Você Quer Ser Meu Pokémon? Cap. 18

Um conto erótico de Fã do Pokemon Gui/Dodói
Categoria: Homossexual
Contém 3818 palavras
Data: 30/09/2013 21:45:20

Antes, porém, que eu pudesse começar a perder completamente o meu discernimento e raciocínio, uma moto preta irrompe pela rua, fazendo uma curva perigosa, parando subitamente e perigosamente próximo de mim, me arrancando um susto e me deixando branco de palidez, diante do meu quase atropelamento.

Primeira vontade foi a de xingar o motoqueiro.

Abri a boca, mas as palavras se perderam na minha garganta e eu me engasguei com a visão daquele corpo masculino que estava na minha frente. Uma visão que fazia meus olhos ficarem congelados de fogo e tesão. O rapaz estava com uma camisa amarela e calça jeans, mesmo assim dava para perceber o quanto o corpo dele era gostoso.

Minhas preocupações e meus medos foram embora, dando lugar a uma euforia, uma excitação.

O rapaz desceu da moto e, com uma sensualidade masculina, tirou o capacete.

Ele sorriu para mim, e eu achei que eu fosse derreter igual um gelo no deserto do Saara diante daquele sorriso lindo.

Guilherme se aproximou de mim, senti o cheiro do perfume dele me levar às nuvens, ele abriu aqueles lindos lábios e a voz dele saiu charmosa e robusta como sempre, dessa vez, com seu sotaque carioca misturado com o sotaque paulista.

- Porra, eu estava com saudades, meuw! – ele exclamou.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, o braço esquerdo dele envolveu meu corpo e me puxou para perto dele, como seu eu fosse um objeto leve. Os lábios dele se encostaram nos meus, calando a minha boca e me inundando de um gostoso gosto de morango.

Ele encerrou o beijo tão inesperadamente quanto tinha começado, me deixando no vácuo, com vontade de quero mais.

- Desculpa o atraso. – ele falou, segurando na minha mão. – Eu tive que parar no posto para abastecer a moto.

A mão dele tinha um toque tão gostoso (fora a pegada, que era pra lá de boa).

- Tudo bem. – eu respondi.

Ele me olhou com ternura e em seguida me abraçou com força. Um abraço pra realmente matar qualquer saudade, um abraço forte. Eu retribui o abraço, envolvendo meus braços em torno de Gui e apertando-o com calor, me sentindo ao mesmo tempo protetor e protegido.

Naquele momento eu me senti completo, me senti uma pessoa realizada, um ser humano de sorte. A presença de Guilherme perto de mim me enchia de alegria e a única coisa que eu conseguia pensar era em como ele era lindo e em como ele me despertava uma paixão profunda e pura dentro de mim.

- Toma. – ele falou, me estendendo um capacete da moto, enquanto ele colocava o capacete dele. – Vamos sair daqui.

- Mas eu nunca andei de moto... – eu falei meio receoso.

- Então essa vai ser a primeira vez. – ele disse rindo.

Eu dei um sorriso despreocupado, balancei os ombros e coloquei o capacete. Era tão bom voltar a viver uma vida sem grandes preocupações... Qual era a minha preocupação? Andar de moto? Isso não era nada se comparado com as outras preocupações que eu já tinha tido.

Subi na garupa da moto.

- Segura em mim. – mandou Guilherme e eu obedeci igual uma criança.

Ele arrancou a moto e eu senti uma sensação de liberdade invadir a minha alma, enquanto o vento batia contra a minha roupa.

- Onde estamos indo? – eu perguntei, gritando, para que a minha voz sobrepujasse o barulho do trânsito.

- Um lugar onde a gente possa ter algumas horas de paz. - gritou Gui de volta.

Enquanto a moto avançava pela rua, passando pelos carros, o congestionamento de segunda-feira depois do almoço ia ficando, aos poucos, para trás.

Guilherme dirigiu a moto em direção a saída da cidade.

Entretanto, antes de chegar na rodovia, ele virou na entrada de um motel.

Meus olhos se arregalaram e meu coração veio a boca. Eu nunca tinha ido num motel. De repente eu estava me sentindo sujo, como se eu fosse um garoto de programa.

- A gente vai aí? – eu perguntei.

Guilherme começou a rir.

- Você não tá entendendo meuw. Pára de fazer idéia errada. É só pra gente ter privacidade. Namorados vão em motel, você não sabe disso?

- Sim... Mas dois garotos? E pior! Vão achar que sou eu que tô te contratando...

- Hahahaha... Por quê? – ele perguntou.

- Ah, sei lá. Porque você tem mais cara de safado que eu. Eu sou puro e inocente.

- Hahaha. Você vai ver que não tem nada demais...

Então, Guilherme chegou a moto próxima ao portão do motel.

Tive vontade de enfiar a minha cabeça em algum buraco para me esconder. A minha sorte era que eu estava de capacete, mas mesmo assim eu estava me sentindo completamente exposto, então decidi ficar olhando para o chão.

- Eu e meu NAMORADO. – Guilherme fez questão de falar alto e claro para eu ouvir, para eu parar de bobeira de achar que ele ia me consider um mero garoto de programa. – Vamos querer uma suíte executiva.

- Sim senhor. – falou a mulher do outro lado do interfone. – Pode ir para o 23, por favor.

Guilherme dirigiu a moto até a garagem 23, onde entramos, fechamos a lona e depois fomos para o quarto.

De fato, não havia muitos mistérios. Era um quanto arrumado, bonito, cheio de espelhos. Espelho no teto, espelho na parede, na outra parede. Havia várias almofadas e no banheiro tinha uma banheira de hidromassagem.

Levou algum tempo até que eu assimilasse todo o ambiente, enquanto Guilherme deixava os capacetes no canto do quarto.

Ele se aproximou mim todo faceiro, com um sorriso gostoso no rosto.

Parou 40 cm de distância de mim e ficou me olhando com uma carinha de espetáculo.

Ele passou as mãos suavemente pela face do meu rosto. Os olhos dele percorreram detidamente as curvas do meu corpo. Seu nariz me farejou, fungando o meu perfume.

Os dedos de Guilherme pararam por cima do meu coração, sentindo a vibração dos batimentos. Ele me olhou contemplativo como se eu fosse algum tipo de extraterrestre e ele fosse um cientista curioso e bisbilhoteiro.

- Você está vivo? – ele perguntou.

Eu olhei para ele.

- É claro que eu estou vivo. – eu respondi.

Então, a boca dele aproximou-se da minha orelha e ele sussurrou bem baixinho no pé do meu ouvido.

- Então prove que está vivo!

Instintivamente eu agarrei o corpo dele, com força, e comecei a beijar aqueles lábios suculentos que me eram oferecidos.

Explorar aquela boca sucosa era uma sensação incrível. Nossas línguas se abraçavam de forma graciosa, enquanto minhas mãos se emaranhavam por dentro das roupas de Guilherme, sentindo o calor de suas costas e a maciez de seu tórax.

A vontade de fazer amor com Guilherme crescia e brotava igual a erupção de um vulcão, conforme nossos beijos iam ficando mais íntimos, tornando meu desejo a cada instante mais incontrolável.

Minhas mãos desceram pela coluna de Gui e foram, sapecamente, entrando dentro da cueca do meu primo. Apertei aquela bundinha durinha e meu pau, que já estava meia-bomba, imediatamente ficou duro dentro da minha cueca, louco de tesão, babando de excitação.

Eu continuei acariciando a bundinha de Gui e eu percebi que de vez em quando, bem disfarçado, ele soltava pequenos gemidinhos de prazer.

Atirei aquele moleque lindo na cama e me joguei por cima dele, tirando sua camisa, seu tênis, sua calça, sua cueca, enquanto ele também tirava as minhas roupas.

Continuávamos nos beijando, enquanto nossas peles se enroscavam. Nossas pernas se atritavam. Nossos corpos pareciam soltar milhares de faíscas.

Eu tinha a sensação de estar num jardim, rodeado de flores que estavam se desabrochando, radiando prazer.

- Dodói!? – sussurrou Guilherme no meu ouvido.

- Oi?

- Eu te amo muito, Dodói! – falou ele baixinho nos meus ouvidos.

Eu apenas sorri.

Senti as partes baixas de Guilherme começarem a roçar contra o meu corpo, sua pele se esfregando suavemente na minha.

Senti uma ‘coisa’ crescendo perto da minha bunda enquanto ele fazia esses movimentos. Guilherme estava ficando excitado.

- Eu tô ficando com tesão de ficar nessa posição em cima de você, Dodói... – falou Gui de forma doce, como se estivesse confessando um pecado.

- É, eu tô percebendo...

E eu tava percebendo mesmo! O ‘garotão’ dele estava ficando grande e começava a fazer um reconhecimento do território no meu corpo que ele iria invadir. A cabeça dele roçava dengosa na minha entradinha, me deixando excitado e me deixando com ‘vontades’...

Depois de muitos minutos naquele ‘vai-num-vai’, senti a cabeça dele entrar, me injetando uma dose louca de tesão.

Ele ficou paradinho, brincando de ficar pondo e tirando a cabeça do pau dele.

Finalmente ele me penetrou por completo.

...

Depois fomos para a banheira e ficamos namorando por lá.

Guilherme ficava uma delicia dentro da banheira, todo sensual.

- Você já terminou com a Monise? – ele perguntou.

- Hmm... Ainda não. – eu falei sem graça.

- Então já tá mais que na hora de terminar né? – ele falou enquanto eu massageava os pés dele. – Já passou mais de um mês desde... Bom, desde a morte a da irmã dela...

Senti que Guilherme estava me pressionando, porém ele tinha razão. Eu estava adiando esse término de todos os jeitos, mas não havia mais motivos para eu continuar com Monise, por mais que eu soubesse que a minha vida ficaria com um vazio sem ela.

- Sim, você tem razão. – eu falei. – Vou terminar com ela hoje de noite.

- E aí você será definitivamente só meu! – exclamou Gui.

- Há muito tempo que eu sou só seu... – eu repliquei. – Eu te amo!

- Cara, é tão bom ouvir isso de você... É como se explodissem fogos de artifício dentro de mim toda vez que escuto isso de você.

Depois do banho que tomamos juntos, ficamos na cama conversando banalidades, namorando, dando beijinhos, trocando caricias.

O tempo era tão curto. Eu queria congelar o relógio. Queria ficar ali deitado ao lado de Gui, durante muito tempo, tempo de perder de vista, de perder a noção.

Mas o tempo não pára. Quando vimos, já tinha passado 3 horas e tinha chegado a hora de fecharmos a conta do motel.

Fomos jantar num restaurante e então depois do jantar chegou o momento da despedida.

Um sentimento de angustia e vazio invadiu o meu estômago, o desejo de começar o dia todo de novo, desde a hora em que eu tinha acordado, ansioso para que os minutos passassem logo e eu encontrasse Guilherme. Mas agora os minutos pareciam voar... Por que não podiam voltar a passar devagar igual antes? Difícil lidar com o humor desses minutos, que parecem estar sempre emburrados com a gente.

Demos um abraço, as lágrimas escorreram de nossos olhos.

- Por que a gente está chorando? – eu perguntei soluçando. – A gente vai se encontrar de novo. Isso não é uma despedida, ninguém está terminando com ninguém...

- Eu sei! – falou Guilherme limpando as lágrimas. – Acho que estou chorando de emoção, o sentimento que eu tenho dentro de mim é muito grande e não cabe dentro de mim. Eu tenho que por ele o tempo todo para fora. As vezes eu coloco ele pra fora através dos abraços que te dou... Mas as vezes eu coloco ele pra fora através desse choro mongol...

- Não tem nada de mongol! – eu exclamei rapidamente. Eu sabia exatamente o que era isso que ele estava falando, eu também sentia isso, caralho!

Ele me deu um longo e romântico beijo, ali, no breu da rua, e em seguida subiu na moto. Fiquei olhando para ele. Guilherme colocou o capacete e deu partida no motor. O ronco da moto ecoou pelo ar.

Guilherme olhou para mim, subiu a viseira do capacete e piscou um olho. Depois fechou a viseira novamente, olhou para frente e arrancou a moto, indo embora.

Amanhã podia já ser final de semana... Mas hoje ainda era segunda-feira... A semana estava apenas começando...

Fui para casa e naquela noite dormi abraçado ao meu travesseiro, imaginando estar abraçado ao meu Pokémon Gui.

A terça-feira começou como se fosse um pequeno chuvisco, que molha a gente, mas não é forte o suficiente para nos fazer abrir o guarda-chuva. A preguiça de levantar da cama se arrastava de cinco em cinco minutos, que era o intervalo entre os toques do despertador do celular. Acabei me dando o luxo de faltar a aula e só fui me levantar da cama mesmo às 11h30min, perto do horário do almoço, diante de olhares de censura da minha mãe, que obviamente não recebia com entusiasmo a minha decisão de matar a aula sem nenhum motivo.

Mas quem disse que não havia motivo?

Havia motivo sim! E talvez esse fosse um dos motivos mais dignos para se faltar uma aula... Não era dor de cabeça, nem de estômago. Eu ia terminar o meu namoro com a Monise, e só de pensar nessa idéia, a minha barriga já se embrulhava e eu ficava tonto, com vontade de correr.

Mas eu ia terminar o namoro, e teria que ser nessa terça-feira.

No final da tarde liguei para Monise e combinei de encontrar com ela na pracinha do bairro da casa dela.

Uma pequena brisa soprava a rua enquanto o sol ia desaparecendo no horizonte.

Monise já estava na pracinha quando eu cheguei lá. Bonita, alegre, porém parecia tentar disfarçar alguma preocupação...

- Oi amor. – eu falei.

- Oi lindo. – ela me respondeu com um beijinho na boca.

Ela definitivamente estava estranha, senti pelo beijo. Será que ela sabia que eu ia terminar com ela? Será que era ela que queria terminar comigo?

Monise estava com cara de que não ia me dar uma boa noticia. De certo modo, eu estava torcendo para que ela terminasse o namoro comigo, me pouparia desse trabalho ingrato.

- Tá acontecendo alguma coisa? – eu perguntei.

Monise me olhou com os olhos brilhando.

- Não está acontecendo nada. – ela falou engolindo em seco.

Assentamos num banquinho da pracinha e começamos a nos beijar. Mas o nosso beijo estava estranho, esquisito.

- Marcos, você está diferente! – exclamou Monise.

- Você também está! – eu repliquei na defensiva.

A gente ficou se olhando durante alguns segundos... E quando abrimos a boca, nossas palavras saíram ao mesmo tempo.

- Eu preciso te contar uma coisa. – falamos um para o outro, no mesmo instante.

- Você primeiro. – eu falei apressadamente.

- Não. Você pode falar na minha frente. – ela falou.

- Eu insisto.

Monise hesitava, parecia procurar as melhores palavras para poder começar a frase...

- Marcos... – ela começava e então voltava a fechar a boca.

Eu estava ficando tenso com todo aquele suspense.

- Nise, fala logo. Você tá me deixando nervoso assim. – eu falei.

Ela parecia que estava procurando um buraco para se esconder. Seus olhos iam do chão para as mãos e das mãos para o chão e depois para o céu e depois de volta para o chão.

- Melhor você falar primeiro. – ela falou.

- Ah!!! Péra lá!!! – eu exclamei. – Pára com isso! Agora você fala ué! O quê quer que for, pode contar, eu agüento.

Ela me olhou fundo nos olhos, como se estivesse me analisando.

- Acho que não tem outra forma de dizer isso... Eu estou grávida.

Em seguida ela desabou em meus braços, chorando. Eu a abracei de forma alheia, meio que indiferente. Era como se as palavras ainda não tivessem entrado nos meus ouvidos, ou como se meu cérebro ainda não tivesse conseguido traduzir o que aquelas palavras significavam.

Era como se eu não conseguisse acreditar...

- Eu acho que foi aquele dia... No velório da minha irmã... Quer dizer... Só pode ter sido... Depois a gente nunca mais fez... – falou Monise.

O meu rosto começava a ficar pálido e parecia que eu tinha levado um soco violento na barriga.

- Você tem certeza? – eu perguntei com a esperança de que tudo isso pudesse ser apenas um engano retardado da Monise.

- Tenho. Eu fiz o teste de farmácia. – ela disse soluçando.

Eu passei minhas duas mãos no rosto.

- Mas você não usava anticoncepcional? – eu perguntei.

- Usava... – ela respondeu.

- Então...

- Mas ele não previne 100% da gravidez... Acho que só em torno de 85%...

- Peraí... Como assim?

- A gente deu azar...

Era estranho, eu não estava sentindo medo, nem assustado ou qualquer coisa assim. Eu estava... Eu estava... Aéreo... Acho que essa é a melhor palavra para me descrever naquele momento, aéreo.

- Há quanto tempo você já sabe? – eu perguntei muito sério.

- Tem mais ou menos uma semana que eu já sei.

- Porque você não me falou antes?

Monise respirou fundo.

- Eu não conseguia contar nem para mim mesmo... – ela disse, voltando a chorar.

Dessa vez fui que a abracei, fazendo dengo nela.

- Vai ficar tudo bem, Nise. – eu falei, mesmo sabendo não ficaria tudo bem, que ficaria tudo péssimo, horrível.

- Sabe... Fiquei com medo de você não querer assumir a responsabilidade, fiquei com medo de não ter o seu apoio, Quinho. – ela falou.

Eu realmente não queria assumir a responsabilidade. Mas eu nunca fui de fugir dos meus compromissos. Não seria agora que eu fugiria...

- Seus pais já sabem? – eu perguntei.

- Não, só contei para você. – ela respondeu.

- Entendo... – eu respondi em reticências, balançando a cabeça.

Era óbvio que diante dessa gravidez eu não poderia terminar meu namoro com Monise. Eu não queria que ela se sentisse desamparada.

Depois de dizer para Monise que tudo ficaria bem, de bolarmos vários planos de como contaríamos essa noticia para nossos pais, de projetarmos como seria a nossa vida daqui para frente, eu finalmente fui para a minha casa e pude ter um pouco de paz.

Assentei em frente ao computador, sem rumo, confuso, perdido. Como eu contaria essa noticia para Guilherme? Como será que ele iria reagir?

Será que eu e Guilherme conseguiríamos continuar namorando mesmo com a gravidez de Monise atravancando tudo? Será que teríamos que assumir o nosso namoro, ou não? Eu me casaria com Monise e Guilherme seria meu eterno amante secreto? Eram muitas perguntas, muitas dúvidas, muitos medos...

O principal receio era como que Guilherme receberia essa noticia... Será que ele se sentiria traído?

Eu tentava me distrair a todo custo, ouvindo músicas, vendo vídeos engraçados no Youtube, essas coisas. Mas eu continuava sentindo o meu estomago dilacerado e o coração vazando.

Demorei a dormir naquele dia. Fiquei pensando na vida, em tudo que eu tinha vivido, minha infância, minha adolescência. As escolhas que eu tinha feito, as renúncias, os sonhos que tinham ficado para trás, as aspirações que hoje nem faziam mais sentido pra mim. Eu havia mudado e havia mudado muito, isso era um fato. Muitas coisas que eu pensava da vida, hoje em dia eu pensava diferente. O velho Marcos era quase um desconhecido para mim.

Minha vida tomara uma rota totalmente diferente da que eu imaginara. Eu seria pai aos 19 anos...

Ao mesmo tempo em que batia a preocupação, eu ficava também imaginando se seria um menino ou uma menina... Se teria os meus traços... Se ela ou ele herdasse as linhas dos meus lábios, teria uma boca linda e beijaria muito bem, arrasaria corações... Se herdasse a expressividade dos meus olhos, teria uma arma nas mãos, a sedução. E será que herdaria meus traços psicológicos também? Seria uma pessoa calma, tímida, educada, inteligente...

Eu ficava imaginando o rostinho do bebê... As mãozinhas pequenininhas... O barulhinho do soluço...

De repente eu achei que eu seria um pai ultra coruja! E decidi que eu teria que me policiar para não mimar demais meu filho. Quando eu dei por mim, eu já tinha caído no sono, imaginando as traquinagens que meu filho iria fazer.

Será que eu seria um bom pai?

O restante da semana passou e a gravidez permanecia em segredo, só eu e Monise que sabíamos.

Na segunda-feira eu consegui inventar uma desculpa para poder ir ver Guilherme. Eu disse para a minha mãe que eu iria emendar da faculdade para a casa do meu colega e iria dormir por lá mesmo, porque estávamos com um trabalho gigantesco de Fenomenologia para fazermos. Minha mãe tinha acreditado e disse que estava tudo bem.

A verdade, porém, era que eu sequer iria pisar na faculdade. Eu acordaria e iria direto para a Rodoviária pegar o ônibus da manhã para a cidade do Gui. Eu chegaria lá na cidade dele por volta das 15h e já teria almoçado na estrada. Dormiria com Guilherme e voltaria no dia seguinte, chegando de volta na minha cidade mais ou menos por volta de meio dia, a tempo de pegar o almoço.

Eu estava pensando em como seria a melhor forma de contar sobre gravidez de Monise para Guilherme, quando me veio essa idéia louca.

Eu não queria contar diretamente para ele, então eu tive um plano doido. Antes de viajar pra lá, eu mandaria um e-mail para mim mesmo, fingindo ser a Monise e falando detalhadamente sobre a gravidez. Quando eu chegasse lá na casa de Guilherme, uma hora qualquer que desse, eu deixaria a minha caixa de e-mail aberta e iria fazer outra coisa (tipo usar o banheiro). Assim Guilherme teria tempo para digerir a novidade antes de eu conversar com ele, achei que seria importante ele ter esse tempo sozinho antes de eu falar com ele.

Desse modo, na segunda-feira, cedinho, antes de sair para a faculdade (na verdade antes de ir para a rodoviária) mandei um e-mail para mim mesmo, fingindo ser a Monise, como se ela estivesse me contando pela primeira vez sobre a gravidez, ou seja, para todos os efeitos, era como se pra mim também fosse uma novidade essa noticia da gravidez.

O e-mail contava minuciosamente sobre a gravidez, falando sobre a transa no dia do velório, o fato dela descobrir que o anticoncepcional não evitava 100% da gravidez e diversos outros pontos que eu considerei relevantes. Fiz questão de dar um tom ao texto de como se Monise estivesse me pedindo desculpas por ter me seduzido no dia do velório, como se eu não tivesse tido outra opção naquela hora a não ser transar com ela...

É claro que isso era uma mentira. Embora ela estivesse meio tarada naquele momento e tivesse dado os primeiros passos, me provocando; o fato era que eu tinha, sim, consentido em fazer sexo. E portanto, a culpa também era minha. Mas nesse primeiro momento de impacto, achei que seria melhor empurrar um pouquinho da culpa para Monise, para que Guilherme assimilasse melhor a gravidez.

Apesar de tudo, eu queria continuar namorando o Gui, então eu precisava ter muito cuidado como eu ia contar isso tudo pra ele. Não que eu quisesse distorcer a verdade, mas seria bom ter uma certa cautela na forma de contar sobre a gravidez, eu sabia que isso iria mexer muito com a cabeça dele.

Depois de enviado o e-mail, me arrumei e tals e sai de casa como de costume, como se estivesse indo para a faculdade. Mas na minha mochila, ao invés de cadernos e livros, havia pijama, escova de dente e outros acessórios.

A viagem transcorreu tranquilamente. Sempre gostei de viajar de ônibus, vide Bolívia...rs...

Quando cheguei na rodoviária da cidade de Guilherme, ele já estava lá me esperando, lindo, gostoso e charmoso como sempre, segurando dois capacetes de moto na mão.

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Comentários

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Nossa bom demais. O destino não estava a favor do amor dos dois.

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Nossa bom demais. O destino não estava a favor do amor dos dois.

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nossa ta td dando errado para esses dois.....acho q o Marcos é muito confuso,ñ sabe o q quer.....

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