Caminho para o paraiso parte III

Um conto erótico de Conto é vida
Categoria: Homossexual
Contém 1848 palavras
Data: 22/08/2013 01:31:01
Última revisão: 22/08/2013 11:11:24

Capitulo três: Atração.

YURI

Abri os olhos naquela manhã quando o sol invadia meu quarto o inundando com sua luz amarela dando a cada um dos objetos do quarto um brilho que eu não via há muito tempo.

Olhei para o meu lado e ali estava ele. Dormindo com o rosto colado ao meu, seu braço em volta de minha cintura para poder segurar a minha mão. Nicolas. Dormindo ele era diferente. Não parecia a criança assustada que eu conheci há alguns meses. Parecia um menino como os outros. Sua pele seus lábios estavam ali próximos aos meus de uma forma tão chamativa que não resisti. Toquei-os de leve com os meus o fazendo acordar sobressaltado. Ele sentou-se na cama rapidamente e olhou para mim assustado novamente. Seu rosto queimado em vermelho.

– O que foi? – indaguei a ele fingindo não saber o motivo de seu susto.

– Você me beijou – disse com a voz tremula – Você me beijou.

E cobriu suas orelhas com as mãos e fitava o colchão fixamente. O olhar transtornado como na noite anterior.

– Calma Nicolas – pedia a ele tentando abraça-lo, mas ele não deixou.

– Você me beijou! Por que fez isso? Por que? – e ele estava chorando novamente – Por que fez isso comigo?

– Eu não te beijei Nicolas! – Menti para ele – Eu me virei e sem querer toquei minha boca na sua. Não foi um beijo! Foi um acidente.

– Um... acidente? – indagou me olhando novamente, porém ainda chorava – Foi um acidente? Você jura?

Olhei para meu frágil amigo e sorri para ele tentando acalma-lo.

– Claro que sim! – menti novamente – Eu nunca faria isso com você e nem com outro menino. Eu não sou gay.

– Eu sei. Gays são maus e você é bom – ele tirou as mãos dos ouvidos – Você é meu melhor amigo.

E esse foi o nosso primeiro beijo. Tinha sido tão bom sentir seus lábios quentes nos meus. Sentir nossos corpos juntos na cama, seu braço em minha cintura me mantendo perto dele. Mesmo com sua reação, eu tinha gostado muito. Gostado não. Amado.

E ali estava ele a minha frente dando um beijo. Mas não em mim e sim em uma menina de nossa turma do terceiro ano chamada Letícia. Uma menina de dezessete anos linda e fútil. Não se importava com nada além dela mesma e em seu status de menina popular do colégio.

Tinha inveja dela. Não pela popularidade ou pela beleza, mas por estar em um lugar que eu desejava mais que tudo. O lugar que eu ansiava por ocupar desde aquele dia em que o beijei pela primeira vez. Um beijo roubado que ele nem sabia ter ocorrido.

– Por que se torturar? – uma voz fina falou ao meu lado.

Virei-me para ver que era e lá estava Fabricio sentado ao meu lado no banco de ferro do pátio da escola. Fabricio era da minha turma e todos sabiam que ele era gay. Ele não se importava com os xingamentos dos outros alunos, principalmente de Victor que o xingava quase todos os dias.

– O que? – indaguei sem entender do que ele falava.

– Ficar vendo ele beija-la não vai te fazer bem – ele disse indicando Nicolas e Letícia com a cabeça – É horrível sentir ciúmes de alguém que não pode ter.

– Eu não quero Letícia – disse a ele indiferente.

– Claro que não. Você quer o Nicolas – ele adivinhou me pegando de surpresa.

Olhei para ele sobressaltado e dei um sorriso amarelo que só confirmou sua suspeita.

– Eu não sou gay, não – Menti para ele – Tipo, eu não tenho nada contra quem é e tudo...

– Sim, você é gay e eu estou vendo isso na sua cara menino!

Dei uma risada de deboche e levantei do banco.

– Gay, eu? Me poupe tá bom! – e comecei a ir em direção ao prédio da escola em direção ao banheiro.

Abri a porta do banheiro e fui diretamente para um dos vasos sanitários fechei sua tampa, sentei nela e tranquei a porta. Fiquei lembrando da cena que vi pouco tempo. Nicolas beijando Letícia na minha frente. Aquilo havia me dilacerado por dentro de uma forma monstruosa. Seu sorriso ao falar com ela. Seus abraços carinhosos. Era tudo o que eu queria para mim. Tudo o que eu precisava para continuar vivo. Doía vê-lo nos braços de outra qualquer. Uma vagabunda que ficava com qualquer cara bonito que lhe desse um pouco de atenção. Alguém que o enganava quando o chamava de “Mô”. Ela não o amava e eu sabia disso. Ela só o desejava.

Senti uma lágrima escapar por meu olho esquerdo quando a dor veio mais forte em meu peito parecendo pressioná-lo com uma prensa. Uma dor quase física que me arrancava suspiros e mais suspiros desesperados enquanto lutava para que minhas pálpebras represassem as lagrimas que queriam escapar assim como a primeira.

Levantei-me do vaso fechado e fui até a pia do banheiro. Abri a torneira e enchi minha mão em concha com a água fria e a levava até meu rosto na esperança de lavar a imagem de minha mente.

– Também vinha aqui para chorar – A voz de Fabricio veio da porta do banheiro.

– Eu não estou chorando – menti tirando toalhas de papel do suporte para a mesma – Só vim lavar o rosto.

– Sei. E por que seus olhos estão vermelhos? – eu olhei para a minha imagem refletida prestado atenção nela pela primeira vez e ele tinha razão. Meus olhos estavam vermelhos e brilhantes pelas lágrimas que não conseguiram escapar.

– O que você quer? – indaguei a ele fungando uma vez.

– Só quero te ajudar – ele respondeu compreensivo – Eu passei pelo mesmo e não tive ninguém para me ajudar – ele se aproximou de mim e me abraçou carinhosamente.

Eu retribui seu abraço sem muito entusiasmo e ele esfregou sua palma direita em minhas costas e em seguida cheirou meu pescoço.

– Posso te ajudar a esquece-lo – e me deu um beijo na boca.

Sua língua pressionava meus lábios pedindo para que eu a deixasse passar e foi o que eu fiz. Fechei meus olhos enquanto seus lábios rosavam os meus de forma selvagem enquanto sua língua se encontrava com a minha a acariciando. Mordeu meu lábio inferior devagar e o puxou para si o esticando e me tirando o folego.

– Eu não quero esquece-lo – disse o beijando novamente.

Deixei que ele assumisse o comando de nosso beijo enquanto ele deslizava as mãos por minhas costas e a repousava em minhas nádegas apertando-as de uma forma tão excitante. Senti meu pênis endurecer e se erguer rosando em sua perna.

– Se quiser, eu estarei aqui gato – Fabricio disse me mandando um beijo e saindo do banheiro.

NICOLAS

Faltava algo ali. Sentia seus lábios nos meus, minhas mãos deslizando por seu corpo esbelto, seu calor ardente. Porém não parecia certo. Estava faltando algo ali como o próprio desejo por ela. Não conseguia sentir prazer ao beija-la, e sim asco.

– Você ainda não aprendeu – Letícia reclamou separando seus lábios dos meus – Você me beija como se estivesse sendo obrigado!

– Me desculpe? – pedi a ela deitando em sua cama – Eu não sei o que tem de errado. Falta algo.

– O que? – ela estava irritada – Você é bonito Nicolas, mas se não aprender a beijar... Simplesmente não vai dar certo.

– Eu vou aprender, eu prometo – disse a ela baixinho.

E a beijei novamente. Ainda faltava alguma coisa ali. Não era certo! Não parecia ser embora, claramente fosse. Não sentia por ela um desejo, uma atração que eu só sentia por uma pessoa. Yuri.

Qual era o meu problema? Por que eu não podia ama-la da forma que o amava? Por que não podia deseja-la daquela forma? E por que eu o desejava? Por que ele? O que eu fiz de errado além daquilo em minha infância? Será que isso era Deus me castigando pelo que fiz quando tinha oito anos? Eu simplesmente não sabia.

– Não, não, para – Ela se afastou de mim novamente – Olha. Isso não vai dar certo. Vai pra casa e depois a gente conversa, tudo bem?

– Você está chateada? – perguntei a ela.

– Olha, eu não sei Nicolas. Tudo bem? – disse impaciente – Amanhã a gente conversa.

Levantei de sua cama e fui em direção à porta e ela foi atrás de mim. Passamos pela sala onde me despedi do seu irmão mais novo, Kevin, que jogava seu Xbox e quase não me deu atenção. Ela abriu a porta para que eu saísse e quando tentei beija-la, ela desviou o rosto.

– Até amanhã Nicolas – e fechou a porta da minha cara.

Por que eu não podia ser normal? Perguntei-me no caminho para casa. Por que não podia ama-la? Sentir-me atraído por ela era impossível. Sentia-me mais atraído por seu irmão de quinze anos que por ela. Eu não poderia ser gay! Não queria ser. Não queria sentir o que sentia por Yuri. Não queria ama-lo da forma errada. Não queria sentir somente amizade por Letícia. Ela era uma boa menina. Tomou a iniciativa e pediu para ficar comigo, pois percebeu que eu não iria faze-lo. Entendeu que eu não estava pronto para ir além dos beijos, pois ainda era virgem e nunca me pressionou a nada. Ela era ideal para mim. Então por que eu não me sentia atraído por ela ou por que nunca tinha me sentido atraído por qualquer outra garota?

– Acho que terminamos – disse a Yuri quando fui a casa dele naquela tarde – Ela finalmente perdeu a paciência comigo.

– Você beija tão mal assim é? – ele tirou sarro tentando me animar um pouco, mas foi em vão.

– Estou falando sério Yuri – disse a ele – Eu estou preocupado. E se eu nunca consegui ninguém? E se eu passar o resto da minha vida sozinho?

Yuri me abraçou carinhosamente como sempre fazia e me deu um beijo na cabeça de forma fraternal.

– Você ainda vai encontrar a pessoa certa – ele me confortou.

A pessoa certa é você. Pensei sem conseguir controlar meus pensamentos. Como eu poderia pensar uma coisa dessas? Yuri era homem e isso era errado. Ele era meu amigo e nada mais. O que ele pensaria se soubesse disso? Com certeza ele se afastaria de mim. Pelo menos esse era o certo a se fazer. Ele não aceitaria meu amor equivocado por ele.

– Eu te amo cara – Yuri disse como sempre fazia. Era incrível como ele não tinha medo de dizer isso para mim. Tão seguro de que seu amor era de irmão – Nada de ruim vai acontecer com você. Eu prometo.

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Obrigado a todos vocês que leram os Três primeiros capítulos dessa história de amor e superação que é Caminho para o paraíso.

Obrigado por todos que comentaram e avaliaram meu conto. Vocês são essências para me fazer continuar.

Sei que esse demorou mais a sair do que os dois primeiros, mas é que ei trabalho dia sim, dia não o que me faz não ter tempo para escrever quando estou trabalhando. Vou continuar a história o mais rápido possível para satisfazer a curiosidade de todos vocês sobre o passado de Nicolas. Espero conseguir surpreende-los como eu espero.

Obrigado por todos os elogios, e espero que tenham gostado deste novo capitulo também.

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Comentários

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Ai que incrível cara, esse amor dos dois é muito bonito eu só espero eles não demorarem a se entregar a esse amor.💕

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Já estou até curioso! Será como a história vai terminar. A cada capítulo algo novo, bem diferente e original. Fico até ansioso para o próximo capítulo.

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Cara, fantástico. Estava sentindo saudades de histórias tão boas e quanto essa sua.

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Parabéns, você escreve muito bem! Obrigado por nos presentear com esse conto agradabilíssimo.

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