A Sombra de Gaell, Parte - 3

Um conto erótico de Gaell
Categoria: Homossexual
Contém 2049 palavras
Data: 25/09/2013 18:14:01

Ficamos todos na sala de espera, mas eu não conseguia ficar calmo, a única família que eu tinha era ela e o mais angustiante nessas horas é que o tempo não passa e esses hospitais públicos são precários e não tem ninguém para informar sobre o paciente, é nessas horas que eu pensava o quanto minha avó deve ter ficado angustiada quando eu fiz o tratamento para apendicite, mesmo sendo algo tão simples nó ficamos apreensivos quando uma pessoa tão importante está hospitalizada, e me acordando de minha tristeza e pensamentos um médico perguntou quem era o parente da minha avó e a Clara disse que eu.

G:Como é que ela está doutor?

Medico: O estado de saúde da sua avó é muito grave, fizemos os exames e constatamos que ele teve três paradas cardíacas seguidas e para ser honesto foi muita sorte ela não ter falecido, poucas pessoas escapam de um quadro como este. Por enquanto ela está estável.

G:Eu posso ver ela agora?

Medico: Ainda não, ela acabou de ser medicada e eu prefiro aguardar como ela vai reagir nas próximas horas e não quero arriscar, mas a noite durante o horário de visitas ai sim você pode vê-la. Até por que agora ela esta dormindo então é bom um pouco de descanso.

Eu tentei argumentar, mas fui convencido de que era o melhor esperar, mesmo assim queria permanecer no hospital, mas o pessoal me levou pra casa e o Vagner foi junto comigo, ainda não estava muito confortável com ele ali, na realidade minha cabeça tava uma bagunça, eu não sabia o que pensar e durante a tarde ele me contou como é a sua vida e dos meninos, disse que é procurador da Republica a oito anos e o Marcelo e o Daniel estavam estudando para o vestibular do próximo ano e que o Marcelo queria estudar Direito seguindo os caminhos do pai e o Daniel queria Medicina, eu ouvia tudo atentamente e sentia nas palavras daquele homem que um orgulho muito grande dos seus filhos e assim me lembrei do meu pai de como ele nunca demonstrou um carinho por mim, até me atrevo a dizer que ele me odiava e só me tolerava por causa da minha mãe, posso estar enganado, mas só tenho lembranças ruins dele.

Quando se aproximava da hora de visita eu tomei um banho me arrumei e voltamos para o hospital e me informaram que o quadro clinico estava na mesma, e quando começou o horário de visita entrei com a Clara e ao entrar na enfermaria, onde escutava vozes de outras pessoas em um tom baixo e entendi que ela estava com outras pacientes até que a Clara me guiou até uma cama e senti uma mão fraquinha segurando a minha e na hora eu estava me segurando para não chorar por que amava muito a minha avó e só de saber que ela estava sofrendo tanto dói meu coração que quando apertei sua mão, com um pouco de cuidado a abracei já não segurando o choro.

C:Ga lembra o que o medico disse. Ela não pode se emocionar.

G:É verdade, desculpa ...vó, a senhora esta se sentindo bem?

Vó: O meu menino, não chora não, eu já estou melhor sim, foi só um susto.

E assim conversei com ela um pouquinho ate que o Vagner entrou também e admito que fiquei irritado, pois ali não era hora e nem lugar para tratar daquele assunto ainda agora que minha avó não podia ter emoções fortes, mas a maneira como ele se apresentou me deixou mais calmo.

V:Olá dona Sofia, meu nome é Vagner e sou um amigo do Gael, vim ver como a senhora está.

Minha avó sempre foi uma senhora calma e adora conversar, se você pega uma cadeira e senta pode ter certeza que ela vai te contar um monte de coisa que aconteceu na vida dela, e é isso que eu mais admirava nela, com ela não tinha tempo ruim e conversar era como uma terapia para ela, e acho que ela se sente sozinha e por isso tinha esse habito de conversar mesmo não conhecendo muito a pessoa.

E com os dois não foi diferente engataram em uma conversa e depois de pouco tempo já era como amigos, mas uma coisa me chamou a atenção foi como o Vagner levou a conversa ate chegar na minha mãe e quando morávamos na Alemanha e isso me interessou muito mesmo achando que ali não era hora e nem lugar para isso.

Vó: Minha filha era uma mulher sonhadora, queria ter uma família grande com muitos filhos, mas ai ela conheceu o pai do Gael, ela era muito apaixonada por ele, eles se conheceram aqui mesmo em Florianópolis em uma festa parecida com aquela festa lá em Blumenau Oktoberfest, e a partir dai ela ficou encantada com aquele moço bonito, mas eu nunca gostei dele, não sabia o motivo, mas algo nele me dava medo e tentei afastar ela das mãos dele, mas jovens nunca escutam seus pais, ai ele fez a cabeça dela e se mudaram para a cidade dele lá na Alemanha e se casaram por lá, depois de dois anos minha filha me liga dizendo que não conseguia engravidar e que achava que havia algo de errado, mas que faria exames para saber, assim foi feito e quatro meses depois ela me liga dizendo que estava gravida de cinco meses, eu achei estranho, mas como gravida ela havia me dito antes que achava que não podia ter filhos e agora esta gravida? Ela me disse que os exames estavam errados e que estava muito feliz e que não queria saber o sexo do bebe para ser uma surpresa quando nascesse eu fiquei aliviada e muito feliz afinal minha filha estava realizando o sonho dela.

Vó: Na época eu queria muito, mas não tinha condições financeiras para ir até ela e ajuda-la durante os últimos meses de gravidez, fiquei muito desapontada por não estar presente quando ela mais precisava de mim, mas ai nasceu essa pessoinha linda aqui e foi como um presente de Deus por que ela nunca mais conseguiu engravidar novamente, mas estava satisfeita com seu único filho.

V:Eu sei como é eu tenho Gêmeos todos homens, agradeço todo dia pelos presentes que deus me deu.

Vó: O pai do Gael era um homem seco, não demostrava carinho pelo filho e muito menos pela esposa, na verdade eu não consigo ver nada dele no Gael, eles são totalmente diferentes, mas enfim não são todos que tem essa sorte como seus filhos.

Era uma grande verdade, meu pai era diferente de mim, seja no comportamento quanto no temperamento, acho que minha avó ficava feliz com isso, mas eu não, eu queria que ele fosse diferente.

Vó: Depois daquela tragédia viemos para o Brasil e procuramos tratamento para o Gael, mas nenhum medico conseguia encontrar o problema nos olhos do meu neto, ele fez tratamentos caríssimos que foi garantido para nós que ele voltaria a ver novamente, mas sempre era uma frustração, e o pior e ver o quanto ele sofria por ter tanta esperança e no final do tratamento ainda ficar cego.

A conversa durou alguns instantes, mas logo a enfermeira disse que o horário de visitas havia terminado aparentemente ela estava muito forte, fiquei confiante já que logo ela voltaria para casa.

V:Gael desculpe ter entrado assim para falar com a sua avó, é que eu precisava resolver algumas coisas...

G:Tudo bem, ela não se sentiu mal, e o senhor notou que ela gosta de conversar demais, então esta tudo bem.

V:Para onde que você vai agora?

G:Como eu não posso passar a noite aqui com ela eu vou para a casa da Clara e amanhã eu volto.

V:Eu ia te convidar para ficar lá em casa, você e a sua amiga e assim podemos conversar melhor?

G:Desculpe seu Vagner, mas eu não estou com cabeça para conversar na verdade eu queria ir para a minha casa e ficar um pouco sozinho, mas como sei que meus amigos não vão deixar eu prefiro ir para a casa dela, e aproveitar e tentar colocar a cabeça no lugar.

V:Tudo bem, eu entendo e você tem ótimos amigos, amanhã eu te ligo para saber se está tudo bem.

G: Tudo bem obrigado.

E assim fomos para a casa da Clara e seus pais foram ótimos me reconfortando com palavras de que minha avó logo estaria com nós, mas infelizmente essas palavras não foram a vontade de Deus, as quatro e meia da manhã o hospital ligou na casa da Clara que havíamos deixado para qualquer coisa e disseram que teríamos que ir ao hospital urgente e quando chegamos recebemos a noticia que minha avó havia falecido, para mim não tinha dor maior do que aquela, meu mundo havia acabado pra mim, por que me tiraram a única família que eu tinha e agora como eu ficaria sem minha avó que era como um pilar de sustentação para mim. Com um remédio que me deram eu apaguei, acordei horas depois com minha amiga Clara e o Gilberto e o Vagner ao meu lado e naquele dia eles fizeram tudo pra mim, velório enterro tudo mesmo além de me aparar com simples gestos de um abraço de amigos que nessas horas ajudam muito. Mas morria alia com ela o sonho de voltar a ver seu rosto após tantos anos, eu me sentia como um fracassado ou uma pessoa doente, mas sem ter doença apenas meus olhos não funcionavam.

Assim que terminou o enterro eu fui para a casa da Clara e só consegui descansar com ajuda de um calmante e nos dias que se seguiram foi muito difícil pra mim, mas eu tinha que tocar minha vida, mas não seria fácil eu era cego, como faria para segui com minha vida, mesmo em casa não precisando de ninguém exceto para cozinhar eu fazia muita coisa sozinho, mas só de saber que você esta só é muito triste.

Na verdade com tudo isso eu me esqueci do Vagner e do problema de eu ser parecido com os filhos dele, mesmo todos dizendo eu achava que eles estavam enganados e que era só uma semelhança, mas durante uma semana só recebi ligações rápidas do Vagner e dos meninos, acho que eles estavam me dando um tempo para que eu me recuperasse, ate que em um sábado por volta das nove da manhã recebo a visita do Marcelo e do Daniel me convidando para um churrasco na casa deles e depois de eles insistirem eu aceitei e falei para a Clara ligar para o Gilberto e fomos todos, eu não estava no clima de entrosamento com outras pessoas, mas eu precisa sair um pouco e tentar respirar novos ares, quando chegamos ouvi vozes e os meninos foi me apresentando seus amigos que foram muito simpáticos e sempre aquele Chok “cara você é mesmo irmão deles, não tem duvida nenhuma”, mas eu nunca dava atenção, mas mesmo assim todos muito legais, de certa forma aquele clima de jovens e musica durante um sábado estava me animando.

D:Marcelo e o André cadê?

M:Ele disse que ia demorar um pouco mas que já estava vindo.

Enquanto eu conversava com o Vagner e ele tentava me convencer a fazer o teste de DNA para que tudo seja esclarecido de uma vez por todas eu ouvi os meninos falando alto.

D:Até que enfim em André, demora da porra.

O Daniel já estava um pouco alto pela bebida e fica mais brincalhão do que costuma ser.

D:Vem conheceu meu novo irmão. Gael esse é meu Brother André.

Eu estendi a mão para cumprimentar a tal pessoa, mas fiquei alguns segundo no vazio até que uma mão forte segura a minha e aperta com força desnecessária, mas não disse nada, mas o que me impressionou foi uma voz de locutor de radio, era uma voz grave, mas forte e muito bonita.

A: E ai?

G:Oi tudo bom.

A:Tudo.

E só ficou nisso por que alguém chamou ele e ele saiu para atender tal pessoa, mas aquela voz por alguma razão mexeu comigo eu só não sabia o motivo...

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Comentários

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tá muito boa essa historia espero logo a continuação...ele bem diferente das demais, afinal as pessoas em outros contos ficam cegas ou cadeirantes no meio ou no fim da historia...

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Tadinho do Gael mas estou ancioso para o romance comecar logo,rsrsrs.

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Nossa pena a vó dele ter falecido, mas o conto tá demais.

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