O namorado da minha amiga *22

Um conto erótico de Jhoen Jhol
Categoria: Homossexual
Contém 4061 palavras
Data: 17/03/2013 21:52:24

Acho que é porque é cheio de turistas e é como se fosse uma vitrine do país não sei, mas achei muito legal isso. Nessa rua Mitre você pode comprar de tudo, e cheia de brasileiros, hihihi, acho que invadimos aquela cidade hihihi. Fomos almoçar num restaurante chamado família Weis, acho que é isso, mas não gostamos da comida e o serviço não nos inspirou a deixar propina hihihi.

Voltamos para o hotel e esperamos o transporte que nos levaria ao Cerro Catedral. Fizemos uma parada na Gruta de Nossa Senhora das Neves, muito linda, os disseram que é protetora dos esquiadores.

Há umas coisas tipo ex-votos lá, de promessas cumpridas e coisa e tal. É lindo! No Cerro Catedral não dá pra descrever, nunca vi nada tão bonito até então. Sentei e fiquei tentando absorver tanta beleza. O frio imenso, aquela paisagem e o abraço de Marcello...

Meu Deus eu senti meu corpo levitar. Não esquiamos nesse dia, voltamos à cidade para ver o centro cívico é onde está a delegacia, a prefeitura e etc... Amamos os são bernardos, há um monte deles por lá.

De lá fomos ver um museu com fósseis e outras coisas bem legais, e o melhor é que é gratuito hihiih. Voltamos à rua Mitre para tomarmos um chocolate quente e depois voltamos para o hotel, estávamos cansados e dormimos um pouco, sem banho mesmo, a vantagem da temperatura baixa é que não se transpira hahaha.

Acordamos por volta das 21h e nos aprontamos pra dar uma saída. Nos indicaram a Grisu, uma dance legal, mas Marcello não gostou muito e trocamos pela Roquet onde curtimos mais, conhecemos um grupo de brasileiros até bem legais, mas quando sacaram que éramos namorados meio que deram um gelo, tipo, meio que arrumaram uma desculpa para saírem de perto de nós.

Achei meio bobo da parte deles porque não há como ter preconceito num ambiente onde se vê muito homem beijando homem e muita mulher beijando mulher.

Bom o fato é que conhecemos um casal de Chilenos que estavam em Lua de Mel, Arnon e Cristina, lindos, educados, ambos médicos e o melhor, sem preconceitos. Já viviam juntos havia seis anos, mas resolveram tornar oficial a união dos dois.

Marcamos de esquiar no dia seguinte no Cerro Campanário a convite deles, no final da noite eles nos deram o telefone do hotel deles e marcaram de nos apanhar por volta das 14h. Voltamos ao hotel e ferramos no sono.

Só acordamos no outro dia já perto das 12h.

Tomamos café no quarto e depois do banho cochilamos mais um pouco, o frio é realmente grande e apesar do aquecimento é perceptível. Não levei muita fé, mas eles passaram mesmo para nos apanhar, Arnon e Cristina chegaram Às 14h em ponto.

Eles perguntaram se era nossa primeira vez em Barilo e fizeram questão de nos apresentar o Cerro Otto primeiro, A vista de lá de cima também não dá pra descrever. Há um bondinho que nos leva até o topo e tem um lance giratório muito legal. Tomamos um chocolate enquanto apreciávamos a vista.

Na verdade toma-se muito chocolate naquela cidade. Nessa viagem ganhei três quilos. Embaranguei feio hihihi.

Do Cerro Otto seguimos para o Cerro Campanário. O lugar é incrível. Lá tem a vista mais impressionante que já vi. Cristina nos contou com os olhos cheios d`água que o seu pai a trazia ali quando criança.

Ele é muito delicado e nota-se que teve excelente educação por seus modos sutis e refinados, mas tudo sempre natural e extremante simples. Recebi de Arnon uma aula de esqui, mas devo confessar que não tive muito sucesso, já Marcelo estava totalmente à vontade. Metido hihihi.

Foi uma tarde maravilhosa. Jamais havia estado num lugar tão lindo. “Quero me mudar para cá com você” Disse Marcello me abraçando enquanto me levantava de mais um dos meus tombos, “Mas e todo esse frio?” Perguntei a ele. “Bom se você me promover a cobertor de orelhas hehehehe” ele disse mordendo o lábio inferior enquanto ria.

“Você já é meu cobertor de orelhas” eu disse. Hihihi. Bom. O legal de estar com outro casal hétero e sem preconceitos é que a gente se sente muito mais normal que o comum.

No final da tarde quando nos deixaram de volta no hotel ele nos convidaram para jantar. Perguntei se não incomodaríamos ao que responderam que seguramente não.

Resolvemos aceitar. “São tão simpáticos não?” Perguntei a Marcello que tirando o casado disse “Simpático é você meu coelhinho” Bom caímos na cama e desmaiamos por umas duas horas quando levantamos e tomamos uma ducha maravilhosa.

Por volta das 22h eles nos apanharam novamente no hotel e fomos a um restaurante pequeno, perto do lago, em frente a Plaza Itália. O Ambiente a luz de velas era mais que acolhedor. A comida uma delícia, dessa vez a carne a pedido de Marcello veio mais bem passada hihihi.

Cristina conhece Florianópolis e pensa em visitá-la no próximo ano. Marcello deu umas dicas a eles e é possível que nos encontremos lá ano que vem. Marcelo quer me levar lá.

A certa altura notei que se você quisesse podia cantar algo no palquinho que havia ali com o auxilio de uma espécie de karaôque acrescentava sua voz ao o clipe que passava.

Aquele restaurante que mais parecia um chalezinho estava mais cheio e animado, todos muito felizes e desinibidos. Descobri que o local é gay friendly e que o nosso casal amigo era simpatizante. Haviam outros casais como nós.

Acho que Arnon e Cristina o escolheram por saber que nos sentiríamos mais à vontade. Um americano cantou para o namorado uma música linda, e como eu já havia tomado meia garrafa de um malbeque maravilhoso criei coragem, disse que ia ao banheiro e fui ao palco. Surpreendi Marcello. Sei que ele ama essa música.- Wonderwall - Oasis

Cantei num tom mais baixo, para não desafinar e consegui hihihi. Não sabia que Marcello se emocionaria tanto. Ele estava sentado de costas par o palco chorou como um menino e foi lindo sentir que toquei seu coração.

Depois que terminei fui aplaudido pela audiência, hihihi me senti um astro hehehe.

“Coelhinho, você é a pessoa mais linda do mundo, assim você me mata! You are my wonderwall!” Marcello disse me dando um abraço apertado.

“Son una pareja muy linda vosotros!” Disse-nos Arnon que nos revelou ter um irmão que era especial como nós, mas com o qual havia perdido contato há anos porque ao saberem em sua casa de sua natureza seu pai o expulsou.

Entendi muito de Arnon ali naquele momento. Era o seu irmão mais velho e eram muito ligados. Faço idéia de como deve ser duro para ele. Depois do jantar, caminhamos juntos, nós quatro junto ao lago Huapi.

Mais tarde nos despedimos, Voltaríamos A Buenos Aires na tarde seguinte, trocamos telefones e endereços. Arnon e Cristina são pessoas iluminadas, toda a viagem já teria valido se fosse só para conhecê-los. “Nos veremos en Brasil eh chicos!” Disse Arnon com um sorriso amigo que jamais esqueceremos.

Nos separamos, eles foram para o Hotel e nós para a Cerebro, nos despedimos da cidade dançando como loucos. Hihihi Marcello se entrega à musica eletrônica como ninguém e amo o ver dançar.

Tomamos mais uns tragos e houve um momento em que eu fiquei de pilequinho hihihi. “Marcello, eu acho que eu estou alto” Eu disse a ele que me respondeu “Eu te carrego” e completou “Você é o coelhinho de pilequinho mais lindo do mundo”. Não sei como voltamos para o hotel, mas me recuperei na banheira quente.

Lembro em flashes do peito de Marcello dentro da banheira, dos seus lábios e depois de estarmos na cama. Acho que jamais fiz amor com ele estando eu tão alto.

“O que foi aquilo quando voltamos para ontem à noite?” Marcello me perguntou sorrindo de manhã. “Aquilo o quê?” Perguntei com certo Receio hihiih “Você estava uma loucura Claudinho”.Marcello respondeu.

Lembro de partes do que fizemos não de tudo, mas foi muito bom, é muito bom fazer amor com quem se ama realmente. Estamos diferentes, algo está acontecendo dentro de nós, estamos realmente mudados.

Conheço um novo Marcello a cada dia e ele é para mim mais que o homem que me completa, me encontro nele e ele ao que parece se descobre em mim. Sinto-me mais adulto e mais seguro mais homem, mais inteiro e eu mesmo. Depois do desayuno, nós demos mais uma volta pela cidade e tomamos o avião de volta a Buenos Aires que vista desde do sul é ternamente melancólica e acolhedora.

De volta ao hotel nos instalamos para a última noite, retornaríamos ao Brasil na sexta. Telefonamos a Alonso como combinado e marcamos de ir conhecer a Amerika.

Bom eu nunca fui a uma boate gay antes, mas gostei muito. Não sei como são no Brasil, mas se forem como a Amerika vale a pena ir. Muito divertida, Marcello ficou um pouco ciumento como sempre, mas nada além da conta ele só não saiu de perto de mim um milímetro hihihi, fomos juntos até ao banheiro hahahaha.

Não sei do que ele tinha medo. Pablo nos apresentou uns amigos e o putz, putz, putz (como eles pronunciam o nosso tuntz, tuntz, tuntz) é ótimo. Valeu a noite. Temos agora os telefones e endereço de Alonso e Pablo que virão ao Brasil no final do ano.

Foi muito bom fazer amigos. O final da noite com marcello foi ele eu e uma garrafa de vinho em frente ao obelisco a não sei que horas daquela madrugada gelada de sexta.

Retornamos ao hotel e caímos no sono, às 10h30 despertamos, pedimos o café, e fechamos a conta e pedimos um táxi para a próxima meia hora. Após uma ducha reparadora descemos à recepção e pagamos.

Sebastián apertou minha mão e disse que fora um prazer ter nos hospedado, Marcello rosnou pra ele, ele se assustou, mas expliquei que significava um cumprimento numa espécie de gíria moderna hihihihi. . Entramos no coche e seguimos para Ezeiza nos despedindo pelo caminho de uma das mais incríveis cidades que já conheci.

Haveria sol naquele dia e pedi ao taxista que aumentasse a rádio um pouco. Demos adeus a Buenos Aires e ganhamos o aeroporto.

Antes do check in envelopamos as malas num filme azul escuro, é uma espécie de seguro contra subtração ou introdução de objetos em nossas malas. Fomos aconselhados por Alonso a fazer isso, segundo ele “algunas equipagens son violadas” Após isso um pouco de confusão, pois nosso vôo era varig e tivemos antes que ir à Gol.

Na volta percebi que a Varig é ligeiramente mais confortável e requintada, inclusive no serviço. Não sei porque, mas na volta as paisagens brasileiras nunca me pareceram tão lindas.

Sobrevoamos Porto Alegre e depois Florianópolis e estar sobre o Brasil me aqueceu. Ao nos aproximarmos do Rio, pouco antes de pousarmos ele transmitiu, na voz de Marina Lima, o samba do Avião do Jobim. “Esse charme só temos na Varig” Ouvi de Marcello.

Não sei se é por charme, mas voltar ao Brasil, chegar ao Rio, mesmo num dia de chuva, e ouvir essa música me estremeceu por dentro. Senti a mão de Marcello segurar a minha durante a aterrissagem macia.

Pegamos nossas malas e nos apresentamos às autoridades da alfândega que só perguntaram se tínhamos algo a declarar. O galeão é imenso! Nossa conexão para Brasília estava longe e tivemos que nos apressar.

Tudo correu bem, um pouquinho da habitual confusão e embarcamos de volta. Senti saudade do cinza e azul marinho dos ternos dos sisudos patrícios brasilienses. Além de nós um grupinho de rapazes e moças, não mais que dez, mostrava-se mais alegre.

Cochilei no trajeto no obro de Marcello e quando estávamos já enxergando as luzes da minha Brasília querida Marcello mais uma vez me surpreende, ele cantou pra mim Linha do Horizonte do Djavan, (eu amo essa música) a galerinha do banco de trás, adolescentes, fizeram coro na hora do trecho: “céu de Brasília traço do arquiteto, gosto tanto dela sim...” Alguns passageiros fizeram cara feia hahaha.

“Estamos em casa” disse a Marcello que me respondeu “Você é a minha casa!”.

Desembarcarmos sentindo logo nosso clima seco. Depois de pegar as malas vimos Guto que já nos esperava fazendo macaquices como sempre hehehe. Abracei Gutão e nem me incomodei com o fato dele usar litros de Hugo Boss hihihi ele sempre exagera hehehe.

“Como vocês dois estão hermanos?” Guto perguntou começando com a zoação. Ele nos levou pra casa de Marcello, seus pais estavam no sítio e meus pais não estavam em casa. Pelo celular minha mãe disse que pensou ter ouvido que chegaríamos no sábado.

Eles estavam fora da cidade também. Bom, assim resolvi dormir com Marcello. Guto pouco se demorou, mas deixou avisado que tínhamos churrasco na tarde de sábado. Marcello fez uma sopa que estava uma delícia, tomamos banho e fomos assistir um pouco de televisão no quarto dele.

Eu gosto de ficar deitado com Marcello assim, cochilamos um pouquinho e acordei mais tarde com ele passando a mão sobre meus cabelos. “O que foi?” eu perguntei a ele que sorrindo respondeu que estava me olhando dormir de boca aberta. “Gosto de ficar olhando você dormir, eu fico imaginando como vai ser bom quando estivermos dormindo todos os dias juntos” ele disse.

Nos abraçamos e voltamos a dormir, Brasília estava fria até para os nossos padrões.

No dia seguinte passamos a manhã juntos, acordamos tarde e fomos ao churrasco a tarde.

O domingo foi de almoço com meus pais que nos encheram de perguntas e pareceram muito felizes por estarmos de volta por conta de todo esse problema aéreo. A noite foi com os pais dele. Ele me deixou em casa mais tarde e ao nos despedirmos nunca foi tão difícil ir dormir sozinho.

Parecia que na minha cama havia espinho e nos telefonamos várias vezes à noite, nem ele nem eu tivemos uma noite boa. Essa coisa de ainda estarmos vivendo separados está começando a incomodar muito.

É horrível acordar e não ter o braço dele em baixo do meu travesseiro ou poder me aquecer no calor do peito dele durante a noite. Acho que posso ficar doente se não dormimos juntos por muito tempo e por mais que me aqueça sinto frio a noite inteira.

Cássio está viajando e volta dia 15, mas começo a achar que a cavalaria não virá e comecei a fazer um curso nesta semana objetivando uma outra colocação, não é bem o que quero, mas não dá mais pra esperar. Agora acho que quem mais deseja uma vida comum com Marcello sou eu, eu não sei mais nem dormir sem ele.

Amigos, a nossa viagem foi linda e a todo tempo pude sentir a presença da energia boa de cada um de vocês comigo e por mais que a Argentina seja linda bom mesmo é estar no meu país e entre as pessoas que tanto amo. Amo vocês, obrigado por existirem e por tanto me ajudarem. Beijo a todos.

A tristeza, vestida de cinza, vez por outra quis fazer casa aqui, mas procurei não deixar. Quando ela aqui chegava com a desculpa de breve visita, eu convidava a esperança para a festa.

Sei que as duas não se dão. A tristeza sempre ia embora, pois não suportava a alegria escandalosa da esperança e seus modos de desmedida crença no futuro; nós, a esperança e eu, horrores falávamos da tristeza pelas costas e ríamos crendo que depois da noite viria outro dia.

Não era fácil, esquecer-me da tristeza, pois a todo tempo recebia um recado seu entregue pela minha mãe quando reclamava do preço dos remédios do meu pai, ou sobre como havia ficado mais caro o supermercado. Saber que o estágio só mais um mês duraria e que daí em diante só havia a perspectiva do abismo da incerteza me incomodava sobremaneira.

Num dia desses em que até o pé lhe pisam no ônibus, no meio de uma bronca, sem razão, que recebi do chefe imediato me senti imensamente só e sem rumo, sabia que nenhum de nossa equipe seria recontratado.

Ao voltar pra casa encontrei minha mãe ao telefone em conversa com minha irmã, temi ter que falar-lhe, jamais fomos tão próximos e ela nesses últimos tempos, minha irmã, havia se tornado ligeiramente mais ácida. “Não quer falar com sua irmã, Cláudio?” Minha mãe perguntou já me entregando o telefone. “Tudo bem por aí?” Perguntei juntando dentro de mim o suficiente para expressar um sorriso que fosse percebido do outro lado da linha.

“Já conseguiu aquela vaga de estágio? A mãe tem dito que os remédios do pai estão mais caros. Depositei parte do dinheiro das despesas médicas nesse mês, mas não sei se posso fazer o mesmo no próximo”.Recebi essas palavras como uma saraivada de balas. Ela nem ao menos me perguntou como estava a faculdade ou mesmo se bem eu me encontrava.

“Descanse mana, esteja certa que haverá solução e que você não será importunada” Respondi da forma mais doce que pude, ela está gestante novamente e sensível mais que do que é de hábito. “Eu não quis dizer que me incomodava, Cláudio, mas é que você tem que tomar uma atitude e não ficar viajando como se...”

Eu a interrompi e disse que precisava sair para a faculdade e que gostaria muito de saber sobre seu universo de especulações sobre a forma como eu conduzia minha vida, mas que naquele momento não tinha tempo. Entreguei o telefone para minha mãe que pareceu perceber certa tensão entre nós, mas como sempre se manteve calada, melhor assim, a variação a essa regra seria ela se posicionar ao lado da minha irmã.

Dentro deste quarto, senti que o teto descia sobre mim. Tivemos um ajuste na mensalidade da faculdade o tratamento do meu pai ficou mais caro. Despesas em ascensão e ingressos em curva negativa - odeio quando tenho que lidar com essas expressões.

Eu me vesti depois do banho e fui pra faculdade. A aula foi péssima, o dia havia sido complicado, a umidade baixa me fazia ouvir sinos e Marcello e eu não havíamos nos falado ainda. Dormir separado dele é sempre incômodo; acostumar-se com coisas boas é da natureza humana e ver-se privado delas, tormento.

Estive sem carga no celular todo o dia e Marcello deve ter passado pelo mesmo. Comunicação pessoal por telefone fixo agora era impossível no estágio, nosso carrasco, digo, chefe, havia proibido. O fato é que nem esperei que Marcello pudesse ir me apanhar na faculdade, pois ele tinha prova e sei que esse exame não iría terminar cedo.

Naquele dia, ao sair, caminhava para o ponto de ônibus quando ouço “Oi oi oi, onde você vai, mocinho?” Marcello vinha em minha direção. Como foi bom ele aparecer naquele momento.

Eu estava muito mal com a conversa atravessada com minha irmã, com o fato do estágio atual estar uma droga e com o situação de eu não ser recontratado, os trabalhos da faculdade que exigem um grau de dedicação que me dói não poder dar neste momento.

Tudo isso formava um nó na garganta. Abracei Marcello que sentiu que eu não estava bem. “Fiquei sem celular e no seu trabalho não transferem a ligação, Sua mãe disse que você veio pra faculdade e eu estranhei você não me telefonar quando chegou à casa. O que está ocorrendo?” Marcello me perguntou percebendo que eu não estava bem.

Expliquei a ele a situação que a tudo ouviu sem dizer uma palavra que fosse tão somente se reservando a expressar certo assombro com o fato da minha irmã me pressionar.

Quando a torrente de lamentos que verti cessou, Marcello me deu um abraço demorado e disse: “Esse coraçãozinho está muito pesado, vem comigo”. Dele recebi o sorrido que os pais dão aos filhos após uma queda de bicicleta e o fato dele estar ali me fazia melhorar.

Subimos na moto e fomos para sua casa, havíamos combinado que as sextas, depois da faculdade, faríamos assim. Os seus pais normalmente vão para o sítio na tarde das sextas. Quando lá chegamos tomamos um banho e deitamos na cama. Ficamos abraçados um tempo e lembro de ter chorado nos braços dele.

Desde pequeno minha irmã sempre teve o poder de me fazer sentir mal. “Cláudio, você sabe bem que não precisa se preocupar em como pagar a faculdade” Marcello disse. E completou, sei que não é só isso, sei das cobranças as quais você está submetido.

Entendo pelo que passa e não se ofenda como que vou dizer, não quero que entenda mal. Pelo amor de Deus, mas enquanto você morar com seus pais eles nunca enxergarão esse homem maravilhoso que você é e pelo qual eu me apaixonei. Sempre o verão como um garoto enquanto você estiver sob o mesmo Teto deles, Sei o que falo.

O mesmo ocorre com a sua irmã, ao que sei ela sempre se sentiu a princesa e o fato de fazer pressão sobre você é certo ciúme que nutre agora que está longe e seus pais lhe dão uma atenção que ela acha que é dela”

Ouvir isso de Marcello me pareceu estranho, ele nunca tecia comentário algum sobre a forma como eu me relacionava com a minha família, mas entendi o que ele quis dizer. “Não gostei da forma como sua irmã falou contigo” Ele completou, visivelmente contrafeito.

“Claudinho, não entenda mal eu adoro seus pais, mas eles realmente pressionam você de uma forma que não fizeram com sua irmã, pelo menos é o que parece” Marcello prosseguiu.

Eu disse a ele que compreendia o que ele queria dizer. Ficamos ali um tempo calados, sentíamos a respiração um do outro. Ponderei sobre o que ele havia me dito. “Bom, eu vou me vestir para sairmos, não vou deixar você de bode, viu?” Disse ele me dando um daqueles sorrisos que eu amo e me fazendo cócegas. Eu na verdade até queria ficar em casa, mas isso só serviria para ficar remoendo mágoas resolvidas ou não.

Ele se vestiu e eu também, há umas roupas minhas no armário dele, quando voltamos de viagem terminei por esquecer algumas em sua casa as quais ele não me entrega, ele justifica dizendo que quando saímos às sextas isso facilita, mas ele já confessou que gosta de ter roupas minhas misturadas às dele

...Quando ouvi isso tive que entregar também que quando vou dormir só, aqui na casa dos meus pais eu sempre abraço uma camisa dele que ele esqueceu aqui. Coisa de gente boba eu sei, hihihi.

...“Hoje eu quero sair com você sem destino, sem roteiro, sem hora pra voltar, vem comigo?” Marcello me perguntou de uma forma que no “Claro” que respondi veio junto um sorriso que não pude conter. “Põe no ouvido” Disse ele colocando os fones do Ipod no meu ouvido e completando “eu escolhi essa pra você ouvir agora, eu sei que você adora esse cara. Me abraça forte porque eu vou acelerar”

...Marcello tem a sensibilidade de me dizer por meio da música tudo que há dentro do seu peito. É como se ele me estudasse e soubesse o que me dizer, a hora e a forma. Não quero perder nunca esse canal que existe entre nós dois, essa forma de falar um ao coração direto ao coração de outro.

... http://www.youtube.com/watch?v=oFkSMHle8-M (MIKA - Happy Ending)

...O ronco da moto, a voz de Mika, o calor e o perfume do corpo de Marcello me fizeram esquecer de tudo que estava me deixando triste naquele instante e eu lembrei que meu destino podia ser outro.

...Recordei que sou bem mais que o filho ou o irmão, sou bem mais que tudo aquilo, maior que os problemas. Lembrei que sou alguém e não apenas um componente familiar sujeito unicamente à pressão e a quem a vida decidiu cozer no vapor das aflições.

...Percebi que está sob o meu domínio trilhar um caminho melhor. Velocidade, remédio de efeito imediato para os problemas, aprendi com Marcello. Não bastasse a adrenalina ele me deu de presente o som daquelas gargalhadas que me alimentam a alma, às vezes penso que poderia me alimentar do seu sorriso.

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Valeu galerinha, espero que os outros possam ver a continuação! Eu também acessa sempre o conto quando não tinha conta.

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Comentários

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Que bom que alguém tinha esse conto, fiquei triste quando via que o Renan não postava mais. Essa é uma das melhores histórias que eu ja li. Abraços

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Cara, parabens adorei seu conto, se eu pudesse lhe dava mil mas como só vai ate 10... rsrs :*

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Cara, virei teu fã eu amo esta história.

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O casal mais fofo e lindo da cdc*-* e uma das melhores que já li na cdc. Uma coisa que gosto muito, são as músicas citadas no conto. São muito boas. Coelhinho e Cachorrão tinham bom gosto musical rsrs. Sempre tento ouvir lendo o conto. =)

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não me canso de dizer que essa história é linda

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