roubar... e de estuprar, coisa que ele não fez! Agora, será que o senhor pode nos levar até ele?- pedi gentilmente- preciso muito falar com ele ainda hoje, se possível, agora. E essa moça vai comigo.
- Cadê o advogado de vocês? Vocês vão entrar sem ele?- perguntou o redondo homem- eu não me responsabilizo por nenhum problema entre vocês, hein? Da última vez, quando seu pai estava aqui, ele gritou que não queria que você visse ele nesse estado. E quem é essa moça?
- Eu me entendo com ele, seu delegado. E essa é a moça que denunciou ele por estupro- falei- ela veio falar com ele, pois segundo ela, está grávida dele.
- Eu ESTOU grávida dele! E eu preciso ver esse traste, seu delegado, quero olhar na cara dele!_ ela falou. Minha esperança era que ela se traísse- eu quero ver ele sofrendo pelo que me fez!
- Olha, isso é muito fora do comum! Eu nunca vi uma vítima de estupro querer conversar com seu algoz- ele falou coçando a cabeça. Senti que pelo menos a sementinha da dúvida estava plantada- ainda mais vestida desse jeito. Parece que a mocinha vai pra uma festa.
- Vou mesmo! Vai ser uma festa ver esse maldito preso!- falou ela disfarçando- quero que ele veja que eu não estrou destruída como ele queria me deixar, como ele tentou fazer comigo!
- Bem, essa é uma decisão sua. Me acompanhem que eu vou levar os dois até uma sala e pedir pra um policial levar o meliante até vocês- ele falou nos acompanhando até uma sala na lateral, provavelmente a mesma que meu pai falou com ele- vocês jovens de hoje são todos loucos, perdidos!
Entramos e sentamos. Esperamos mais uns cinco minutos e ele entrou, algemado, sujo e ainda com a mesma roupa que veio de Noronha. Estava um trapo de homem, meu magrelo, com apenas um dia na delegacia. Imagina o que seria dele na prisão?
- Donovan? Paula?! O que vocês estão fazendo aqui?- ele se exasperou- por favor, vão embora. Eu não sei como vocês entraram aqui, mas vão embora! Eu não quero que você me veja assim, meu amor!
- Oh, meu lindo, eu sei, mas agora vai ficar tudo bem! Fala pra esse viado que você vai ficar comigo!- ela falou- fala pra ele que você, eu e nosso baby seremos uma família!
- Eu não estava falando com você, sua louca! Eu estava falando com ele! E se você quiser me deixar aqui pelo resto da vida, deixa. Eu. Não. Te. Amo.- ele disse chorando- eu não vou suportar que você me veja assim, meu príncipe! Vai embora, me deixa apodrecer aqui, mas vai embora!
- Nunca, nunca que você vai apodrecer aqui sozinho! Eu mato, eu roubo, eu esfolo gente viva, mas se for pra você ficar aqui, eu venho junto! Eu cometo todos os crimes do mundo pra ficar ao teu lado!- eu gritei- eu vou no inferno e volto contigo e nem um policial, delegado ou biscate de quinta vai ficar no nosso caminho...
Eu o abracei e chorei, chorei mais do que chorei do começo do conto até aqui. Ele não podia me abraçar, mas eu o abracei forte, por mim e por ele. Iam ter que me matar pra me soltar dele naquele momento, e ainda teriam que quebrar meus braços depois da morte pra tirar ele de mim. Eu nunca pensei que um dia seria demais longe do meu magrão. Mas foiVocê nunca vai me amar como ama ele, né?- viramos e vimos Paula chorando- você nunca me amou. Mas é verdade que você ama essa criança? É verdade que vai cuidar e amar nosso filho?
- Paula, eu amo nosso filho. Só não posso ficar com você sem te amar. Você acha mesmo que seria feliz ao meu lado desse jeito?- Otávio respondeu- acha mesmo que nós seríamos uma família mesmo que eu me casasse com você? Me desculpa, mas eu, o Donovan e nosso gato somos uma família muito mais do que eu e você jamais seríamos com essa criança.
- O que mais eu posso fazer? O que mais eu posso fazer pra te ter pra mim? Nada?- ela falou- Eu te acusei de estupro, eu estou grávida de você. Se nada disso fez efeito, o que mais eu posso fazer?
- Nada. E não culpa sua. Eu simplesmente não te amo. Eu simplesmente amo esse garoto- ele falou me olhando- eu não quis brincar com seus sentimentos, mas eu sei que eu fiz. Eu fui um canalha com você. Eu te seduzi, te levei pra cama. E sei que eu não era o seu único, mas eu também te traia. Mas foi com ele que eu aprendi que amor existe. E que é mais do que qualquer coisa que eu já vivi. Por favor, de uma forma ou de outra, me dá essa chance de ser feliz ao lado dele. E eu vou te provar que posso ser um grande pai. Mesmo que eu não seja um marido pra você.
- ...Donovan... sua proposta ainda está de pé? Você criaria meu filho?- ela perguntou. Nessa hora eu gelei, não sabia qual seria a reação do Otávio à essa proposta que eu fiz a ela- você o amaria de verdade, como se fosse seu? Eu teria o direito de vê-lo sempre que eu quisesse?
- Sim. Sim, está de pé. Eu faria seu filho uma criança feliz- eu disse- eu vou fazer. Vou ser tão pai dele quanto Otávio, se você me der essa honra. Ele será o filho que Deus não permitiu que eu tenha com Otávio. Por favor, deixa a gente ser feliz.
-... E eu tenho escolha? O que mais eu posso fazer? O que mais eu posso destruir?- ela falou- eu não vou ter você nunca pra mim. Mesmo que você diga que vai ficar comigo, mesmo que saia daqui casado comigo... o que eu ganho? Um homem que não me ama... e se você ficar aqui... meu filho cresce sem pai, com você sendo violentado e morto numa prisão. Não, eu sou louca, mas não tanto. E eu vou agora mesmo retirar a queixa, vou falar que dei um falso testemunho. Eu não vou mais ficar no caminho de vocês. E assim que meu filho nascer, e ele for registrado, eu vou voltar pra casa dos meus pais, recomeçar.
- Oh, Paula! Obrigado! De verdade!- eu a abracei- obrigado por libertar o amor da minha vida! Ele é tudo pra mim e é um grande homem, não merecia isso!
- Tá, tá me solta! Vai que sua viadice é contagiosa e eu viro sapatão? Credo! Eu gosto de rola!- ela falou- vai, me deixa em paz, que eu vou lá com o delegado retirar a queixa e falar a verdade!
- Não precisa! Nós estávamos aqui atrás ouvindo tudo!- falou o delegado Hilário entrando- E a senhorita está presa por falso testemunho!
