Boys don't cry - Meninos não choram! - 02

Um conto erótico de Pedro
Categoria: Homossexual
Contém 1193 palavras
Data: 05/09/2013 16:00:30
Última revisão: 05/09/2013 16:07:59
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Ver aquele carro vindo em direção a mim era desesperador, eu estava amando conversar com Gabriel, estava adorando ficar ao seu lado, adorava sentir seu perfume, que era forte e bastante masculino. Meu pai, mais uma vez, vinha para estragar as coisas boas da minha vida.

O carro cantou pneu e parou ao nosso lado, pude escutar um “nossa” de Gabriel e sua cara de espanto ao ver que o homem que desceu daquele automóvel era extremamente parecido comigo, felizmente minhas similaridades com “painho” ficavam apenas na fisionomia.

- POR ONDE VOCÊ ANDOU MOLEQUE??? Os gritos de pai poderiam ser escutados a mil léguas.

- E-eu... é... E-eu... Não conseguia falar, eu estava muito nervoso, era uma situação muito constrangedora ser gritado na frente do “meu Gabriel”.

- SUA MÃE ESTÁ CHORANDO DE PREOCUPAÇÃO SEU VAGABUNDO!

- M-mas eu só estava... Ele não me deixava continuar.

- VOCÊ VAI JÁ PARA CASA – nesse momento ele fulminou Gabriel com o olhar – EU NÃO QUERO VOCÊ ANDANDO COM ESSE TIPO DE GENTE.

Meu mundo estava dando voltas e mais voltas, tudo parecia rápido demais, os gritos do meu pai, o olhar assustado de Gabriel diante da situação... tudo. Abri a porta do carro sem dizer uma palavra sequer, meus olhos estavam cheios de lagrimas, mas eu não iria chorar, não iria dá esse gostinho ao meu pai, abaixei minha cabeça e fiquei olhando seriamente o chão do automóvel.

Painho deu meia volta e entrou no carro. Fomos embora dali. Olhei uma ultima vez para o meu amor, e ele estava parado na calçada, atônito, enquanto eu o deixava, não sabia por quanto tempo.

No caminho meu pai foi brigando comigo, claro, ele citou todos os meus defeitos, os meus erros (todos os erros que cometi em toda minha vida). Eu não queria falar, não queria alimentar a chama daquela gritaria. Por que os pais sempre vêem os filhos de um ângulo muito pior do que realmente deveriam? Por que os pais sempre fazem os filhos passarem humilhações publicas? Será que só o meu pai fazia aquilo? Será que havia outros pais como aquele no mundo?

Quando cheguei em casa minha mãe realmente estava chorando, ela me deu um abraço apertado, mandou meu pai calar-se e me despachou para o meu quarto, era lá que eu queria estar, era no meu quarto que eu podia me encontrar, sentir o meu próprio eu.

Eu estava triste, mas naquela noite dormir como um anjo, sem preocupação ou raiva, ou qualquer outro sentimento ruim, só havia Eu, Gabriel e meu mundo.

No dia seguinte tudo parecia mais feliz e alegre, o sol brilhava mais fortemente, as pessoas pareciam estar mais felizes, fui à escola de carona com meu pai, não trocamos palavra nenhuma. Mais tarde cheguei da escola e fui para o curso pré-vestibular, Gabriel continuava na minha mente, à noite finalmente pude descansar a mente e o corpo depois dos estudos.

Foi quando eu estava na janela olhado minha cidade que eu me lembrei que eu não tinha nenhum contato para chamar Gabriel, não sabia direito onde ele morava, qual seu telefone, seu e-mail ou seu Orkut, ou qualquer outra fonte de comunicação com a pessoa que parecia ser a mais especial para mim naquele momento. Entrei em desespero.

Eu tinha que encontrá-lo mais uma vez, eu tinha que sentir seu cheiro mais uma vez, tinha que vê-lo, sentir seu aperto de mão, seu abraço quem sabe? Ouvir sua voz, mas aquilo parecia um Sonho distante, apesar de Natal só ter aproximadamente setecentos e cinqüenta mil habitantes daria muito trabalho para encontrá-lo, e talvez eu nunca o fizesse.

Meu coração estava apertado, a ideia de nunca mais poder falar com Gabriel me castigava mais do que tudo no mundo, mas do que a vivencia com meu pai até, eu estava angustiado.

Fui ao espelho, vi meu corpo moreno inteiramente refletido na superfície espelhada, eu estava triste, meu próprio reflexo me lembrava disso mais do que ninguém, e só havia um meio de me livrar daquela tristeza, eu tinha que encontrar o Gabriel. Mas como eu faria isso?

Eu sabia que só existia um remédio para meu sofrimento, encontrar Gabriel. E eu estava disposto a fazê-lo. Peguei meu notebook que estava embaixo da cama, (sim eu sou muito desleixado) e me deitei. Acessei o Orkut para dá inicio a busca. Mas, Por onde eu deveria começar?

Primeiro procurei na comunidade “Eu amo Natal-RN” busquei pelo membro chamado “Gabriel”, mas não o encontrei (frustração), decidi procurar manualmente... Depois de muito tempo nessa exaustiva pesquisa eu acabei por não encontrá-lo. Senti vontade de gritar, mas consegui segurar esse desejo.

“Eu tinha que encontrá-lo”. Pensei: “já que ele não está nessa comunidade poderia estar em “Natal é um ovo”, Continuei a busca... Só houve alarmes falsos, aparecia sempre algum Gabriel, ou alguém que se parecesse com ele, mas quando eu ia olhar, eram apenas outras pessoas quaisquer.

Eu já estava mais que frustrado, eu tinha que encontrá-lo, eu não poderia tê-lo visto apenas uma vez, eu tinha que beijá-lo, (pensei nesse beijo o dia inteiro), tinha que abraçá-lo, sair com ele para algum lugar... eu já estava sonhando demais, sonhando acordado.

Procurei em “trocentas” comunidades do Orkut, no Google, no youtube, em blogs, em fóruns... Passei a noite inteira querendo encontrá-lo, infelizmente sem sucesso. Resolvi que já era hora de dormir, amanhã seria um longo dia (sexta-feira) havia provas na próxima semana. Estávamos no fim do primeiro bimestre.

Pus meu notebook novamente embaixo da cama (=]) e me virei para o teto. Com o tempo meus olhos foram se acostumando à escuridão que invadiu o quarto quando o computador foi desligado. Eu sabia que ia demorar a dormir naquele dia.

Infinitas perguntas permeavam minha mente naquela noite. Qual será o Orkut dele? Será que ele tinha outro nome no Orkut? Ou pior, será que ele tinha me dado um nome falso? O pessimismo foi me acometendo aos poucos, então veio uma pergunta que me atormentou ainda mais: Será que ele não tinha Orkut?

No outro dia acordei com muito sono, tinha dormido pouco e mal. Quando cheguei na escola fui direto para a biblioteca, lá tinha internet sem fio, e eu estava decidido a procurar o Gabriel durante toda a manhã, aquilo estava se tornando uma obsessão.

Lá para as tantas meu melhor e único amigo naquela escola veio ao meu encontro.

- Vai assistir aula não pow? Perguntou ele.

- Não, até encontrar uma pessoa aqui... Disse eu.

- Hum... um novo “amigo” é? Disse ele rindo.

Luan era uma das pouquíssimas pessoas que sabiam que eu era gay, então eu respondi:

- Como você adivinhou? Sorri.

- Está estampado na sua cara “ESTOU PROCURANDO UM HOMEM QUE PREENCHA MEU “VAZIO INTERIOR”. Falou ele.

Rimos alto e fomos repreendidos por uma das bibliotecárias. Depois chegou meu amigo Fabrício, ele era muito engraçado e todo ficamos rindo com suas piadas. Eu participava da conversa apenas com os ouvidos, toda minha atenção estava voltada para uma lembrança da minha conversa com Gabriel. Foi quando eu recordei subitamente que Gabriel tinha dito a mim que torcia por um dos dois times mais aclamados do RN, minha mente se iluminou, era a chance de encontrá-lo.

Continua...

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 0 estrelas.
Incentive Aimee a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.

Comentários

Foto de perfil genérica

É o amor que faz isso. Vasculhar as comunidades do Orkut só por amor mesmo.

0 0