Eduardo e Fernando

Um conto erótico de Felipe
Categoria: Homossexual
Contém 1457 palavras
Data: 08/12/2012 04:01:02
Última revisão: 08/12/2012 15:56:28

"Já perdi as contas de quantas vezes eu chorei no banho para que as lagrimas sumissem junto com a agua." TRECHO TIRADO DO DIÁRIO DE FERNANDO.

Fernando desenhava em sua infancia muitas flores azuis... quando as pessoas os perguntavam o porque daqueles desenhos ele respondia: "Isso significa liberdade"

Fernando era um garoto desajustado socialmente, que nasceu em Santa Catarina e veio novinho para São Paulo junto com seus pais.Ele era o filho do Zelador do Prédio "Vila Real" no sumaré. Ele nunca disse nada para os alunos de seu antigo colégio, mas parecia que liam a mente dele, todos sabiam que Fernando era gay... deve ter sido por isso que ele era tão ignorado pelos estudantes esnobes da classe media alta.

Fernando era um garoto muito doce e sensível, ele beijava todas as noites a bochecha dos pais e ia dormir pensando sobre o quão ruim foi o dia dele.

Ao completar 17 anos Fernando fez vestibular, ele juntou todo mundo da família para ver o resultado, e nervoso clicou na lista de aprovados, Fernando não estava muito confiante de seu sucesso a mãe dele falou "se você não conseguir passar esse ano, você tenta no ano que vem" os olhos dele estavam nervosos procurando o seu nome na lista. Respirou fundo e perdeu as esperanças *já estava no final da lista e o nome dele ainda não apareceu*. Quando ele acabou de ler respirou fundo se virou e disse:

- Me desculpem mãe, pai...- um sorriso cresceu no rosto dele- MAS EU PASSEI!!!!- ele gritou e quase todo o prédio escutou.

Eles foram comemorar comendo comida chinesa em um restaurante na Av. Pompeia. A familia dele nunca foi tão boa e cuidadosa com ele.

O primeiro dia de aula na USP foi incrível, as pessoas não se importavam com o seu jeito mais sim com o seu conteúdo. Fernando estava cursando Arquitetura. Ele fez amizade rápido com as pessoas. Parecia que todo mundo pensava quinem ele.

3 meses depois ele já conhecia a sala inteira, as pessoas eram legais, e o mundo estava começando a ficar mais interessante e de quebra ele foi convidado para uma festa, a festa de boas vinda da USP.

Nessa festa todas as pessoas estavam lá, desde as pessoas que cursam Medicina até as que cursam Estética. Ele se juntou aos amigos e bebeu 3 taças de vinho e 1 copinho de vodka, era o bastante para deixa-lo com as cabeças nas nuvens, ele puxou os amigos pelo braço e começou a dançar , ele foi conhecendo os amigos dos amigos e os amigos dos amigos dos amigos. O calor foi subindo e poxa vida só agora ele foi perceber que bebeu demais.

Ele sentou no balcão e começou a conversar com um dos amigos dos amigos dele, normalmente ele travaria ao ver um homem tão bonito como Eduardo - tinha olhos escuros, cabelos loiros e um corpo escultural-, mas não foi isso que aconteceu, na verdade ele conversou mais do que deveria, falava da vida na terra, e falava de como é difícil encontrar alguém que realmente gosta dele, contou sobre sua infância inteira em Santa Catarina, e por mais incrível que pareça Eduardo estava gostando daquele papo de louco.

Conversaram até dar 5 horas da madrugada, logo depois queriam fazer algo louco *eram jovens tinham muitas experiencias para viver* Eduardo segurou Fernando pelos braços e correu para a piscina coberta.

-Não é proibido? - Perguntou Fernando

-É, e dai?-

Eles pularam as grades e correram para a piscina de mão dadas tiraram a roupa ficando apenas de cueca. Fernando não tirava um sorriso que ia de orelha a orelha. eles abriram o portão que estava encostado e pularam na piscina gelada e escura. Eduardo mostrou que era um ótimo nadador. Nadava de um lado a outro da piscina. Não sei quantas vezes eles se entreolharam. mas aquele calor foi subindo novamente, como da vez que eles beberam, e vocês podem até falar que foi prematuro, mas eles não aguentaram mais tanta pressão e se beijaram. Fernando se lembrou que tinha que ir embora por causa do horario, ele disse para Eduardo que iria ir embora e que estava muito tarde. Eduardo riu e deu um beijo na testa dele.

Fernando chegou em casa se desculpou com a mãe e de repente deixou aparecer aquela mancha roxa no pescoço, correu para o quarto nem se trocou, apenas dormiu com aquela cueca molhada.

Eduardo e Fernando se encontravam toda hora, na entrada, no intervalo e até na hora da saida. Se beijavam na frente de todo mundo, porque o amor não deve ser escondido.

Durante 4 anos na USP eles se viam, se reviam, se beijavam ,brigavam ,se amavam e todos diziam que eles se completavam como goiabada com queijo, feijão com arroz, pipoca e guarana...

Eduardo acabou o curso de Medicina enquanto Fernando ainda estava no meio do curso de Arquitetura.

Um dia desses eles saírem, Fernando propôs um jantar, mas Eduardo queria ver o novo filme do Homem Aranha. No final do filme eles deram as mãos e todos do shopping olharam para eles. No inicio do namoro Fernando achou estranho, mas depois se acostumou. Todos aqueles olhos olhando para eles, como se fosse a Gisele Bundchen desfilando para a nova grife de Pierre. A unica coisa que ele se importava naquele momento era com a pessoa que ele segurava a mão. Não demoro muito para que a primeira pessoa demonstrasse desafeto, era uma idosa que disse:

-Meu deus, oque vocês fazem ai? na minha época isso não era permitido. Um rapaz tão bonito - disse ela apontando para Eduardo.- Com outro rapaz- ela olhou para Fernando.

Não importava oque as pessoas dissessem eles se amavam e o amor vence tudo.Já perguntei para Fernando o que ele considera felicidade, e a resposta foi clara "estar com quem se ama". Fernando era invisível a maioria das vezes, mas quando ele estava de mãos dadas com Eduardo, de repente ele era visto pelo mundo.

Eles já fizeram viagens para o exterior 3 vezes, todas elas Fernando dava a desculpa para os pais de estar indo em uma excursão para descobrir a Arquitetura de outras culturas. As viagens eram o únicos ponto de fuga, o seus únicos momentos reais de felicidade.

Fernando já perdeu as contas de quantas vezes estava preparado para contar a verdade sobre ele e sobre Eduardo mas a mãe dele sempre interrompia com um comentário ofensivo aos homossexuais. Ela sabia que ele contaria sobre a sexualidade, mas não estava preparada para ouvir aquilo. Um desses dias Fernando explodiu e jogou tudo no ventilador.

Ele não esperava que os pais aceitassem de primeira, mas também não esperava que eles agissem tão mal. A mãe de Fernando foi dura e cruel ao disser que ele nunca mais tocaria naquela casa. Fernando teve que levar a vida morando na minha casa. Eduardo já havia oferecido o lar dele para que Fernando morasse mas ele estava em choque, simplesmente não queria morar com ele.

Convidei Fernando para uma festa no Barbamas clube ele foi e levou o namorado. Eles se divertiram a beça, beberam, dançaram, se beijaram no meio da balada .Fernando tirou um chapéu de índio que se encontrava em uma caixa escrito "use" e dançou para Eduardo, -ele queria ter um momento de diversão... ele até poderia ser promíscuo e louco dançando daquele jeito... e ele era mesmo... mas ele pelo menos era livre.-

Fernando saiu do bar sozinho e escutou alguém gritar:

-BAITOLA! VAI APANHAR VIADINHO!- ele olhou para trás e sentiu a mão pesada de um homem bater seu rosto. Ele caiu no mesmo instante. Mas os rapazes não pararam, chutaram ele, pisavam nele e cuspiam nele.

Pelo menos agora Fernando poderia ser livre, livre no céu no inferno ou seja lá para onde ele for.

Todo esse tempo ele procurava respostas para o egoismo humano, eu o escutava chorar no quarto dele quase todas as noites. Sempre ouvia as pessoas perguntando para ele, o porque de escolher ser gay? e ele sempre dizia " Eu não escolho, eu só sou, e quero ser livre."

A morte do filho abalou a família de Fernando... Eles deixam flores azuis todos os dias no caixão de Fernando.

ESSA ESTORIA ACONTECEU COM FERNANDO E EDUARDO MAS PODE ACONTECER COM FELIPE E VINÍCIUS, EDUARDO E MONICA, PAULA E PAULO, FEDERICO E DIANA, VOCÊ E SEU AMOR...

DIGA NÃO A VIOLÊNCIA E DIGA NÃO AO PRECONCEITO.

-só agora eu percebi o porque as pessoas acham tão ofensivo dois homens de mãos dadas, é porque isso é uma demonstração de amor... e é oque esta em falta nesse mundo cruel.-

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Comentários

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estou produzindo novos contos, obrigado a todos que comentaram e criticaram meu conto :* XOXO Felipe

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Poético esse conto, me lembrou do inicio ao fim Eduardo e Mônica do Legião Urbana. A crítica social é precisa, infelizmente vamos ver cenas como essa muitas vezes...

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Perfeiçao em conto.kkkk adorei tenho um amigo com uma historia assim...ele namorou um rapazinho de 16 anos lindo soh q o pai do menino por ser um policial delegado...matou o propio filho envenenado e ninguem nunca descobriu apenas os intimos sabiam

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Lindo, emocionante. Me sensibilizou. Gostei da critica social. É verdade o amor é a única coisa que temos de menos no mundo. Não teve sexo, mas a narrativa e a crítica compesaram o que faltará. Grato pela leitura.

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