Gelo - Caçador

Um conto erótico de Ustir
Categoria: Homossexual
Contém 1726 palavras
Data: 07/04/2013 00:33:48
Assuntos: Gay, Homossexual

Fui dormir ainda com a cena estranha de mais cedo: Encontrar Leo e minha mãe no escritório vendo fotografias minhas de quando era bebê, isso e rindo muito. De alguma forma, aquilo não me pareceu muito certo, havia algo faltando no quadro geral, mas preferi deixar isso de lado por algum tempo e me foquei em parar a humilhação iminente.

Os dias foram passando tranquilamente desde então, com Tiago parecendo ignorar a minha amizade com o garoto que ia almoçar em minha casa uma vez por semana, onde passávamos a tarde conversando: Dona Laura e nós dois. As provas passaram e as tensões de sala também, e Leo passou a conversar também com Lara que dava a cada dia a impressão de querer se aproximar mais e mais dele, e por algum motivo isso não me agradava nem um pouco, não entendia o porquê, mas sabia que não gostava. Minhas visitas ao apartamento do garoto também aumentaram, com uma freqüência de duas a três vezes por semana.

Nos dois últimos dias de aula, o caos foi instaurado como norma regente na sala e no colégio, ninguém ligava mais para aula ou para qualquer coisa.

. – TRUCO! – ouvi alguém gritar der repente, me fazendo saltar da cadeira.

Olhei para a esquerda e vi Helena com Tiago, Mariana e Luna com um baralho em uma mesa. Voltei-me para a carteira e senti alguém cutucando minhas costas.

. – Lu. – chamou – Vai fazer alguma coisa hoje?

. – Não... – respondi demoradamente sem me virar.

. – Quer ir lá para casa?

Me levantei e olhei para o lugar onde Lara devia estar e encarei o vazio, provavelmente ela fora em outra sala.

. – Bem... – girei o tronco e olhei para a carteira de trás, onde Léo estava sentado com aquele olhar de cachorro que caiu da mudança – Já que você quer tanto assim, tudo bem.

Em resposta ele abriu um sorriso largo que me fez tremer com um súbito calor no peito “Ignore, é só impressão sua” pensei.

A garota desaparecida chegou logo depois, sentando-se com um baque na cadeira e olhando para Leo e para mim.

. – Ah meu Deus! – exclamou subitamente – Primavera, pode me fazer um favor?

Gelo olhou com preguiça.

. – Primavera é sacanagem.

. – Desculpa, Leo – fez beicinho – De qualquer forma, pode me emprestar o Lu por alguns minutos?

Ele me olhou como se avaliasse o preço de alguma coisa.

. – Não sei por que está perguntando. – e fez um gesto com a mão.

Lara sorriu e me puxou para fora da sala mesmo sobre meus protestos e me levou para um canto afastado do colégio, no final da arquibancada na quadra.

. – Amor, sabe que eu nunca te pediria nada demais, não sabe? – começou com um olhar tranqüilo.

Olhei-a de cima a baixo.

. – Sei... – também arrastei essa resposta.

Ela me olhou com uma pontada de esperança.

. – Certo. – e segurou minhas mãos – Preciso te confiar um segredo.

. – Pelo amor do pai! – falei revirando os olhos – Dá para parar de putaria e falar logo?

. – Eu estou gostando do Leo.

Não sei explicar o que foi que senti na hora, mas me lembro de não ter sido agradável, algo que lembrava vagamente um soco no estômago ou aquele momento quando você está para passar a quarta marcha em um carro e acidentalmente passa a segunda, fazendo com que o carro pare e o motor seja cuspido para fora. Fiquei em branco por alguns segundos.

. – Lu? – ouvi uma voz familiar, distante – Lu, você está bem?

. – Hum? – perguntei balançando a cabeça – Desculpe, eu não estava esperando isso.

Lara me encarou por mais alguns segundos sem falar nada.

. – Quando... Desde quando? – disse após algum tempo.

Ela respondeu com relutância.

. – Desde sempre, na verdade, mas depois que você chegou foi a primeira vez que consegui realmente falar com ele e confirmar o que estava sentindo.

Olhei-a em branco ainda por alguns segundos, tentando ao máximo não mostrar o que estava se passando dentro de mim, aquele misto estranho de raiva e tristeza.

. – E porque você me contou? – perguntei.

. – Bem... É que eu gostaria que você me ajudasse a... – foi interrompida pela sirene de final do período – Me ajudasse a contar para ele.

Sem falar nada, me levantei e caminhei me arrastando de volta para a sala, vendo o mundo girar a meu redor, me fazendo ficar tonto. Sentei-me na cadeira sobre os olhares confusos de Leo e me virei para frente ainda em silêncio, continuando assim até o final das aulas.

Durante a ida para sua casa, surpreendentemente não fui bombardeado com uma enxurrada de perguntas sobre o que se passara, mas só com a costumeira conversa sobre nada. Chegamos ao apartamento e Gelo pediu uma pizza, me jogando uma muda de roupas que havia deixado em sua casa para ocasiões como aquela e uma toalha.

. – Se quiser pode usar o do meu quarto. – disse apontando para a esquerda – Vou usar o da sala de treino.

Dei de ombros e subi para o banho, deixando-me perder em meus pensamentos enquanto a água caía, morna, em minha pele. Devo ter demorado por volta de vinte minutos só naquilo, pois quando acabei de me aprontar vi Leo deitado no sofá da maneira de sempre: Assistindo cartoons e vestindo somente uma calça de moletom e um sorriso.

. – Quando vai resolver me contar o que deu em você hoje? – perguntou no momento em que se deu conta da minha presença naquela sala.

Respirei fundo e sentei-me no canto, com a cabeça de meu amigo no colo. Comecei a fazer cafuné.

. – Lara gosta de você. – disse após algum tempo encarando o vazio.

Ele suspirou.

. – Que pena para ela. – disse depois de alguns segundos.

Parei o carinho e olhei para seu rosto.

. – Por quê?

. – Eu não gosto dela, bem, não dessa forma – deu de ombros – Na verdade, gosto de outra pessoa.

A mesma sensação de cedo voltou.

. – Quem?

. – Sabe... De toda Looney Tunes os melhores cartoons são os do Coiote.

Entendi, ele não iria me dizer. Voltei a fazer cafuné.

. – Depois de tudo que passamos... – disse fazendo beicinho – Achei que você fosse confiar em mim...

Leo bufou e passou o braço por meu pescoço, içando-se para cima até ficar sentado, em seguida inclinou-se e me deu um beijo na bochecha. Congelei.

. – Eu confio o bastante para isso.

Não respondi e ouvi o interfone tocar, Gelo se levantou e atendeu com um sorriso.

. – Pizza. – disse e calçou um par de chinelos – Já volto.

Não demorou muito e voltou com uma caixa de papelão em uma mão. Comemos a pizza inteira enquanto víamos desenhos e discutíamos sobre como seriam as férias que já iam começar.

Já eram quase duas horas da tarde quando o interfone tocou novamente.

. – Será a Tia Laura? – Leo me perguntou confuso.

. – Não... – disse olhando para a tela do celular – Ela teria me ligado primeiro.

Ele se levantou com uma expressão de confusão no rosto e atendeu o aparelho, logo em seguida liberando o portão e me encarando com o olhar de alguém que vira um fantasma dançando o Can-Can.

. – Quem é? – perguntei, mas a porta do elevador abriu primeiro, respondendo minha pergunta.

Era um garoto com mais ou menos 1,50m de altura, vestindo roupas extremamente casuais e entrando no apartamento como se sempre houvesse estado ali ( e tenho que confessar, se não prestasse muita atenção, você diria que ele realmente havia estado sempre ali). Tinha a pele bronzeada, porém pálida, cabelos escuros e cacheados, estava um pouco acima do peso pelo que pude perceber, e acima de tudo, alguma coisa nele não parecia certa, alguma coisa soava dissonante naquele garoto. Leo continuava parado com a mesma expressão.

. – Bem... – o garoto começou a falar com um tom infantil e voz indefinida de um pré adolescente – Leo, não vai me cumprimentar? – seus olhos caíram sobre mim, olhos de cerejeira, de um tom castanho avermelhado que me fizeram tremer – Ou me apresentar seu amigo?

Gelo me olhou e encarou o garoto.

. – Desculpe, Hunter. – e correu para o menino, o abraçando – Eu não esperava te ver aqui, achei que estivesse no templo.

. – Templos não nos prendem pela vida eterna, sabia? – e retribuiu o abraço – Senti sua falta.

Fiquei olhando a cena intrigado: Um desconhecido viera do nada e entrara no apartamento, meu amigo estava o tratando de uma maneira que nunca havia visto antes alguém tratar outra pessoa.

. – Hunter... – disse soltando-se do abraço e apontando para mim – Aquele é Lucas, meu melhor amigo.

Confesso que senti uma pontada de orgulho e um calor estranho quando mencionou a palavra “melhor”. O garoto me encarou por um instante e depois se aproximou subitamente, me abraçando.

. – Obrigado por tirar Leo da fossa. – sussurrou em meu ouvido, me afastando com os braços logo em seguida – Sou Hunter, um sacerdote do templo de Hura.

. – Prazer... – falei me encolhendo um pouco.

Ele sorriu calorosamente e se jogou no sofá, levantando-se logo em seguida e retirando três pacotes negros e jogando em um canto, olhei mais atentamente e reconheci os objetos, Adagas.

. – Como passou com essas pela alfândega? – Gelo perguntou, sentando-se atrás de mim e passando o braço por meus ombros.

Hunter nos olhou por um segundo e sorriu com o canto da boca.

. – Simples, eu não passei. – e se levantou, andando em direção à prateleira no canto direito da sala e retirando a parte de baixo da mesma.

Leo se levantou e correu para onde o garoto estava a tempo de retirar das mãos dele algo que reconheci como sendo uma garrafa de vodca.

. – Você está louco? – perguntou, levando a garrafa consigo para o sofá – Só tem 13 anos.

O garoto revirou os olhos.

. – Vou tomar com ou sem o seu consentimento e você sabe disso.

. – Não vai não. – e levantou o gargalo até a boca.

Levantei a mão e puxei a garrafa para mim.

. – E você só tem 15. – olhei para os dois por um tempo – Seja lá qual for o problema, álcool não é a resposta.

Hunter me encarou.

. – Claro que álcool não é a resposta – apontou para a garrafa – Álcool é a pergunta, “Sim” é a resposta – olhou para Gelo – Não é, maninho?

Bene persona, agradeço a paciência e pouca reclamação que tenho recebido, mas agora que consegui finalmente ajeitar tudo, o ritmo de publicação volta ao normal, assim como meu tempo. Agradeço a todos, leitores novos ou mais antigos e como sempre prometo que agora que tenho tempo volto a responder os comentários pessoalmente. Um abraço deste pobre escritor a todos.

Gratzie :3

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Comentários

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....então??????????......que bom que vai postar regularmente........senti sua falta. Adoro esse tom de mistério.

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Hunter, Hunter, Hunter... Nome interessante. Tentando entender o porquê deste nome. Qual será o nome verdadeiro do garoto? Acredito que este não seja o nome verdadeiro dele. Templo de Hura... Vosso conto estás a me intrigar! E não sou do tipo que fica esperando para descobrir. Leo e Lu que fofura esses dois. Acredito que há um sentimento recípocro entre dois, que ultrapassou a amizade. Não estou afirmando que é amor. Porque o amor é algo muito confundido com outras coisas e bastante banalizado por quem o desconhece ou mal conhece. Lara que pena pra ela. Aguardo o próximo, em breve ao menos.

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Cara, que bom que você não abandonou o conto! Já tava preocupado se ia voltar a publicar. Ta muito bom e ficando cada vez melhor. Espero que seja possivel publicar mais rápido mesmo. Aguardo!

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Meu lindo senti muita sua falta e sua historia cada vez mais misterioza e perfeita.to amando cada capitulo e meus deus qual sera esse grande segredo estou muito curiso e muito feliz que voce voltou ao ritimo de novo fico muito feliz.

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Adorei sua série de contos. Demais mesmo.

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Vc é maravilhoso. Amo seu conto! Continua logo q eu estou morrendo de curiosidade. Beijão!

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finalmente outro capítulo, já estava com saudades. Vish, cada vez entendo menos desse conto, pois são muitos mistérios (consequentemente cada vez mais passo a gostar dele). =)

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Perfeito como sempre! Seu conto é de mais! Estou curiosissima. 1010101010

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magnifico e cheio de misterios como sempre, meu caro ustir não demore a continuar pois estou morrendo de curiosidade pra saber quem e esse tau de hanter, nota 10!

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Te amo escritor desse conto,magnifico,e pelo maninho o garoto deve ser irmao do gelo

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Bem Vindo de volta Ustir, esse capítulo foi um pouco breve, mas introduziu coisas bem curiosas (sacerdote? templo?), sinto que vai ficar melhor ainda kkk. Não ligue muito pros mimimis não, tem gente que se esquece que os escritores fazem porque gostam, não porque precisam. Aqui nem é como youtube que você ganha dilmas por view e like pra divulgação. Continue assim que puder :D

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Merecia um capitulo melhor hein! Mas esta otimo do mesmo jeito!

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demorou pra caralho hein ustir.... Mas mesmo assim ainda ta valendo o conto

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