Revanche - Cap. 4 (B)

Um conto erótico de Emmet Thorne
Categoria: Homossexual
Contém 2184 palavras
Data: 02/02/2013 02:35:38
Última revisão: 02/02/2013 02:40:17

— Eu descobri o paradeiro da Rainha. E sim, alguém a sequestrou. Tum, tum, tum, tum! Não dispare assim o seu s2 coraçãozinho.

— Quem foi?! — gritei já exaltado, mas me contive — Quem foi, Nathan?

Tio João. Não era de se imaginar. Afinal, como ele podia ter se recuperado da queda de anteontem que o fez passar o dia todo de ontem no hospital. Certamente ouviu os boatos sobre a minha deportação, isso explicaria, me identificou e tentou absurdamente impedir Victória. Estava realmente surpreso. Pedi que Nathan me mandasse as coordenadas e o mandei se preparar, pois entraríamos em ação, e quem diria, para salvar Victória.

Em todo o trajeto para o cativeiro, Nathan me relatava como havia conseguido a informação. Disse que havia entrado no sistema de câmera de segurança da garagem da sede do governo. Lá, tio João esperava Victória armado e a rendeu, a obrigando entrar em um de seus carros. Para descobrir o paradeiro foi fácil, ele invadiu o sistema de GPS que Capeside tem. Provavelmente a polícia também iria descobrir tudo isso. Porém o fato de Nathan ter descoberto antes, nos deu vantagem. E era com essa vantagem que explicava detalhadamente a Nathan como salvaríamos a Rainha.

Chegamos ao local. Era um galpão abandonado. Estudamos o local e percebemos que tinha uma entrada pelos fundos por meio de tubulações. E mesmo atropelado com as faltas de habilidades físicas de Nathan, conseguimos chegar e nos esconder em um cômodo atrás ouvindo uma discussão calorosa.

— Que asneira você pensa em fazer? — esbravejou Victória continuando uma discussão — Já que sua adorável transa Emmet, por quem você arrisca a sua jugular, será deportado de qualquer jeito! Você hein... Sempre metido em ninharias!

— Ignorante fui eu quando cedi as suas chantagens por covardia! Você não me denunciaria caso escape, Victória. Nossos segredos estão interligados. E não importa o que tenho com o Emmet, o que importa é que não deixarei você deportá-lo assim como você levou o meu Armando!

— Eu já nem me lembro daquele passado deplorável! E encare sua frustação do passado e viva o presente se ainda planeja permanecer no meu futuro!

Tio João sacou o revólver da cintura, descontrolado, e apontou para a testa de Victória. Ela estava amarrada, numa cadeira, acuada. Nada me divertia mais do que aquela visão. Nada me interessava mais do aquela estranha discussão. Porém Nathan devia agir.

— Bangue-bangue! — surgiu Nathan a eles — Brincando de roleta russa ou tiro a alvo?

Tio João mirou o revólver para Nathan e o sardento tratou logo de falar a sério.

— Calma, calma! Nunca fui fã mesmo de filmes de faroestes. Não, é sério! Eu vim apenas trazer um recado do Emmet. — os dois olharam assustados — E sugiro que para ouvi-lo, titio, a nossa realeza tenha um sono digno de beleza.

Nathan deu seu sorriso sarcástico e tirou do bolso um vidro de clorofórmio e um pano. Caminhou lentamente até Victória, que o olhava assustado. Tio João, cedeu seu lugar para Nathan, olhando desconfiado e o mantendo na mira do revólver.

— Estou a mando do Emmet. Caso acorde, saberá se isso foi bom ou ruim. — sussurrou Nathan no ouvido de Victória, molhando o pano e a fazendo respirá-lo e dormir.

— Good job, Nathan. Agora é comigo. — surgi do nada fazendo com que tio João se virasse para mim — É bom saber que você está bem fisicamente. Não esperava aquele final trágico daquele dia. Espero que você tenha realmente me perdoado. Assim como quero te perdoar da asneira que você está fazendo e dar a opção de um final feliz.

Dei um meio sorriso na tentativa de amenizar o clima. Mas ele mantinha-se ali, parado, com todo aquele corpo exagerado de músculos e sua constante expressão furiosa. Gosh, como ele era sexy. Notei que ele segurava a arma, porém estava apontada para baixo e com o seu braço junto ao corpo. Indiquei para o meu cúmplice, e Nathan, que estava atrás, logo deu um chute na arma fazendo a parar no centro do galpão. Tio João se virou e deu um golpe violento no galego, que o fez praticamente desmaiar no chão de dor.

Era a hora. Ao ver que corria para pegar a arma, tio João largou Nathan de mão e partiu pra cima de mim. Será sempre duro combater com aquele homem. Quando estava próximo da arma, ele me agarrou pela barriga, deu um giro voltando-se para trás e me jogou no chão. Quando ele voltou-se em direção da arma, levantei-me num salto, empurrei-o, o fazendo cair de joelho e apliquei um chute na sua lombar, fazendo ele cair no chão. Ao passar por cima dele, ele agarrou as minhas pernas, levantou-se me erguendo com aqueles braços de ferro e me jogou no chão. Não adiantaria lutar, ele pegaria a arma de qualquer jeito. E como feito, ele conseguiu alcançar a arma, porém quando ele foi mirar em Victória para atirar, se surpreendeu, ao ver que eu já havia conseguido estar na frente dela.

As mãos deles suavam, tremiam. Seus olhos furiosos estavam cheio d'água. Nathan se contorcia no chão de dor. I was fucked.

— Sai... Da... Frente! Prefiro tua morte, piá, se isso significa que tu salvarias esta mulher.

— Eu jamais salvaria alguém que lança pessoas em calabouços por diversão! Porém a morte de Victória só faria o seu povo se revoltar contra mim, caçar o assassino e causar um reboliço. Seria uma morte coletiva. Agora, se eu heroicamente salvar a Rainha da morte, o povo me idolatraria.

Nunca havia visto um olhar de fúria transforma-se tão rapidamente em admiração. Nathan deu uma alta risada pelo meu plano. E eu me aproximei lentamente de tio João.

— Me bate! — ele me olhou assustado — Me espanca com toda a raiva que você guarda dessa mulher! Faz com que o povo acredite que eu enfrentei sequestradores para salvar a Rainha! Faz com que a gente vença a Victória! Me bate! Me bate, seu merda!

Tio João me deu apenas dois golpes que me fizeram cair no chão com um belo hematoma e jorrar sangue. Ordenei que tanto ele como Nathan fossem embora, pois quando cheguei ao depósito, enviei um SMS para polícia e eles já estavam a caminho. Nathan guiou tio João. E logo a polícia chegou, invadindo o local, junto com Daniel, Ellen e Conrado, acordando Victória e me fazendo perguntas. Disse que recebi um SMS para vir ao depósito com uma quantidade de grana e que não podia avisar a ninguém. E assim quando cheguei fui surpreendido pelos sequestradores, porém consegui lutar com eles, me machucando, mas os fazendo fugir. E foi então que mandei o SMS para polícia. Victória concordou, acho que temia acusar tio João. Mas não me poupou como pensei.

— Foi um dia inesperado, mas ainda tenho uma festa para ir. Emmet, insisto na sua presença lá. Deportação é um tema que lhe cabe muito bem — afirmou sorrindo chocando a todos, principalmente a Daniel, que tentou, mas manteve-se passivo.

E estava feito. A noite, a belíssima festa num casarão bem próximo a um cais, estava lotada. Estava prestes a perder a batalha. Estava ali, olhando para o mar, quando senti que Daniel sentou ao meu lado. Curtimos o silêncio.

— É rapaz, quando eu te vi realmente não fui com a tua cara! O teu jeito! Parecia que éramos inimigos em vidas passadas, ta ligado? Mas aquilo man... De estar em um local novo, começar uma história. Me quebrou total! Brother, como eu gostaria de... Ser um outro Daniel, não ser dessa família louca que... É muito foda ser eu! (...) Aí, lá vou eu vacilando de novo. Falando dos meus problemas enquanto tu tas ai... Mega fodido.

— É. — concordei rindo — Mas eu não fui muito sincero com você. Na verdade, Capeside não é uma página em branco.

— Do que tu tas falando?

— Quando eu tinha uns 5 anos, apesar de ser americano, eu estava morando no Brasil. No sul do Brasil. Exatamente em Capeside. Essa coisa da gente se conhecer, quem sabe a gente até não se esbarrou por aqui?! Mas enfim... Meus pais tiveram uma chance milionária para voltar para América, aqui era um tédio, e nessa volta pra lá eles... Faleceram num acidente de carro. E recentemente percebi que eu precisava voltar, estar aqui. E também percebi que às vezes é mais nobre encarar a realidade tediosa do que aventurar-se em sonhos, que quando fuga, tornam-se pesadelos.

Percebi sua comoção com minha falsa história. Ficamos no seu silêncio até ele dizer:

— Você segura minha mão? Porque eu temo chegar ao cume e me desequilibrar.

Não entendi, mas ele cobrava uma resposta, então assenti. Ele pegou as minhas mãos e a gente se dirigiu entrando na festa. Lá, Victória estava exuberante, num palco, com o microfone na mão, fazendo seu discurso com minha foto no retroprojetor.

— Homossexualidade? Um tema vulgar, vocês não acham? Porém precisarei debatê-lo para que compreendam a minha peculiar atitude. Não, não, não, eu não sou homofóbica. Termo que usam no exterior. Eu sou zelosa. Vocês sabiam que a AIDS é constituída em massa por bichas? Perdão, homossexuais. — debochou — Ou que lá fora banheiros masculinos, transportes públicos, são usados para que esses seres pratiquem suas libertinagens? Pior é o modo promíscuo, que a Bíblia abomina, e eles usam para se relacionarem sexualmente, se é que vocês me entendem. Senhoras e senhores, eu vos pergunto, é isso que vocês querem? Que Capeside torne-se um local libertino? Eu não quero. Eu zelo pelo meu país! E é com esse zelo que anuncio, que infelizmente mesmo...

Victória abaixou a cabeça por longos segundos, fingindo tristeza. E foi nesse tempo, que Daniel pegou-me pelo braço, caminhamos entre todos e subimos no palco. Ao nos ver de mãos dadas, Victória olhou sem entender e Daniel tomou seu microfone.

— Que tudo isso é preconceito, e que a coroa aqui, não tolera esses rótulos que infelizmente existem. Afinal, povo de Capeside, eu anuncio, ou melhor, oficializo a vocês... O meu namoro com Emmet Thorne.

Victória fez um grande esforço para não cair para trás. Fiquei realmente surpreso pela coragem de Daniel. Um forte murmúrio tomou conta do local. Conrado, da plateia, estava bobo. E vi Ellen, retirando-se do local, pasma e chorando. Pensei em ir atrás dela, porém sentia o quão forte Daniel apertava a minha mão. E mantive a minha promessa.

Com a virada que teve, o show de Victória foi cancelado e as cortinas fechadas. Porque a briga esquentava era mesmo nos bastidores. E conseguia ouvir tudo escondido junto com Nathan.

— Daniel, você passou dos limites! Como ousou me afrontar, me humilhar, passar por cima de mim por aquela bichinha americana, que não fez o que eu fiz por você, e só veio para cá para me tirar a paz!

— Virou também xenófoba? Caramba mãe, eu implorei pra que tu...

— Não tente se justificar! Pois eu deveria te deserdar e...

— Tenta a sorte! — exclamou Daniel determinado — Se eu fosse tu, aprenderias mais a me ouvir. Porque eu descobri, que quando eu quero, a minha voz pode ecoar muito mais forte do que a tua. Ah, e deixa de ser iludida, porque o Emmet está cagando por tua paz. A única razão dele estar aqui é pelos seus pais, que viveram e moraram aqui há 20 anos atrás.

Daniel olhou sua mãe com menosprezo e saiu. E enquanto Victória ficava sem entender e tentando aproveitar o útil daquela informação, Nathan me indagava inteligentemente.

— Então você deu novos panos para desenrolar. E pelo visto foi proposital, afinal rainhas não entendem de tecidos, não é mesmo? — ironizou e apenas sorri — Mas e o titio João? Você podia ferrar total com ele, mas preferiu... Trepada Emmet, não é?

— Are you jealous? E sim, eu transei com o tio João, afinal é impossível não desejar aquele homem. A vingança do tio João apenas foi adiada. Ah, e também é impossível de não te admirar, Nathan.

Me aproximei de Nathan beijando sensualmente o canto de sua boca, e ousei, pegando sob seu pau na calça, o assustando. Agora era minha vingança. Sorri e sai, realizado.

Ao chegar em casa, descansei. Tomei meu relaxado banho e sentei-me a lareira com o laptop e o vinho para comemorar o declínio de Victória. Ao abrir o notebook, já tive uma inesperada surpresa. Assisti Victória, no quarto, falando ao telefone com Frank, seu detetive e um segurança particular.

— Então o que você descobriu sobre esse Emmet Thorne? (...) Isso é muito maior que eu imaginava, Frank! (...) Não, não! O tal filho do David Calvin, aquele Armando. Eu enviei aquele menininho que para o centro de cura gay. E se esse Emmet também esteve internado lá, os dois possuem idades parecidas, então eles conviveram juntos e é muita coincidência quePode deixar. Porque eu vou aniquilar a existência dessa bicha!

Para os justos existe a absolvição. Para os ímpios a penitência. Pois proteções tornam-se violáveis e hierarquia desfeita. Penitências fazem com que aquele que estava do alto do telhado caia e tenha que enfrentar, enfraquecido e humilhado, o lobo cara a cara.

— Não sem antes de eu arruinar a sua vida. — afirmei sorrindo, dando um gole do vinho e fechando o notebook.

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Comentários

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Acheii maravilhosa a atitude do Daniel em proteger o armando mais tambèm acheii que o tio joão teve uma boa intencão quando sequestrou a bruxa tomara que o emmet não se vinge dele.

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