Boys don't cry - Meninos não choram! - 14

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 879 palavras
Data: 06/09/2013 10:14:26
Assuntos: Gay, Homossexual

Eu estava muito nervoso, me levantei instantaneamente do sofá, Luciana e Lucilene fizeram o mesmo. Elas me chamaram para ir com elas a delegacia onde estava o Gabriel, eu concordei. Andamos muito rápido até o estacionamento e nos direcionamos para a delegacia de candelária.

A mãe do Gabriel estava muito nervosa, por isso quem foi dirigindo foi a Luciana. Eu estava desconfortável de estar naquele carro, parecia que eu estava me intrometendo em um assunto muito particular daquela família, e era isso mesmo que eu estava fazendo.

Quando chegamos à delegacia o policial veio nos dizer que o Gabriel estava detido, pois tinha quebrado o vidro de um carro de um civil. Para liberarem o garoto era preciso que ele pagasse o prejuízo. Como a mãe do Gabriel não estava com o dinheiro necessário naquele momento eu me prontifiquei a pagar o debito, mesmo sobre os protestos das duas mulheres.

Foi muito difícil ver o Gabriel ali naquela cela. Só entramos eu e a Luciana, pois a mãe do Gabriel não tinha coragem de entrar, deveria ser muito difícil para uma mãe ver um filho atrás das grades. O Gabriel estava muito drogado, pegamos ele pelo braço e o colocamos dentro do carro da família.

Ele estava cheio de hematomas, deveria ter apanhado muito, tanto dos pintas quanto da polícia. Seus olhos estavam muito roxos e vermelhos. Seu corpo estava mole. Subi no banco de trás juntamente com o Gabriel. Era Luciana quem dirigia o carro na volta, sua mãe chorava muito no banco do carona. Eu abracei o Gabriel, não tive medo ou vergonha de fazer aquilo. Na nossa sociedade é complicado ver dois homens se abraçando. Na minha roda de amigos não era, pode ter parecido estranho para a mãe e irmã de Gabriel, mas era aquilo que eu queria fazer, e eu fiz.

Gabriel não disse uma única palavra durante toda a viagem. Eu estava mal de estar ali, era muito desconfortável para min. Quando passávamos perto do Machadão (onde aconteceu o jogo que Gabriel foi assistir) pedi para descer ali mesmo, não queria mais participar daquilo, minha cabeça estava a mil.

O ar gélido da noite permeou meu corpo, eu estava triste por ter visto o Gabriel daquele jeito, estava triste pelo fato de que minha fase maravilhosa ter ido por água abaixo. O céu escuro da noite sem nuvens refletiam meus sentimentos interiores.

Eu não morava muito longe dali, não era muito cansativo ir a pé para casa, por tanto fui andando mesmo. Eu olhava ás pessoas que transitavam na rua, preocupadas com as suas vidas, com as suas histórias. Eu era apenas mais um individuo na grande Natal, mais um dos incontáveis habitantes daquela cidade, contabilizava apenas mais uma história no meio de tantas outras. Muitas histórias nasciam naquele momento, outras tantas acabavam, a minha ainda estava em andamento, e ainda mais surpresas me aguardavam.

Cheguei em casa muito abalado com o que acabara de acontecer, eu não me ligava que o Gabriel usava maconha, não tinha nada contra quem usava, tinha contra o uso. Eu precisava ajudar o Gabriel a se livrar desse vicio, as drogas não eram uma coisa legal de se usar, eu não queria vê a família do Gabriel sofrendo mais, eu tinha, no pouco tempo de estada com sua família, criado um grande laço de carinho.

Não queria ir para casa, então liguei para Augusto, Saulo e Ricardo. Fui para a casa do Augusto, era lá nosso ponto de reunião. Combinei que todos nós nos encontraríamos lá. Quando estávamos todos no quarto do Augusto eu contei toda a história mais uma vez, contei os acontecimentos recentes com o Gabriel, eles me abraçavam, tocávamos carinhos.

Deitei minha cabeça no colo do Saulo, dentre os meus amigos ele era o preferido, ele afanava minha cabeça. Eu gostava de estar ali, estar com os amigos era como escapar de uma realidade sufocante, era como escapar de um mundo cinza e frio, ali era quente e vívido. Eu os amava, e eles também me amavam.

- Eu amo vocês . Disse eu olhando para eles.

- A gente também. Disse Ricardo.

- Eu estava pensando, e se eu não tivesse vocês? E se eu não tivesse os amigos que vocês são?

- A gente tem sorte de ter você Pedro. Disse Augusto.

Ficamos trocando palavras de carinho, era muito bom tê-los ali comigo. Eles tinham (socialmente) todas as características para não serem meus amigos, eu era homossexual (eles sabiam disso) enquanto eles eram heterossexuais; Eu era ateu, no passo que eles eram protestantes; Eu era praticamente negro, e eles brancos; em relação a eles eu tinha muito dinheiro, e eles eram pobres. Pensei “é isso que é uma amizade, essa superação de protobarreiras sociais, é o amor fraterno pelo humano ao lado, independente de suas características”. Dormir, ali mesmo, no colo do Saulo. Acordei pela manhã, todos ainda estavam dormindo. Levantei-me, tomei banho e peguei o meu celular. Havia varias mensagens da minha mãe me mandando ir para casa, pela hora que ela mandava as mensagens parecia que ela não tinha dormido a noite inteira, e havia também uma mensagem do Gabriel, pedindo para eu marcar um novo encontro com ele. Fui para casa.

Quando cheguei em casa estava minha mãe e meu pai chorando muito.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Aimee a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

surprendendo amigos assim bem difícil encontrar!

0 0