Entre a Tempestade e a Bonança - Cap. 3

Um conto erótico de BinhoOoO
Categoria: Homossexual
Contém 1466 palavras
Data: 08/01/2013 14:43:49

Enzo

Dirigia como um louco pela autoestrada que envolvia a cidade, a velocidade me acalmava, me distraia. Mas por que eu precisava de distração? Não conseguia parar de pensar em Lucca, no sorriso em seus lábios assim que ele acordou e seus olhos encontraram os meus. Ainda sentia o calor de seus toques em meu corpo, ainda sentia o gosto de seus lábios. “Por que me sinto assim?”. Essas eram as palavras que eu dizia repetidamente a mim mesmo. “Por que estou me sentindo assim?”.

Os carros eram ultrapassados, tornando-se meros borrões, os sons desapareciam, só sentia o vento em meus cabelos e, de repente, a voz de Lucca me dizendo bom dia. Só podia estar ficando louco, eu mal o conhecia, como podia pensar nele desta maneira?

Em meio a este turbilhão de pensamentos meu celular tocou. Reduzi a velocidade e atendi, era Augustin, fazia algumas semanas que não conversávamos, o que deveria ser?

Enzo: Olá Gus, como você está?

Augustin: Não há tempo pra isso, parece que o Zack fugiu de casa

Podia sentir certo desespero em sua voz.

Enzo: Acalme-se, me diga o que você sabe

Augustin: Eu fui até a casa de Zack porque fazia muito tempo que não tinha notícias dele, encontrei sua mãe com cara de choro e extremamente irritada, ela me disse que não sabia onde ele estava e que não se importava. Eu saí correndo para tentar procurá-lo mas não sei onde ir.

Enzo: Gus, pare, se acalme. Você não pode surtar assim. Eu acho que sei onde ele está. Lembra daquele parque onde ele gostava de ir e ficar observando o lago?

Augustin: Sim, lembro. Você acha que ele está lá?

Enzo: Tenho quase certeza. Me encontre lá, estarei chegando em meia hora

Augustin: Ok, já estou a caminho

Desliguei o celular e acelerei, como se uma vida dependesse disso e, considerando o histórico de Zack era bem possível. Me lembrei da vez em que ele se cortou no banheiro, Eu e Gus o encontramos já pálido em meio a grande poça de sangue que se alastrava pelo piso branco. Gus se desesperou e começou a gritar pela escola, eu o peguei nos braços, seu corpo pequeno como sempre foi e o carreguei até a enfermaria. Ficamos juntos até que ele entrou para a sala de cirurgias do hospital onde teve seus pulsos remendados. Peguei o primeiro retorno e praticamente voei até o parqueAugustin

Ao desligar o telefone eu corri, corri desesperadamente. Eram uns 10km até o parque, mas me preocupava mais e mais com Zack e só de pensar na besteira que ele poderia estar fazendo já me enjoava e me desesperava. Não sentia cansaço ou dor. Simplesmente corria, corria e respirava, meus pensamentos em Zack, no rosto de sua mãe, na imagem dele caído no chão do banheiro com os pulsos cortados. Zack era um irmão pra mim, uma pessoa que eu amava e que, mesmo com a distancia que havia surgido após o fim da escola, ainda me preocupava com seu bem estar.

Cheguei ao parque e o carro de Enzo já se encontrava no estacionamento, corri para o lago que ele havia mencionado.

Augustin: Enzo!!

Enzo: Estou aqui!!

Augustin: Você o encontrou?

Enzo: Não, não encontrei. Estou preocupado, você tentou ligá-lo?

Augustin: Tentei antes de sair de casa pela manhã

Enzo: E o que você está esperando?!

Enzo sempre gritava comigo quando nervoso, mas imagino que era por culpa de meu desespero que me cegava e me confundia.

Augustin: E se ele...

Enzo: Não diga isso, ele não vai fazer isso de novo. Ele não pode fazer isso de novo!

Outro grito. Eram como lacerações em meu peito. Sentia a rispidez de sua voz e aquilo me machucava, mas eu entendia que ele estava nervoso.

Enzo: O que você está esperando?! Ligue para ele!!

Augustin: Está bem, estou ligando!

O celular chamou, chamou, chamou. Cada vez que ouvia o som meu coração acelerava e meu desespero crescia gradativamente. Até que uma voz desconhecida atendeu.

?????: Alô, é o celular do Zack.

Augustin: Onde ele está?

?????: Estou no hospital com ele. Ele está muito machucado.

Augustin: Qual hospital?

?????: St. Phillippe

Augustin: Okay, estamos indo aí

Desliguei sem nem perguntar o nome da pessoa que talvez tenha salvado a vida de meu melhor amigo.

Enzo: Encontrou?

Augustin: Sim, parece que ele está no hospital. Enzo, ele está ferido e...

Enzo me abraçou.

Enzo: Vai ficar tudo bem. Você sabe qual hospital ele está?

Augustin: St. Phillippe

Enzo: Okay, entre no meu carro, estamos indo pra lá

E correndo novamente, partimos em direção ao hospital. O mesmo hospital onde minha mãe ficou internada antes de falecerZachary

Onde estou? Não consigo distinguir nada. Minha vista estava embaçada. Tentei coçar os olhos mas não conseguia me mover. Imagens foram se formando e só podia ver uma forte luz apontada para meu rosto. O cheiro era característico, era óbvio que estava em um hospital.

Zachary: Alguém está ai? Onde estou?

Um garoto correu para dentro da sala. Um garoto muito bonito por sinal.

Lucca: Ah que ótimo! Você acordou!

Zachary: Onde estou?

Lucca: Hospital St. Phillippe. Você desmaiou em meu carro enquanto vinhamos para cá lembra-se?

Zachary: Lembro de estar em um carro com você, a propósito, obrigado por me ajudar

Lucca: Não tem problema. Imagino como você está se sentindo.

Zachary: Não, você não tem ideia

Lucca: Então você foi expulso de casa?

Zachary: Como você sabe?!

Lucca: Você mencionou antes de apagar no carro

Zachary: Ah, sim...

Lucca: E posso perguntar o porque?

Zachary: Bom, digamos que minha mãe não soube aceitar nossas diferenças

Lucca: Então você é gay?

Zachary: Ahn? O que? Mas como?

Lucca: Eu também sou, já estive no seu lugar

Zachary: Ah sério?

Lucca: Sim, eu passei por algo parecido

Zachary: Entendo

Lucca: Ah, já havia me esquecido. Um amigo seu ligou em seu celular, ele está vindo ver você.

Zachary: Que amigo?

Lucca: Na identificação do celular dizia “Augustin”

Augustin me procurou? Ele devia estar preocupado. Será que minha mãe pediu para que ele me procurasse? Não. Com certeza não. Ela ainda me odiava não é?

Lucca: Bom, deite-se e descanse mais um pouco. Depois veremos o que fazer com seus ferimentos e onde você vai dormir

O garoto tocou meus olhos e fechou-os. Suas mãos eram macias e seu toque suave. Devia estar cansado pois o sono me alcançou rapidamenteLucca

Fechei os olhos do pequeno garoto e quase que instantaneamente ele adormeceu. Agora era esperar o amigo chegar. Me sentei nos bancos do lado de fora do quarto e fechei os olhos, processando lentamente tudo o que aconteceu nessa manhã. Me lembrei de Enzo, dos seus olhos, dos beijos, do beijo que roubei ao deixá-lo. Conversar com Zachary me fez lembrar de minha adolescência, quando me assumi para minha mãe e meu pai, como eles brigaram comigo e entre eles. Foi como se a lembrança de cada tapa, soco e palavras me cortasse profundamente novamente.

Decidi sair para espairecer do lado de fora do hospital.

20 minutos depois e talvez 5 voltas em torno do hospital (ou seriam 6?) retornei para verificar se Zachary ainda estava dormindo. No corredor onde se encontrava o quarto vi um garoto andando de um lado pro outro, aparentava desespero e falava rapidamente com outro garoto que estava de cabeça baixa sentado ao banco. Me aproximei.

Lucca: Oi, você deve ser Augustin

Augustin: Ah oi, sou eu sim. Você deve ser quem trouxe o Zack para cá imagino

Lucca: Eu o trouxe

O garoto que está sentado levantou a cabeça.

Enzo: Essa voz. Lucca?

Olhei assustado com a tamanha coincidência que o mundo proporcionou, assustado mas agradecido.

Lucca: Enzo? Você é amigo do Zachary também?

Enzo: Sim sou. Onde você encontrou ele?

Lucca: No parque, ele estava todo machucado. Parece que foi expulso de casa

Enzo: Mas por que ele estava machucado? Tinha alguém mais lá?

Lucca: Não, não tinha

Enzo: Preciso saber o que aconteceu. Preciso falar com ele

Lucca: Ele está descansando é melhor deixar pra depois que ele acordar

Augustin: Mas ele está bem?

Lucca: Sim, ele só deve estar cansado

Augustin: Que bom

Enzo virou as costas e estava saindo.

Lucca: Onde você vai?

Enzo: Preciso sair

Lucca: Mas eu queria conversar com você sobre nós

Enzo pareceu congelar no lugar. Augustin se assustou.

Augustin: Nós?

Queridos, este foi o 3 capítulo. E ai? Lucca não sabia da paixão platônica de Augustin por Enzo e parece que ele vai descobrir da pior forma. O que aguarda Zachary em seu futuro? E Enzo? Parece que o universo conspira para que ele fique com Lucca não acham?? Então não percam o próximo capítulo. Como sempre, comente, critiquem, façam sugestões. A opnião de vocês é muito importante para mim.

Até a próxima!!

BinhoOoO

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Comentários

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Você simplismente domina,a arte de escrever de tal forma supreendente,suas histórias nos comove e emociona.Obrigado,não pare de escrever nunca....

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Seu conto é excelente, agora com tanta paixão pairando sobre o ar desse hospital e paixoes se formando parece até que teremos um triângulo amoroso ou não, e meu por favor não demore a postar ok.

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Olá... ADOREI seu conto... Dá uma olhada lá nos meus (O Privilégio de amar), (O Pedreiro me pegou de jeito) e (O Cobrador me pegou de jeito/ e o negão também quer) não esqueça de votar e deixar seu comentário. Agradeço desde já. Beijos. O CONTO O PRIVIÉGIO DE AMAR PARTE 6 (INÉDITO) JÁ ESTÁ DISPONIVEL.

@twitter:@BRPrincipalgay

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