A Cigarra e a Formiga - 03

Um conto erótico de Kahzim (Ian)
Categoria: Homossexual
Contém 1178 palavras
Data: 04/09/2013 23:27:27
Assuntos: Gay, Homossexual, Romance

Aquela noite passou por mim azul da cor do céu. Nem acreditava que tinha marcado um encontro com o Alisson. Isso é, para mim era um encontro, na cabeça dele bem que poderia ser outra coisa, mas pouco importava. Estávamos ficando íntimos e eu tinha uma necessidade de intimidade com ele semelhante a que tinha de respirar oxigênio.

Nunca entendi como um amor nasce, amamos as pessoas que são gentis a primeira vista? As que são chatas? O amor nasce de alguma reação química do organismo? De afinidades espirituais? Enfim, embora sejam dúvidas que me assaltem constantemente, naquela noite em específico eu estava pouco me lixando para elas, até mesmo porque nem tinha exata noção de que estava amando.

Encontrei a Lene no caminho para o colégio pela manhã. Ela perguntou como havia sido na casa do Júlio. Interior é foda mesmo, todo mundo sabe da sua vida. Disse que tinha sido de boa, que vimos um filme e nada mais. Eu vi o Júlio no intervalo mas ele não me procurou, o encarei com a cara tão feia que ele deve ter imaginado que provavelmente o socaria se viesse puxar assunto comigo e preferiu não arriscar.

Não tive a mesma sorte na saída. Colei na Lene para ir embora mas o Júlio correu e nos alcançou e a safada se apressou na frente para me deixar a sós para conversar. Odiei ela por aquilo.

- Matheus. A gente precisa levar um papo cara. - Falou ele parando ao meu lado.

- Tem papo nenhum não, Júlio. Você é viadinho e tentou me beijar, foi só isso que aconteceu, não tem nada para ser explicado.

- Viado uma porra, macho. Cala a tua boca e deixa de falar merda.

- Ai é? E quem foi que tentou me beijar?

- Eu não tentei te beijar. Foi tudo uma aposta.

- Aposta?

- Isso. Vim te falar para você não me chamar de viado. A galera apostou quem tinha coragem de testar se você era gay. Eu disse que te chamaria pra minha casa e tentava te dar um beijo. Eu nem ia te beijar, tenho nojo de homem. Era só pra testar porra, agora sei que você é macho. Já disse até pra galera.

- Vocês são um bando de cuzões.

- Espera cara. Pensei que você ia gostar.

- Vai pra puta que te pariu, seu trouxa. E sai de perto de mim senão eu conto pro meu pai dessa aposta idiota de vocês.

A menção ao meu pai fez ele recuar. Confesso que era até covarde dizer que ia falar pro meu pai. Ele ficaria furioso mesmo e era o delegado da cidade, nenhum pai daqueles garotos ia querer problemas com o delegado e certamente tomariam alguma providência. Mas eu não faria aquilo, foi apenas uma ameaça. Falar que os garotos do colégio apostaram sobre minha sexualidade seria causar um ataque do coração no meu pai. E ele já me enchia sobre esse assunto o suficiente sem saber daquela maldita aposta.

Caminhei para casa achando que pelo menos aquilo teve um ponto positivo, os garotos iam deixar de conversinhas idiotas sobre mim. Cheguei em casa e apenas minha mãe estava à mesa. Almoçamos sem maiores incidentes. Ela sempre foi mais compreensiva que meu pai e nunca me cobrou namoradas. Mas eu era filho único e sabia que no fundo ela devia ter grandes espectativas. Talvez pensasse nos netos que eu daria ou coisas do tipo.

Subi para o quarto após o almoço e descansei um pouco. Fiquei contando cada segundo até dar o hora de ir. Quando deu 14h tomei um banho e vesti uma bermuda mandeira e uma camiseta limpa. Passei meio litro de perfume e desci com meu violão. Minha mãe já não estava mais em casa e nem a empregada eu vi.

Cheguei na ponte e lá estava ele, sentado no estrado de madeira.

- Deixou o barquinho em casa hoje? - Perguntei.

- Não, ele está no local que a gente vai. E trouxe o violão foi? Lá é melhor não ficar tocando.

- Se soubesse não tinha trazido. Vamos lá?

- Vamos.

Ele me guiou por uma vereda à beira do riacho, que se distanciava da cidade e ia em direção a uns barrancos enormes que ficavam próximos à uma rodovia que cortava o município. Havia um bananeiral todo cheio de mato e não parecia um ambiente convidativo. Mas a vereda que ele seguia, que se longe era imperceptível, marcada um claro caminho em meio aquele caos.

Quando entramos na zona do bananeiral, ele deu uma parada e olhou para cima.

- Tá procurando banana? - Brinquei.

- Não, ouvi o chocalho de uma cobra cascavel e tô vendo de a vejo.

- Cobra? - Falei assustado.

- Tô brincando macho. Só queria ver tua reação. - Falou ele caindo na gargalhada.

- Brincadeira besta, Alisson.

- Se não aguenta bebe água. - Falou ele apontando pro riacho.

- Sim, vamos continuar ou não?

- Vamos, deixa só eu mijar. - Falou baixando o calção e mostrando o pinto.

Eu me assustei com aquela atitude dele, simplesmente colocou o pau para fora e começou a urinar, sem se incomodar com a minha presença. Fiquei vidrado olhando para o pau dele, que estava mole mas parecia ser bem grosso quando duro.

- Tá com vontade de mijar não Matheus?

- Tô. - Falei abrindo o zíper da minha bermuda e urinando também. Ele olhou para o meu pau um instante e desviou o olhar. Era bem menos robusto que o dele.

- Tu já tem um monte de pelo no pau né? - ele falou.

- É, mas o teu é maior.

- Tenho mais pelos que tu, macho. Mas eu raspo. Eu já tenho 17 anos.

- Eu tenho 15.

- Menino véi ainda. - Falou colocando o pau para dentro novamente. - Vamos lá?

Continuei seguindo ele. Nos aproximamos cada vez mais dos barrancos. Após mais uns cinco minutos de caminhada chegamos a uma moita de bambus e bananeiras enorme que ficava no pé do barrancal. Pensei que ali era o tal lugar, mas não, ele se espremeu entre as plantas e sumiu.

- Vem Matheus. Só me seguir.

- Você está onde?

- Aqui atrás. Vem, macho, faz medo não.

Me espremi imitando ele e fiquei surpreso ao quase cair em um buraco do outro lado.

- Uau, cara. - Falei espantado quando ele me segurou para eu não me desequilibrar.

- Maneiro né?

Aquela moita escondia uma espécie de gruta esculpida naturalmente no barranco de pedra. Era úmido e escuro lá atrás. Olhei para dentro e vi o barquinho e seus apetrechos. Verifiquei se meu violão tinha se arranhado na travessia mas estava tudo de boa.

- Muito maneiro cara. - Concordei.

- Aqui é como uma casa para mim.

- E porque você me trouxe aqui?

- Deu vontade.

- Vontade é? Vontade de que?

- Disso aqui. - Falou me puxando e colando seus lábios nos meus. Ele era forte e tinha pegada, diferente do Júlio, não tive como resistir.

Continua....

P.S: Até amanhã pessoal e obrigado quem está acompanhando meus dois contos. Eles são mesmo radicalmente diferentes um do outro. Um aviso: A Cigarra e a Formiga é uma história pequena em duas fases. Acho que em 12 partes dá para terminar ela.

Ian (alahric@yahoo.com.br)

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Comentários

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ansioso pela continuação desse conto, agora que acabou a Historia do Diego. eu adoreei ja, 10.

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Demais. Aff só 12 capítulos. Mas estou adorando tanto esse quanto a história de Diego.

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Caramba... Em doze partes, você acha que termina? Gostei muito deste conto u.u Sla... Me identifiquei mais com ele u.u

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Os oposto se atraem mais nem sempre se completan, mais nao e o caso do Mateus e do Alisson

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E diferente do júlio parece ser de verdade né. Lindos ;)

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